O que Irã vai fazer agora que seu 'Eixo da Resistência' foi destruído?:bet real madrid

Enquanto a República Islâmica tratabet real madridsuas feridas e se prepara para um novo mandatobet real madridTrump, será que ela irá decidir por uma abordagem mais linha-dura? Ou irá retomar suas negociações com o Ocidente?

E até onde vai a estabilidade do regime iraniano, atualmente?

No seu primeiro discurso após a derrubadabet real madridAssad, Khamenei manteve uma expressão grave, frente àbet real madridderrota estratégica. Agora com 85 anosbet real madrididade, ele enfrenta o iminente desafio dabet real madridsucessão, depoisbet real madridpermanecer no poder como a autoridade máxima do país desde 1989.

"O Irã é forte e poderoso — e irá se tornar ainda mais forte", afirmou ele.

Khamenei insiste que a aliança liderada pelo Irã no Oriente Médio — que inclui o Hamas, o Hezbollah, os houthis no Iêmen e as milícias xiitas iraquianas — é o "escopo da resistência" contra Israel e também só irá se fortalecer.

"Quanto mais pressão vocês fizerem, mais se fortalece a resistência", prosseguiu ele. "Quanto mais crimes vocês cometerem, mais determinada ela irá ficar. Quanto mais vocês lutarem contra ela, mais ela irá se ampliar."

Mas a ondabet real madridchoque regional após os massacres cometidos pelo Hamasbet real madridIsrael no dia 7bet real madridoutubrobet real madrid2023 — que foram aplaudidos, se não apoiados, pelo Irã — fizeram o regime cambalear.

A retaliaçãobet real madridIsrael contra seus inimigos criou um novo cenário no Oriente Médio e deixou o Irã na defensiva.

"Todas as peças caíram", afirma James Jeffrey, ex-diplomata americano e ex-conselheiro adjuntobet real madridsegurança nacional dos Estados Unidos, que hoje trabalha no think tank (centrobet real madridpesquisa e debates) suprapartidário Wilson Center.

"O Eixo da Resistência iraniano foi esmagado por Israel e, agora, destruído pelos eventos na Síria", prossegue ele. "O Irã não tem nenhum substituto real na região, exceto pelos houthis no Iêmen."

O Irã ainda apoia milícias poderosas no vizinho Iraque. Mas, segundo Jeffrey, "este é o colapso totalmente sem precedentesbet real madriduma hegemonia regional".

A última aparição públicabet real madridAssad ocorreubet real madriduma reunião com o ministrobet real madridRelações Exteriores do Irã,bet real madrid1ºbet real madriddezembro. Na ocasião, ele prometeu "esmagar" os rebeldes que avançavam sobre a capital síria. O Kremlin declarou que ele, agora, está na Rússia, depoisbet real madridfugir do país.

O embaixador iraniano na Síria, Hossein Akbari, descreveu Assad como a "linhabet real madridfrente do Eixo da Resistência". Mas, quando chegou o fim para Bashar al-Assad, o Irã, enfraquecido e abalado pelo súbito colapso das suas forças, não teve capacidade nem disposição para defendê-lo.

Em questãobet real madriddias, caiu o único outro Estado do "Eixo da Resistência", que erabet real madridpeça central.

A construção da rede

O Irã passou décadas construindobet real madridredebet real madridmilícias, para manterbet real madridinfluência na região e dissuadir possíveis ataquesbet real madridIsrael. O início do processo data da Revolução Islâmica,bet real madrid1979.

Na guerra que se seguiu contra o Iraque, o então presidente sírio Hafez al-Assad (1930-2000), paibet real madridBashar, apoiou o Irã. A aliança entre os clérigos xiitas no Irã e os Assads (da minoria alauíta, ramo do xiismo) ajudou a estabelecer a basebet real madridpoder do Irãbet real madridum Oriente Médio predominantemente sunita.

A Síria também foi uma rota fundamental para que o Irã pudesse abastecer seu aliado no Líbano, o Hezbollah, e outros grupos armados regionais.

O Irã já saiubet real madridsocorrobet real madridAssad anteriormente. Quando ele parecia vulnerável, após um levante popularbet real madrid2011 se transformarbet real madriduma guerra civil, Teerã forneceu jatos, combustível e armas. Maisbet real madrid2 mil soldados e generais iranianos foram mortos enquanto trabalhavam ostensivamente como "consultores militares".

"Sabemos que o Irã gastoubet real madridUS$ 30 bilhões a US$ 50 bilhões [cercabet real madridR$ 180 bilhões a R$ 300 bilhões] na Síria" desde pertobet real madrid2011, segundo Sanam Vakil, diretora do programa para o Oriente Médio e norte da África do think tank Chatham House.

Mas, agora, a rota que o Irã poderia tentar usar no futuro para reabastecer o Hezbollah no Líbano — e, dali, possivelmente outros grupos — foi cortada.

Para Vakil, "o Eixo da Resistência foi uma rede oportunista, projetada para fornecer profundidade estratégica ao Irã e proteger o país contra ataques diretos. Esta estratégia claramente fracassou."

O cálculo do Irã sobre o que fazerbet real madridseguida será influenciado não só pela quedabet real madridAssad, mas também pelo fatobet real madridque o seu próprio exército se saiu muito pior do que Israel, nos primeiros confrontos diretos entre os dois países, ocorridos este ano.

A maior parte dos mísseis balísticos lançados pelo Irã contra Israelbet real madridoutubro foram interceptados, embora alguns deles tenham causado danos a diversas bases aéreas. Já os ataques israelenses causaram sérios danos às defesas aéreas do Irã e àbet real madridcapacidadebet real madridproduçãobet real madridmísseis.

"A ameaça dos mísseis acabou sendo um tigrebet real madridpapel", segundo Jeffrey.

E o assassinatobet real madridTeerã do líder do Hamas, Ismail Haniyeh (1962-2024), ocorridobet real madridjulho, foi outro profundo constrangimento para o Irã.

Rumos futuros

A principal prioridade do Irãbet real madridagorabet real madriddiante é a própria sobrevivência da República Islâmica.

"Ela irá procurar se reposicionar, reforçar o que sobrou do Eixo da Resistência e reinvestir nos seus laços regionais, para sobreviver à pressão que provavelmente será imposta por Trump", explica Vakil.

Dennis Horak passou três anos no Irã como encarregadobet real madridnegócios do Canadá. Ele afirma que o país tem "um regime bastante resiliente, com enormes braçosbet real madridpoder e muitos mais que eles poderão colocarbet real madridação".

Ele relembra que o Irã ainda possui forte poderbet real madridfogo, que poderá ser utilizado contra países árabes da região do Golfo Pérsico, no casobet real madridum confronto com Israel. Horak rejeita a visãobet real madridque o Irã seria um tigrebet real madridpapel inofensivo.

Mas o país se enfraqueceu profundamente no cenário internacional, com um imprevisível Donald Trump prestes a assumir a presidência dos Estados Unidos e depois que Israel demonstroubet real madridcapacidadebet real madridabater os inimigos.

"O Irã certamente irá reavaliarbet real madriddoutrinabet real madriddefesa, que dependia principalmente do Eixo da Resistência", afirma Vakil. "O país também irá analisar seu programa nuclear e tentar decidir se é necessário maior investimento para fornecer mais segurança ao regime."

Potencial nuclear

O Irã insiste que seu programa nuclear é totalmente pacífico. Mas ele avançou consideravelmente, depois que Donald Trump abandonou um acordo cuidadosamente negociadobet real madrid2015, que limitava suas atividades nuclearesbet real madridtroca da suspensãobet real madridparte das sanções econômicas.

Segundo o acordo, o Irã foi autorizado a enriquecer urânio até 3,67%bet real madridpureza. O urânio com baixo enriquecimento pode ser usado para produzir combustível para usinas nucleares comerciais.

A Agência Internacionalbet real madridEnergia Atômica (AIEA), órgão fiscalizador da ONU, afirma que o Irã aumentou significativamentebet real madridtaxabet real madridenriquecimentobet real madridurânio para 60%.

O Irã declarou que tomou esta medidabet real madridretaliação às sanções retomadas por Trump, que permanecerambet real madridvigor durante o governo Biden, que tentou fazer reviver o acordo e fracassou.

O urâniobet real madridgraubet real madridarmamento, necessário para produzir bombas nucleares, é enriquecidobet real madridpelo menos 90%.

O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, indicou que as ações do Irã podem ser uma resposta às adversidades sofridas pelo país na região.

"É, realmente, um quadro preocupante", segundo a especialistabet real madridproliferação nuclear Darya Dolzikova, do think tank Royal United Services Institute. "O programa nuclear se encontrabet real madridum ponto totalmente diferentebet real madridonde estavabet real madrid2015."

Estima-se que o Irã, agora, possa enriquecer urânio suficiente para produzir uma armabet real madridcercabet real madriduma semana, se decidir pelabet real madridprodução. Mas também precisaria construir uma ogiva e um sistemabet real madriddisparo, o que os especialistas afirmam que levaria meses ou talvez até um ano.

"Não sabemos o quanto eles estão próximosbet real madriduma arma nuclear que possa ser disparada", afirma Dolzikova. "Mas o Irã adquiriu muito conhecimento, o que será muito difícil reverter."

Os países do Ocidente estão alarmados.

"É claro que Trump irá tentar impor novamentebet real madridestratégiabet real madrid'pressão máxima' contra o Irã", segundo o pesquisador Raz Zimmt, do Instituto Israelensebet real madridEstudosbet real madridSegurança Nacional e da Universidadebet real madridTel Aviv,bet real madridIsrael.

"Mas acho que ele também irá tentar levar o Irã a retomar negociações, tentando convencer o país a reverter suas capacidades nucleares", afirma ele.

Apesar do desejo declarado do primeiro-ministrobet real madridIsrael, Benjamin Netanyahu,bet real madridmudar o regime iraniano, Zimmt acredita que o país dará tempo ao tempo, para ver o que Donald Trump irá fazer e como o Irã vai reagir.

É improvável que o Irã deseje provocar um confrontobet real madridlarga escala.

"Acho que Donald Trump, como homembet real madridnegócios, irá tentar convencer o Irã a fazer um acordo", afirma o professorbet real madridciências políticas Nasser Hadian, da Universidadebet real madridTeerã, no Irã. "Se isso não acontecer, ele partirá para a pressão máxima, tentando trazer o país para a mesabet real madridnegociações."

Hadian acredita que o acordo é mais provável do que o conflito, mas ele ressalta: "Existe a possibilidadebet real madridque, se ele [Trump] adotar a pressão máxima, tudo possa dar errado e possamos chegar a uma guerra que nenhum dos lados deseja."

'Fúria latente generalizada'

O Irã também enfrenta uma sériebet real madriddificuldades domésticas, enquanto se prepara para a sucessão do seu líder supremo.

"Khamenei vai dormir preocupado com seu legado e com a transição", afirma Sanam Vakil. "Ele está tentando deixar o Irãbet real madridposição estável."

O regime foi gravemente abalado pelos protestos nacionaisbet real madrid2022, que se seguiram à morte da jovem Mahsa Amini. Ela foi acusadabet real madridnão vestir o hijab corretamente.

O levante questionou a legitimidade das autoridades clericais e foi brutalmente esmagado.

Existe ainda uma fúria latente generalizada contra um regime que investiu recursosbet real madridconflitos no exterior, enquanto muitos iranianos enfrentam o desemprego e a alta da inflação.

A geraçãobet real madridiranianos mais jovens, particularmente, está cada vez mais distante da Revolução Islâmica. Muitos deles se irritam com as restrições sociais impostas pelo regime.

Mulheres continuam desafiando o regime todos os dias, arriscando-se a ir para a prisão por saírem sem os cabelos cobertos.

Mas os observadores indicam que isso não significa que haverá um colapso do regime, similar ao que aconteceu na Síria.

"Não acho que o povo iraniano vá se levantar novamente porque o Irã perdeu o seu império, que também era muito impopular", segundo James Jeffrey.

Dennis Horak acredita que a tolerância aos dissidentes irá diminuir ainda mais, à medida que o país tentar garantirbet real madridsegurança interna.

Uma nova lei, planejada há muito tempo, aumenta as punições para as mulheres que não usarem o hijab. Ela deve entrarbet real madridvigorbet real madridbreve, mas ele não acredita que o regime estejabet real madridrisco no momento.

"Milhõesbet real madridiranianos não apoiam o regime, mas milhões ainda o aprovam", afirma Horak. "Não acho que ele estejabet real madridriscobet real madridcairbet real madridcurto prazo."

Mas, enquanto o regime enfrenta a irritação dentro das suas fronteiras, a perda dabet real madridbase na Síria, depoisbet real madridtantos outros golpes àbet real madridinfluência regional, dificultou muito o trabalho dos governantes iranianos.