A atleta que derrubou mitoque 'mulheres não são capazesdisputar maratonas':
A década1960 eramudanças, mas a percepção sobre as mulheres atletas eparticipaçãocorridaslongas distâncias ainda era arcaica.
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Fim do Matérias recomendadas
As dúvidas sobre a capacidade das mulherescorrer os 42.195 metros da maratona já haviam sido solucionadas inúmeras vezes, mas as corredoras ainda eram proibidasdisputar praticamente todas as maratonas realizadas pelo mundo.
"Eles que vão para o inferno", pensou ela, enquanto amassava a carta e a lançava ao chão. Bobbi Gibb iria correr a MaratonaBoston, quer eles permitissem ou não.
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Pergunte ao Google qual foi a primeira mulher a correr a MaratonaBoston.
O mecanismobusca irá responder com o nomeKathrine Switzer e uma foto que parece mostrar um grupohomens perseguindo e maltratando uma mulher com o número 261 àfrente.
A imagem é chocante e se encaixa facilmente na narrativa comummisoginia estrutural. Mas esta não é a verdadeira história da primeira mulher a disputar a maratona mais antiga do mundo a ser disputadaforma regular.
A verdade, como costuma acontecer, está longeser tão cristalina.
Gibb cresceu nos subúrbiosBoston e sempre foi uma criança cheiaenergia, com sensorespeito e amor pela natureza.
"Minha mãe costumava dizer que você nunca irá encontrar um marido correndo pelo bosque com os cães da vizinhança", relembra Gibb.
Apesartantas mudanças significativas ocorridas nos anos 1960, aquela ainda era uma épocaconstruções sociais rígidas.
"Depois da guerra, as pessoas simplesmente estavam felizes por voltarem à normalidade – e o normal significava pequenas mulheres na cozinha, lavando os pratos, com belas cortinas", ela conta. "Eram séculoscrenças estabelecidas sobre as mulheres."
"Eu olhava para a vida da minha mãe e das amigas dela; eram vidas muito restritas – você não podia nem mesmo ter um cartãocrédito sem a permissão do seu marido."
Gibb sabia que queria algo diferente, mas, como muitas mulheres com sonhos idealistasgrandes mudanças, tinha um caminho tortuoso pela frente.
"Eu queria mudar a consciência social sobre as mulheres desde muito cedo, mas não sabia como fazer – no início", relembra ela.
Mesmo morando perto do trajeto da MaratonaBoston, Gibb nunca havia assistido a uma corrida, até que seu pai a levou1964. O efeito foi profundo e imediato.
"Eu simplesmente me apaixonei por aquilo – achei muito inspirador", relembra ela. "Todas aquelas pessoasmovimento com tanta força, coragem, resistência e integridade. Algo profundo dentromim disse que eu iria disputar aquela corrida – era o que eu estava destinada a fazer."
Em meados dos anos 1960, as corridas femininaslonga distância ainda eram consideradas algo perigosamente radical.
Mulheres corredoras já haviam completado os 42 km da maratona várias vezes, mas noções infundadas continuavam defendendo que o corpo da mulher não foi preparado para este tipoesforço extremo. Havia o temorque permitir que as mulheres corressem essa distância geraria perigosos níveis"indecência".
"Correr era considerado um terreno fértil para impropriedades, o que iria sexualizar excessivamente as mulheres", segundo o professorcinesiologia Jaime Schultz, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Com isso, nomes que deveriam ter sido eternizadosplacasbronze como as grandes pioneiras da maratona foram quase esquecidos. Um desses exemplos ocorreu no dia seguinte à maratona masculina dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna –Atenas, na Grécia,1896.
Naquele dia, Stamata Revithi, uma mãe grega da cidade portuáriaPireu, com 30 anosidade, correu o mesmo percurso dos homens,forma extraoficial,cinco horas e meia.
Não existe praticamente nenhuma informação confiável sobre Revithi. Sabe-se apenas que ela nasceu na pobreza, tinha um filho com 17 mesesidade e outro havia morrido no ano anterior.
Sua proeza recebeu pouca ou nenhuma atenção. O jornal Athens Messenger noticiou rapidamente que "uma mulher ativa e determinada percorreuforma experimental o trajeto clássico no iníciomarço, sem nenhuma parada, exceto por um repouso momentâneo para comer laranjas".
Nada mais se sabe sobre essa pioneira, muitas vezes chamada desde então"a primeira mulher maratonista". Nas palavras do escritor grego Athanasios Tarasouleas, "Stamata Revithi foi perdida na poeira da história".
Trinta anos depois,1926, a inglesa Violet Piercy correu a MaratonaLondresforma não oficial3 horas, 40 minutos e 22 segundos. Ela completaria duas maratonasparticipações oficiais,1933 e 1936.
Segundo o jornal Sunday Mirror, Piercy declarou quecorrida1936 serviu para "provar que as mulheres podiam percorrer aquela distância".
Ficava, então, claro para quem quisesse enxergar que as mulheres conseguem correr por 42 km. Mas a postura cínica a este respeito permanecia, com baseevidências imaginárias e, muitas vezes, mentiras puras e simples.
O atletismo feminino nas Olimpíadas
Os Jogos OlímpicosVerão1928Amsterdã, na Holanda, viram as mulheres competiremprovasatletismo pela primeira vez. No dia 2agosto daquele ano, três das nove mulheres que competiam na final dos 800 metros quebraram o recorde mundial. A alemã Lina Radke ganhou a medalhaouro.
Mas o que deveria ter sido um enorme avanço para o atletismo feminino acabou gerando uma sórdida campanha na imprensa. Jornaistodo o mundo noticiaram incorretamente que muitas mulheres haviam desmaiadoexaustão após a corrida e que esses feitos estavam muito além das capacidades do sexo feminino.
O jornal The New York Times publicou a notícia falsaque "seis das nove corredoras estavam completamente exaustas e caíram precipitadamente sobre a pista". Já o Montreal Star alardeou que a corrida "obviamente estava além do poderresistência das mulheres e só pode ser prejudicial para elas". E o Daily Mail chegou a questionar se as mulheres que corressem mais200 metros poderiam envelhecer prematuramente.
O bombardeionotícias levou os responsáveis a retirar a corrida800 metros feminina das Olimpíadas. A prova só retornaria nos Jogos1960,Roma, na Itália.
A imaginada fragilidade das mulheres era sustentada por teorias médicas absurdas que chegavam até o conhecimento público.
"Havia temoresque as mulheres se tornariam mais 'masculinas' se praticassem esportes e que elas teriam quantidade limitadaenergia", segundo Schultz. "Se elas gastassem essa energiaeducação, política e esporte, teriam suas capacidades reprodutivas reduzidas."
Gibb começou a treinar secretamente para a MaratonaBoston1964. Ela costumava usar a ReservaMiddlesex Fells, pertosua casa, para fugir dos olhares condenatórios.
"Eu não sabia o que fazer", relembra ela. "Eu não tinha treinador, nem livros, nada. Eu não tinha nenhuma formamedir a distância, então seguia o tempo. Meu namorado me levavamotocicleta e eu corria para casa."
Em 1964, seus pais tomaram um período sabático e foram para o Reino Unido. Gibb, com 21 anosidade, ficou na Kombi da família.
Com o verão se aproximando e o sonho antigoconhecer melhor o seu país, ela embarcou na Kombi e passou os 40 dias seguintesuma lenta viagem da costa leste americana até a costa oeste.
"À noite, eu dormia sob as estrelas e todo dia eu corriaum lugar diferente", relembra ela. "Nas colinasBerkshires, ao longo do rio Mississippi e nas Grandes Planícies, nas Montanhas Rochosas e pela Divisória Continental, descendo para a Califórnia – até pular no Oceano Pacífico."
"Tudoum verão. Foi o meu treinamento para a MaratonaBoston1966."
A prova
Poucos meses antes da maratona, Gibb solicitou um númeroinscrição para ficar entre os 540 corredores que iniciariam a corrida. Mas ela foi rejeitada com base na famosa e intransigente avaliação das capacidades fisiológicas das mulheres.
"Percebi que era minha chancemudar a consciência social sobre as mulheres", ela conta. "Se eu pudesse comprovar que essa falsa crença sobre as mulheres estava errada, poderia questionar todas as outras falsas crenças que haviam sido usadas para negar oportunidades às mulheres."
Quatro dias antes da corrida, ela pegou o primeirouma sérieônibus rodoviários que a levaram até a casa da família. Ao todo, a viagem levou 72 horas.
Sua mãe a levou para a linhapartida na manhã da corrida que a lançaria para o estrelato. "Meu pai achou que eu estivesse maluca e se recusou a vir conosco", relembra Gibb.
"Eu estava vestindo as bermudas do meu irmão, um trajebanho por baixo, uma blusa e um boné na cabeça."
Depoiscorrer alguns quilômetrosaquecimento, ela voltou para a áreapartida, onde se escondeu o melhor que pôde, deslizando entre os arbustos próximos.
Quando soou o tirolargada, Gibb esperou um pouco. Ela deixou os corredores mais rápidos se adiantarem e, só depois, juntou-se à multidão.
"Muito rapidamente, os homens atrásmim perceberam que eu era mulher, provavelmente estudando minha anatomia vistatrás", ela conta. "Eu estava muito nervosa. Não sabia o que iria acontecer. Achei que pudesse até ser presa."
Mas seus temores eram infundados. Em vezhostilidade, logo surgiu a camaradagem.
Quando ficou claro que ela precisaria tirar a blusa devido ao calor, ela expressou seu medoser expulsa da corrida para os homens que a rodeavam. A resposta deles,uníssono, foi: "nós não vamos deixar".
"Havia esse mitoque os homens sempre ficavam contra as mulheres, mas não era verdade", segundo Gibb. "Eles eram ótimos, bem humorados, amigáveis e protetores; eram como meus irmãos."
Incentivada pelo companheirismo, Gibb tirou a blusacima do trajebanho e correu com orgulho e liberdade. Seu rabocavalo loiro balançavaum lado para o outro.
Os espectadores que lotavam as ruas – homens, mulheres e crianças – aplaudiam a corredora quando ela passava. A notícia sobre aparticipação na maratona era noticiada pelo rádio.
Quando Gibb se aproximou da universidade feminina Wellesley College, que fica no trajeto, foi um pandemônio.
O momento histórico foi descrito 30 anos depois pela presidente da universidade, Diana Chapman Walsh, que estava presente naquele dia como estudante e espectadora.
"Todas nós que lotávamos o trajeto ficamos sabendo que uma mulher estava disputando a corrida", contou ela. "Nós examinamos todos os rostos com imensa expectativa até que, pouco à frente dela,meio à multidão entusiasmada, surgiu uma ondagritosreconhecimento. Nós vibramos como nunca havíamos feito antes."
"Nós soltamos um rugido naquele dia, percebendo que aquela mulher havia feito mais do que simplesmente romper a barreiragênerouma corrida famosa."
"As mulheres gritavam e pulavam", relembra Gibb. "Uma delas não paravagritar 'Ave Maria, Ave Maria'. Foi um momento emotivo para mim."
E Gibb não estava apenas deixandomarca, ela estava correndo bem e rápido. Ela percorreu os primeiros 32 kmmenostrês horas. Mas seus sapatoscorrida masculinos recém-comprados começaram a machucar seus pés e ela começou a correr mais lentamente.
A corrida então mudou para ela. A ansiedade por poder ser retirada pelos fiscais foi substituída por aquela sensação conhecida por qualquer corredorlonga distância: uma dolorosa determinação e a ânsia para atingir a linhachegada.
Enquanto cumpria seu percurso por Boston, incentivada pelo tremendo barulho que a acompanhava, Gibb ainda não tinha ideia da distância que faltava até o fim da corrida.
"Eu não sabia onde estava, nem o quanto já havia corrido – eu só rangia os dentes e corria", ela conta.
Ao virar à direita na Hereford Street, o barulho parecia se amplificar. Até que uma última curva à esquerda na Boylston Street revelou a linhachegada com que ela sonhava há tanto tempo.
Gibb completouprimeira MaratonaBoston com a impressionante marcatrês horas, 21 minutos e 40 segundos – à frentedois terços dos seus concorrentes.
Uma imagem que hoje é emblemática mostra Gibb correndo sozinha, com uma careta no rosto à medida que se aproxima da linhachegada. Nos dois lados, espectadores esticam o pescoço, ignorando outros corredores que passavam, ansiosos para observar a primeira mulher a cruzar a linhachegada da tradicional corrida americana.
Ao terminar a corrida, ela foi calorosamente cumprimentada pelo governador do EstadoMassachusetts, John Volpe. Ele apertoumão e ofereceu seus parabéns, antes que ela fosse conduzida para um quartohotel onde a imprensa internacional a aguardava ansiosamente.
Depois das entrevistas, o grupohomens com quem ela havia corrido a convidou para o tradicional ensopado após a corrida. Mas, quando eles chegaram, Gibb foi barrada na porta: "desculpe, é só para homens".
Aquele foi um diadramáticas mudanças, mas a noçãoverdadeira igualdade ainda era um sonho distante.
Gibb voltaria a disputar a MaratonaBoston por mais duas vezes. Em 1967, ela recebeu a companhiaSwitzer, frequentemente retratada como a primeira mulher a participar da corrida. Gibb a venceu por diferençamaisuma hora.
No ano seguinte, cinco mulheres disputaram a MaratonaBoston e Gibb foi a vencedora mais uma vez.
A controvérsia
Por muitos anos, a participaçãoKathrine Switzer na corrida1967 ofuscou a conquistaGibb, o que nunca foi bem aceito pela mulher que realmente foi a primeira a correr na MaratonaBoston, no ano anterior.
A famosa fotoSwitzer tornou-se um símbolo da luta das mulheres pela igualdade nos esportes, mas a imagem e seu contexto merecem um exame mais cuidadoso.
Aparentemente, ela mostra Switzer sendo molestada por um grupohomens enquanto corre. Mas, na verdade, apenas um homem – um dos diretores da corrida, Jock Semple – tentava retirar seu númerocorredora, sem assédio físico, como a história costuma ser contada.
"Ela havia obtidoinscrição ilegalmente, ocultando seu gênero no formulário e pedindo ao seu técnico que fosse retirar o número", conta Gibb, que correu novamente naquele ano sem um númeroinscrição oficial.
Switzer sempre declarou que, intencionalmente, nunca fingiu não ser mulher e que usava habitualmente suas iniciais no lugar do primeiro nome, como fez no formulárioinscrição.
Ela afirma ainda que seu técnico retirou o númeroinscrição na corrida como líder indicado do grupo, não como parteuma manobra deliberada.
Gibb conta que se solidarizava com Semple. Ela acredita que ele foi motivado pela preservação do status da corrida, não pelas normas sociais antiquadas.
Para ela, "Jock simplesmente receava que a corrida pudesse perdercredibilidade junto à UniãoAtletas Amadores se tivesse mulheres competindouma corrida masculina".
Como se poderia esperar, a imagemSwitzer chegou às manchetes, alimentando o ódio e a controvérsia, enquanto Gibb novamente recebia calorosas felicitações.
"Fiquei abertamente na linhapartida1967. Ninguém tentou me retirar, não houve problemas", ela conta. "Todos os homens foram ótimos – até Jock Semple."
Mas a históriaSwitzer, comnarrativaconfronto e antagonismo, era a que refletia o espírito dos anos 1960, ao contrário da trajetóriaGibb.
Nas décadas que se seguiram, aquela imagem foi incorretamente transformada na história da primeira mulher a correr na MaratonaBoston. Mas a posiçãoGibb é clara.
"Switzer não foi a primeira, nem oficial. Ela foi, na verdade, a mulher segunda colocada no segundo ano do que hoje é conhecido como a divisão pioneira feminina da MaratonaBoston."
As mulheres somente receberam númerosinscrição e tiveram suas inscrições oficiais aceitas na MaratonaBoston1972. Mas as pioneiras da década1960 deram os primeiros passos rumo a essa conquista.
"Aquilo mudou a forma como as pessoas pensavam sobre mulheres corredoras", segundo Gibb.
O início das maratonas femininas
Em 1973, a primeira maratona somentemulheres teve lugarWaldniel, na antiga Alemanha Ocidental. Mas os Jogos OlímpicosVerão1980,Moscou (na época, capital da União Soviética), ainda não incluíram a maratona feminina.
A paciência das mulheres estava chegando ao fim, especialmente depois que o Colégio AmericanoMedicina Esportiva (ACSM, na siglainglês) pareceu desmentir totalmente qualquer suposta evidência médica contra mulheres que correm por longas distâncias, com uma declaração publicadajaneiro1980.
"Não existem evidências médicas ou científicas conclusivasque correr por longas distâncias seja contraindicado para mulheres atletas saudáveis e treinadas", diz a declaração. "O ACSM recomenda que se permita que as mulheres concorram,nível nacional e internacional, pelas mesmas distâncias que os homens."
No ano seguinte, o Comitê Olímpico Internacional se reuniu na cidade alemãBaden-Baden e aprovouvotação a inclusão da maratona feminina nas Olimpíadas1984,Los Angeles, nos Estados Unidos. E, desde então, a prova faz parte dos Jogos Olímpicos.
Esta decisão trouxe efeitos dramáticos sobre a prática da maratona feminina. Nos últimos 60 anos, o recorde mundial feminino dos 42 km desabou surpreendentemente,uma hora e 23 minutos.
Em termoscomparação, o recorde masculino da maratona caiu apenas 54 minutos nos últimos 115 anos.
Depois das vitórias
Gibb continuou correndo todos os dias, masvida tomou um rumo diferente. Sua contribuição para redefinir as opiniões sobre as mulheres corredoras foi apenas um capítulouma vida variada e maravilhosa.
"Depois daquilo, eu quis questionar tudo – manter a bolajogo", ela conta.
Em 1969, ela se formoufilosofia e matemática na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Ela se qualificou para a faculdademedicina e desejava fazer o curso. Mas, repetindo o ocorridoBoston, conseguir uma vaga era difícil para as mulheres. Em uma das entrevistas, ela ouviu que era "bonita demais" e "iria distrair os meninos no laboratório".
Por isso, ela começou a trabalhar com epistemologia e neurociências no InstitutoTecnologiaMassachusetts (MIT, na siglainglês), enquanto estudava direito à noite.
Em 1976, ela fundou o Instituto para o Estudo dos Sistemas Naturais, um grupoeducação e pesquisa sem fins lucrativos. Dois anos depois, ela foi aprovada no exame da ordem dos advogados nos Estados Unidos.
Gibb exerceu a profissãoadvogada por 18 anos e, depois, retornou às pesquisas científicas. Desta vez, ela se especializoubiologia molecular celular, principalmentedoenças neurodegenerativas.
Gibb também é escultorabelas artes e pintora contemporânea, alémter escrito diversos livros, incluindo suas memórias, Wind in the Fire ("Vento ao fogo",tradução livre).
Masatividade como corredora continua a ser fonteinspiração. Em 1996, Gibb foi finalmente reconhecida como vencedora oficialtrês corridas. Ela recebeu suas medalhas e teve seu nome inscrito no Memorial da MaratonaBoston.
Em 2016, a corrida históricaGibb completou 50 anos. A vencedora da MaratonaBoston daquele ano – a corredora etíope Atsede Bayisa – tomou conhecimento do ocorrido1966 e presenteou Gibb com seu troféu.
"Todos os anos, eles me homenageiam como vencedora por três vezes, o que é divertido, mas o principal é que eu consigo encontrar todas essas pessoas fantásticastodas as partes do mundo, todas as classes sociais, todos os grupos étnicos, raças e gêneros", ela conta. "Nós nos amamos, nós fazemos amizades."
Corredora, cientista, advogada, artista e escritora – Bobbi Gibb feztudo e continua promovendo uma mensagem positiva sobre a igualdade.
"Um dos meus objetivos foi colocar fim à estúpida guerra entre os sexos,que os homens precisavam viveruma caixinha e as mulheres tinham que viveroutra caixinha", afirma ela.
"Estou sempre combatendo mensagens falsas. A verdade nos liberta. Tempos atrás, os homens não podiam ter sentimentos e as mulheres não podiam ter cérebro. E se um homem quiser tricotar? Ele será menos homem? Não. E se uma mulher quiser dirigir um caminhão? Ela será menos mulher? Não."
"Todas as pessoas podem ser quem elas quiserem", conclui Bobbi Gibb.