A vida acimacbet.lt zaidimai44°C: como calor extremo afeta moradores nas cidades mais quentes do Brasil:cbet.lt zaidimai

“Eu estava na rodovia, faltavam 5 km para entrar na cidade quando ouvi o barulho do estouro do pneu. Logocbet.lt zaidimaiseguida, deu mais um estouro”, conta à BBC News Brasil.

"Dois pneus ficaram destruídos, não aguentaram o calor do asfalto."

Depois da explosão dos pneus, ele passou a sentir fortes dores no ouvido e procurou um médico, que constatou que um dos seus tímpanos sofreram lesões devido ao barulho.

"Fui encaminhado para passar por uma consultacbet.lt zaidimaiBelo Horizonte para ver se será necessária cirurgia", diz.

Para tentar amenizar os efeitos do calor, o empresário afirma que a família e os funcionários, que trabalham na montagemcbet.lt zaidimaiestruturas metálicas, tomam alguns cuidados extras como se hidratar e começar a trabalhar mais cedo.

"Adiantamos o horário da equipe para entrar às 5hcbet.lt zaidimaivezcbet.lt zaidimaiàs 7h, assim eles encerram o serviço por volta das 14h", diz.

"Além disso, todos estamos usando chapéus para proteger do sol e tomando muita água."

Alémcbet.lt zaidimaiAraçuaí, o levantamento do Inmet mostra que Aragarças,cbet.lt zaidimaiGoiás, está entre os municípios brasileiros que mais registraram altas temperaturas neste ano.

O calor chegou a 44,3°Ccbet.lt zaidimai19cbet.lt zaidimaioutubro — quando se tornou a cidade mais quentecbet.lt zaidimai2023 do país, marca que só foi superada pelo novo recorde históricocbet.lt zaidimaiAraçuaí.

Mas, diferentemente da cidadecbet.lt zaidimaiMinas Gerais, que teve um picocbet.lt zaidimaicalorcbet.lt zaidimaium dia específico, Aragarças já havia ficadocbet.lt zaidimaiprimeiro lugar no ranking do Inmetcbet.lt zaidimaioutras duas ocasiões.

As três marcas foram registradas entre outubro e novembro,cbet.lt zaidimaium espaço menoscbet.lt zaidimai30 dias.

Guilherme Bispo,cbet.lt zaidimai29 anos, diz que quem mora na cidade como ele está acostumado às temperaturas altas, mas que ainda assim é preciso adaptar a rotina nos dias mais quentes.

Ele trabalhacbet.lt zaidimaicasa como criadorcbet.lt zaidimaiconteúdo e passou a levar o computador para a varanda porque a temperatura é mais quente no quarto ou na sala. E tem sempre garrafascbet.lt zaidimaiágua no congelador.

Ele conta ainda que evita sair na rua à tarde. "Ir ao mercado, buscar medicamentos e consultas médicas marcamos apenas pela manhã."

Gulherme tem distrofia muscular, uma condição genética hereditária que faz com que seus músculos se enfraqueçam gradualmente.

Por isso, os dias quentes são mais complicados para ele, que se locomovecbet.lt zaidimaicadeiracbet.lt zaidimairodas.

O estofado do equipamento e a necessidadecbet.lt zaidimaiestar sempre sentado fazem com que ele transpire ainda mais.

"Uso lenço umedecido, passo água pelo corpo e fico na frente do ventilador, para manter o corpo fresco por uns dez minutos", conta Guilherme.

"Com o aumento da temperatura, eu me sinto mais ofegante e sinto faltacbet.lt zaidimaiar. Isso me causa ainda mais desconforto."

Manter as janelas sempre abertas e tomar banhoscbet.lt zaidimaimangueira no quintal são medidas que ajudam a amenizar o calor.

"Mas, por ser uma cadeira motorizada, não posso molhá-la, então, quando quero me refrescar na mangueira, minha esposa precisa me ajudar a sentarcbet.lt zaidimaiuma cadeira comum", diz Guilherme.

Sua casa é simples, não tem forro nem ar-condicionado, o que torna os dias quentes especialmente sofridos.

"Deixamos tudo aberto, colocamos baldecbet.lt zaidimaiágua no quarto e toalhas molhadas na cabeceira da cama, alémcbet.lt zaidimaisempre deixar ventiladores ligados 24 horascbet.lt zaidimaitodos os cômodoscbet.lt zaidimaique estamos", acrescenta.

"Às 21h, ainda está 35°C. Nem me lembro quando foi a última vez que fechei a janela do quarto para dormir ou que usei cobertor."

Cuiabá: capital mais quente do país

O calor sufocante atinge também Cuiabá, considerada a capital mais quente do Brasil.

A cidade do Mato Grosso registrou 44,2°Ccbet.lt zaidimai19cbet.lt zaidimaioutubro e ficoucbet.lt zaidimaiprimeiro lugar no ranking das temperaturas mais altas registradas no país naquela data.

Cuiabá é conhecida pelo calor - uma fama atestada pelo Inmet: a capital superou a marca dos 40°Ccbet.lt zaidimai35 dias só no segundo semestre deste ano.

O calor fez a Defesa Civilcbet.lt zaidimaiMato Grosso emitir um alertacbet.lt zaidimaiameaça à saúde pública no Estado no fim da segunda semanacbet.lt zaidimainovembro.

A Universidade Federalcbet.lt zaidimaiMato Groso suspendeu por dois dias as atividades presenciaiscbet.lt zaidimaiCuiabá e outras três cidades.

A Prefeituracbet.lt zaidimaiCuiabá também recomendou no fimcbet.lt zaidimaioutubro que as escolas da rede pública usassem umidificadores nas salas e pedissem que os alunos levassem garrafascbet.lt zaidimaiágua para a aula.

Rafaelcbet.lt zaidimaiÁvila Rodrigues, professor e climatologista do Institutocbet.lt zaidimaiGeografia da Universidade Federalcbet.lt zaidimaiCatalão (UFCAT), explica não ser por acaso que Aragarças (GO), Araçuaí (MG) e Cuiabá (MT) estejam entre as cidades mais quentes no Brasil.

Essas cidades estão próximas ao nível do mar e, quanto menor a altitude onde uma cidade está, mais ela terá temperaturas extremas, diz o especialista.

Normalmente, espera-se que a energia do sol "bata" no chão, volte a subircbet.lt zaidimaidireção à camada superior da atmosfera e seja absorvida pelas nuvens. Mas, com a ondacbet.lt zaidimaicalor, essa volta não aconteceu.

"Como estávamos com atuação dessa forte ondacbet.lt zaidimaicalor, todo esse ar quente que não consegue dissipar e fica aprisionadocbet.lt zaidimaiáreascbet.lt zaidimaibaixas altitudes, elevando as temperaturas", explica Rodrigues.

Esse "aprisionamento"cbet.lt zaidimaiuma grande massacbet.lt zaidimaiar quentecbet.lt zaidimaiuma determinada região impede a chegadacbet.lt zaidimaifrentes frias ou chuvas e faz os termômetros subirem drasticamente — o que recebe o nomecbet.lt zaidimai"domocbet.lt zaidimaicalor" ou bloqueio atmosférico.

Ele age como se fosse uma grande bolhacbet.lt zaidimaiar quente, que não consegue se dissipar, porque existe uma alta pressão atmosférica que "empurra" essa massa calorosacbet.lt zaidimaidireção à superfície terrestre.

Fenômeno climático El Niño

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil explicam que,cbet.lt zaidimai2023, o país está sendo afetado pelo fenômeno climático El Niño (aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico Equatorial).

Isso contribui para uma primavera e um verão com temperaturas acima da média por longos períodos.

"O El Niño é um aquecimento das águas do Oceano Pacífico. Consequentemente, ao aquecer o oceano, provoca toda uma alteração nas condições da circulação atmosférica mundial", explica Rodrigues.

"O El Niño potencializa ainda mais o calor, onde as temperaturas ficam pelo menos quatro a cinco graus acima da média. Já no sul do Brasil, é o contrário, terá muitas chuvas."

Ainda segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, outras ondascbet.lt zaidimaicalor, cada vez mais fortes e com recordescbet.lt zaidimaitemperatura, devem ser registradas este ano.

O Inmet afirma que o anocbet.lt zaidimai2023 será o mais quente desde da década 1960.

"A tendência é que a atuação do El Niño permaneça até meados do primeiro semestre 2024", acrescenta o climatologista.

"Não está descartada a possibilidade de, novamente, termos picoscbet.lt zaidimaicalor semelhantes ao que tivemos na semana passada.”

Os impactos negativos das altas temperaturas são diversos.

Rosângela Braz, doutoracbet.lt zaidimaiEcologia Aplicada e professora do Centro Universitário Adventistacbet.lt zaidimaiSão Paulo (Unasp), aponta consequências como "o aumento da demanda por energia elétrica, a redução da qualidade do ar, a propagaçãocbet.lt zaidimaidoenças, a perdacbet.lt zaidimaiprodutividade agrícola, o estresse térmico e a mortalidadecbet.lt zaidimaipessoas e animais”.

A geógrafa Susi Uhren, especialistacbet.lt zaidimaiGestão Ambiental Urbana, alerta ainda para a emergência ambiental promovida pela atividade humana, como os desmatamentos.

Ela afirma que esse tipocbet.lt zaidimaiação contribui para o aumento do efeito estufa e elevação das temperaturas.

"Se a emissãocbet.lt zaidimaigases do efeito estufa continuar a aumentar, é provável que as mudanças climáticas se intensifiquem", diz Uhren.

Isso pode tornar eventos climáticos extremos mais frequentes e acelerar elevação do nível do mar e aumento da temperatura média global, com impactos significativos nos ecossistemas.

"Écbet.lt zaidimaiextrema importância que a população seja conscientizadacbet.lt zaidimaique as consequências climáticas que vivemos hoje advêm tambémcbet.lt zaidimaiatividades desempenhadas pelo próprio homem”, diz Uhren.