As pessoas que adotam filhos mais velhos: 'Não importa idade, precisamjogo de aposta pixfamília':jogo de aposta pix

Sérgio, Franco, Ariadna e Cristal

Crédito, Arquivo pessoal/Franco Verdoia

Legenda da foto, Sérgio, Franco, Ariadna e Cristal

Dois anos depois, o casal voltou a tentar, desta vez se apresentando para adoção. Era uma opção que eles já haviam considerado, se os tratamentos não dessem resultado.

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"Nós nos inscrevemosjogo de aposta pix2012", segundo Agustín. "Definimos seis anos como o limitejogo de aposta pixidade e dissemos que estávamos dispostos a adotar até duas crianças."

Seguiram-se anosjogo de aposta pixespera. Até que, um dia, ao renovarjogo de aposta pixinscrição, a funcionária perguntou se eles gostariamjogo de aposta pixalterar algumas das suas condições.

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Foi quando eles pensaram: "Esta criança para quem nos inscrevemos certamente está nos esperando e, com certeza, fez aniversário." E decidiram, então, aumentar a faixajogo de aposta pixidade.

No finaljogo de aposta pix2019, eles ficaram sabendo que seriam os paisjogo de aposta pixLucas, um meninojogo de aposta pixnove anos.

Da mesma forma que aconteceu com Agustín e Jorgelina, o processojogo de aposta pixadoçãojogo de aposta pixcrianças mais velhas levou outros pais a viver uma paternidade muito diferente da que eles imaginavam.

Quando Franco e Sergio pensavamjogo de aposta pixser pais, por exemplo, vinham à cabeça deles imagens relacionadas à criaçãojogo de aposta pixbebês. E eles também imaginavam que o processojogo de aposta pixadoção no seu país – a Argentina – seria complicado e corrupto, o que os levou a pesquisar sobre a adoção internacional.

"O que ocorreu é que descobrimos que a maioria dos países onde existe esta opção – pesquisamos sobre a Ucrânia e o Haiti – não aceita casais homoparentais", segundo Franco.

Por isso, eles procuraram informações na internet e encontraram o que Franco descreve como "um panorama muito mais auspicioso" do que eles haviam imaginado,jogo de aposta pixrelação à adoção na Argentina.

A inscrição "foi muito mais simples do que o formuláriojogo de aposta pixvisto para os Estados Unidos", segundo ele. E, um ano depois, eles iniciaram o processojogo de aposta pixadoçãojogo de aposta pixAriadna e Cristal,jogo de aposta pix9 e 11 anosjogo de aposta pixidade.

Franco e Sergio com Ariadna e Cristaljogo de aposta pix2020

Crédito, Arquivo pessoal/Franco Verdoia

Legenda da foto, Franco e Sergio adotaram Ariadna e Cristaljogo de aposta pix2020

Já para Daniela, o processojogo de aposta pixadoção levou mais tempo, porque foi iniciado antes das mudanças da legislação que tornaram o processo mais rápido. Sua espera levou vários anos, como ocorreu com Agustín e Jorgelina.

Em certo momento, quando já se aproximava dos 50 anos, ela imaginou que adotar uma criançajogo de aposta pix0 a 6 anos – a faixajogo de aposta pixidade indicada najogo de aposta pixinscrição – seria uma loucura.

"Pensarjogo de aposta pixtrocar fraldas ou levar uma criança no colo ou pela mão, parecia não ter nenhuma relação com a minha realidade naquele momento", relembra ela.

"Certa vez, troquei a idade e respondi que estava disposta a adotar uma criançajogo de aposta pix12 a 17 anos. Ali, tudo ocorreu muito rapidamente."

Em 2019, Daniela conheceujogo de aposta pixfilha Mariana, que tinha então 13 anosjogo de aposta pixidade.

Poucos postulantes

Comojogo de aposta pixoutros países, a grande maioria dos adultos que se apresentam como possíveis pais adotivos na Argentina, só estão dispostos a adotar crianças pequenas.

Dados da Direção Nacional do Registro Únicojogo de aposta pixAspirantes à Guarda com Finsjogo de aposta pixAdoção (DNRUA), atualizados até agostojogo de aposta pix2024, indicam que menosjogo de aposta pix10% dos inscritos estão dispostos a adotar crianças com nove anosjogo de aposta pixidade ou mais.

E existe uma forte disparidade entre este índice e a idade das crianças que estão crescendo atualmente sob os cuidados do Estado naquele país.

Dadosjogo de aposta pix2020 da então chamada Secretaria Nacional da Infância, Adolescência e Família (hoje, Subsecretariajogo de aposta pixPolíticas Familiares) indicam que, naquela época, 62% dessas crianças tinham maisjogo de aposta pixoito anosjogo de aposta pixidade.

A Argentina não publica dados atualizados da quantidadejogo de aposta pixcrianças morandojogo de aposta pixlares públicos desde 2020. Mas alguns dos pais adotivos entrevistados pela BBC News Mundo suspeitam que este número esteja crescendo, considerando a situação econômica do país.

Outro fator que influencia a probabilidadejogo de aposta pixadoção é o fatojogo de aposta pixque 99% dos postulantes estão dispostos a adotar até duas crianças.

Por isso, a adoção parecia algo extremamente improvável para Sebastián, Micaela, Jonathan, Emanuel e Byron – um grupojogo de aposta pixcinco irmãos entre 5 e 13 anosjogo de aposta pixidade, que moravamjogo de aposta pixuma casa-lar na capital argentina, Buenos Aires.

Byron, o mais velho dos cinco, tinha consciência da situação. Tanto que, quando tinha 12 anos, ele se reuniu com a juíza do seu caso, pedindo para ser separado dos irmãos. Com isso, as crianças mais jovens teriam mais chancesjogo de aposta pixserem adotados.

Mas um casaljogo de aposta pixCórdoba, Sofía e Alejandro, decidiu adotar os cinco.

Meses antes, eles haviam começado a preparar os documentos para adotar até três crianças. Eles logo viram a convocação pública, que é a instância a que costumam chegar os gruposjogo de aposta pixirmãos mais velhos, para quem não costuma haver postulantes inscritos no sistema.

"Sempre conto que Ale disse: 'Bem, entre três e cinco, não há tanta diferença'", conta Sofía, rindo.

Byron não conseguia acreditar quando soube que iriam adotar a todos.

"Por sorte, a juíza não deu ouvidos [ao pedidojogo de aposta pixByron para ser separado dos irmãos mais novos]", conta a mãe adotiva dos cinco irmãos.

Sofía, Alejandro e seus cinco filhosjogo de aposta pixfotojogo de aposta pixfamília

Crédito, Arquivo pessoal/Sofía Pizzi

Legenda da foto, Sofía, Alejandro e seus cinco filhos vivemjogo de aposta pixCórdoba, na Argentina

Os primeiros encontros

Na primeira vezjogo de aposta pixque Franco e Sergio encontraram suas filhas, todos usavam máscara. Era o início da pandemiajogo de aposta pixcovid-19 e eles foram orientados a não ficarem próximos, nem se tocarem.

"Imagine conhecer nossas filhas, e elas a nós, pelos olhos." Mas a distância durou pouco. Primeiro, eles tiraram as máscaras, para que elas pudessem vê-los.

"Depoisjogo de aposta pix15 minutos, estávamos grudados brincando e a mais velha pedia um abraço", conta Franco. "Foi impossível manter qualquer tipojogo de aposta pixprotocolo."

Normalmente, existe nas adoções um períodojogo de aposta pixvários meses, durante o qual os pais e filhos se encontram regularmente, mas não moram juntos. Espera-se que, nesse período, sejam formadas as bases do vínculojogo de aposta pixconfiança que possibilita a convivência.

No casojogo de aposta pixFranco e Sergio, a casa-lar onde as meninas moravam era frequentemente fechada devido à pandemia e eles não podiam vê-las. Por isso, eles começaram a insistir com o juiz para acelerar o processo, fazendo com que elas pudessem ir morar na casa nova.

E foi o que aconteceu, segundo Franco. "De repente, éramos quatro desconhecidos convivendojogo de aposta pixcasa sem podermos sair, quatro pessoas aprendendo o que era viverjogo de aposta pixfamília."

Daniela ejogo de aposta pixfilha Mariana passaram por algo similar.

"Muita gente diz que sente o amor à primeira vista. No meu caso, não foi assim", reconhece ela.

"Eu vi uma menina que não olhava para mim, nem falava comigo, e me perguntei se, algum dia, eu iria gostar dela e elajogo de aposta pixmim."

Seguindo as informações da casa-lar, Daniela ficou sabendo que Mariana gostavajogo de aposta pixrap e quejogo de aposta pixcantora favorita era a argentina Cazzu.

"Eu perguntei: 'Você gostajogo de aposta pixrap?'. Ali, ela começou a se comunicar comigo e começamos a formar alguma conexão", ela conta.

O processo também coincidiu com o início da pandemia.

Houve um diajogo de aposta pixque Daniela foi à casa-lar, mas não a deixaram entrar. "Ela pensou que eu a havia abandonado, porque nós nos vimos no dia anterior e eu havia dito a ela que iria vê-la."

Daniela pediu que Mariana pudesse ir àjogo de aposta pixcasa por dois ou três dias.

"Eles a deixaram vir e, logojogo de aposta pixseguida, decretaram que ninguém poderia sairjogo de aposta pixsuas casas", ela conta. E foi assim que Mariana nunca mais voltou à casa-lar.

Para Daniela, a experiência pôs rapidamente à provajogo de aposta pixdecisãojogo de aposta pixadotar a menina.

"Foi muito difícil", conta a mãe. "Ela estavajogo de aposta pixplena adolescência e, bem, muitos dos nossos filhos têm traumas, passaram por experiências muito difíceis e fica muito complicado confiar nos outros."

"Eu também estava muito sozinha. No seu primeiro aniversário, não pudemos trazer nenhum convidado", recorda ela.

Daniela e Mariana formam o que se chamajogo de aposta pixfamília monoparental. A mãe também não tem familiaresjogo de aposta pixsangue. Seus pais morreram e ela não tem irmãos, tios, nem primos.

"Eu me dispus a realizar o desejojogo de aposta pixser mãe, sabendo que aquela era a minha situação", afirma ela. "E decidi fazê-lo sabendo que não teria muita companhia."

Ela recebeu o apoiojogo de aposta pixsuas amigas, que assumiram o papeljogo de aposta pixtiasjogo de aposta pixMariana – ejogo de aposta pixuma cachorrinha, que a menina pediu quando foi adotada.

Com uma família tão pequena, Daniela conta que foi indispensável respeitar um mantra: "do que se gosta, se cuida".

"Eu cuido dela e ela também cuidajogo de aposta pixmim. E nós duas cuidamos do terceiro integrante da nossa família, que é a nossa mascote."

Desenho feito por Mariana

Crédito, Arquivo pessoal/Daniela Blasco

Legenda da foto, Mariana desenhoujogo de aposta pixfamília – ela,jogo de aposta pixmãe e a cachorrinha

Paralelamente, Franco e Sergio enfrentavamjogo de aposta pixnova realidade – dois homens criando duas meninas.

"No diajogo de aposta pixque elas vieram morar conosco, nossa filha mais velha menstruou pela primeira vez", conta Franco. "Eu não sabia o que fazer. O que se faz? Como falar? Eu tinha muita vergonha."

"Peguei então o telefone, falei com minha irmã e as coloquei no banheirojogo de aposta pixuma chamadajogo de aposta pixvídeo, para que minha irmã pudesse explicar, já que eu não sabia nem o que precisava dizer."

As dores da criação

Quando começaram a conviver com seus cinco filhos adotivos, Sofía e Alejandro precisaram encontrar uma formajogo de aposta pixfazer com que os irmãos mais velhos se liberassem do papeljogo de aposta pixcuidadores dos menores, voltando a assumir o papeljogo de aposta pixfilhos.

No início, as normas eram definidas entre eles. Se algum dos pequenos quisesse tomar um sorvete, por exemplo, ele perguntava para os mais velhos.

"Depoisjogo de aposta pixpassarem tanto tempo institucionalizados, os cinco se tornaram um bloco", descreve Sofía. "E, quando entram dois adultos desconhecidos, dizendo, 'bem, a partirjogo de aposta pixagora, nós somos a autoridade', fica difícil."

Mas ela defende que, embora a adoção seja um processo muito complexo para os pais, é ainda mais complicado para os filhos.

"São crianças que viveram uma porçãojogo de aposta pixcoisas que nós nem imaginamos, nem nunca iremos viver: o abandono, viver semjogo de aposta pixfamília biológica, sem a mamãe para cuidar."

"Existem inúmeras histórias e nenhuma é bonita", explica ela. "Este trauma fica no corpo das crianças e sai por algum lugar."

Os primeiros meses com seus filhos foram caóticos: um gritava, o outro chorava, outro destruía as coisas da casa.

"Eu me trancava e chorava. Respirava fundo e saiajogo de aposta pixnovo para pegar, abraçar e embalar, mesmo se eles não quisessem, até que se acalmassem."

Nos primeiros momentos da adoção, as crianças passam por muitas mudanças ao mesmo tempo, explica Sofía.

"De repente, eles chegam a uma casa nova, com uma família nova, esta éjogo de aposta pixavó, esta éjogo de aposta pixtia, esta éjogo de aposta pixescola... A cabeça deles explode, imagine."

Eles começam a passar por uma sériejogo de aposta pixexperiências pela primeira vez: comer fora, viajar, andarjogo de aposta pixônibus, escolher um presente, ter um lugar próprio para guardar as roupas, comemorar aniversário...

"É difícil entender porque nunca estivemos no lugar deles", prossegue ela. "Por sorte, a maioriajogo de aposta pixnós, adultos, não precisou pensar 'oh, posso escolher um presente'. Nós simplesmente escolhíamos."

Franco concorda que esta transiçãojogo de aposta pixviver como casal para ter filhos pré-adolescentes é desnorteante.

"Ajogo de aposta pixcasa, até então, era tranquila e silenciosa", descreve ele. "De repente, é uma gritaria, porque uma delas não quer tomar banho e não consegue lidar com a frustração."

Esta realidade doméstica contrariava claramente os comentários das pessoas àjogo de aposta pixvolta sobre a adoção.

"As pessoas diziam 'ah, que bênção, quanta caridade, você será inundado pelo amor", ele conta. "E eu, na minha casa, explodia porque a convivência era realmente muito difícil."

Agustín, Jorgelina e ofilho Lucas com pulseiras do álbum Say No More,jogo de aposta pixCharly García

Crédito, Nora Lezano/Exposição Red - Famílias x adoção

Legenda da foto, Agustín, Jorgelina e o filho Lucas com pulseiras do álbum Say No More,jogo de aposta pixCharly García

Já Agustín conta uma história vivida com seu filho, durante o processojogo de aposta pixconstruçãojogo de aposta pixconfiança no início da adoção.

"Certa vez, descobrimos que ele mentiu para nós", diz ele.

Do lar onde vivia, seu filho Lucas foi levado, um dia, para a piscina. Lá, o menino brigou com alguém e foi suspenso.

"Para nós, ele disse que, na verdade, havia sido mandadojogo de aposta pixvolta para o lar como prêmio, porque havia salvado um gatinho", conta Agustín.

"É claro que não acreditei na história. Falamos com as meninas do lar e elas nos contaram o que realmente havia acontecido."

Agustín, então, perguntou a Lucas: "Você me perguntou se, na minha casa, havia PlayStation. Eu respondi que não. O que aconteceria se eu dissesse que sim, você viesse à minha casa e não tivéssemos PlayStation?"

'Nossos filhos trazem uma bagagem'

Para Daniela, os primeiros mesesjogo de aposta pixconvivência trouxeram noites sem dormir. Mariana não estava acostumada com o silêncio.

"Ela ficou muito tempo sem dormirjogo de aposta pixnoite e eu a acompanhava", ela conta.

Ela começou também a perceber quejogo de aposta pixfilha tinha muita dificuldade para fazer as tarefas da escola.

"Fizemos uma sériejogo de aposta pixanálises e descobrimos que ela tem uma leve deficiência intelectual", ela conta. Daniela não sabia desta condição quando adotoujogo de aposta pixfilha.

Hoje, Mariana conta com assistência profissional para cumprir suas tarefas da escola e o ambiente àjogo de aposta pixvolta foi adaptado às suas necessidades. Mas chegar até este ponto não foi fácil.

"No princípio, era eu que me sentava com um computador para o meu trabalho e outro para ajudá-la a estudar", ela conta. "Era mãejogo de aposta pixtempo integral."

Ainda hoje, a situação exige muito, mas Mariana vem ganhando cada vez mais autonomia.

"Nossos filhos vêm com uma bagagem", destaca Daniela. "Mas nós podemos ajudá-los a carregá-la."

Enfrentar as dificuldadesjogo de aposta pixseus filhos nos estudos é um dos grandes desafios enfrentados frequentemente pelos pais adotivosjogo de aposta pixcrianças mais velhas.

Franco, por exemplo, conta que, quando Ariadna e Cristal foram morar com ele e Sergio, com 9 e 11 anosjogo de aposta pixidade, elas não sabiam ler direito. "Nós dávamos uma tarefa da escola e elas não sabiam como resolvê-la", ele conta.

Em certo momento, eles também pensaram que uma das filhas tivesse deficiência intelectual. Eles a levaram a uma psicopedagoga, uma psicóloga e uma psiquiatra.

"Ela não tinha nada disso. O que nossas filhas precisavam erajogo de aposta pixuma família." E, hoje, elas avançam normalmente na escola.

"É impressionante o que pode ser feito a partir do contexto familiar", destaca Franco. "É notável quando existe uma família por trás e quando não há."

Franco, Sergio e suas filhas Ariadna e Cristal

Crédito, Arquivo pessoal/Franco Verdoia

Legenda da foto, Franco, Sergio e suas filhas Ariadna e Cristal

Lidar com o passado

O processojogo de aposta pixconstruir uma família depoisjogo de aposta pixadotar uma ou mais crianças mais velhas não depende apenas da convivência saudáveljogo de aposta pixcasa.

É preciso também encontrar um lugar para as histórias vividas pelas crianças antes que elas chegassem às famílias adotivas.

Conhecer a verdade sobre seu passado não é apenas um direito das crianças que passaram por processosjogo de aposta pixadoção.

Agustín explica que é uma necessidade fundamentaljogo de aposta pixum país como a Argentina, onde houve casosjogo de aposta pixque a origem e a identidadejogo de aposta pixmuitas crianças adotadas foram apagadas durante o governo militar (1976-1983).

"Quem nunca quis conhecer e voltar para suas origens?", questiona Daniela. "Eu,jogo de aposta pixalgum momento, quis saber o que acontecia com parte da minha família que eu não via. Como nossos filhos não iriam querer saber?"

Este contato com o passado dos seus filhos é um assunto que gera certos temores, segundo diversos dos pais adotivos entrevistados pela BBC News Mundo.

Mas "a vida das nossas filhas antesjogo de aposta pixchegarem à nossa vida é tão importante quanto a nossa antes que chegássemos à delas", destaca Franco.

No seu caso, eles receberam algumas informações básicas no momento da adoção. Mas suas filhas, pouco a pouco, revelaram muito mais.

"Surgiram uma irmã e um irmão que não conhecíamos", ele conta. "Elas também têm uma bisavó."

Todos eles se veem frequentemente. "De repente, nossa família se amplioujogo de aposta pixmuitos outros sentidos."

A mãe biológicajogo de aposta pixAriadna e Cristal morreu antes que elas fossem adotadas. E, quando passaram a morar com Franco e Sergio, as meninas não sabiam onde ela estava enterrada.

"Houve todo um processo para devolver a elas a possibilidadejogo de aposta pixvisitar o túmulo da mãe e passar pelo luto", relata o pai. "Em casa, temos porta-retratos das nossas filhas,jogo de aposta pixnós e da mãe delas."

Parte da verdade sobre a vida dos filhos adotivos antes da adoção, especialmentejogo de aposta pixrelação aos motivos que os levaram a ficar sob a guarda do Estado, está registrada nos processos a que os pais adotivos têm acesso.

Para Agustín, esta informação é fundamental para ajudar seu filho a dar sentido àjogo de aposta pixprópria história, quando ele quiser conhecê-la. "No futuro, é possível explicar qual foi a situação que ele enfrentou."

Lucas, filhojogo de aposta pixAgustín e Jorgelina, é o mais velhojogo de aposta pixum grupojogo de aposta pixcinco irmãos, que foram adotados por três famílias diferentes.

"Para os outros irmãos, meu filho é um farol", explica Agustín. Dos cinco, ele é quem tem mais lembranças sobre aquela etapa da vida.

"Eles [seus irmãos] precisam do contato. Temos um grupojogo de aposta pixWhatsApp [com os pais adotivos] chamado 'Familiona' e nos vemos a cada duas ou três semanas."

O tempo da adoção

Os pais entrevistados pela BBC News Mundo conseguiram atravessar a primeira etapa da adoção. Todos eles descrevem esta fase como muito intensa e complexa.

Hoje, todas as famílias são estáveis e consolidadas. Mas chegar até aqui exigiu muita paciência.

"Nós, adultos, ficamos muito frustrados quando o vínculo não ocorre no tempo esperado", explica Sofía. "Ficamos ansiosos para que as crianças nos considerem pais e nos amem – e para nós sentirmos o mesmo."

Sofía e seus cinco filhos

Crédito, Arquivo pessoal/Sofía Pizzi

Legenda da foto, Os cinco filhosjogo de aposta pixSofía e Alejandro têm hoje 10, 12, 14, 16 e 18 anos

No caso dela, Byron – o mais velho dos cinco filhos – foi quem precisoujogo de aposta pixmais tempo para sentir o vínculo comjogo de aposta pixfamília adotiva.

Ele passou muito tempo dizendo a Sofía e Alejandro que queria voltar para a casa-lar. "Sim, eu gostojogo de aposta pixvocês, vejo que vocês são bons, mas não consigo", dizia ele.

Com a ajuda da juíza do caso ejogo de aposta pixuma equipejogo de aposta pixprofissionais, eles descobriram que aquela era uma crise normal, nas circunstâncias. Ela estava relacionada ao fatojogo de aposta pixque Byron havia crescido desempenhando o papeljogo de aposta pixcuidador.

Sofía e Alejandro trataramjogo de aposta pixfazer com que ele sentisse que, independentemente se gostava ou não deles e se os percebia ou não como pais, eles estariam ali para cuidar dele.

O processo levou maisjogo de aposta pixtrês anos. Hoje, ele tem uma tatuagem com a palavra "mamãe" e a datajogo de aposta pixaniversáriojogo de aposta pixSofía, outra com "papai" e a datajogo de aposta pixaniversáriojogo de aposta pixAlejandro e uma terceira, com a datajogo de aposta pixque eles se conheceram.

Daniela também conta que levou um tempo para quejogo de aposta pixfilha a considerassejogo de aposta pixmãe.

"Ela não queria uma mãe, queria alguém que a tirasse da casa-lar porque não estava bem ali", conta. "E me viu como uma possibilidadejogo de aposta pixsair daquela situação."

"Até que, um dia, ela me chamoujogo de aposta pixmãe. Mas levou um tempo, não foi no primeiro dia."

Nem todas as famílias conseguem chegar a este ponto e acabam decidindo pela desvinculação.

Sofía acompanhou outras famíliasjogo de aposta pixmomentosjogo de aposta pixcrise durante o processojogo de aposta pixadoção. Ela conhecejogo de aposta pixperto vínculos fracassados e afirma que são casosjogo de aposta pixque as crianças voltam a se machucar, aprofundando seu trauma.

"A partir do momentojogo de aposta pixque se decide seguir por este caminho, você é responsável por fazer com que o processo funcione", orienta ela. "As crianças não têm nenhuma responsabilidade. Se você escolheu isso, escolheu até o fim."

Mas ela também reconhece que existem casosjogo de aposta pixque parte da responsabilidade recai sobre a casa-lar, quando ela permite vínculosjogo de aposta pixmomentosjogo de aposta pixque as crianças não estão preparadas para suportar toda a pressão e o estresse decorrente.

Para os pais entrevistados pela BBC News Mundo, foi fundamental contar com o apoiojogo de aposta pixoutras pessoas que estão passando pelo mesmo processo.

Na Argentina, isso foi possível graças a associações como a Adotem Crianças Grandes e Militamos Adoção.

Alémjogo de aposta pixserem espaçosjogo de aposta pixacompanhamento mútuo, estas associações procuram informar, sensibilizar e derrubar mitos sobre a adoção no país.

"Há 20 anos, a adoção era tabu na Argentina", explica Agustín. "O que nós fizemos foi derrubar isso, sair e falar para que seja mais transparente."

As associações também foram fundamentais para enviar uma mensagem: a adoção não é questão do desejo dos adultosjogo de aposta pixserem pais, masjogo de aposta pixrestituir o direito das crianças a terem uma família.

"Não estamos procurando crianças para os adultos que se apresentam para adotar, mas famílias para as crianças, conforme suas necessidades", resume Daniela, fundadora da organização Adotem Crianças Grandes.

"No nosso caso específico, inicialmente não havia amor, mas apenas o nosso desejojogo de aposta pixrestituir um direito das crianças,jogo de aposta pixoferecer uma família que os recebesse", destaca Sofía.

"E eles não têm que agradecer por isso. Não têm que fazer nada. Você é que tem que agradecer àquela criança por tudo o que ela é e por tudo o que ela veio ensinar."

"Nossas filhas continuam sendo grandes professoras e nos ensinaram muitíssimo", destaca Franco. "E, é claro, nós também oferecemos um grande apoio, não como indivíduos, mas como família."

Ao destacar as lições deixadas pela adoção do seu filho Lucas, Agustín ressalta a resiliência.

"A nossa, por passarmos por uma tragédia, que é ter um bebê que faleceu, e a dele,jogo de aposta pixsuperar tudo o que ele viveu e seguir adiante."