Por que redução da população da China pelo 2º ano seguido traz preocupação:

Bebê chinês recém-nascido

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Pequim diz que a taxanatalidade caiu para 6,39 a cada 1.000 pessoas

Pequim disse nesta quarta-feira que a taxanatalidade caiu para 6,39 para cada 1.000 habitantes, se igualando àoutras nações do Leste Asiático, como Japão e Coreia do Sul.

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Custovida

As taxasnatalidade do país vêm caindo há décadas - depoisimpor a controversa política do filho único na década1980 para controlar a superpopulação da época.

O governo suspendeu a política2015 para tentar conter a queda populacional e criou também uma sérieincentivos, como subsídios e pagamentos para encorajar as pessoas a constituir famílias.

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Em 2021, flexibilizou ainda mais o limite para permitir que casais tenham até três filhos.

No entanto, as políticas tiveram pouco impacto, com os jovens das cidades modernas afirmando que fatores como o custovida e as prioridades profissionais após um períodotrês anos da covid-19 os dissuademter filhos.

"Meu marido e eu queremos ter um filho, mas não podemos pagar por isso no momento", diz Wang Chengyi, uma mulher31 anosPequim.

Ela disse à BBC que ela e seu parceiro precisariam economizar dinheiro por mais três anos para arcar com os custoster um filho – levandoconta especialmente as despesas escolares.

"Eu quero engravidar enquanto sou jovem, pois é melhor para minha saúde. No entanto, não tenho dinheiro suficiente por enquanto, então tenho que adiar. É uma pena e às vezes sinto pânico por causa disso", conta.

Especialistas apontam o impacto da pandemia na aceleração do declínionovos nascimentos. No entanto, avaliam que as questões econômicas subjacentes são um fator mais importante.

Gráfico mostra taxanatalidade da China desde 1979

Nas redes sociais, internautas também apontaram o custovida como um dos fatores por trás da tendência.

"Se você permitir que as pessoas vivam com mais facilidade, com mais segurança, é claro que haverá mais pessoas querendo filhos", escreveu um usuárioum comentário com muitas curtidas no Weibo, uma das redes sociais mais populares no país.

A China está seguindo o caminhooutros países que se desindustrializaram rapidamente, dizem os especialistas, embora o ritmo da mudança tenha sido mais rápido.

"Não é uma surpresa. Eles têm uma das taxasnatalidade mais baixas do mundo, então é exatamente isso que acontece: a população paracrescer e começa a diminuir", diz o professor Stuart Gietel-Basten, especialistapolítica populacional da UniversidadeCiência e TecnologiaHong Kong.

"Está meio que fechado agora... este é apenas o segundo ano nesta nova eraestagnação ou declínio populacional para a China."

Trabalhadorfábrica

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Legenda da foto, A recuperação da China no pós-covid tem sido devagar

Os problemas econômicos da China vieram à tona2023, com o país lutando contra uma crise imobiliária generalizada, a queda nos gastos dos consumidores e o desemprego recorde entre os jovens como consequências da pandemia.

Os dados anuais divulgados nesta quarta-feira confirmaram as dificuldades, mostrando que a economia cresceu a uma das taxas mais lentasmaistrês décadas.

Segundo o que foi divulgado, o PIB chinês cresceu a uma taxa5,2%, atingindo 126 bilhõesyuans (R$ 87,3 bilhões).

Os dados apontam para o desempenho mais fraco desde 1990 da economia chinesa – excluindo os anospandemia.

Aindaacordo com os dados divulgados por Pequim, a taxadesemprego entre os jovensdezembro2023 era14,1%. Esse índice havia chegado a 21,3%junho, mas caiu depois da China suspender temporariamente a divulgação dos números mensais.

E os dados populacionais recentes reforçam ainda mais as preocupações sobre a economia – já que a China depende há muito tempouma mãoobra mais velha como principal motor daeconomia.

O país enfrenta uma pressão crescente nos seus sistemassaúde eprevidência à medida que a populaçãoaposentados cresce - a previsão é que esse grupo se expandaaté 60%, para 400 milhõespessoas, até 2035.

Mas especialistas dizem que o país tem tempo e recursos para gerir a transição daforçatrabalho.

"A China não é diferenteoutros países que se desindustrializaram e passaram para o setor dos serviços. A população se torna mais instruída, qualificada e saudável, e quer ocupar outros empregosveztrabalharfábricas ou na construção", diz Gietel-Basten.

"O governo está ciente disso e se planejou ao longo da última década, por isso espera-se que continue nessa direção."

A China, que já foi a nação mais populosa do mundo, foi ultrapassada pela Índia no ano passado, segundo a ONU. A população da Índia é hoje1,42 bilhãopessoas.