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'Como rompi com o budismo aos 18 anos após ser criadoesporte bets nordestetemplo como reencarnaçãoesporte bets nordesteum lama':esporte bets nordeste
No budismo tibetano, acredita-se que os grandes mestres podem escolher onde e atravésesporte bets nordestequem irão reencarnar.
O principal discípuloesporte bets nordesteLama Yeshe, Lama Zopa, havia tido visões e acreditava que seu mestre estava a caminhoesporte bets nordestevoltar à Terra para renascer como ocidental. E apontou Osel comoesporte bets nordestereencarnação na Terra.
Esta é aesporte bets nordestehistória, narradaesporte bets nordesteprimeira pessoa.
Lama Yeshe e seu principal discípulo, Lama Zopa, viajaram para a ilhaesporte bets nordesteIbiza nos anos 1970.
Lá, meus pais os conheceram e ficaram tão inspirados por Lama Yeshe que decidiram se mudar para o sul da Espanha e estudaresporte bets nordesteum centro budista nas montanhasesporte bets nordesteLa Alpujarra.
Eles convidaram Sua Santidade, o Dalai Lama, para visitá-los e, quando ele veio, ficou muito inspirado pelo lugar, pois se assemelhava muito ao Tibete.
Alguns anos depois, eu nasci. Lama Zopa me viu ainda bebê e disse aos meus pais: "Seu filho pode ser a encarnaçãoesporte bets nordesteLama Yeshe [que havia falecido]".
Assim, quando eu tinha 18 meses, meus pais me levaram para a Índia para fazer uma sérieesporte bets nordesteprovas. Colocaram vários objetos diferentes na minha frente, alguns pertencentes a Lama Yeshe, e eu sempre escolhia o correto.
Além disso, reconheci pessoas que nunca havia visto e lugaresesporte bets nordesteque nunca havia estado.
Durante três anos, viajei visitando todos os centros budistas que Lama Yeshe fundou ao redor do mundo.
Quando completei seis anos, fui levado ao mosteiroesporte bets nordesteSera Jey,esporte bets nordesteKarnataka, no sul da Índia, onde meus estudos se tornaram muito mais formais e intensos.
Mas as pessoas que cuidavamesporte bets nordestemim mudavam constantemente, e eu via meus pais muito raramente. Realmente, não tenho uma conexão emocional com eles. Eu me considero órfão.
Me senti abandonado e não aceito por quem eu realmente era. Sentia que precisava ser outra pessoa para ser aceito. Isso gerou um grande conflito interno para mim.
O papel do Linkin Park
A pressão era insana. Foi muito difícil para mim quando era criança.
Às vezes eu brincava com outras crianças, mas sempre me sentia diferente, e não permitiam que elas me tocassem ou ficassemesporte bets nordestecontato próximo comigo.
Tentavam me manter o mais isolado possível porque acreditavam que, se a reencarnação tivesse muito contato com as pessoas, isso a influenciaria negativamente.
Por causa da forma como fui criado, eu tinha que ser celibatário pelo resto da vida, tinha que ser monge.
Eu tinha que ficar sentadoesporte bets nordesteum trono, ficava completamente isolado; fora os cercaesporte bets nordeste40 minutosesporte bets nordesteque ficava exposto às pessoas que quisessem me ver.
Esse era o único contato que eu tinha com o mundo exterior no mosteiro. E nesses momentos, algumas pessoas traziam coisas, como música.
Eu tinha um CD do grupo americano Linkin Park, outro do Limp Bizkit, e alguém me trouxe um disco do grupo espanhol Estopa.
Eu os escutava no meu quarto ou no banheiro, e tinha que esconder tudo porque, se encontrassem, confiscariam.
A primeira vez que ouvi Linkin Park, pensei: "Isso não é música, é só barulho".
Mas depois comecei a entender sobre o que as músicas falavam: quero ser compreendido, quero ser reconhecido, quero ser amado.
Eu me identifiquei com essas letras, e foi incrível, porque era exatamente o que eu estava sentindo naquele momento.
As pessoas não queriam realmente saber quem eu era, queriam apenas que eu desempenhasse o meu papel. E todos ao meu redor queriam isso, inclusive meus pais.
Conhecendo a liberdade
À medida que fui crescendo, conseguia introduzir mais coisas no mosteiro, sempre às escondidas.
Com 16 anos, eu tinha dois computadores, um sacoesporte bets nordestepancadas, uma guitarra… e isso me dava a sensaçãoesporte bets nordesteestar mais conectado com o mundo exterior.
Eu compartilhava o contrabando com um amigo próximo, que também era tido como uma reencarnação. Não tínhamos nenhuma referência sobre o que era dançar, então, quando vimos um vídeoesporte bets nordesteum show da Britney Spears, ficamos maravilhados.
Naquela idade, convenci os mongesesporte bets nordesteque precisava ter uma educação ocidental.
Disse a eles: "Nasci como ocidental, deve haver uma razão para isso. Acho que é porque Lama Yeshe queria se conectaresporte bets nordesteum nível mais profundo com os ocidentais e entenderesporte bets nordestepsicologia e estiloesporte bets nordestevida."
Negociei com eles para passar dois mesesesporte bets nordesteuma escolaesporte bets nordesteIbiza, estudando com jovens "normais", e eles aceitaram que eu fosse com minha família.
O que mais me impactou foi a faltaesporte bets nordesterespeito das criançasesporte bets nordesterelação aos adultos.
Na cultura tibetana, pais e professores são sagrados. Os pais nos dão a vida, e os professores, sabedoria.
Nas primeiras três semanas, sofri bullying todos os dias; mas eu era inocente e estava feliz com os adolescentes rindo a minha volta. Na verdade, não tinha ideia do que era bullying.
Depois começaram a me aceitar. Perceberam que eu não estava atuando.
Uma grande descoberta foi a motocicleta. Ele me dava a sensaçãoesporte bets nordesteliberdade. Eu podia ir sozinho aonde quisesse.
Quando beijei uma garota pela primeira vez, senti como se estivesse no paraíso.
Flutuei por duas semanas. Estava muito feliz.
O momento da revelação
Durante o tempo que passei com minha família, percebi que era bastante narcisista e egocêntrico devido à minha educação.
Meus irmãos me tratavam mal e não queriam brincar comigo. Eles me ignoravam.
No entanto, entre eles havia um vínculo emocional muito forte, o que me afetou profundamente.
Percebi que precisava sair daquela situação, me encontrar e entender como me relacionar melhor com os outros e como os outros poderiam se relacionar comigoesporte bets nordesteuma forma mais construtiva.
Foi então que tomei a decisão: "Não vou ficar no monastério para sempre. Quando eu completar 18 anos, ninguém poderá me deter. Serei independente."
Meu plano era obter permissão para ir à Espanha no meu aniversárioesporte bets nordeste18 anos e, assim, uma vez maioresporte bets nordesteidade e fora da comunidade budista, conquistar a liberdade.
Eu consegui, e durante um ano recebi várias cartas me pressionando para que voltasse.
Era difícil. Por um lado, queria que essas pessoas fossem felizes. Mas, pelo outro, percebi que a felicidade delas não era responsabilidade minha.
Eu precisava viver minha própria vida, era meu direito. Ninguém mais deveria decidir por mim.
Mudança radicalesporte bets nordestevida
Quando saí do mosteiro, passeiesporte bets nordesteum extremo ao outro. Fui atraído pelo proibido.
Nunca tinha visto uma mulher nua. Minha mãe achou que seria interessante me levar a uma praiaesporte bets nordestenudismo, e para mim foi muito traumático.
Ela me deixou lá por meia hora. Eu estavaesporte bets nordestechoque. Não conseguia me despir.
Vinhaesporte bets nordesteuma cultura muito fechada, não sabia para onde olhar, então apenas olhava para o chão. Estava profundamente perturbado.
Naquela noite, ela me levou a uma baladaesporte bets nordesteIbiza. Pagou a entrada e me deixou lá.
O lugar estava lotado e havia muito barulho. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo e mal podia me mover por faltaesporte bets nordesteespaço.
Era 2003 e as pessoas fumavam dentro do local. Eu não conseguia respirar.
Pensei: "Bem, vou ficar calmo e beber um poucoesporte bets nordesteálcool". Tomei um gole e quase morri. Foi um inferno. Então, eu disse para minha mãe: "Por favor, nunca mais me leve a uma praiaesporte bets nordestenudismo ou a uma discoteca."
Tive que me adaptar à sociedade. Foi muito difícil mudar minha programação mental, que era muito egocêntrica, para me tornar mais humilde.
Depois, comecei a me tornar cada vez mais rebelde, pois percebi que isso era muito saudável para mim.
Aos poucos, comecei a sair mais para festas, a me envolver com organizadoresesporte bets nordestefestasesporte bets nordestemúsica eletrônica, a organizar festasesporte bets nordesteIbiza, me tornando um pouco travesso, um "bad boy".
Ainda mantinha contato com a comunidade budista, mas à distância, porque queria encontrar meu próprio caminho.
Precisava descobrir minha própria personalidade, pois não tinha identidade própria. Não sabia quem eu era.
Isso levou cercaesporte bets nordeste15 anos, durante os quais viajei, conheci pessoas e vivi várias aventuras loucas. Morei na rua, conheci pessoasesporte bets nordestetodos os níveis sociais.
Tornei-me pai aos 32 anos, e para mim é muito importante oferecer ao meu filho algo diferente, algo melhor, uma relação saudável – tudo o que eu nunca tive quando era criança.
Felizmente, meu filho é uma criança muito feliz e tem uma estabilidade emocional impressionante.
Este artigo é baseadoesporte bets nordesteum episódio do programaesporte bets nordesterádio Outlook, do Serviço Mundial da BBC. Você pode ouvi-lo em inglês no BBC Sounds.
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