Como surgiram os rituaissport 10betAno Novo mais populares do Brasil?:sport 10bet

Crédito, Getty

Legenda da foto, Pular ondas no Réveillon é uma tradição comumsport 10betvárias partes do país

Por dependerem da agricultura para sobreviver, eles celebravam o fim do inverno e início da primavera, épocasport 10betque se iniciava uma nova safrasport 10betplantação.

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Com isso, a festasport 10betpassagem dos mesopotâmicos não se dava na noite do dia 31sport 10betdezembro para 1ºsport 10betjaneiro, mas sim do dia 22 para o 23sport 10betmarço, data do início da primavera no hemisfério norte.

Foi somente com a introduçãosport 10betum novo calendário no Ocidente,sport 10bet1582 — o calendário gregoriano, adotado pelo papa Gregório 13 no lugar do calendário juliano — que o primeiro dia do novo ano passou a ser 1ºsport 10betjaneiro.

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Assim como acontece nas comemoraçõessport 10betAno Novo atualmente, as celebraçõessport 10betpassagem também representavam esperança.

Se hoje alguns rituais têm por objetivo atrair prosperidade e dinheiro — como usar a cor amarela na festasport 10betRéveillon ou comer lentilhas — os cultossport 10bet4 mil anos atrás pediam alimento e fartura.

Já o termo Réveillon, usadosport 10betvárias partes do mundo para descrever a festasport 10betvésperasport 10betAno Novo, é mais recente: surgiu no século 17, na França, e representava festas da nobreza que duravam a noite toda.

O Réveillon não tinha data para acontecer, mas com o declínio da nobreza francesa a palavra foi sendo adaptada para a festasport 10betvésperasport 10betAno Novo — a palavra Réveillon deriva do verbo "acordar"sport 10betfrancês.

No século 19, essas festas foram adotadas pela nobrezasport 10betoutros lugares do mundo que eram influenciados pela cultura francesa.

A nobreza do Brasil foi uma das que adotaram o Réveillon, mas o sincretismo religioso característico do passado histórico do país fez com que as comemorações aqui adicionassem novos personagens, costumes e comidas às festassport 10betAno Novo.

À moda brasileira

Crédito, ABR

Legenda da foto, Nas festassport 10betIemanjá, devotos vestem branco e levam flores como oferenda

Em Salvador, a Igreja do Senhor do Bonfim é o principal ponto da cidade na última sexta-feira do ano, chamadasport 10bet"Sexta-feira da Gratidão".

Fiéissport 10bettodo o país vão até o templo para pedir proteção para o próximo ano e levar objetos para benzer, como colares, as famosas fitinhas do bonfim, chavessport 10betcasa, fotos e até o carro.

Em todas as praias do Brasil, seguidoressport 10betIemanjá costumam passar o Réveillon no litoral para fazer oferendas ou pular as sete ondas.

Iemanjá, a Rainha do Mar, é uma divindade africana originalmente vinda da Nigéria, da tradição chamadasport 10betiorubá, e incorporada pelo candomblé e pela umbanda no Brasil.

"Na Nigéria, o ritual a Iemanjá é feito no dia 2sport 10betfevereiro (assim como na Bahia), mas ele também ocorre no Brasil durante os últimos dias do ano e na vésperasport 10betAno Novo", explica o professor da Unirio Zeca Ligiéro, autorsport 10betlivros sobre tradição e performance afro-brasileira.

"Iemanjá se popularizou nas religiões afro-brasileiras, como a umbanda, o Tamborsport 10betMina e o candomblé pela força deste arquétipo feminino que ela representa: mãe, vaidosa que gostasport 10betperfumes, flores e agrados e protetora das gestantes", completa o professor.

Ligiéro conta que a umbanda nasceu no Brasil depois que os rituais africanos foram duramente perseguidos no país, tendo sido diretamente influenciada pela cultura nacional.

"Essa nova religiãosport 10betmatriz africana, a umbanda, mesclou várias tradições ameríndias, espírita e católica, criando uma nova imagem para Iemanjá, uma espéciesport 10betvênus cabocla, cujos quadris são mais fartos que os seios", explica o professor.

"A imagemsport 10betIemanjá, por causa dessa mescla, parece sair do mar como uma virgemsport 10betBotticelli, mas distribui graças com suas palmas abertas como algumas imagenssport 10betVirgem Maria. Aliás, ela tem semblantesport 10betMaria, mas traz uma estrela na testa (símbolo da alta espiritualidade africana) e tem longos cabelos negros, mais indígenas que afro."

"Todas as religiões fazem empréstimos umas das outras para construir suas ritualidades específicas", explica o professorsport 10betHistória Moderna da Unicamp Rui Luis Rodrigues, ao falar sobre a origem histórica das festassport 10betfinalsport 10betano.

"Pesquisas históricas, antropológicas e teológicas têm indicado os variados empréstimos que os grupos religiosos contraem entre sisport 10betseus rituais."

O umbandista Marcelo Rodrigues, do Riosport 10betJaneiro, conta ter o hábitosport 10betfazer, todos os finaissport 10betano, oferendas a Iemanjá.

"Procuro fazer a viradasport 10betano na praia, mas, quando não é possível, costumo ir um ou dois dias antes ao mar."

Sete ondas

A relação do brasileiro com as praias nacionais durante o Réveillon, no entanto, não é exclusivasport 10betdevotossport 10betIemanjá.

Apesarsport 10betmorar longe do litoral, no interiorsport 10betSão Paulo, a família do paulista Rodrigo da Gama costuma passar o Réveillon nas praiassport 10betSanta Catarina, Estado onde têm familiares.

"Quando estamossport 10betSanta Catarina, sempre vamos até a praia, usamos roupas brancas e pulamos as sete ondas na virada", conta Gama.

De uma famíliasport 10bet"católicos não praticantes", ele explica que o ritualsport 10betusar branco e pular as ondas, diferentesport 10betcomo é para os umbandistas, não tem significado religioso, somente espiritual.

A tradição da família dele demonstra como a figurasport 10betIemanjá se popularizou no Brasil, principalmente nos anos 1950 e 1960, quando seu ritual passou a ser praticado nas praias da famosa Zona Sul do Riosport 10betJaneiro, ganhando visibilidade nacional.

"Mas a partir da organizaçãosport 10betshows pirotécnicos esport 10betpatrocínios milionários para as festas nas praias cariocas, os rituais a Iemanjá têm sido banidos para praias cada vez mais distantes", afirma Ligiéro.

"Percebemos que os rituaissport 10betoferendas a Iemanjá correm cada dia mais risco, mesmo com Iemanjá congregando milhõessport 10betpessoassport 10betoutras religiões, que se vestemsport 10betbranco e vão para a praia. Assistimos à volta da perseguição às religiões afro-brasileiras com a hostilização desses rituais."

Crédito, Getty

Legenda da foto, Usar roupas brancas na festasport 10betAno Novo se tornou comum no Brasil na décadasport 10bet1970

A tradiçãosport 10betusar branco

Usar roupas brancas na festasport 10betAno Novo se tornou comum no Brasil na décadasport 10bet1970, quando membros do candomblé passaram a fazer suas oferendas na praiasport 10betCopacabana. Pessoas que passavam pela praia e viam o ritual acharam bonito o branco — e adotaram a vestimenta.

A tradiçãosport 10betpular as sete ondas na virada do ano, fazendo sete pedidos diferentes, também está ligada à umbanda e ao culto a Iemanjá.

O sete é um número cabalístico, que na umbanda representa Exu, filhosport 10betIemanjá. Também tem relação com as Sete Linhassport 10betUmbanda, conceitosport 10betorganização dos espíritos sob o comandosport 10betum orixás. Cada pulo, nesse caso, seria o pedido a um orixá diferente.

Os diassport 10betAno Novo

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Na casasport 10betAnna Beatriz Dodeles, celebração do hanukah, no final do ano, ganhou toque brasileiro com trocasport 10betpresentes

As comemoraçõessport 10betAno Novo não acontecem necessariamente no dia 1ºsport 10betjaneiro. Isso porque existem vários calendários que organizam o ciclo anualsport 10betmaneira diferente do gregoriano.

Para os muçulmanos, o Ano Novo corresponde ao mêssport 10betmaio do calendário gregoriano.

Para os judeus, corresponde ao períodosport 10betfinalsport 10betsetembro e iníciosport 10betoutubro.

Já os chineses celebram a passagem entre finalsport 10betjaneiro e iníciosport 10betfevereiro.

A advogada Anna Beatriz Dodeles diz quesport 10betfamília é judia e não comemora o Ano Novo do calendário gregoriano.

"O 'Ano Novo' Judaico se chama Rosh Hashana, conhecido como Dia do Julgamento e a Cabeça do Ano. Ele acontecesport 10betum dos meses mais importantes do judaísmo, o mêssport 10betElul", conta ela.

"Essa festividade ocorre no sétimo mês do calendário judaico — Lunar — e marca para os judeus o nascimento do mundo, o início da criação humana."

Para celebrar o Rosh Hashana, cujas comemorações duram dois dias, a família Dodeles faz orações e come determinadas comidas típicas para a comunidade judia, como o vinho e a chalá redonda (pão fermentado arredondado) umedecido no mel.

"Nessa época, devemos pedir perdão às pessoas que magoamos, nãosport 10betforma genérica, massport 10betmaneira pensada", explica a advogada.

"Caso aquela pessoa não aceite as desculpas, o pedido deve ser feito no mínimo três vezes, e o mais importante é mudar o nosso comportamento para que aquilo não se repita naquele novo ano."

Já a família da jornalista Flávia Sato, que é budista, também segue tradições da cultura japonesa. Por isso,sport 10betfamília se despede do ano velho no dia 31sport 10betdezembro, mas fazendo faxina na casa.

"No dia 31, na casa dos meus pais, praticamos um ritual chamado Oosouji, que é uma limpeza minuciosa da casa para renovar as energias do ambiente e começar o Ano Novo do zero, com tudo limpo e organizado", conta a jornalista.

A comida também é importante neste ritualsport 10betpassagem.

"Não pode faltar ozoni, um caldo que leva um bolinhosport 10betarroz; o moti, que, segundo a tradição, traz boa sorte para o ano que se inicia", diz, explicando que o Ano Novo é o principal feriadosport 10betfamília dos budistas.

"Depois da queimasport 10betfogos esport 10betcomer moti, nossa festa costuma acabar cedo, porque no dia seguinte, logo pela manhã, todos nos reunimos novamente para iniciar o anosport 10betoração."

Além da faxina, do jantarsport 10betfamília e da queimasport 10betfogos, também há rituais individuais na casa dela.

"Meus pais sempre me incentivaram a aproveitar essa época para escrever todos os meus objetivos do ano, para que eu pudesse ter foco e realizar minhas metas pessoais."