Falaspagbet nacionalLula estão realmente afetando preço do dólar?:pagbet nacional
A falapagbet nacionalLula foi interpretada por parte do mercado como um sinal que medidas seriam tomadas para controlar o câmbio, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), negou que essa possibilidade estavapagbet nacionalestudo.
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Fim do Matérias recomendadas
Nesta quarta-feira (3/7), Lula se reuniu com Haddad e outros integrantes da equipe econômica para discutir os problemas financeiros.
Também na quarta-feira, a moeda americana interrompeu a trajetóriapagbet nacionalalta e fechoupagbet nacionalR$ 5,568, quedapagbet nacional1,71%.
Mas o que explica esse cenário?
Pelo menos três problemas atraem a atençãopagbet nacionalinvestidores — que no fim das contas são quem define preços e juros, pois são eles quem negociam os valores nos mercados: as falas do presidente sobre o Banco Central, as incertezas sobre os rumos da economia global (sobretudo nos Estados Unidos) e os problemas fiscais brasileiros.
O que agrava o momento econômico e deixa os mercados "hiper-sensíveis com o noticiário" — nas palavras do economista-chefe da XP, Caio Megale — é que, com os dados disponíveis no momento, é muito difícil prever o que vai acontecer nos próximos meses, porque não há uma tendência clara à vista.
É possível vislumbrar cenários radicalmente opostos — e ambos são considerados igualmente prováveis.
Pode haver um alívio nas tensões internas e domésticas que levem o real próximo ao patamarpagbet nacionalR$ 5,10. Ou pode haver agravamentopagbet nacionalambos os cenários que levem o real a se desvalorizar ainda mais.
O economista André Perfeito, no entanto, apontou que, na opinião dele, há um ataque especulativo contra o realpagbet nacionalandamento.
"É óbvio que a situação do Brasil está melhor que anos atrás, temos empresas públicas dando lucro, estabilidadepagbet nacionalpreços e apesar das rusgas o Banco Central tem independência (tanto é que paroupagbet nacionalcortar os juros ao arrepio do que o Planalto desejaria)", dissepagbet nacionalmensagem a clientes.
"Como diria um banqueiro: enfiamos o nariz num copo d'água e estamos achando que estamos nos afogando no meio do Pacífico", acrescentou.
Entenda a seguir os motivos que explicam a forte desvalorização do real.
1. Lula e o Banco Central
No último mês, Lula fez críticas fortes ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto:
- Em 18pagbet nacionaljunho, Lula disse: "Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidadepagbet nacionalautonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país que para ajudar o país".
- Em 28pagbet nacionaljunho, afirmou: "A taxapagbet nacionaljurospagbet nacional10,50% é irreal para uma inflaçãopagbet nacional4%. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente [do Banco Central]".
- Na segunda-feira (1/7), Lula voltou às críticas: "O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Não precisamos ter políticapagbet nacionaljuro alto neste momento, a taxa Selic a 10,5% está exagerada".
Desde a primeira falapagbet nacionalLula, no dia 18, o dólar já subiu maispagbet nacional4% — passandopagbet nacionalR$ 5,44 para maispagbet nacionalR$ 5,64.
Qual é a relação entre as falaspagbet nacionalLula e tensões no mercado financeiro?
O problema central envolve a definição da taxapagbet nacionaljuros da economia brasileira — a Selic.
Esse juro — atualmentepagbet nacional10,5% ao ano — define quanto custa para pessoas e empresas tomarem empréstimos para consumir ou investir nos seus negócios.
O juro básico tem enorme repercussão na economia, porque acaba influenciandopagbet nacionaltodos os preços e nas expectativas futuraspagbet nacionalinflação.
Quem define a taxapagbet nacionaljuro básica da economia é o Comitêpagbet nacionalPolítica Monetária (Copom), do Banco Central.
E existe uma diferençapagbet nacionalopiniões entre Lula e o Copom. Lula quer que o juro seja mais baixo — o que permitiria crescimento maior da economia, potencialmente gerando mais empregos e renda.
O Copom vinha cortando a taxapagbet nacionaljuros quase que mensalmente, como quer Lula, alegando que a economia estava dando sinaispagbet nacionalmelhora.
Maspagbet nacionaljunho, o Copom manteve a taxa inalterada,pagbet nacional10,5%, interrompendo uma trajetóriapagbet nacionalqueda que já durava um ano.
O Comitê acredita que é preciso manter a taxa neste nível para evitar a alta da inflação. O efeito colateral disso seria queda no rendimento real das pessoas e aumento da desigualdade.
A ata da reuniãopagbet nacionaljunho disse que o Copom "unanimemente, optou por interromper o ciclopagbet nacionalquedapagbet nacionaljuros" e citou cenário global externo e elevação nas projeçõespagbet nacionalinflação no Brasil.
Essa diferençapagbet nacionalopiniões sobre os juros é marcada por duas questões políticas.
A primeira delas é a autonomia do Banco Central. O presidente da República não tem poderes para demitir o presidente do Banco Central. Roberto Campos Neto foi indicado pelo antecessorpagbet nacionalLula, Jair Bolsonaro, e seu mandato acaba apenas no final deste ano.
A autonomia do Banco Central foi aprovadapagbet nacional2021 e estabelece mandatos fixospagbet nacionalquatro anos para o presidente da instituição que não coincidentes com o do Presidente da República.
O objetivo é justamente impedir que haja alguma interferência do governo que está no poder na definição dos juros.
O PT sempre foi contra a autonomia do Banco Central.
O segundo problema é que Lula acusa Roberto Campos Netopagbet nacionalatuação política.
Campos Neto participoupagbet nacionalencontros públicos com o governadorpagbet nacionalSão Paulo, Tarcísiopagbet nacionalFreitas (Republicanos), que é cotado para liderar a oposição e o bolsonarismo nas eleiçõespagbet nacional2026.
Campos Neto foi homenageado pela Assembleia Legislativapagbet nacionalSão Paulo ao ladopagbet nacionalTarcísio e foi recebidopagbet nacionalum jantar pelo governador.
O PT entrou com uma ação popular contra Campos Neto, dizendo que ele tem atuação político-partidária à frente do Banco Central — uma crítica feita pelo próprio Lula.
Qual o impacto dessas falaspagbet nacionalLula no mercado?
Para Caio Megale, da XP, o problema para o mercado financeiro é a faltapagbet nacionalclareza sobre o que Lula quer dizer com suas críticas recentes.
"As declarações do presidente são contra o presidente do Banco Central? Ou são contra a maneira como o Banco Central está conduzindo a política econômica."
Não existe muita dúvida no mercado que Roberto Campos Neto continuará tendo poder dentro do Copom até o final do ano, já que ele está amparado pela lei.
Mas, no final do ano, Lula terá direitopagbet nacionalindicar o seu próprio presidente — e é isso que muitos analistas tentam entender a partir das falas recentespagbet nacionalLula.
Haveria uma mudança radical na política econômica implementada pelo novo presidente da instituição?
O economista Victor Gomes, professor da Universidadepagbet nacionalBrasília (UnB), diz que o presidente do Banco Central tem um perfil mais político do que necessariamente técnico — e isso contribuiria para a cotação do dólar ser mais volátil diantepagbet nacionalum embate com o presidente, porque Campos Neto seria mais suscetível a tomar decisões ideológicas sobre o câmbio.
Gomes acredita que um exemplopagbet nacionaldecisão menos técnica e mais políticapagbet nacionalCampos Neto aconteceupagbet nacional2020, quando o Banco Central baixou os juros para 2%.
"Nós temos um presidentepagbet nacionalBanco Central que é mais ativista. Ele não poderia ter feito isso [baixar os juros para 2%]. Havia muita volatilidade e os modelos não estavam funcionando para prever [o juro ideal]. Ele fala que isso foi uma decisão técnica, mas não foi. Foi um erro técnico."
O mercado entende que não haverá mudanças radicais caso Lula venha a indicar o atual diretorpagbet nacionalpolítica monetária do BC, Gabriel Galípolo, para o Copom.
Galípolo assumiu o cargo poucos meses após ter assumido como secretário executivo do Ministério da Fazenda do terceiro mandato do governo Lula, por indicaçãopagbet nacionalHaddad.
Analistas acreditam que continuará havendo um certo graupagbet nacionalautonomia para a instituição.
Mas, recentemente, Lula disse que seria necessário ter um presidente mais experiente e calejado — sinalizando que pode escolher outro nome que não Galípolo, que é jovem.
Isso levou muitos a especularem que Lula poderia escolher nomes como Guido Mantega, Aloísio Mercadante ou André Lara Resende — economistas que tenderiam a seguir políticas mais alinhadas com o que quer Lula.
"Se a visão do Lula é ter um Banco Central que atenda a demandas políticas e reduza taxapagbet nacionaljuros, então daí as expectativaspagbet nacionalinflação vão subir, a credibilidade da política econômica e da moeda cai e o real se desvaloriza", diz Caio Megale.
2. Problemas fiscais brasileiros
Outra pergunta que é feita nos mercados é: os juros deveriam pararpagbet nacionalcair no Brasil? Por que eles não seguem napagbet nacionaltrajetóriapagbet nacionalqueda?
Afinalpagbet nacionalcontas, alguns bancos estão revisando para cima as projeçõespagbet nacionalcrescimento do Produto Interno Bruno (PIB) para este ano (para cercapagbet nacional2,5%) e o desemprego também estápagbet nacionalqueda. Em maio, a taxa caiu para 7,1% — a menor para o mêspagbet nacionaldez anos.
Com a economia se mostrando levemente mais forte, seriapagbet nacionalse esperar que os juros brasileiros também caíssem.
Mas o Copom afirma empagbet nacionalata que existe um riscopagbet nacionala inflação voltar a subir no Brasil.
A ata falapagbet nacional"aumento das projeçõespagbet nacionalinflaçãopagbet nacionalmédio prazo" e da necessidadepagbet nacionaluma política "mais contracionista e mais cautelosa,pagbet nacionalmodo a reforçar a dinâmica desinflacionária".
Economistas dizem que há mais dúvidas sobre a capacidade do governo brasileiropagbet nacionalproduzir superávits fiscais — ou seja,pagbet nacionalgastar menos do que arrecada e manter um equilíbrio fiscal.
Para Victor Gomes, da UnB, um dos problemas são as desonerações — uma políticapagbet nacional2012pagbet nacionalque alguns setores produtivos eram beneficiados com renúncias fiscais.
O governo tentou acabar com as desonerações neste ano — o que provocaria um aumento da arrecadação —, mas foi derrotado no Congresso. A questão está sendo discutida na Justiça.
"Conseguir reduzir o tamanho das desonerações não me parece que seja algo muito factível hoje, apesarpagbet nacionalque o governo deveria investir nisso", diz Gomes.
Para Caio Megale, da XP, outro problema fiscal que surgiu com força neste último mês foram os gastos previdenciários.
"Na política fiscal,pagbet nacionalabril para cá, principalmentepagbet nacionalmaio, as despesas deram uma acelerada, com concessãopagbet nacionalalguns benefícios previdenciários. A pergunta é: o que o governo vai fazer a respeito disso?", diz Megale.
"Em maio, o gasto da Previdência surpreendeupagbet nacionalR$ 5 bilhões. E isso é uma despesa recorrente e obrigatória. Se esse valor for permanente, nós precisamos então colocar R$ 5 bilhões a mais por mês para sempre nas contas?"
Novamente existe aqui uma faltapagbet nacionalclareza no mercado sobre como o governo pretende lidar com problemas fiscais.
No mês passado, dois ministrospagbet nacionalLula sinalizaram ações do governo para conter despesas.
Haddad falou que haveria uma revisão "ampla, geral e irrestrita" dos gastos públicos. A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), falou que cortar gastos era um "deverpagbet nacionalcasa" do governo.
Mas, na semana seguinte, Lula sinalizoupagbet nacionalentrevista que talvez não concorde com essa avaliação.
"O problema não é que tem que cortar. O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou aumentar a arrecadação. Precisamos fazer esta discussão", disse Lula.
Outro problema doméstico que aumenta a perspectivapagbet nacionalinflação é a própria alta do dólar registrada nesses meses.
Com o real desvalorizado, sobem os preços dos produtos importados — aumentando a inflação interna.
3. Futuro incerto nos EUA
A desvalorização da moeda nacional frente ao dólar não é um problema brasileiro.
A valorização do dólar é uma tendência mundial este ano. Tudo passa pela inflação americana, que não dá sinaispagbet nacionalque está se desacelerando.
O anopagbet nacional2024 começou com a expectativapagbet nacionalque a inflação nos EUA e na Europa caísse — dando fim ao maior ciclopagbet nacionalaltapagbet nacionalinflação e jurospagbet nacionalquatro décadas. Seria o fim da crise econômica provocada pela pandemia, e o começopagbet nacionaluma retomada mundial.
Mas isso não se confirmou. A inflação nos Estados Unidos seguiupagbet nacionalalta — e, no mês, passado o Federal Reserve (o Banco Central americano) já sinalizava que cortaria os juros básicos dapagbet nacionaleconomia apenas uma vez neste ano.
Com isso, houve uma reversãopagbet nacionalexpectativas — epagbet nacionalinvestimentos nos mercados internacionais. Os papéis do título do governo americano passaram a pagar retornos maiores.
Para investidores, é muito atraente ter um retornopagbet nacionalmaispagbet nacional4% ao anopagbet nacionaldólares (veja o gráfico),pagbet nacionalvezpagbet nacionalinvestirempagbet nacionalativospagbet nacionalriscos ou títulospagbet nacionalpaíses emergentes, como o Brasil.
Por isso, existe um grande fluxopagbet nacionaldinheiro internacional para os Estados Unidos, o que provoca a desvalorização das demais moedas do mundo frente à americana.
Victor Gomes, da UnB, lembra que antes da pandemia o dólar tinha uma cotação mais próxima dos R$ 3. Desde que os americanos passaram a subir seus juros, a cotação está mais próxima ou acima dos R$ 5 e nunca mais voltou.
O Brasil não é o único país que sofre com esse movimento — mas combinado com os problemas domésticos o real tem sido uma das moedas que mais se desvalorizou esse ano.
Apesar dos problemas cambiais, existe uma notícia boa para o Brasil que vem do exterior: as commodities estãopagbet nacionalalta nos mercados internacionais, o que beneficia empresaspagbet nacionalminérios e petróleo, que têm grande peso na bolsa brasileira.