Brasil pode virar alvo2a play betspeed'tarifaço'2a play betspeedTrump por estar nos Brics?:2a play betspeed

O presidente Donald Trump2a play betspeedpé,2a play betspeedusando uma gravata azul e2a play betspeedmãos abaixadas, olhando para a frente

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Presidente eleito dos EUA ameaçou países do bloco caso tentem substituir o dólar por outra moeda2a play betspeedtransações comerciais internacionais

Além do Brasil, o Brics inclui África do Sul, China, Índia, Rússia, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia. O Brasil vai assumir a presidência do bloco a partir2a play betspeed1°2a play betspeedjaneiro2a play betspeed2025.

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Os EUA são o segundo principal destino das exportações totais brasileiras, atrás da China, e o principal destino das exportações brasileiras2a play betspeedprodutos manufaturados.

Em 2023 as exportações do Brasil aos EUA somaram US$ 36,9 bilhões (cerca2a play betspeedR$ 223 bilhões), pouco mais2a play betspeedum terço dos US$ 104,3 bilhões (cerca2a play betspeedR$ 630 bilhões) exportados para a China. As importações dos EUA para o Brasil totalizaram US$ 38 bilhões (cerca2a play betspeedR$ 230 bilhões).

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Caso Trump levasse adiante a ameaça, as novas tarifas dificultariam a entrada2a play betspeedprodutos brasileiros no mercado americano.

A equipe2a play betspeedtransição do presidente eleito não ofereceu detalhes sobre os planos. O Brasil também não se pronunciou oficialmente sobre as declarações do americano.

"A declaração gera preocupação", diz à BBC News Brasil o presidente executivo da Associação2a play betspeedComércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto2a play betspeedCastro.

"Quando você fala 100%2a play betspeedtarifa, é como se dobrasse o preço do produto. E dobrando o preço, certamente a demanda vai ser retraída."

No entanto, Castro afirma que acha pouco provável que os EUA realmente decidam adotar um percentual tão elevado.

As declarações2a play betspeedTrump fazem parte2a play betspeeduma série2a play betspeedpronunciamentos recentes ameaçando tarifas sobre parceiros comerciais.

O presidente eleito, que toma posse2a play betspeed202a play betspeedjaneiro, disse que poderá impor tarifas2a play betspeed25% sobre todos os produtos que entrarem nos EUA vindos do Canadá e do México, além2a play betspeedadicional2a play betspeed10% sobre produtos da China, para forçar esses países a deter a entrada2a play betspeeddrogas e imigrantes ilegais no território americano.

O primeiro mandato2a play betspeedTrump (2017-2021) foi marcado por uma guerra comercial com a China.

Imagem à distância2a play betspeedpresidentes dos países amigos do Brics, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, com um painel atrás que contém o texto "XV Brics Summit",  após a reunião do grupo, no Sandton Convention Centre,2a play betspeedJoanesburgo, África do Sul,2a play betspeed2023..

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidentes dos países amigos do BRICS, posam para foto oficial após a reunião do grupo, no Sandton Convention Centre,2a play betspeedJoanesburgo, África do Sul,2a play betspeed2023.

Debate sobre desdolarização

A menção ao Brics ocorre2a play betspeedum momento2a play betspeedque o bloco vem discutindo a desdolarização,2a play betspeedmeio a críticas ao sistema financeiro internacional e à governança2a play betspeedinstituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A dominância do dólar dá aos EUA vantagens econômicas e geopolíticas. O interesse2a play betspeeduma alternativa ao dólar aumentou ainda mais desde que os EUA endureceram sanções financeiras após a invasão da Ucrânia pela Rússia,2a play betspeed2022.

A criação2a play betspeeduma moeda para transações comerciais dentro do Brics reduziria a dependência da divisa americana, mas por enquanto a discussão está mais focada no incentivo ao uso das moedas locais no comércio.

O Brics tem seu próprio banco, o Novo Banco2a play betspeedDesenvolvimento, que financia projetos2a play betspeedmoedas locais e é comandado pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, que já criticou o "uso do dólar como arma".

No entanto, apesar das críticas à primazia do dólar no comércio internacional e do objetivo2a play betspeeddiminuir a dependência da moeda americana, não há perspectiva2a play betspeedadoção2a play betspeedalternativas nas transações do bloco no curto prazo.

A criação2a play betspeeduma nova moeda não é nem mesmo mencionada nas declarações das cúpulas do Brics. Após as ameaças2a play betspeedTrump, o governo da África do Sul ressaltou que não há planos2a play betspeedcriar uma moeda do Brics.

Diante desse cenário, a advertência2a play betspeedTrump foi criticada por sugerir falta2a play betspeedconfiança no dólar.

"A moeda do Brics é apenas uma ideia, não é realidade", diz à BBC News Brasil o professor Daniel McDowell, da Universidade2a play betspeedSyracuse, autor do livro "Bucking the Buck: US Financial Sanctions and the International Backlash Against the Dollar", sobre sanções financeiras dos EUA e a reação internacional contra o dólar.

"Se você acha que a única maneira2a play betspeedmanter os países usando o dólar é com ameaças, essa seria uma situação ruim. Não acho que é a situação do dólar. Os EUA não precisam fazer ameaças para que o dólar continue a ser a moeda mais popular e importante do mundo", afirma McDowell.

Não há sinais2a play betspeedque a dominância do dólar nas finanças e no comércio internacional esteja ameaçada, especialmente2a play betspeedum momento2a play betspeedque a economia americana mostra desempenho robusto e2a play betspeedque o cenário geopolítico global apresenta riscos elevados.

O dólar continua sendo a principal moeda2a play betspeedreserva internacional. Segundo o FMI, bancos centrais ao redor do mundo têm quase US$ 7 trilhões (equivalente a mais2a play betspeedR$ 42 trilhões)2a play betspeedreservas na moeda americana. O montante é equivalente a 58% do total e o triplo das reservas2a play betspeedeuro, que aparece2a play betspeedsegundo lugar.

"A posição dos Estados Unidos e a importância do dólar são tão fortes que é muito difícil para os países se afastarem", diz à BBC News Brasil o economista Alan Deardorff, professor da Universidade2a play betspeedMichigan.

"Se Trump usar todas as tarifas que citou, há o risco2a play betspeedcortar os Estados Unidos da economia mundial até certo ponto e tornar o dólar menos útil para outros países. Isso poderia reduzir a dependência do dólar, que é exatamente o que ele diz que não quer que aconteça", afirma Deardorff.

China e Rússia estão entre os membros do Brics que reagiram às ameaças do presidente eleito dos EUA.

Um porta-voz do Kremlin disse que se os EUA recorrerem a "força econômica" para obrigar os países a usarem o dólar isso poderia "fortalecer ainda mais a tendência2a play betspeedmudança para moedas nacionais (no comércio internacional)".

Um porta-voz da Embaixada da China nos EUA disse à imprensa americana que "os EUA há muito tempo" usam a hegemonia do dólar "como ferramenta geopolítica", o que "prejudica a estabilidade econômica e financeira internacional e perturba a ordem internacional".

Negociação e impactos

Mão segura nota2a play betspeedum dólar. Ao fundo há uma tela com um gráfico e números.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Não há sinais2a play betspeedque a dominância do dólar nas finanças e no comércio internacional esteja ameaçada, especialmente2a play betspeedum momento2a play betspeedque a economia americana mostra desempenho robusto e2a play betspeedque o cenário geopolítico global apresenta riscos elevados.

A retórica2a play betspeedTrump costuma fazer parte2a play betspeedseu arsenal2a play betspeednegociação e é usada para persuadir outros países a seguirem os interesses dos EUA. Logo após as ameaças contra o Canadá e o México, os líderes daqueles países se apressaram2a play betspeedconversar com o presidente eleito.

"Trump tem um histórico2a play betspeedrealmente usar tarifas, e fez isso2a play betspeedforma muito dramática2a play betspeedseu primeiro mandato. Mas ele também usa as ameaças para tentar obter respostas2a play betspeedoutros países", destaca Deardorff.

"Acho que, neste caso (do Brics), é mais provável que isso aconteça. Tarifas2a play betspeed100% seriam muito extremas, e por uma razão tão mal definida. Não me parece plausível, e me surpreenderia se ele realmente levasse (a ameaça) adiante", ressalta o professor da Universidade2a play betspeedMichigan.

Segundo Deardorff, o mais provável é que Trump tente obter algum tipo2a play betspeedpromessa desses países.

"Promessas que seriam difíceis2a play betspeedfazer cumprir. Mas ele poderia dizer que obteve uma vitória ao usar essa ameaça", salienta.

McDowell também considera improvável que os EUA imponham tarifas2a play betspeed100% contra os países do Brics ou qualquer outro país.

"Não diria que é uma ameaça vazia, porque Trump tem um histórico2a play betspeedusar tarifas como ferramenta2a play betspeednegociação. Mas acho que é provavelmente (uma ameaça) muito exagerada", diz o professor da Universidade2a play betspeedSyracuse.

"É possível que ele saiba que (o risco2a play betspeeduma moeda do Brics) não é real, mas queira fazer uma ameaça agora. E, dentro2a play betspeedalguns meses, poderá dizer 'Veja, a moeda do Brics não vai acontecer (graças à ameaça)", afirma McDowell.

"Ele gosta2a play betspeedcontar vitórias, e isso pode ser parte do jogo."

Segundo Castro, da AEB, "ainda que possa haver um pouco2a play betspeedexagero nas declarações (de Trump), é um cenário que gera preocupação como um todo".

"O Brasil não tem preços competitivos, uma sobretaxa faria com que nossos produtos se tornem mais caros ainda. Com isso, deixaríamos2a play betspeedexportar produtos, principalmente manufaturados", afirma.

Castro salienta ainda que a guerra comercial dos EUA com a China impacta o Brasil, que "poderia ser invadido por produtos chineses". "A China vai transferir o que venderia aos EUA para outros mercados, como o Brasil", observa.

Caso os EUA fossem adiante com a ideia2a play betspeedtarifar os produtos do Brics, o impacto negativo também seria sentido na economia do país, fortalecendo o dólar e encarecendo os produtos americanos, o que poderia aumentar o déficit comercial.

Isso se traduziria2a play betspeedpreços mais altos para os consumidores americanos, alimentando o risco2a play betspeedinflação e, assim, a necessidade2a play betspeedaumento das taxas2a play betspeedjuros.

"É sempre verdade que, se e quando usamos tarifas sobre importações, isso aumenta o preço desses produtos importados para nossos compradores nos EUA, muitos dos quais não são consumidores, mas empresas que utilizam insumos importados para2a play betspeedprópria produção", ressalta Deardorff.

"Aumenta os custos e, portanto, os preços, não apenas dos bens importados2a play betspeedsi, mas dos bens produzidos nos EUA."

"Também haveria retaliação, e países afetados por essas tarifas provavelmente responderiam com suas próprias tarifas", diz McDowell, lembrando que isso ocorreu2a play betspeedrelação à China a partir2a play betspeed2018.

"Isso poderia levar a uma guerra comercial maior entre os países. Não seria bom para ninguém."