A política do Japão que submeteu milharespix best apostapessoas a esterilização forçada, incluindo crianças:pix best aposta
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Estima-se que 16,5 mil pessoas, principalmente mulheres, foram operadas sem seu consentimento. Cercapix best aposta8 mil pessoas deram autorização – embora se acredite que provavelmente sob pressão. Outras 60 mil mulheres fizeram abortos para evitar doenças hereditárias, segundo um relatório parlamentarpix best aposta1,4 mil páginas apresentado recentemente.
O relatório, resultadopix best apostauma investigação iniciadapix best aposta2020, gerou grande indignação ao revelar que pelo menos uma menina e um meninopix best aposta9 anos foram submetidos a esses procedimentos.
O texto também foi criticado por deixar questões importantes sem respostapix best apostarelação a essa política, que, na opiniãopix best apostamuitos, o Japão demorou a rejeitar.
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A Leipix best apostaProteção Eugênica foi aprovadapix best aposta1948, pouco após a Segunda Guerra Mundial, e permitiu que os médicos esterilizassem pessoas com ou sem o seu consentimento.
Neste último caso, se o médico considerasse que a intervenção era necessária "para proteger o interesse públicopix best apostamodo a prevenir a transmissão hereditáriapix best apostadoença", tinhapix best apostasolicitar a uma comissão da prefeitura local para avaliar se o procedimento era adequado.
Havia, pelo menospix best apostateoria, um mecanismo que permitia ao paciente apresentar objeções e até mesmo iniciar um julgamento para evitar a operação.
No entanto, como alerta Takashi Tsuchiya, professor da Osaka City University,pix best apostaum artigo publicadopix best aposta1997: “essas disposiçõespix best apostanotificação, revisão e demanda não se aplicam no casopix best apostapacientes com deficiência mental ou intelectual”.
Além disso, algumas diretrizes aprovadas pelo Ministério da Saúdepix best aposta1953 estabeleciam que, quando a comissão julgasse necessário, esse tipopix best apostacirurgia poderia ser realizada "contra a vontade do paciente" e autorizavam a realização do procedimento, mesmo que, para isso o paciente fosse enganado.
De acordo com o relatório parlamentar, pacientes eram informadospix best apostaque seriam submetidos a procedimentospix best apostarotina, como uma operaçãopix best apostaapêndice, quando, na verdade, seriam esterilizados.
A lei incluía uma listapix best apostadoenças então consideradas hereditárias e que tornavam o paciente candidato à esterilização, como esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva, "desejo sexual acentuadamente anormal", "inclinação criminosa acentuada", albinismo, distrofia muscular, epilepsia , surdez, hemofilia e daltonismo, entre outros.
Segundo Tsuchiya, essa legislação refletia a preocupação do governo japonês com o que via como "deterioração" das novas gerações.
Vidas arruinadas
Em 2019, o governo do Japão pediu desculpas por essa política e anunciou que pagaria a cada sobrevivente das esterilizações uma indenização equivalente a cercapix best apostaUS$ 28,6 mil (cercapix best apostaR$ 140 mil).
O então primeiro-ministro, Shinzo Abe, dissepix best apostaseu pedido oficialpix best apostadesculpas que a leipix best apostaeugenia causou "grande sofrimento" às suas vítimas.
Para Junko lizuka, que passou anos lutando para receber justiça e hoje usa óculos e máscara para não ser reconhecida publicamente, as consequências foram muito além.
"A cirurgia eugênica me privoupix best apostatodos os meus modestos sonhospix best apostater um casamento e filhos felizes", disse Iizuka a repórteres.
Ela explicou que seu marido a abandonou e pediu o divórcio imediatamente depoispix best apostaela dizer a ele que fora submetida a uma cirurgiapix best apostaesterilização e não poderia ter filhos.
“Eu tinha problemaspix best apostasaúde mental e não conseguia trabalhar. Fui diagnosticada com transtornopix best apostaestresse pós-traumático. A cirurgia eugênica virou minha vidapix best apostacabeça para baixo", disse ela.
De acordo com Tsuchiya, muitas das esterilizações forçadas foram realizadaspix best apostapacientespix best apostahospitais psiquiátricos e outros centros para pessoas com deficiência intelectual, que muitas vezes eram enganados para se submeter à operação.
"Às vezes, essas pessoas eram perguntadas (se queriam passar pelo procedimento), mas eram virtualmente forçadas a dar consentimento porque a esterilização era frequentemente um requisito para admissão nessas instituições, que é o que os pais dessas pessoas desejavam", diz.
Como o objetivo dessas cirurgias não era apenas evitar que essas pessoas tivessem filhos, mas também – no caso das mulheres – interromper a menstruação para facilitar o atendimento dessas pessoas nos centrospix best apostasaúde, muitas vezes essas esterilizações não eram realizada atravéspix best apostaligadura das trompaspix best apostafalópio, mas atravéspix best apostauma histerectomia, ou seja, da extração do útero.
“Para interromper a menstruação, a cirurgia precisa remover os ovários ou o útero, mas, como a perda dos ovários causava 'perda da feminilidade', os médicos preferiam remover o útero 'para benefício da paciente'. Esse procedimento era ilegal porque a lei permitia apenas a esterilização 'sem remover os órgãos reprodutivos'", explica Tsuchiya.
Busca por justiça
Durante décadas, as vítimas fizeram campanha pelo reconhecimento dos danos sofridos e pelo pagamentopix best apostauma indenização mais justa.
Em alguns casos, elas foram diretamente aos tribunais, obtendo resultados diferentes.
No ano passado, um tribunalpix best apostaOsaka ordenou que o governo japonês pagasse o equivalente a cercapix best apostaUS$ 200 mil (R$ 970 mil) a três vítimas.
No entanto, no início deste mês, outro tribunal derrubou essa decisão, argumentando que, depoispix best apostamaispix best aposta20 anos, a causa legal havia expirado.
Junko Lizuka, que foi uma das vítimas nesse processo, chamou a decisãopix best aposta"terrível".
Ela disse à imprensa achar que "a responsabilidade do governo é óbvia" e que esperava uma solução rápida que oferecesse indenizações justas sem a necessidadepix best apostarecorrer aos tribunais.
Não se sabe ainda se o relatório parlamentar vai ajudar na luta das vítimas.
Koji Niisato, um advogado que representou vítimas dessa política, contestou o relatório por não ir "longe o suficiente".
Ele destacou que se trata basicamentepix best apostaum apanhado do que já foi investigado e relatado sobre o assunto.
“Faltou explicar por que essa lei terrível foi criada e existiu por 48 anos e não menciona por que o governo não assumiu a responsabilidade mesmo depois que a lei foi alterada. Isso é extremamente lamentável”, disse Nisato a repórterespix best apostajulho.
Para algumas vítimas, como Saburo Kita, que foi esterilizada à força aos 14 anos, o relatório mostra que o governo enganou crianças.
Agora, aos 80 anos, ela diz esperar que a questão seja resolvida o mais rápido possível.
“Gostaria que o Estado não escondesse o problema no escuro, mas levasse a sério nosso sofrimento logo”, disse.
Por enquanto, a espera continua.