O que são os superpoluentes e como combatê-los pode desacelerar o aquecimento global:brabet com apk

Criança usando máscarabrabet com apkfrente a carrosbrabet com apkar poluído

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A fuligem negra, produzida por motores a diesel, é um dos superpoluentes

Os principais superpoluentes são o metano (CH4), o carbono negro (fuligem), o ozônio troposférico (O³) e os hidrofluorcarbonos (HFCs).

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O metano é produzido principalmente pela queimabrabet com apkcombustíveis fósseis, pela atividade agrícola e pecuária e por aterrosbrabet com apklixo.

Já o O³ é resultadobrabet com apkreações químicas na atmosfera com subprodutos da atividade industrial ebrabet com apkveículos.

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Os HFCs são substitutos dos clorofluorcarbonetos (CFCs), que estavam contribuindo para a destruição da camadabrabet com apkozônio, e usadosbrabet com apkaparelhosbrabet com apkar condicionado, na refrigeração,brabet com apkretardadoresbrabet com apkchamas, aerossois e solventes.

E o carbono negro é resultado da combustão incompletabrabet com apkbiomassa (por exemplo, queimadas florestais),brabet com apkcarvão ou diesel.

Uma análise do Institutobrabet com apkGovernança e Desenvolvimento Sustentável (IGSD), uma organização sem fins lucrativosbrabet com apkWashington, nos Estados Unidos, publicadabrabet com apkjunho, mostra que o combate aos superpoluentes pode evitar um aumentobrabet com apkaté 0,6ºC até 2050.

Sendo que estratégias focadas apenas no combate ao CO² podem evitar o aumento somentebrabet com apk0,2ºC,brabet com apkacordo com o estudo da IGSD — isso se a humanidade tiver sucessobrabet com apkzerar a produçãobrabet com apkgás carbônico até essa data.

Baseadobrabet com apkdados do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na siglabrabet com apkinglês), órgão das Nações Unidas, a análise científica do IGSD mostra também que o potencialbrabet com apkprevençãobrabet com apkaumento da temperatura é ainda maior na América Latina, onde a reduçãobrabet com apktemperatura pode serbrabet com apkaté 0,9ºC.

A temperatura média do planeta já aumentou 1,2ºC desde o período pré-industrial (1850), uma mudança muito grandebrabet com apkmuito pouco tempo e considerada por especialistas como anormalbrabet com apkrelação aos fenômenos naturaisbrabet com apkmudançabrabet com apktemperatura.

Cientistas alertam que é preciso impedir que o aumento da temperatura média chegue a 1,5ºC até 2100 para evitar os piores cenáriosbrabet com apkemergência climática previstos.

De acordo com Durwood Zaelke, presidente do IGSD, o combate aos superpoluentes tem o potencialbrabet com apkajudar muito na luta contra o aumentobrabet com apktemperatura no curto prazo, justamente pela curta meia-vida desses gases na atmosfera.

"Se pararmosbrabet com apkproduzir esses gases,brabet com apkpoucas semanas,brabet com apkconcentração na atmosfera vai cair muito. Enquanto isso, o combate ao CO² é uma açãobrabet com apkmais longo prazo, porque ele pode ficar entre cem e mil anos na atmosfera", explica Zaelke à BBC News Brasil.

Isso não significa que podemos diminuir os esforços no combate à produçãobrabet com apkCO², diz Zaelke, mas que é preciso pôrbrabet com apkprática também estratégias para diminuir os superpoluentes para evitar um aumento maiorbrabet com apktemperatura no curto prazo.

"Se olharmos para os causadores do efeito estufa, o dióxidobrabet com apkcarbono é a maior parte, 55%. Os outros, incluindo os superpoluentes, são 45%, segundo o IPCC", afirma Zaelke.

"Quando você olha para a frente, o que é ainda mais importante, você vê que cortar os superpoluentesbrabet com apkcurta duração pode diminuir o aquecimento muito mais rápido do que apenas combatendo o CO²."

Pesquisadores apontam que o combate aos superpoluentes pode ajudar a humanidade a ganhar tempo para fazer a transição energética.

Gráfico mostrando o tempobrabet com apkduração na atmosfera

Zaelke compara a situação com duas competições: uma corridabrabet com apkcem metros e uma maratona.

"O combate ao CO2 é a maratona, enquanto o combate aos superpoluentes é a corridabrabet com apkcem metros. Temos que ganhar as duas", diz ele.

"Mas estamos preocupados com o aquecimento atual, com o que podemos fazer no curto prazo. Hoje, já está muito quente. E estamos vendo com maior frequência inundações no Brasil matando pessoas, ondasbrabet com apkcalor na Índia matando pessoas, incêndios no Canadá e na Califórnia", afirma.

"Ainda é assim que os impactos climáticos ocorrem no mundo,brabet com apklugares diferentes,brabet com apkmomentos diferentes. Mas, muitobrabet com apkbreve, esses fenômenos climáticos extremos vão acontecer com uma frequência ainda maior,brabet com apktodos os lugares e ao mesmo tempo. Então, precisamos fazer algo no curto prazo."

Mulher jovembrabet com apksacada diantebrabet com apkpaisagem com ar poluído

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A produção dos superpoluentes foi muito ampliada pela ação humana

Qualidade do ar e saúde

Além dos seus efeitos no clima, os superpoluentes também são altamente nocivos à saúde humana.

"Enquanto o CO² não é tóxico nas concentrações ambientais, poluentes como o ozônio troposférico e o carbono negro fazem mal à saúde humana e causam danos à flora e à fauna", explica David Tsai, diretor do Sistemabrabet com apkEstimativasbrabet com apkEmissões e Remoçõesbrabet com apkGasesbrabet com apkEfeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. "Por isso também são considerados poluentes atmosféricos."

Ambos causam danos ao sistema respiratório - o ozônio é especialmente danoso à saúde, podendo gerar danos crônicos.

"O ozônio é um superoxidante, ou seja, ele vai desgantando o sistema respiratório. Embora tenha uma vida muito curta, no pouco tempobrabet com apkque fica na atmosfera ele já é capazbrabet com apkafetar nossa saúde."

A produçãobrabet com apkmetano e HFCs é monitorada no Brasil, explica Tsai, mas não se sabe com precisão qual o tamanho da poluição por carbono negro e ozônio troposférico.

"O ozônio é um subproduto, ou seja, ele é formado na atmosfera a partirbrabet com apkreações com outros poluentes. Então a formabrabet com apksaberbrabet com apkconcentração é monitorando a qualidade do ar, mas o Brasil ainda tem muita fragilidade no sistemabrabet com apkgestão da qualidade do ar", explica Tsai. "É algo que precisa com urgência ser melhor controlado, porque são poluentes críticos para a saúde."

O pesquisador aponta que há poucas cidades no Brasil onde existe uma redebrabet com apk monitoramento consistente.

Um estudo recente do IEMA (Institutobrabet com apkEnergia e Meio Ambiente) mostrou que o Brasil precisabrabet com apkno mínimo mais 46 estaçõesbrabet com apkmonitoramento da qualidade do ar.

A situação é crítica principalmentebrabet com apkBrasília (DF), Goiânia (GO) e Manaus (AM), metrópoles com maisbrabet com apkdois milhõesbrabet com apkhabitantes que não têm nenhuma estaçãobrabet com apkmonitoramento automático.

Segundo Tsai, nos poucos lugares onde a rede é boa e onde conseguimos medir a concentração desses superpoluentes, o resultado não é animador.

"Nos poucos lugares onde se consegue medir, a gente percebe que o ozônio e o carbono negro existembrabet com apkaltas concentrações, principalmente nas cidades", afirma.

Brasil é grande emissorbrabet com apkmetano

O metano, porbrabet com apkvez, é mais fácilbrabet com apkser medido - ebrabet com apkprodução é uma das principais preocupações entre os superpoluentes.

A produçãobrabet com apkmetano no mundo todo chegou a 364 milhõesbrabet com apktoneladasbrabet com apk2020 - o equivalente a 10 bilhõesbrabet com apktoneladasbrabet com apkCO². Segundo o IPCC, metade do aumentobrabet com apktemperatura verificado hoje é devido ao metano.

E o Brasil é o quinto maior emissorbrabet com apkmetano do mundo, segundo monitoramento do SEEG. O Brasil emite sozinho 5,5% do metano global - enquanto nossa contribuição geral pros gases do efeito estufa é menor,brabet com apk3,3%.

Segundo estimativa do SEEG, o Brasil emitiu 21,7 milhõesbrabet com apktoneladasbrabet com apkmetanobrabet com apk2020, o que seria equivalente a 565 milhõesbrabet com apktoneladasbrabet com apkCO².

A maior parte da emissão brasileira vem do setorbrabet com apkagropecuária, responsável por 71,5% da produção do gás - principalmente do gado, que produz metanobrabet com apkseu sistema digestivo.

Outra grande fonte é o lixo - a decomposiçãobrabet com apkresíduos também produz metanobrabet com apkalta quantidade.

O que pode ser feito?

Segundo Zaelke, do IGSD, as soluções para o combate aos superpoluentes são conhecidas e só é preciso vontade política para implementá-las.

Parte da resposta é a mesma que precisamos tomar contra o aumento do CO2. Ao combater os combustíveis fósseis, que são a principal fonte do gás carbônico, já se diminuiria a produçãobrabet com apkalguns desses superpoluentes. Mas não basta, diz Zaelke: é preciso criar políticas específicas contra os superpoluentes.

"É preciso parar imediatamente com o desmatamento e combater queimadas, alémbrabet com apkdar um melhor encaminhamento para o lixo - aterros são uma das principais fontesbrabet com apkproduçãobrabet com apkmetano", afirma.

David Tsai, do SEEG, explica que seria possível reduzirbrabet com apkaté 30% as emissões no setor agropecuário brasileirobrabet com apkdez anos com estratégiasbrabet com apkmitigação propostas por um estudo da entidadebrabet com apk2022. Elas envolvem melhoramento da dieta animal, manejobrabet com apkdejetos e melhoramento genéticos, entre outras medidas.

Outras soluções globais envolvem o corte na produção dos HFCs — o que poderia evitar sozinho um aumentobrabet com apkaté 0,5° C e a implementação do usobrabet com apkfiltros para veículos a diesel, para combater a fuligem.

Zaelke lembra que temos exemplosbrabet com apkações globais bem-sucedidas na proteção ao meio ambiente, como o Protocolobrabet com apkMontreal, no qual os países concordarambrabet com apkpararbrabet com apkproduzir CFC’s.

"O Protocolobrabet com apkMontreal foi bem-sucedido, porque é divididobrabet com apk240 setores — é um acordo setorial, com medidas específicas para cada setor. Além disso, ele começoubrabet com apkforma modesta e foi ampliando as metas", explica.

No Brasil, a produçãobrabet com apkHFCs é controlada justamente a partirbrabet com apkuma emenda ao Protocolobrabet com apkMontreal, explica Tsai. "A previsão é a diminuição da produção ebrabet com apksubstituição."

Outro ponto importante, diz Zaelke, é que os países têm responsabilidades diferentes — os mais desenvolvidos são mais responsáveis, porque produzem mais poluentes.

"Nem todos os países do mundo são iguaisbrabet com apktermosbrabet com apkculpabilidade ou capacidadebrabet com apkresolver os problemas. Isso significa que os países desenvolvidos têmbrabet com apkdesenvolver alternativas e,brabet com apkseguida, têmbrabet com apkreduzir o preço parabrabet com apkimplementação", afirma.