3 fatores que explicam repetiçãopixbetsviolência contra negrospixbetsmercados no Brasil:pixbets
“Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorridopixbetsnossas dependências”, afirmou a empresapixbetsnota. (Leia o posicionamento completo da empresa ao final da reportagem)
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“Por isso, desligamos a liderança e equipepixbetsprevenção da loja, reforçando nossa tolerância zero com a violência, inclusive nos cargospixbetsgestão, alémpixbetsrescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa, onde a violência ocorreu. Assumimos a nossa responsabilidade e tomamos medidas rápidas e duras.”
“É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime, com o qual não compactuamos. Estamos buscando o contato das vítimas para oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário.”
Este não é o primeiro casopixbetsviolência ou discriminação contra pessoas negras a ocorrer nas dependências do Carrefour oupixbetsoutros supermercados do país.
Em 2020, João Alberto Silveira Freitas, um homem negropixbets40 anos, foi espancado até a morte por segurançaspixbetsuma das filiais da empresapixbetsPorto Alegre.
No ano anterior, Pedro Henrique Gonzaga,pixbets19 anos, foi asfixiado até a morte na frentepixbetssua mãe por segurançaspixbetsum supermercado Extra na Barra da Tijuca, zona oeste do RiopixbetsJaneiro.
Outro caso também foi registradopixbets2019, quando um jovempixbets17 anos foi agredido no supermercado Ricoy, na zona sul paulista. Ele foi amarrado, torturado e açoitado por dois seguranças.
Mais recentemente,pixbetsabril, uma professora negra denunciou ter sido vítimapixbetsracismopixbetsuma unidade do Atacadão, que também faz parte do grupo Carrefour, ao ter sido perseguida por um segurança enquanto fazia compras.
A BBC News Brasil consultou especialistas da áreapixbetscombate ao racismo, diversidade e defesa dos direitos coletivos e individuais na área trabalhista para perguntar por que casospixbetsviolência e discriminação racial se repetempixbetssupermercados do país.
Segundo eles, além da realidadepixbetsracismo estrutural no Brasil, a popularização dos contratospixbetsterceirização para serviçospixbetssegurança e a faltapixbetscomunicação efetiva entre a direção das empresas e seus funcionários também colaboram para o cenário.
1. Racismo e representatividade
Para Juliana Kaiser, professora do LaboratóriopixbetsResponsabilidade Social e Sustentabilidade do InstitutopixbetsEconomia da UFRJ e diretora da startup Trilhas Impacto, o racismo da sociedade brasileira é o elemento central para explicar os casospixbetsviolência e discriminação.
“Como mulher negra, posso dizer que minha experiência fazendo compras no Brasil é péssima”, diz.
“No momentopixbetsque se tem qualquer ato quepixbetsalguma forma não corrobora com uma leitura escrita da lei, se esse corpo é negro, ele vai ser vilipendiado e escorraçado.”
Especificamente quando se tratapixbetscasos envolvendo estabelecimentos comerciais, Kaiser afirma que a faltapixbetsfuncionários negrospixbetsposiçõespixbetsdestaque colabora para esse cenário.
“O varejo até emprega pessoas negras, mas majoritariamentepixbetsposiçõespixbetsbastidores e não na frente das lojas oupixbetsposiçõespixbetsatendimento”, diz. “Quanto mais pessoas negras, mais mudamos a percepção das pessoas que frequentam e trabalham nesses estabelecimentos.”
Segundo a especialista, que faz mentorias para empresas e talentos negros, a representatividade negra no atendimento também beneficia a imagem das lojas e pode colaborar para uma mudança no panorama socieconômico das cidades brasileiras, onde a maior parte da população que vive na periferia e sofre com a pobreza é negra.
Juliana Kaiser afirma ainda que casospixbetsracismo podem ser mais comunspixbetssupermercados do quepixbetsoutras lojas do varejo porque estes são locais aos quais a população negra têm mais acesso. “Em muitos shoppings centers, pessoas negraspixbetsmais baixa renda são barradas logo na entrada”, diz.
2. Terceirização
O ex-procurador-geral do Trabalho e advogado Ronaldo Fleury considera que a prática cada vez mais comumpixbetsterceirizar serviços, especialmentepixbetssegurança, também tem grande papel na situação atual.
“A terceirização virou uma formapixbetsbuscapixbetsisençãopixbetsresponsabilidade”, diz. “E, nos supermercados, a regra hoje é a terceirização — seja para seguranças, repositores, caixas ou controladorespixbetsestoque.”
Segundo Fleury, o grande problema desse sistema é que se perde o controle sobre os trabalhadores.
“Algumas características próprias da terceirização, como a rotatividade alta, a baixa remuneração e o trabalho mais precário fazem com que os funcionários tenham menos sensaçãopixbetspertencimento e instintopixbetspreservação pela empresa”, diz.
O especialista explica, porém, que mesmo se tratandopixbetsfuncionários terceirizados, as empresas contratantes também têm responsabilidade legal sobre as atitudes dos funcionários, além da prestadorapixbetsserviços.
No caso que levou à mortepixbetsJoão Alberto Silveira Freitaspixbets2020, o Carrefour assinou um termopixbetsajustamentopixbetsconduta (TAC) no valorpixbetsR$ 115 milhões no caso. O dinheiro é destinado para políticaspixbetsenfrentamento ao racismo. A empresapixbetssegurança Vector, contratada na época pelo supermercado, também assinou um acordo judicial.
Já os seis funcionários envolvidos no incidente foram acusadospixbetshomicídio triplamente qualificado e aguardam a data do julgamento popular.
Sobre o episódio registradopixbetsSalvador na semana passada, o ex-procurador-geral do Trabalho afirma que, mesmo que se prove que os atospixbetsviolência não foram cometidos por funcionários ligados ao supermercado, o Carrefour deve ser responsabilizadopixbetsalguma maneira, já que manter a segurança no local é dever do estabelecimento.
“A empresa pode até comprovar que não teve culpa, mas o ônus dessa prova é do supermercado”, diz.
3. Comunicação e treinamento
Especialistas apontam ainda a dificuldadepixbetscomunicação entre o comando das redespixbetsvarejo e os funcionários na ponta do serviço como outro fator importante para a realidade atual.
Para Marcus Vinicius Bomfim, consultorpixbetsrelações-públicas e professor da Pontifícia Universidade CatólicapixbetsMinas Gerais (PUC Minas), poucas são as empresas que apresentam um formatopixbetsgestão sensível à realidade atual brasileira e que conseguem orientar seus trabalhadorespixbetsforma efetiva sobre esse cenário.
“Não se cogita do pontopixbetsvistapixbetsgestão corporativa a ideiapixbetsque temos uma sociedade com alto índicepixbetsdesemprego e que passa por um retorno forte da fome pós-pandemia. As empresas não apresentam esse quadro social como um fator a ser levadopixbetsconsideração pelas equipespixbetsatendimento ou segurança.”
A questão da violência racial, segundo ele, não pode ser tratada apenas como um problema operacional, mas simpixbetsrelação entre a empresa e seus funcionários.
“Os diretores das empresas que implementam programaspixbetsconscientização sobre racismo não estão nas lojas no dia a dia. Falta uma relação mais próxima com os funcionários na ponta, entender quais são os desafios que eles enfrentam.”
Para Juliana Kaiser, é muito comumpixbetsestabelecimentos do ramopixbetsvarejo que os treinamentos e açõespixbetsconscientização acabem nos supervisores ou coordenadores das lojas.
“A informação não chega na ponta. Muitas vezes, o segurança que trabalha no supermercado não foi letrado sobre o tema e, apesarpixbetstambém ser da periferia, carrega uma cultura racista”, diz.
O que diz o Carrefour?
Em nota enviada à BBC Brasil, a companhia afirmou que os casos citados envolvendo o supermercado “são motivospixbetsprofundo pesar e inconformismopixbetsnossa empresa”.
“Nosso compromisso no combate ao racismo vai além do discurso. A tragédia que vitimou João Alberto é um capítulo lamentável e irreparávelpixbetsnossa história, do qual não vamos esquecer. Após a tragédia, indenizamos e oferecemos apoio psicológico aos familiares. Além disso, desde então, implementamos maispixbets50 açõespixbetscombate ao racismo.”
Entre as ações citadas pela empresa estão uma políticapixbetstolerância zero ao racismo e à discriminação, com desligamento imediato do profissional envolvido após a comprovação do ato, treinamentos constantes para atuação antirracista, programapixbetsletramento racial para os colaboradores da empresa e investimentospixbetsprogramaspixbetsestágio e trainee, aceleraçãopixbetscarreira e bolsaspixbetsgraduação, mestrado e doutorado para pessoas negras, entre outras.
“Sabemos que ainda temos muito a fazer e por isso os nossos processos e operações continuarão passando por revisões contínuas para a implementaçãopixbetsnovas medidas que nos ajudem a avançar cada vez mais nessa frente”, disse o Carrefour na nota.