Declarações 'nos deixaram muito preocupados e apreensivos', diz Associação dos Ucranianosupbet rnPortugalupbet rncarta a Lula :upbet rn
Mais cedo, um grupoupbet rnucranianos realizou um protestoupbet rnfrente à embaixada brasileiraupbet rnLisboa. Enrolados com bandeiras do país, eles seguravam cartazes acusando a Rússiaupbet rnser um "Estado terrorista".
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Fim do Matérias recomendadas
Lula estáupbet rnviagem oficial a Portugal e Espanha. Ele chegou a Lisboa na manhã desta sexta-feira e permanece na capital portuguesa até a tarde da próxima terça-feira (25/4).
Na sequência, viaja à Espanha. Seu retorno ao Brasil está previsto para a noiteupbet rnquarta-feira (26/4).
Sadokha, da Associação dos Ucranianosupbet rnPortugal, compartilhou o conteúdo da carta com a BBC News Brasil.
No documento, assinado por ele e pelo presidente do Congresso Europeu dos Ucranianos, Bogdan Raicinec, dizem considerar "que qualquer tipoupbet rnapoio que o Brasil possa conferir à Federação Russa será desprestigiante, levará a uma desconfiança da comunidade internacional, incluindo acerca daupbet rnposição no Conselhoupbet rnSegurança da ONU".
"Ninguém quer ver o bom nome do Brasil, enquanto nação democrática e livre, manchado como aliado do regime criminoso do Kremlin, pelo que as recentes declaraçõesupbet rnVossa Excelência nos deixaram muito preocupados e apreensivos", assinala a carta.
Eles também reiteram o convite do governo ucraniano para que Lula visite a Ucrânia.
Polêmica
A visitaupbet rnLula a Portugal aconteceupbet rnmeio à repercussão negativa das declarações do brasileiro sobre a guerra na Ucrânia.
Membro da União Europeia e da Otan, a aliança militar ocidental, Portugal tem declarado apoio aberto ao país invadido pela Rússia e chegou, inclusive, enviar tanques Leopard a Kiev.
As críticas não só vieram da associaçãoupbet rnucranianosupbet rnPortugal, mas tambémupbet rnpartidosupbet rnoposição.
Em visita recente aos Emirados Árabes Unidos, onde fez uma parada depoisupbet rnsua viagem à China, o petista atribuiu aos EUA e à União Europeia, a responsabilidade pelo prolongamento da guerra na Ucrânia.
"O presidente [Vladimir] Putin não toma a iniciativaupbet rnparar. [Volodymyr] Zelensky não toma a iniciativaupbet rnparar. A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação desta guerra", disse.
No início do mês, Lula já havia afirmado que a Ucrânia poderia ceder a Crimeia, anexada pela Rússiaupbet rn2014,upbet rnnome da paz.
Após a polêmica, o petista condenou a invasão russa da Ucrânia.
"Ao mesmo tempoupbet rnque meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito", disse Lulaupbet rnencontro com o presidente da Romênia, Klaus Werner Iohannis nesta semana.
não foi apenasupbet rnPortugal que as falasupbet rnLula sobre a guerra na Ucrânia foram mal recebidas.
John Kirby, coordenadorupbet rncomunicação estratégica do Conselhoupbet rnSegurança Nacional da Casa Branca, nos Estados Unidos, chamou a postura do presidente brasileiroupbet rn"repetição automática da propaganda russa e chinesa" e "profundamente problemática".
"É profundamente problemático como o Brasil abordou essa questãoupbet rnforma substancial e retórica, sugerindo que os Estados Unidos e a Europaupbet rnalguma forma não estão interessados na paz ou que compartilhamos a responsabilidade pela guerra", disse eleupbet rnconversa com jornalistas.
"Francamente, neste caso, o Brasil está repetindo a propaganda da Rússia sem olhar para os fatos", acrescentou.
Para Kirby, "os comentários mais recentes do Brasilupbet rnque a Ucrânia deveria considerar ceder formalmente a Crimeia como uma concessão pela paz são simplesmente equivocados, especialmente para um país como o Brasil que votou para defender os princípiosupbet rnsoberania e integridade territorial na Assembleia-Geral da ONU".
O porta-voz para Assuntos Externos da União Europeia, Peter Stano, também rebateu as falasupbet rnLula sobre a guerra, destacando que a Rússia é a "única responsável" pelo conflito.
"O fato número um é que a Rússia — e apenas a Rússia — é responsável pela agressão ilegítima e não provocada contra a Ucrânia. Então não há dúvidas sobre quem é o agressor e quem é a vítima", disse Stano, lembrando que o Brasil condenou a invasão da Ucrânia na ONU (Organização das Nações Unidas).
Stano acrescentou que EUA e EU não estão contribuindo para prolongar a guerra, mas ajudando Kiev emupbet rnlegítima defesa.
"Caso contrário, a Ucrânia enfrentaria a destruição. A nação ucraniana e a Ucrânia como país seriam destruídos porque estes são os objetivos declarados da guerraupbet rnPutin", afirmou.
O mal-estar se agravou ainda mais com a viagem oficial do ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, a Brasília no início desta semana.
Uma das propostas do governo Lula é a criaçãoupbet rnum "clube da paz", fórumupbet rnpaíses que Brasília considera como não alinhados a nenhum dos lados do conflito para mediar as negociações entre Kiev e Moscou.
Na terça-feira (18/4), o governo da Ucrânia, por meio do porta-vozupbet rnsua chancelaria, Oleg Nikolenko, voltou a convidar Lula a visitar Kiev.
Em postagem no Facebook, Nikolenko afirmou que deseja que o brasileiro compreenda "as verdadeiras causas da agressão russa e suas consequências para a segurança global".
Lula já havia sido convidado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no mês passado, quando os dois falaram por videoconferência pela primeira vez. Na ocasião, o petista afirmou que aceitaria o conviteupbet rnmomento oportuno.
Confira a carta na íntegra abaixo
A SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,
Exmo. Senhor Luiz Inácio Lula da Silva
Aproveitando a oportunidade da visitaupbet rnVossa Excelência a Portugal vimos por este meio, eupbet rnnome da Comunidade Ucranianaupbet rnPortugal, dos ucranianos nos países da União Europeia e nos maisupbet rn8 milhõesupbet rnrefugiados da Ucrânia, clarificar alguns pontos que nos parecemupbet rnsuma importância quando se fala da guerra na Ucrânia:
1. A injustificada e brutal agressão da Federação Russa à Ucrânia obrigou os cidadãos ucranianos a deixarem as suas casas para, literalmente, salvarem as suas vidas;
2. O que se está a passar neste momento na Europa do Leste não é apenas um conflito militar entre dois países vizinhos que se consegue terminar com um simples acordoupbet rnpaz;
3. Esta guerra iniciada pelo Presidente Putin não é só contra os ucranianos. Ela visa “destruir a estruturaupbet rnsegurança europeia”, como bem referiu o Chanceler alemão Olaf Scholz, e atacar também todos os que defendem os ideais democráticos e os princípios da soberania territorial e autodeterminação dos povos;
4. A Federação Russa está a perpetrar, desde 2014, e mais intensamente a partirupbet rn24upbet rnFevereiroupbet rn2022, um genocídio continuado contra o povo ucraniano e ostártarosupbet rntodo o território nacional da Ucrânia (com foco no Donbass e na Crimeia, que como saberá são regiões inalienáveis da Ucrânia);
5. Além dos assassinatos continuados e dos ataques indiscriminados contra civis (muitos deles mulheres e crianças), do desrespeito pelos cordões humanitários acordados e da ameaça ao mundo com armas nucleares, a Federação Russa tem devastadoupbet rnforma total e absoluta todo o nosso território e infraestruturas;
6. Em várias declaraçõesupbet rnlíderes russos, nomeadamente do Presidente Putin, do Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa Kirill, entre outros, assistimos a insultos e mentiras graves como aquelas que afirmam que os ucranianos são nazis e que a Ucrânia enquanto país e Estado soberano, livre e independente, não pode existir.
Ora é pois preciso entender que a justificação real para Moscovo invadir a Ucrânia não é a alegada defesa dos russófonos que vivem no território ucraniano. Aliás, gostaríamosupbet rnclarificar que esta comunidade ucraniana russófona luta dia e noite contra as tropas invasoras russas, lado a lado e integrada nas Forças Armadas Ucranianas e ombro a ombro com representantesupbet rnoutras nações e etnias, cidadãos da Ucrânia.
O cerne da questão é que Putin não quer ter como vizinho nenhum país soberano, livre, democrático, independente e não-corrupto, porque receia que possa servirupbet rnexemplo aos demais povos da Federação Russa para também realizarem mudançasupbet rnum regime autocrático ouupbet rnum regime com laivos totalitários para um regime democrático-liberal nos seus próprios países e assim pertencer ao rol dos países que constituem o mundo livre.
Senhor Presidente, mais do que qualquer outro povo, os ucranianos querem a justa paz, já que são os que pagam o preço mais elevado com as suas próprias vidas, sangue e devastação do próprio País ao defenderem-se das agressões bárbarasupbet rnMoscovo.
Sabemos que alguns políticos internacionais têm interesses que os levam a negociar com o sanguinário e ditador Vladimir Putin,upbet rnforma a obterem vantagens pessoais. Mas é importante sublinhar que qualquer destas vantagens tem o preço das vidas e do sofrimento dos ucranianos e que estas vidas, como todas as vidas humanas, não têm ideologia.
Neste contexto, consideramos que qualquer tipoupbet rnapoio que o Brasil possa entender conferir à Federação Russa será desprestigiante, levará a uma desconfiança da comunidade internacional, incluindo acerca daupbet rnposição no Conselhoupbet rnSegurança da ONU.
Ninguém quer ver o bom nome do Brasil, enquanto nação democrática e livre, manchado como aliado do regime criminoso do Kremlin, pelo que as recentes declaraçõesupbet rnVossa Excelência nos deixaram muito preocupados e apreensivos.
Sua Excelência Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, qualquer acordoupbet rnpaz justa proposto pela Federação Russa acabaráupbet rncamposupbet rnconcentração para o extermínio da nação ucraniana com a solução silenciosa "Z". Já vivemos essa situação no século passado com a acçãoupbet rnextermínio perpetrada pelos nazis e que culminou com a organização comunista do Holodomor, numa tentativaupbet rnerradicar qualquer sobrevivente ucraniano. Resistimos e sobrevivemos.
Nós, os ucranianos, iremos continuar a lutar pelas nossas vidas e pelas vidas das nossas crianças que Putin deporta para a Rússia ao mesmo tempo que executa os seus pais. Permita-nos recordar que a deportação ilegal das nossas crianças foi, aliás, a baseupbet rnacusação para a emissãoupbet rnum mandatoupbet rncaptura contra Vladimir Putin emitido pelo Tribunal Penal Internacional.
Neste momento, enfrentamos uma força superiorupbet rntermosupbet rnnúmeroupbet rnhomens e, por isso, precisamosupbet rntodo o apoio internacional que pudermos.
Uma questão tornou-se muito clara: esta guerra já dividiu o mundoupbet rndois polos.
Um que defende a liberdade, a ordem e o progresso, e outro que põe os seus interesses imperialistas e oligárquicos acima do bem supremo da vida humana, da ordem e paz internacionais.
Senhor Presidente, se há momentos na Históriaupbet rnque a neutralidade não se pode confundir com a conivência nem o temor este é, definitivamente, um deles.
Os ucranianos nunca esquecerão os bravos militares brasileiros que ajudaram a libertar a Europa do jugo totalitário e, por isso, acreditamos que é chegada a horaupbet rnVossa Excelência comandar o Brasil na direcção do lado certo da História e alinhada com o mundo livre!
Aproveitamos ainda esta ocasião para reiterar o convite do Presidente Zelensky a Sua Excelência, para visitar a Ucrânia e verupbet rnloco com os seus próprios olhos o significadoupbet rn"paz russa".
Com os melhores cumprimentos,
Presidente do Congresso Europeu dos Ucranianos,
Bogdan Raicinec
Presidente da Associação dos Ucranianosupbet rnPortugal,
Pavlo Sadokha