A polêmica técnicaatuaçãoator'Succession':

Jeremy Strong

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O ator Jeremy Strong já afirmou ter evitado ensaiar para que 'toda cena desse a impressão que eu estava encontrando um urso no bosque'

Ele também admitiu ter se isolado dos colegas e, às vezes, ter se recusado a ensaiar para que "toda cena desse a impressão que eu estava encontrando um urso no bosque".

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Jeremy Strong e Brian Cox

Crédito, HBO/Sky

Legenda da foto, Os astrosSuccession Jeremy Strong e Brian Cox falaram publicamente sobre suas diferentes visões sobre técnicasinterpretação

Dizer apenas quetécnicaatuação foi impopular junto aos seus colegas é um eufemismo. Os atores da série Kieran Culkin e Brian Cox manifestaram suas preocupações no mesmo artigo, embora Cox tenha descrito os resultados fornecidos pelo método como "tremendos".

"Eu me preocupei com as crises que ele enfrentou durante a preparação", afirma Cox. "Já trabalhei com atores intensos antes. É uma doença particularmente americana, eu acho, essa incapacidadese distanciar enquanto está fazendo o seu trabalho."

Recentemente, Cox – um ator treinado pelos métodos clássicos, que interpreta na série o formidável paiKendall, Logan Roy – vem reiterando seu desagrado pela técnica que foi levada ao extremo por Strong e que muitas vezes leva a um comportamento antissocial.

Cox atribui o "choque" às diferençassensibilidade entre os atores britânicos e norte-americanos.

"É realmente um choque cultural", declarou Cox, que é escocês, à revista Variety no mêsmarço. "Não suporto essa 'coisa' americana. Desculpem. Aquela coisa'penso, logo sinto'. Faça apenas o trabalho... não se identifique."

Mesmo com as críticas, Strong dobrou a aposta sobreformatrabalhar.

"Vou me ajustar ou comprometer a forma como trabalhei toda a minha vida e aquiloque acredito? Não tive um pingodúvida a respeito", declarou ele, este ano, à revista GQ. "Vou continuar fazendo tudo o que for preciso para oferecer o que quer que seja."

O que é o 'MétodoInterpretação para o Ator'?

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A controversa abordagemJeremy Strong é o mais recente exemplopolêmica causada pelo "MétodoInterpretação para o Ator".

Seguir o método costuma ser considerado um consentimento tácito para que os atores assumam suas posturas mais obsessivas e antissociais. Por isso, não surpreende que muitos atores continuem a protestar contra o método – Toni Collette e Mads Mikkelsen são alguns dos que dedicaram palavras fortes ao assunto.

É claro que o "MétodoInterpretação para o Ator" tornou-se um termo genérico para identificar atores que assumem comportamentos desagradáveis para trazer autenticidade e realismo aos seus papéis.

Mas, da mesma forma que Strong não se considera um ator do método – segundo ele próprio declarou à The New Yorker –, é importante diferenciar o conceito abrangente que o público tem deste termo e seus detalhes intrínsecos, segundo o crítico e diretor teatral Isaac Butler, autor do livro The Method: How the Twentieth Century Learned to Act (“O Método: como o século 20 aprendeu a representar”,tradução livre).

"As pessoas costumam afirmar que pesquisaram profundamente e nunca saíram do personagem no set", afirma Butler à BBC. "Eles podem ter comprado suas próprias roupas e acessórios e trazido com eles. Eles queriam tudo o mais perto possível da vida real. Isso não é o método."

O "MétodoInterpretação para o Ator",maiúsculas, é uma sérietécnicas internas que incluem relaxamento e exercícios sensoriais e emocionais, como "formase aprofundartodas as suas idiossincrasias e complexidades para encontrar os materiais necessários para construir o personagem", afirma Butler.

"É criar uma realidade onde eles possam viver como o personagem."

De fato, não existe uma técnica precisa para esta abordagem naturalistarepresentação, mas o método é principalmente associado ao diretor e professorteatro norte-americano do século 20 Lee Strasberg. Seu instituto chegou a registrar o nome como marca própria.

Strasberg, porvez, foi influenciado pelos colegas Stella Adler e Sanford Meisner, além do precursor da atuação naturalista, o ator e diretor russo Constantin Stanislavski (1863-1938).

Stanislavski desenvolveu a ideiaperezhivanie, cuja tradução aproximada do russo, segundo Butler, é "revivenciar". Ela “ocorre quando um ator está tão conectado à veracidadeum papel e entrou tão completamente na realidade imaginária do personagem, que ele sente o que o personagem sente, talvez até pense o que o personagem pense”.

Marlon Brandocenafilme

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Marlon Brando foi um dos astros que empregaram abordagensinterpretação mais naturalistas nos filmesHollywood

Como parte do seu chamado "sistema", Stanislavski desenvolveu o conceito"memória afetiva",que o ator usaria "os detalhes sensoriaisuma intensa experiência emocional" para se basear nessas emoçõesforma controlada para uma cena, explica Butler.

Pense na animação Ratatouille, da Pixar. O críticorestaurantes Anton Ego prova o prato principal, que então traz uma recordação feliz da infância: a sensaçãobem-estar causada pela mãeEgo quando cozinhava.

Com a memória afetiva,vez dos estímulos físicos, o ator procuraria relembrar aquele sabor, cheiro ou sensação para revivenciar as emoções daquela lembrança e usá-las para retratar o estado emocional similar do seu personagem, no momento preciso, na tela ou no palco.

"O ator não se torna totalmente o personagem, o que seria impossível", afirma Butler. "Mas o ator e o personagem se reúnem,forma que a realidade do ator e a realidade do personagem se combinem."

Os membros do TeatroArteMoscou levaram para os Estados Unidos uma interpretação inicial do sistemaStanislavski, concentrada no treinamento psicológico,1923. Os resultados foram controversos.

De um lado, Strasberg tornou a memória afetiva um princípio central do processo no seu coletivo Group Theatre nos anos 1930, alterando seu nome para "memória das sensações". Mas Adler, que fazia parte do grupoStrasberg antesse tornar professorateatro independente, não ficou tão satisfeita com os resultados.

Em 1934, Adler realmente treinou com StanislavskiParis, na França. Ela adotou uma versão atualizada do sistema, já que as técnicas anteriores causaram ansiedade nela como atriz. Em vezbasear-se nas suas experiências e recordações pessoais, Stanislavski a ensinou a criá-las, usandoimaginação, dentro das circunstâncias específicascada cena.

Em 1947, Elia Kazan, Cheryl Crawford e Robert Lewis fundaram o Actors’ StudioNova York, nos Estados Unidos. Adler e Strasberg então ensinaram seus diferentes métodos, com contribuições dos fundadores da associação.

Na época, eram gravados programasTV na cidade e Kazan inspirava respeito como diretor na tela e no palco. Com isso, nos anos 1940 e 50, o Studio tornou-se uma "usina criativa", segundo Butler.

"Toda acarreira podia ser feita ali e você recebia aquele treinamento incrível, liberando suas mais profundas emoções."

Atores como John Garfield, que havia participado do coletivo Group Theatre, já vinham desenvolvendo técnicas do método no cinema antes do surgimento do Actors’ Studio. Mas a ascensão ao estrelatoalunos do Studio como Montgomery Clift, James Dean e Marlon Brando fez com que o "MétodoInterpretação para o Ator" realmente se tornasse popular.

As interpretações humanas e visceralmente carregadasCliftPerdidos na Tormenta (1948), DeanJuventude Transviada (1955) e BrandoSindicatoLadrões (1954) permitiram aos atores oferecer uma masculinidade frágil aos seus personagens problemáticos.

Mas Brando, certamente, não adotou especificamente o método.

"Strasberg gostavareivindicar o crédito pelas pessoas", explica Butler. "Ele reivindicava o crédito por Brando, que o odiava."

Na verdade, a professoraMarlon Brando era Adler, que o ajudou a explorar as nuances emocionaistodas as cenas da forma exigida pelo roteiro,vezmergulhar naprópria psique.

Mas, comaparênciagalã e seu forte magnetismo, a presença do ator na tela revolucionou Hollywood, certamente inaugurando uma abordagem mais naturalista à representação cinematográfica que acabou sendo associada ao método, seja esta associação correta ou não.

Nem o único, nem o primeiro

Apesar dos equívocos frequentes, já existiam excelentes artistas muito antes do surgimento do "MétodoInterpretação para o Ator".

"A obsessão pelo método também é uma interpretação errada da história cinematográficaHollywood", afirma a crítica do site Vulture Angelica Jade Bastién.

Para ela, "as pessoas usam como uma formademarcar: foi aqui que a interpretação realmente começou no cinema".

"Mas já havia muitas interpretações realmente fascinantes antes1950. Bette Davis permanece intocável e ela não era uma atriz do método."

Na verdade, Davis era o oposto do método. Conhecida poratuação intensa, ela exagerava seu corpo evoz para retratar o estado emocional instável das suas personagens com potência e dignidade.

Mesmo quando a era da Nova Hollywood, nos anos 1970, dava preferência ao realismo sombrio, a atriz compreendeu que a imaginação era seu impulso mais confiável.

"Este filme é uma experiência nova para mim", declarou Davis sobre A Satânica Madame Sin (1972). "Em primeiro lugar, é um romance policial e, normalmente, eu gostoencontrar alguma formame relacionar com meus personagens. Mas como você pode se relacionar com alguém tão repugnante como Madame Sin? Precisei, então, inventar todo o tempo. É divertido."

Dustin Hoffman e Laurence Olivier durante as filmagens'Maratona da Morte' (1976)

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Legenda da foto, A históriaDustin Hoffman e Laurence Olivier durante as filmagens'Maratona da Morte' (1976) simboliza o conflito entre o estilointerpretação clássico e o método

Ainda assim, com atores como Al Pacino, RobertNiro e Dustin Hoffman treinando no Actors’ Studio nos anos 1970, uma nova geraçãoastros renovou o compromissoHollywood com o "MétodoInterpretação para o Ator".

Hoffman, por exemplo, perdeu quase sete quilos e corria 6,5 km por dia para ficarforma quando interpretou um estudantePhD que se tornaria corredormaratona – o personagem Babe no aclamado filmeespionagem nazista Maratona da Morte (1976).

Em uma das cenas, o personagemHoffman precisava aparecer sem fôlego. O ator correu 800 metros antes das filmagens para queexaustão fosse autêntica.

No filme, Babe enfrenta o criminosoguerra nazista Christian Szell, interpretado por Laurence Olivier, ator dramático treinado pelos métodos clássicos.

Diz a lenda que, quando Olivier soube que Hoffman havia ficado acordado a noite toda por dois dias antesfilmar cenasque o seu personagem não havia dormido por 72 horas, ele teria dito: "Meu querido, por que você não tenta simplesmente representar?"

Segundo Hoffman,insônia se devia às farras logo após o seu divórcio. Mas, seja qual for a verdade, esta história acabou se tornando simbólica do atrito entre o estilo clássicoatuação e o método.

O ator Clint Dyer, vice-diretor artístico do Teatro NacionalLondres, considera-se "um ator que desenvolveu uma prática baseadaStanislavski". Para ele, seja qual for o método adotado por Hoffman, valeu a pena.

"Ninguém pode dizer que aquela interpretação não transforma vocêum ator", declarou ele à BBC.

"O que Dustin Hoffman estava enfrentando [enquanto personagem] era muito diferente do que Laurence Olivier precisava enfrentar", explica Dyer. "Por isso, se Hoffman quis correr quilômetros e ficar sem fôlego, sentir seu batimento cardíaco acelerado ou ficar acordado a noite toda para não precisar representar – bem, é problema [dele]. Todos nós temos capacidades diferentes e, por isso, [é preciso] dar espaço às pessoas para que elas façam o que precisarem para chegar lá."

A fetichização do 'esforço' do ator

Maratona da Morte não valeu a Hoffman a indicação ao Oscarmelhor ator (ironicamente, Olivier foi indicado para o prêmiomelhor ator coadjuvante). Mas ele foi recompensado com sete indicações e ganhou dois Oscars ao longo da carreira.

As interpretações baseadas no método foram reconhecidas muitas vezes nas premiações devido ao óbvio esforço envolvido, que pode incluir a recriaçãoexperiências da históriavida do personagem – como fez RobertNiro ao interpretar o personagem principalTaxi Driver (1976),Martin Scorsese.

Para interpretar o motoristatáxi Travis Bickle, De Niro dirigiu como motoristatáxiNova York por noites a fio, sem dormir. Ele foi indicado para o Oscarmelhor ator pelo papel.

O ator também manteve o personagem por todo períodofilmagem, adotando seu sotaque e linguagem corporal, para nunca perder a autenticidade.

Já Sally Field, vencedora do Oscarmelhor atriz pelo papel principal do filme Norma Rae (1979), afirmou que "quando estou interpretando Norma Rae ou outra personagem aparentemente mais leve e engraçada, sou uma atriz do método por excelência".

Ela faz parteuma longa linhagematrizes do método, que inclui Jane Fonda, Ellen Burstyn e Shelley Winters.

"Eu me preparo totalmente com os métodos que aprendi", prossegue Field. "Por isso, nunca perco o sotaque e uso as roupas que ela vestiria. Eu caminho e faço todos os exercícios necessários para identificar seu modoandar, encontrar o seu ritmo e ser a personagem, até que você não está mais representando – é o seu comportamento."

O acadêmico cinematográfico Kevin Esch afirma que, nos últimos 50 anosHollywood, "surgiu a oportunidadeuma abordageminterpretação que desperta os extremoscomportamento do método, ao mesmo tempoque fetichiza a disciplina". E esta disciplina se manifesta principalmente pelo que ele descreve como transformação do ator – que altera fisicamente seu corpo, ganhando ou perdendo peso.

De Niro ganhou o Oscarmelhor ator pelo filme Touro Indomável (1980), quando ele não só passou meses treinando como boxeador com o próprio Jake LaMotta da vida real, como também, após a filmagem das cenasluta, ganhou 27 kgquatro meses para interpretar o campeão do Bronx aposentado, com mais idade.

"O que De Niro faz neste filme não é exatamente interpretação", escreveu a crítica Pauline Kael. "De Niro parece ter se esvaziado para se tornar o papel que ele estava desempenhando e, com isso, não conseguiu material suficiente para se recompor... Acabo pensando não sobre LaMotta ou o filme, mas sobre a metamorfoseDe Niro."

Atores como Christian Bale (O Vencedor, 2010; Trapaça, 2013; e Vice, 2018), Jared Leto e Matthew McConaughey (ClubeCompras Dallas, 2013), Tom Hanks (Filadélfia, 1993; Náufrago, 2001) e Adrien Brody (O Pianista, 2002) também foram reconhecidos com o Oscar pela imensa perda e ganhopeso nos seus papéis. Grande parte da imprensa e da publicidade sobre os filmes concentrou-se no perigoso compromisso dos atores com a autenticidade estética.

Já entre as mulheres que ganharam o Oscar depoistambém terem transformado seus corpos, como Charlize Theron (Monster – Desejo Assassino, 2003) e Hilary Swank (Meninos Não Choram, 1999), houve menos atenção sobre o seu esforço e mais sobre a disposição dessas belas mulheressair do estereótipo feminino.

"O pior que pode acontecer para Charlize Theron é não se parecer com Charlize Theron", afirma Bastién.

Ela critica a visão propalada pela indústriaque a transformação é a marcauma interpretação merecedoraprêmios.

"DepoisRobert De Niro e Christian Bale, [a transformação física] virou parte da atuação pelo método, embora não seja intrínseca a ele", diz a crítica.

Para ela,forma geral, o esforçointerpretação foi mitificado, principalmente por atores homens brancos cis, para retratarprofissão como algo que merece ser apreciado com olhar solene.

"Talvez haja medo e insegurança por ser ator e sobre a seriedade do seu trabalho", observa Bastién, "de forma que eles precisam introduzir uma formaesforço evidente para poderem ser elogiados".

Este certamente parece ser o casoStrong.

"Se metademim estivesse trabalhando e, ao mesmo tempo, outra parte percebesse a artificialidade do que estávamos fazendo", declarou ele à GQ, "eu simplesmente acharia aquilo tudo ridículo".

Gena Rowlands

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Legenda da foto, Gena Rowlands é uma das mais impressionantes atrizes do método na história do cinema

Mas, atualmente, nas escolasteatroprestígio, o "MétodoInterpretação para o Ator" não costuma ser a abordagem adotada.

O ator Abubakr Ali formou-se na EscolaArte DramáticaYale, nos Estados Unidos,2019. Ele afirma que ele e seu grupo aprenderam métodos que os lembravam da alegria do seu trabalho.

"Um professor dizia para sempre mantermos uma maçã [para comer] no camarim, ou uma bala azeda, para que, ao finalcada noite, você tivesse algo para sacudir o seu corpo emente [e dizer]: 'Ó, é isso o que eu faço. Sou apenas um ator que chega para fazer algo muito belo, bobo e divertido, mas estou aqui e este sou eu’", contou Ali à BBC.

Ele afirma que uma parte importante do seu aprendizado “foi reconhecer toda a amplitude dahumanidade e tudo aquilo por que você passou, permitir que aquilo influencie o seu trabalho, sem precisar voltar às profundezas e traumas para seguir adiante”.

Ferramenta prejudicial?

Ali reconhece que alguns dos seus colegas,fato, usam algumas das técnicas do método com sucesso. Mas ele adverte contra técnicas que "criam um espaço perigoso para seus colegascena... onde existe uma linha que é [cruzada] e as pessoas não ficam mais seguras, ou sentem desconforto além do desconforto conceitual da cena".

De fato, existem muitas históriasatores que realizaram as chamadas interpretações do método e prejudicaram seus colaboradores, como ocorreu com Jared Leto durante a filmagemEsquadrão Suicida (2016).

Conta-se que, para interpretar o Coringa, o ator deu aos seus colegas o que a estrela Viola Davis descreveu como "presentes horríveis" – que incluíram um porco morto e um rato vivo. As histórias chegaram às manchetestodo o mundo.

"As históriasLeto mostram como ir longe demais para criar um personagem é um instrumentomarketing, alémuma técnica real – usada para emprestar um arlegitimidade, verossimilhança e importância a uma interpretação, independentemente daqualidade", escreveu Bastién no seu ensaio2016, How Hollywood Ruined Method Acting (“Como Hollywood arruinou a interpretação pelo Método”,tradução livre).

Para ela, "o CoringaLeto é a mais recente provaque o prestígio do MétodoInterpretação para o Ator diminuiu – graças ao uso excessivo da técnica pelos que buscam a glória na temporadapremiações ou um impulso parareputação, além do seu históricoser constituído com ideias destrutivasmasculinidade".

O ator Robert Pattinson sugeriu,uma entrevista2019, que" você só vê as pessoas fazerem ‘o Método’ quando estão interpretando um idiota". Mas a verdade talvez seja que é simplesmente mais fácil que o método se torne notícia quando o ator precisa interpretar alguém desagradável, o que gera uma história mais interessante.

Este estereótipo tem ofuscado há muito tempo o trabalhoatores e, principalmente, atrizes que usaram as técnicasrepresentação do métodoforma fascinante e revolucionária.

Bastién indica Gena Rowlands como uma das maiores atrizestodos os tempos no uso do método. Suas belas, introspectivas e emocionalmente rigorosas interpretações nos filmes do seu falecido marido John Cassavetes – incluindo Glória (1980), Uma Mulher sob Influência (1974) e NoiteEstreia (1977) – continuam a reverberar na história do cinema.

Em NoiteEstreia, Rowlands interpreta a personagem Myrtle Gordon, uma atriz alcoólatra funcional caótica que, depoispresenciar a morteuma fã adolescente, sofre sérios problemas psicológicos durante os ensaios para uma peça na qual ela interpreta o papel principal.

"Parece que perdi a realidade da realidade", exclama Myrtle enquanto ensaia uma cena com Maurice, o astro com quem ela tem um histórico romântico e aparece como seu marido (interpretado por Cassavetes).

Quando suas alucinações sobre a menina morta prejudicam a peça ao longo do filme, Myrtle revela que é praticanteum método extremistainterpretação, que busca atingir a verdade artística com a realidade literal.

"Eu bebo e fico acordada a noite toda para tornar minhas personagens mais autênticas", ela conta a um médium. "Sempre fiz isso."

Na realidade, Rowland nunca precisou beber, nem viver a vidauma mulher solteira, para interpretar convincentemente a tumultuada jornadaMyrtle rumo à autorrealização criativa.

"Muitas pessoas achavam que eu estava bêbada", afirmou Rowland sobre a dramática cena final, quando ela é forçada a apresentar-se na noiteestreiaum estado perigosamente inebriado.

"Eu teria me matado caindo das escadas", ela conta. "Era preciso estar super sóbria. Eu não me preparei para aquilo. O roteiro dizia bêbadatodas as cenas, então eu interpretei a embriaguez."

Mais recentemente, Amy Adams falou sobreabordagem do método, que usa influências da escolateatroAdler e Strasberg. Adams foi indicada seis vezes para o Oscar.

Ela se prepara "extraindo" detalhesum roteiro com seu treinadoratuação "e dissecando os personagens... discutindo seu passado, momentos e motivações".

Ela também usou técnicasmemóriasensações para criar lembranças carregadasemoção na interpretação da mãe enlutada Louise Banks no filme A Chegada (2016).

"Você meio que conta a você mesma as histórias do que aconteceu com a personagem. Para pensar na minha filha, o gatilho seria o cheiro do xampu no seu cabelo", conta a atriz.

Se a nossa cultura não continuasse a tratar o "MétodoInterpretação para o Ator" como uma formaextremismo teatral e passasse a compreendê-lo naforma mais pura, poderia haver associações mais positivas, como ocorre com Rowlands e Adams. Mas o naturalismo no cinema certamente ainda está longechegar.

Enquanto isso, quando atores como Strong atraem as manchetes com os métodos trabalhosos empregados para oferecer o que acreditam ser uma verdade artística, talvez seja horacelebrar a diversidadeinterpretações e suas práticas – ou, nas palavrasBastién,"encontrar novos vocábulos para descrever a interpretação e superar a obsessão pelo método".