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As importantes revelaçõesapp betnacional100 múmias mexicanas preservadas por acaso:app betnacional
Mulheres grávidas, crianças e idosos que haviam morrido por diferentes motivos, vítimasapp betnacionaldoenças, assassinados ouapp betnacionalcausas naturais.
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Fim do Matérias recomendadas
Em uma operação clandestina, os coveiros começaram a exibir estes corposapp betnacionaltrocaapp betnacionalalguns pesos mexicanosapp betnacionaluma cripta subterrânea.
E foi assim que nasceu o bem-sucedido Museuapp betnacionalMúmiasapp betnacionalGuanajuato, que atrai todos os anos centenasapp betnacionalmilharesapp betnacionalturistas e cientistas na tentativaapp betnacionalentender os processosapp betnacionalmumificação sem intervenção humana.
As múmias também refletem a história desta cidade do centro do México, assim como a relação que a sociedade mexicana tem com a morte.
"Elas nos contam sobre doenças, sobre como eram sepultadas certas pessoasapp betnacionalalto nível socioeconômico, e também nos falam sobre o amor", disse à BBC News Mundo, serviçoapp betnacionalnotíciasapp betnacionalespanhol da BBC, a antropóloga física María del Carmen Lerma Gómez, especialista no cuidadoapp betnacionalrestos mortais mumificados.
"Quando olhamos para os corpos das crianças, temos uma visãoapp betnacionalcomo estas pessoas vivenciavam a perda. [As crianças] eram bastante cuidadas antesapp betnacionalserem colocadas no panteão, e tinham vestimentas muito específicas, relacionadas a santos", acrescenta a responsável pelo Centroapp betnacionalProteçãoapp betnacionalRestos Mortais do Institutoapp betnacionalAntropologia e História (INAH) do México.
A exposição é "mais sobre a vida do que a morte", afirma Jesús Antonio Pérez Borja, diretor geralapp betnacionalEducação e Cultura da cidadeapp betnacionalGuanajuato.
"Representa nossos vínculos com outros séculos."
O museu, composto por duas sedes, foi inaugurado legalmenteapp betnacional1971 — e hoje é uma importante fonteapp betnacionalreceita para a cidade, tendo gerado cercaapp betnacionalUS$ 2,5 milhõesapp betnacional2023, segundo a imprensa local.
Lá estão expostas 117 múmiasapp betnacionalvitrines climatizadas, que ao longo dos anos geraram polêmica no país, mas também serviramapp betnacionalinspiração não só para pesquisadores mexicanos, como também para artistas, que transformaram o que se sabe — e o que se desconhece — sobre essas vidasapp betnacionalobrasapp betnacionalarte, literatura e cinema.
Preservadas pelo calor
Diferentemente das múmias do Antigo Egito eapp betnacionaloutras culturas, asapp betnacionalGuanajuato são jovens. Pessoas que habitaram a cidade muito pouco tempo atrás.
E seus corpos foram preservados rapidamente após serem sepultados devido às condições climáticas da cidade, e à forma como o Panteãoapp betnacionalSanta Paula foi construído, explica Lerma Gómez.
"O cemitério fica numa colina, no topoapp betnacionalum morro. Venta muito no local onde está localizado, e o Sol bate diretamente no panteão. Não há nada que o rodeie ou faça sombra", acrescenta.
Segundo ela, os corpos não foram enterrados no subsolo — eles foram depositadosapp betnacionalgavetas ou columbários. Ali, ficavam à mercê dos raiosapp betnacionalSol, dia após dia.
"Nestas alcovas, criam-se características microambientais muito específicas,app betnacionalalta temperatura e baixa umidade, com muitas correntesapp betnacionalar. Por isso que os corpos secam", ressalta.
Para que um corpo se reduza apenas a ossos, são necessários pelo menos sete anos, segundo a literatura científica.
E,app betnacionalacordo com a professora, há registrosapp betnacionalque alguns cadáveresapp betnacionalSanta Paula foram mumificadosapp betnacionalapenas cinco anos.
"Eles desidrataram tão rápido, que os processosapp betnacionalputrefação foram mais lentos do que a mumificação."
Embora os especialistas tenham clareza sobre a origem e a razão pela qual estas múmias mexicanas foram criadas, elas estão cercadasapp betnacionalmistério e, acimaapp betnacionaltudo,app betnacionalmorbidez.
Sua fama foi construída com base no terror.
O dilema
Com o passar dos anos, a identidade dos cadáveres foi se perdendo.
Algumas reportagens afirmam que os visitantes do museu arrancavam partes das roupas das múmias, assim como etiquetas contendo seus nomes.
Diante disto, diz Lerma Gómez, desde o início do século 20 os guias turísticos da cidade começaram a inventar histórias sobre os sepultados no Panteãoapp betnacionalSanta Paula.
Eles se inspiravam nas características dos corpos, e faziam uma interpretação para tirar as dúvidas dos visitantes. Mas as histórias tinham um tomapp betnacionalterror para aguçar a curiosidade.
A produção cultural também perpetuou as histórias, como os filmesapp betnacionalEl Santo, um lutador mexicano que enfrentava as múmiasapp betnacionalGuanajuato.
Foi assim que algumas múmias do museu ficaram famosas, como "O Esfaqueado", que tinha um ferimento, ou "O Sufocado", que supostamente morreu por asfixia.
Uma das mais notáveis talvez seja uma mulher apelidadaapp betnacional"A Bruxa", e que costuma estar exposta atrás das grades.
Estes mitos têm levantado questionamentos e polêmicas no México, pois há quem afirme que os restos mortais devem ser tratados como qualquer outro corpo humano — e não como objetos que incitam a morbidez.
"É horrível que a chamemapp betnacional'A Bruxa', quandoapp betnacionalvida ela era uma senhora católica que professavaapp betnacionalreligião. Agora ela é exibida sem respeito", observa Lerma Gómez.
E,app betnacionalacordo com ela, além das histórias que rondam os corpos, também foram difundidas explicações errôneas sobre a mumificação.
"Dizem que viraram múmias por causa da terraapp betnacionalGuanajuato, que tem muitos minerais. Mas (os corpos) nem sequer foram enterrados", afirma.
Para a pesquisadora, a narrativa do museu não precisa necessariamente abandonar as histórias que há décadas acompanham as múmias, mas deve estar mais ligada à ciência e à verdadeira identidade daqueles que foram sepultados ali.
Pérez Borja acredita, no entanto, que não há razão para o museu mudar — na opinião dele, é simplesmente uma questãoapp betnacionalperspectiva.
"Não precisamos mudar. É uma questão totalmente subjetiva. Tem gente que adora ver [a coleção] desta maneira. A opiniãoapp betnacionalquem não é a favorapp betnacionalque seja exibida desta forma é respeitada. Mas há pessoas para quem este tipoapp betnacionalabordagem desperta mais interesseapp betnacionalvisitar o museu", comenta.
Para ele, o importante é "tratar os corpos com respeito".
A identificação
No INAH, há uma comissão que tenta identificar as múmias desde 2022, da qual fazem parte Lerma Gómez e outros três especialistasapp betnacionalantropologia e conservação.
Ela começou como um projeto a pedido do próprio museu para saber que corpos eram do século 19 e quais eram do século 20.
Reivindicar suas verdadeiras histórias poderia ser uma formaapp betnacionalafastar as múmias das narrativasapp betnacionalterror que as perseguem há décadas.
No panteão, comenta Gómez Lerma, existe um "Livro Vermelho", no qual os coveiros anotavam as informações daqueles que sepultavam. É, sem dúvida, uma ferramenta que facilita seu trabalho.
Segundo ela, alguns corpos, como o da apelidada erroneamente como "A Bruxa", já foram identificados.
Mas não é uma tarefa fácil. "Para dizer que este nome pertence a esta múmia é mais complexo, porque é necessário fazer estudos antropofísicos especializados", explica.
Os trabalhos ainda não começaramapp betnacionaltempo integral. A campanha eleitoral deste ano atrasou a iniciativa,app betnacionalacordo com a especialista.
Desde 2016, o INAH também fez diversas recomendações ao museu para preservar as múmias.
Durante vários anos, ativistas denunciaram o mau gerenciamento dos corpos, que levou àapp betnacionaldeterioração.
As múmias viajaram por Guanajuato, para outras localidades do México e até mesmo para os Estados Unidos para serem exibidas, algo que o INAH pede que não seja feito — por serem frágeis e porque retirá-lasapp betnacionalseu ambiente poderia reativar o processoapp betnacionalputrefação.
Mas a administração municipal alega que as múmias que fazem parte das turnês são aquelas que correspondem ao século 20, que porapp betnacional"aparência e estadoapp betnacionalconservação" podem ser apresentadas fora da instituição.
Embora também reconheça que as múmias do século 19 não viajam porque,app betnacionalacordo com as leis e regulamentos locais, estão sob a jurisdição do INAH, que proíbe que saiam do museu.
Em maio, o INAH denunciou justamente que a múmia conhecida como "O Esfaqueado" perdeu um braço, destacando a "faltaapp betnacionalprotocolos" e "capacitação" dos funcionários.
Pérez Borja afirmou à BBC News Mundo que a declaração da entidade governamental estava errada, e que a múmia não perdeu o membro recentemente— mas, sim,app betnacional2017. Ele insiste que tem fotografias que comprovam isso.
Também indicou que há outros corpos que apresentam danos, e defendeu a experiência dos dois funcionários do museu encarregados do transporte.
Da mesma forma, afirmou que desde o início daapp betnacionalgestão,app betnacional2018, tem seguido algumas recomendações do INAH, como a limpeza e fumigação das múmias.
"Se algumapp betnacionalnós, por motivoapp betnacionallimpeza ou fumigação, movemos os corpos, é provável que algo aconteça a algum deles, devido ao seu estadoapp betnacionalconservação, e porque durante muito tempo estiveram expostos ao público sem vitrine. As pessoas tinham o hábitoapp betnacionalarrancar pedaços das múmias, pedaços das roupas", diz ele.
Já a antropóloga Lerma Gómez insiste que a intenção do INAH é preservar o patrimônio histórico representado pelas múmias.
"Simplesmente, não movam (as múmias)", ela pede.
"Para que durem 100... ou outros mil anos."
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