4 pontos-chave para entender os bons resultados alcançados pela direita nas eleições europeias:cassino vegas

Marine Le Pen

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Marine Le Pen.

Os resultados já tiveram importantes repercussões no campo político: o presidente da França, Emmanuel Macron, convocou eleições parlamentares antecipadas para o final deste mês após a contundente vitória do partidocassino vegasdireita radicalcassino vegassua rival Marine Le Pen.

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Na Alemanha, o partidocassino vegasextrema direita AfD superoucassino vegasnúmerocassino vegasvotos a coalizão do chanceler Olaf Scholz, pedindo-lhe que antecipe as eleições, algo que parece improvávelcassino vegasacontecer.

A BBC News Mundo, serviçocassino vegasespanhol da BBC, conversou com analistas para entender os resultados das eleições europeias e o deslocamento para a direita na política da região.

Alice Weidel e Tino Chrupalla, membros do partidocassino vegasalemão AfD

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Alice Weidel e Tino Chrupalla, membros do partido alemão AfD

1. A guinada à direita se consolida

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"As forças eurocéticas voltaram a vencer, a supercoalizão onde historicamente governam os social-democratas e a democracia cristã (Partido Popular Europeu)", explica Ignacio Molina, analista do Real Instituto ElCano, à BBC.

Mas apesarcassino vegaso centro "se manter", esse centro está se deslocando para a direita.

"Essa grande coalizão se deslocou porque o centro liberal perdeu votoscassino vegasfavor da centro-direita. O europeísmo vence, sim, mas especialmente os mais conservadores", afirma Molina.

Em torno desse centro pró-europeu, há "uma mudança na correlaçãocassino vegasforças, muito mais à direita e a favor da direita radical, embora não haja um crescimento substancial", explica Javier Martín Merchán, professorcassino vegasciência política da Universidadecassino vegasComillas, na Espanha.

No geral, apontam ambos os analistas, os resultados das eleições europeias não são inesperados e refletem uma tendência que tem sido observada nos últimos anoscassino vegasnível nacional nos diferentes países que compõem a União Europeia.

Por exemplo, a Itália é governada desde 2019 por uma coalizãocassino vegasdireita liderada por Giorgia Meloni e seu partido ultranacionalista Irmãos da Itália; nos Países Baixos, o partido radicalcassino vegasGeert Wilders venceu as últimas eleições nacionais e, na Suécia, o governo depende dos partidoscassino vegasdireita radical.

"É um processo gradual e quase estrutural. Estamos vivendocassino vegasum ciclo positivo para a direitacassino vegasgeral", afirma Martín Merchán.

2. Na França e na Alemanha, radicaiscassino vegasascensão

Apesarcassino vegasa direita radical e os ultraconservadores não terem arrasadocassino vegasforma geral nas eleições, como indicavam algumas pesquisas prévias, há exceções que chamam a atenção.

São os casos da Alemanha e da França, que, alémcassino vegasserem emblemáticos por serem os pais fundadores da UE, são os dois Estados membros que mais contribuem com assentos para o Parlamento, o que ajudará a aumentar a representação da extrema direita na câmaracassino vegasEstrasburgo.

Na França, a Agrupação Nacionalcassino vegasMarine Le Pen teve o dobro dos votos do partido centrista Renascimento do presidente Emmanuel Macron.

A reação quase imediatacassino vegasMacron foi convocar eleições parlamentares antecipadas para 30cassino vegasjunho.

 Uma sala com seguidorescassino vegasMacron o vêcassino vegasuma tela dando o anúncio das eleições antecipadas

Crédito, EPA

Legenda da foto, O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou a antecipação das eleições para a Assembleia Nacional para o dia 30cassino vegasjunho

"Convocar eleições antecipadas é uma grande surpresa para o país e um enorme risco para o presidente Macron. Ele poderia ter reagidocassino vegasoutra maneira e explicado a vitória esmagadora da direita como uma aberração europeia que seria corrigidacassino vegaseleições mais importantes", afirma Hugh Schofield, correspondente da BBC na França.

No caso alemão, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) ficoucassino vegassegundo lugar, superando a coalizão do chanceler Olaf Scholz.

Ainda mais notável é o resultado alcançado pela AfD, considerando os escândaloscassino vegasespionagem, extremismo e corrupção que atingiram o partido nos meses que antecederam as eleições.

"Os partidos governantes (social-democratas e verdes) sofreram uma derrota esmagadora, assim como o terceiro parceiro da coalizão, os liberaiscassino vegaslivre mercado", explica o correspondente da BBCcassino vegasBerlim, Damien McGuinness.

Os simpatizantes da Agrupação Nacional, o partidocassino vegasMarine Le Pen, celebram a vitória

Crédito, EPA

Legenda da foto, Os simpatizantes da Agrupação Nacional, o partidocassino vegasMarine Le Pen, celebram a vitória.

Essa aliança sempre foi complicada,cassino vegasacordo com McGuinness, mas a invasão da Rússia à Ucrânia a fez vacilar, expondo suas diferenças. Nesse contexto, os radicaiscassino vegasdireita e oscassino vegasesquerda se beneficiaram com seus discursos populistas.

"Em temposcassino vegasinsegurança e incerteza, mensagens simples são sedutoras", observa McGuinness.

3. A oposição à imigração

Embora os discursos dos partidos radicais variemcassino vegasacordo com os problemas enfrentados por cada país, houve uma mensagemcassino vegasque concordaram:cassino vegasoposição à imigração, especialmente aquela proveniente dos países muçulmanos.

Le Pen emcassino vegasparticipação no Viva 24.

Crédito, EPA

Legenda da foto, O discurso anti-imigração é uma constante nos partidoscassino vegasdireita

Por ser um assunto delicado para os partidos majoritários (como os social-democratas ou a democracia cristã), os partidoscassino vegasdireita mais radicais, como AfD na Alemanha, Vox na Espanha ou Agrupação Nacional na França, levantaram essa bandeira nessas eleições europeias.

"Há partidos que falam única e exclusivamente sobre esse tema. Sobre qual tipocassino vegasimigração querem no país, qual a segurança nas ruas, qual é a segurança nas fronteiras e quais são os efeitos econômicos dessa imigração", explica Martín Merchán.

"Quando a concorrência partidária trata desses temas, é mais fácil que tenhamos resultados (eleitorais) como os que temos agora", acrescenta.

Com o aumento da imigração, "são geradas dinâmicas mais relacionadas ao tema cultural do que ao econômico", destaca Molina.

"Na Espanha, a imigração é menos politizada porque o perfil do imigrante [da América Latina] é menos distante, mas não é o casocassino vegasoutros países. Para os escandinavos, por exemplo, é um tema importante porque uma parte da população sentecassino vegascultura e tradições ameaçadas", acrescenta.

Assim, contrasta-se a imigração dos países da África e do Oriente Médio, emcassino vegasmaioriacassino vegastradição muçulmana, com os valores da velha Europa, tradicionalmente cristãos.

A isso se adiciona a "guerra cultural" desencadeadacassino vegasmuitos países devido aos avançoscassino vegasquestões sociais promovidos por governos progressistas sucessivos.

"Há aqueles que percebem que houve uma mudança nos valores culturais da sociedade ocidental,cassino vegasquestões como os direitos da comunidade LGBTQIA+, igualdadecassino vegasgênero, etc., que, para muitos, especialmente homens brancos adultos, representa um desafio àcassino vegasprópria identidade", diz Martín Merchán. A resposta é reagir votando na direita que defende valores tradicionais.

Uma apoiadora do partidocassino vegasextrema direita AfD segura um cartaz que diz "O Islã é o prego no caixão da democracia".

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Apoiadora do partidocassino vegasdireita AfD segura um cartaz que diz 'O islã é o prego no caixão da democracia'

4. Leituracassino vegaschave nacional, não europeia

Molina insiste que, embora haja sinaiscassino vegasconsolidação e crescimento da direita mais radical, algo a ser destacado das eleições europeias é como o centro resistiu "apesar dos desafios enfrentados pela União Europeia hoje".

Ele ressalta que a leitura dessas eleições não deve ser feitacassino vegasuma perspectiva europeia.

"É um poucocassino vegasautoengano. Porque o que aconteceu neste domingo foram 27 eleições nacionais paralelas com um leve toque europeu", diz.

"O resultado final que vemos no Parlamento Europeu écassino vegascontinuidade, mas o eleitor não necessariamente quis continuidade".

"Provavelmente, o que mais motivou o eleitor espanhol a votar foi recompensar ou punir Pedro Sánchez. Na França, estavam recompensando ou punindo Macron", diz.

Mas, mesmo que seja assim, a somacassino vegastodas as partes indica uma virada para a direita, que nos próximos cinco anos definirá a política da Europa.