Licença-paternidadesuporte luva bet3 meses: brasileiro na Noruega conta como foisuporte luva bet'contar as horas para esposa chegar' a 'vínculo incrível' com filhos:suporte luva bet

Felipe brincando com dois filhos na neve

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Você não tem que se preocupar com mais nada a não ser dar atenção para seu filho', diz Felipe Pereira,suporte luva bet42 anos, sobre importância da licença-paternidade remunerada

Atualmente, a licença parental prevista no país soma 49 semanas com pagamento integral.

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São 15 semanas reservadas para cada parte do casal, alémsuporte luva bet16 semanas que podem ser divididas como a família preferir.

Outras três semanas são reservadas para a gestante tirar antes da data previstasuporte luva betnascimento.

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A licença parental também se aplica a casais do mesmo sexo e a pais e mãessuporte luva betcrianças adotadas.

A política prevê flexibilidade no momento da licença. Alguns casais podem decidir, por exemplo, ficar os dois integralmentesuporte luva betcasa ao mesmo tempo, enquanto outros podem escolher revezar o momentosuporte luva bettirar as licenças.

O prazosuporte luva betlicença parental pode ser ampliado, se a família abrir mão do pagamento integral, para 59 semanas (sendo 19 semanas reservadas para cada um) com 80% da remuneração.

Também há previsãosuporte luva betprazo adicionalsuporte luva betlicença não-remunerada.

Alémsuporte luva betpelo menos 15 semanassuporte luva betlicença com pagamento integral garantido, Felipe diz que se surpreendeu ao saber que também teria direito a se afastar por duas semanas logo após o nascimento.

"Nesses dias, é opcional para a empresa pagar, mas não conheço ninguém na Noruega que tirou essas duas semanas e que a empresa não tenha pago", diz o brasileiro, que hoje é diretorsuporte luva betauditoria internasuporte luva betuma empresasuporte luva betenergias renováveissuporte luva betOslo.

'Sem babá ou faxineira'

Felipe, a esposa, e um carrinhosuporte luva betbebê

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, O brasileiro Felipe e a norueguesa Andrea têm três filhos: Lukas, Erik e Hanna

Felipe diz que a experiênciasuporte luva betficar com seu filho, "sozinho, cuidando", é uma algo "que não tem preço".

"Você cria um vínculo com seu filho que é impressionante. E não é só a experiênciasuporte luva betcuidar do filho – você cuida da casa também."

Diferente da realidadesuporte luva betpaíses com maior desigualdade, como o Brasil,suporte luva betque diversas famílias contratam terceiros para os afazeres domésticos, ele destaca que, na Noruega, "praticamente ninguém tem empregada ou babá".

"É a pessoa que faz tudo", diz, mencionando cuidados como limpeza e alimentação.

Felipe conta que ele e a médica Andrea entenderam que a melhor opção seria que Felipe tirasse a maior partesuporte luva betsua licença quando os bebês tinhamsuporte luva bettornosuporte luva bet1 ano.

"Com o Lukas, no primeiro dia que fiquei sozinho com ele, fiquei contando as horas para minha esposa chegarsuporte luva betcasa", lembra.

"Você descobre cada dia uma coisa. Vai criando um vínculo com seu filho, e ele vai se sentindo mais seguro com você também."

Na licença que tirou para cuidar do segundo filho, Felipe conta que "já sabia mais o que esperar".

Apesarsuporte luva betnão ser mais um paisuporte luva betprimeira viagem, no entanto, os cuidados agora eram com dois – suporte luva bet e havia, por exemplo, o desafio logísticosuporte luva betlevar o mais velho para a creche.

"É super bacana você ter chancesuporte luva better seus dois filhos pequenos e não ter preocupação se o salário estará sendo pago", diz, ao defender a importância da licença remunerada.

"Seu salário está sendo pago, e você não tem que se preocupar com mais nada a não ser dar atenção ao seu filho. Você tem tempo para se dedicar a cuidar do seu filho e da casa. A atenção é o principal que a criança precisa nessa idade."

Felipe está com uma nova licença marcada para o meio do ano, referente ao nascimento da terceira filha.

Felipe brincando com dois filhos na neve na Noruega

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Felipe brinca com os filhos mais velhos, Lukas e Erik, no inverno norueguês

Uma política que prevê licença parental maior que a maioria dos países também acompanha uma diferença culturalsuporte luva betrelação a sociedades mais sexistas.

Felipe diz que, por lá, "ninguém olhasuporte luva betcara feia" quando um pai diz que precisa cuidar dos filhos.

"O pessoal vai assustar se você não falarsuporte luva bettirarsuporte luva betlicença. Quando você vai ao parquinho, você encontra vários homens cuidando dos filhos", diz.

"Como todo mundo é mais ou menos nivelado – a distância entre o pobre e o rico não é muito grande –, todo mundo passa o que eu estou passando. Seus chefes passaram por isso."

Além do vínculo com os filhos, ele destaca que a experiência o levou valorizar ainda mais trabalhos tradicionalmente atribuídos a mulheres.

"Nunca desvalorizei o que minha mãe fez pela gente, mas, passando por essa experiência, você valoriza muito mais, entende muito mais."

Licença-paternidade pode mudar no Brasil?

No Brasil, a licença-paternidade ésuporte luva betcinco dias – e as empresas filiadas ao Programa Empresa Cidadã concedem mais 15 dias, totalizando 20 diassuporte luva betlicença-paternidade. Em troca, recebem benefícios fiscais da Receita Federal.

Em entrevista à BBC News Brasil, o diretor do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil, Vinicius Pinheiro, disse que a licença-paternidade no Brasil é uma regra "limitada" e a revisão desse prazo previsto na Constituição há 35 anos é "mais urgente do que nunca".

Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que o Congresso deve editar uma lei específica sobre o temasuporte luva betaté 18 meses. (Leia mais sobre a decisão nesta reportagem).

Uma análise da licença paternidade no mundo mostra que a realidade internacional está mais próxima do que ocorre Brasil do que na Noruega - que, junto com outros países nórdicos, está entre as nações com melhores políticas públicas para maternidade e paternidade.

A OIT aponta que, embora os direitos à licença paternidade estejam aumentando no mundo, a duração média da licença para os pais (9 dias) é maissuporte luva bet4 meses (16,7 semanas) menor que a licença-maternidade média (18 semanas).

Além disso, o levantamento da OIT aponta que quase dois terços dos potenciais pais (1,26 bilhãosuporte luva bethomens) vivemsuporte luva betpaíses sem direito a licença-paternidade.

Por isso, diz a agência da ONU, "perdem a oportunidade únicasuporte luva betvidasuporte luva betcriar laços com os seus filhos recém-nascidos".

'Homens podem muito bem estar atentos ao que o chorosuporte luva betum filho quer dizer'

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil defendem a importânciasuporte luva betuma licença-paternidade mais ampla e dizem que, ao organizar as divisõessuporte luva betcuidados, as famílias levamsuporte luva betconta as particularidadessuporte luva betcada lar, como as disponibilidadessuporte luva betcada cuidador,suporte luva betcasais hétero ou homossexuais.

A psicóloga, psicanalista e professora da Pontifícia Universidade Católicasuporte luva betSão Paulo (PUC-SP) Isabel Kahn Marin aponta os ganhos para as criançassuporte luva betcontar com os dois cuidadores.

"É muito bom para criança, o bebezinho, ter essas referências, ritmos diferentes, desafios diferentessuporte luva betcada um, proteção diferente que cada um pode oferecer", diz Marin.

"Homens podem muito bem estar atentos ao que o chorosuporte luva betum filho quer dizer e aprender."

Marin, organizadora do livro Quem é o Bebê Hoje: a Construção do Humano na Contemporaneidade, diz que "a alternância entre as figurassuporte luva betcuidado são boas para o bebê, desde quesuporte luva betrimo previsível".

As famílias devem discutir, segundo ela, o que é possível "dentro da realidadesuporte luva bettrabalho, do momentosuporte luva betvida, do temposuporte luva betcada um, das disponibilidades internas e emocionais também."

O psiquiatra da infância e adolescência Guilherme Polanczyk, professor da Universidadesuporte luva betSão Paulo (USP), explica que os três primeiros anossuporte luva betvida são centrais para o desenvolvimento emocional e cerebral.

"Nesse momento do desenvolvimento, linguagem é uma função cognitiva extremamente importante que se estrutura, que vai ser a basesuporte luva betinteligênciasuporte luva betuma forma geral", diz.

"Também se estruturam habilidadessuporte luva betcontrolesuporte luva betimpulsos, memória operacional, regulação do afeto, que vão dar as bases para funções executivas – habilidadessuporte luva betplanejamento, organização, que são extremamente importantes para nossa vida –, alémsuporte luva bettodo desenvolvimento da sociabilidade, da percepção do outro, da trocasuporte luva betemoções esuporte luva betafeto."

Por isso, diz o psiquiatra, "ter um desenvolvimento saudável nesse momento da vida aumenta as chancessuporte luva betque a gente tenha um indivíduo emocionalmente saudável, com recursos cognitivos maiores".

O resultado, defende, "obviamente se reverte para o próprio país".

Nesse cenário, argumenta Polanczyk, ter "cuidadores disponíveis, que possamsuporte luva betfato exercer um papelsuporte luva betestimulação positiva esuporte luva betfornecer segurança, é extremamente importante".

Os efeitos não são positivos apenas para a criança, mas também para a relação futura com os pais.

"Ter nesse momento inicial um espaço para a criança na vida não só da mãe, mas do pai dá chances maioressuporte luva betque esse espaço se mantenha ao longo do tempo", diz.

"É um início muito melhor,suporte luva betmuito mais qualidade, e que deve ter repercussões ao longosuporte luva bettodo o tempo para a relação."

Polanczyk também reforça a importânciasuporte luva better segurança econômica – como a que pode ser garantida na licença remunerada – para que pais e mães possamsuporte luva betfato se dedicar aos filhos.

"A insegurança econômica, a insegurança alimentar, aumenta o stress e, assim, a qualidade do cuidado será prejudicada", diz.

O nascimentosuporte luva betuma criança, principalmente do primeiro filho, já ésuporte luva betgeral um momentosuporte luva betmuito stress na vidasuporte luva betqualquer pessoa, por ser um período marcado por incertezassuporte luva betrelação à saúde e à própria vida, que vai ter que mudar, afirma Polanczyk.

"Então, se é um momentosuporte luva betque alémsuporte luva bettodas essas ansiedades, houver instabilidade econômica – muitas vezessuporte luva betsobrevivência, com insegurança alimentar –, a qualidade e a disponibilidade emocional esuporte luva betestímulo fica prejudicada, por mais que você tenha pai ou mãe que possa estar ali presentesuporte luva betcorpo."

Marin diz que "as pessoas que resolveram (ter um filho) juntas são as melhores pessoas para serem as referências" das crianças, contando com outros apoios.

"Se não é para se envolver com o cuidado dos filhos, para que ter filho?"