Mundo está pior do que na crise2008, diz Lula na abertura do G20:

Lula discursa no G20

Crédito, REUTERS/Ricardo Moraes

Legenda da foto, Lula abriu a cúpula do G20

"Esse será o nosso maior legado", disse o presidente sobre a Aliança.

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Fim do Matérias recomendadas

Dos membros do G20 — formado por 19 países mais União Europeia e União Africana —, apenas a Argentina não aderiu.

O país, presidido por Javier Milei, tem apresentado resistência a diferentes agendas multilaterais, desde que seu aliado, Donald Trump, foi eleito como novo presidente dos Estados Unidos. A postura argentina está, inclusive, dificultando que os líderes fechem uma declaração consensual para a Cúpula.

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Novo podcast investigativo: A Raposa

Uma toneladacocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

Episódios

Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa

Lula criticou o gasto mundialUS$ 2,4 trilhõesarmamentos no ano passado, quando existiam 733 milhõespessoas subnutridas no mundo, segundo dados da ONU para 2023.

"Temos o maior númeroconflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidadedeslocamentos forçados já registrada. Os fenômenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadorestodos os cantos do planeta", continuou Lula,fala aos líderes mundiais.

O presidente destacou ainda que "as desigualdades sociais, raciais egênero se aprofundaram, na esteirauma pandemia que ceifou mais15 milhõesvidas".

"O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza", acrescentou.

Em declaração feita no meio da tarde, o presidente brasileiro reforçouposição: "A globalização neoliberal fracassou. Em meio a crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar-serumo por disputas hegemônicas. Permanecemos à deriva, como que arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia".

Brasil driblou 'tretas' do G20 com Aliança

Salareunião do g20

Crédito, REUTERS/Ricardo Moraes

Legenda da foto, Líderestodo o mundo estão no Rio para reunião do G20

Com a missão espinhosapresidir neste ano o G20 — grupo das maiores economias do mundo —meio a conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio e à maior crise climática da história, o Brasil optou por colocar no centro da agenda o combate à fome e à pobreza, bandeira que marca os governos Lula.

Diplomatas brasileiros eoutros países ouvidos pela BBC News Brasil concordam que foi uma boa estratégia trazer um tema mais agregador para a mesanegociações, o que possibilitou a criaçãouma iniciativa considerada inédita, por seu formato e peso político: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

A Aliança é apontada como um raro exemploum impacto concreto do G20, que costuma se restringir a declaraçõesintenções dos seus membros — maseficácia ainda será testada e dependerá, sobretudo, da capacidadeliberar recursos, ressaltou à reportagem o economista-chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o peruano Maximo Torero.

A iniciativa pretende facilitar a implementaçãopolíticas públicas já testadas com sucessodiferentes países — como o Bolsa Família, programasmerenda escolar, agricultura familiar e microcrédito —nações pobres ourenda média baixa, que careçamações estruturadas nacionalmente.

Além disso, a Aliança pretende ser um facilitador dos fluxosfinanciamento, tornando menos burocrático o acesso desses países a recursos existentesinstituições financeiras multilaterais, como Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e outras fontes.

Um dos membros, o Banco InteramericanoDesenvolvimento (BID) se comprometeu a fornecer até US$ 25 bilhões (R$ 140 bilhões)financiamento para apoiar paísespolíticas contra a fome e a pobreza.

As primeiras metas anunciadas preveem a ampliaçãoprogramastransferênciarendapaíses como Togo, Chile e Nigéria, com previsãoatingir 500 milhõespessoas. Também está previsto dobrar a quantidadecrianças com acesso à alimentação escolarpaíses pobres, alcançando 150 milhõesalunos até 2030.

Do outro lado, países como França, Alemanha e Noruega se comprometeram a apoiar financeiramente a expansãorefeições escolares.

Segundo dados da ONU, havia 733 milhõespessoas famintas no mundo2023, um aumento152 milhõescomparação com 2019. A projeção atual é que, sem esforços adicionais, não será possível atingir o objetivo firmado2015zerar a fome global até 2030.

Os membros são aceitos após firmarem compromisso e podem participartrês formas: como financiadores, fornecedoresconhecimento (políticas públicas bem-sucedidas) ou como implementadores desses programasescala nacional.

A intenção da Aliança é fomentar açõeslarga escala, lideradas pelos Estados, após o diagnósticoque, hoje, as iniciativascombate à pobreza e à fome são fragmentadas e, muitas vezes, lideradas por organizações filantrópicas, com impacto limitado.

Cúpula acontece no Brasil pela primeira vez

Policiais com paoaçucarfundo

Crédito, REUTERS/Pilar Olivare

Legenda da foto, Brasil sedia pela primeira vez o evento

Esta é a primeira vez que o G20 é realizado no Brasil, que está na presidência temporária do grupo desde o fim2023.

Fazem parte do grupo, além do Brasil: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Rússia, Índia, Canadá, Coreia do Sul, Arábia Saudita, México, Argentina, Turquia, Indonésia, Austrália e África do Sul.

Originalmente, são esses 19 países somados à União Europeia — daí o nome G20 (Grupo dos 20). Em 2023, também foi incorporada a União Africana, que reúne os 55 países e territórios da África.

Além dos membros, a cúpula do Rio conta ainda com 19 convidados, entre eles Espanha, Portugal, Chile, Colômbia, Emirados Árabes e Angola.

O encontro, que termina na terça-feira (19/10), representa a conclusão dos trabalhos conduzidos pelo Brasil na liderança.

Nele, os chefesEstado "aprovam os acordos negociados ao longo do ano, e apontam caminhos para lidar com os desafios globais", segundo a organização do evento.

O Brasil escolheu três prioridades para apresidência: combate à fome e às desigualdades; reforma da governança global; e transição energética e desenvolvimento sustentável.

Os debates têm como panofundo crescentes tensões globais, com guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, crise climática histórica e um mundo marcado pela polarização entre Estados Unidos e China.

Esse contexto tem dificultado os membros do grupo a fechar um texto consensual para o comunicado final da Cúpula.