Como Brasil driblou 'tretas' do G20 e criou aliança inédita contra fome e pobreza:ah apostas esportivas

Além disso, a aliança pretende ser um facilitador dos fluxosah apostas esportivasfinanciamento, tornando menos burocrático o acesso desses países a recursos existentesah apostas esportivasinstituições financeiras multilaterais, como Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, e outras fontes.

As primeiras metas anunciadas preveem a ampliaçãoah apostas esportivasprogramasah apostas esportivastransferênciaah apostas esportivasrendaah apostas esportivaspaíses como Togo, Chile e Nigéria, com previsãoah apostas esportivasatingir 500 milhõesah apostas esportivaspessoas. Também está previsto dobrar a quantidadeah apostas esportivascrianças com acesso a alimentação escolarah apostas esportivaspaíses pobres, alcançando 150 milhõesah apostas esportivasalunos até 2030. Do outro lado, países como França, Alemanha e Noruega se comprometeram a apoiar financeiramente a expansãoah apostas esportivasrefeições escolares.

Segundo dados da ONU, havia 733 milhõesah apostas esportivaspessoas famintas no mundoah apostas esportivas2023, um aumentoah apostas esportivas152 milhõesah apostas esportivascomparação com 2019. A projeção atual é que, sem esforços adicionais, não será possível atingir o objetivo firmadoah apostas esportivas2015ah apostas esportivaszerar a fome global até 2030.

O lançamento da Aliança — que contará também com países e instituiçõesah apostas esportivasfora do G20 —será formalizado na segunda-feira (18/11), primeiroah apostas esportivasdois dias da Cúpulaah apostas esportivasLíderes que ocorre no Rioah apostas esportivasJaneiro.

O evento reunirá as principais lideranças globais, com Lulaah apostas esportivasanfitrião. São aguardados os presidentes Joe Biden (Estados Unidos), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Javier Milei (Argentina) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), assim como o chanceler Olaf Scholz (Alemanha) e os primeiros-ministros Narendra Modi (Índia), Keir Starmer (Reino Unido) e Giorgia Meloni (Itália), entre outros.

O grupo é composto por 19 países, mais União Europeia e União Africana, que entrou no finalah apostas esportivas2023.

"A Aliança vem como objetivoah apostas esportivascolocar e depois manter o combate à pobreza no alto das prioridades", disse à BBC News Brasil Renato Godinho, assessor especialah apostas esportivasAssuntos Internacionais do Ministério do Desenvolvimento Social e um dos coordenadores técnicos da iniciativa.

"A ideia é voltar ao básico com a consciênciaah apostas esportivasque, se a gente não consegue vencer a fome e a pobreza, que é mais fácil do que solucionar a questão do clima e construir a paz mundial, não vamos conseguir resolver essas outras crises", destacou ainda.

As adesões à Aliança estãoah apostas esportivascurso desde queah apostas esportivascriação recebeu o apoio consensual do G20ah apostas esportivasjulho. Até esta sexta-feira (15/11), se tornaram membros 41 países, 13 organizações internacionais e instituições financeiras, e 19 organizações filantrópicas. Entre os membros confirmados estão Brasil, Estados Unidos, China, Egito, Japão, Alemanha, Angola, África do Sul, Bangladesh, Reino Unido, Portugal, Ruanda, Espanha e Irlanda.

Os membros são aceitos após firmarem compromisso e podem participarah apostas esportivastrês formas: como financiadores, fornecedoresah apostas esportivasconhecimento (políticas públicas bem-sucedidas) ou como implementadores desses programasah apostas esportivasescala nacional.

A intenção, explicou Renato Godinho, é fomentar açõesah apostas esportivaslarga escala, lideradas pelos Estados, já que o diagnóstico é que hoje as iniciativasah apostas esportivascombate à pobreza e à fome são fragmentadas e, muitas vezes, lideradas por organizações filantrópicas, com impacto limitado.

"A gente tem a metáfora dos aplicativos sociais [de paquera]: 'dar o match' entre os vários parceiros que queiram fazer essa implementação [da Aliança]. O próprio mecanismo não vai receber recurso para implementar nada. Vai ser uma costura que vai ser feita [entre os participantes], e os acordos específicos para implementar os projetos vão ser firmados entre esses parceiros", explica Godinho.

A FAO está apoiando a iniciativa e abrigará o escritório principal da aliançaah apostas esportivasRoma, mas a nova instituição terá atuação independente da ONU e do prórpio G20. Os custos operacionais estão orçadosah apostas esportivascercaah apostas esportivasUS$ 3 milhões (R$ 17,2 milhões) ao ano até 2030, e o Brasil se comprometeu a bancar a metade disso.

Otimismo menor após eleiçãoah apostas esportivasTrump

Para Maximo Torero, da FAO, a aliança é um mecanismo inédito ao juntar dois elementos: o fortalecimento do compromisso político das grandes economias com a agendaah apostas esportivascombate à fome e à pobreza e um formato inovadorah apostas esportivasarticulação entre boas práticas, fontesah apostas esportivasfinanciamento e países que precisam dessas ações.

No entanto, ele considera que ainda há grandes desafios para conseguir destravar o acesso aos recursos, algo que dependeráah apostas esportivasuma melhor coordenação das instituições financeiras multilaterais.

"A probabilidade [de a Aliança trazer resultados robustos], para mim, no momento, é otimista, mas baixa. Se virmos mudança no pilar financeiro da aliança, o otimismo pode ser alto", disse à reportagem.

Torero reconhece, ainda, que "estava mais otimista duas semanas atrás", antesah apostas esportivasDonald Trump ser eleito como futuro presidente dos Estados Unidos, país que tem as maiores cotas no FMI e no Banco Mundial, com importante peso nas votações dessas instituições.

O governo atual,ah apostas esportivasJoe Biden, manifestou forte apoio à Aliança. Na visão do economista-chefe da FAO, não está clara qual será a posição do próximo presidente americano, que costuma ser avesso a coordenações multilaterais. Por outro lado, pondera, Trump pode apoiar agendaah apostas esportivascombate à fome e à pobreza no mundo, se entender que isso pode reduzir a imigração para os Estados Unidos, uma das suas principais promessas.

"O panorama político mudou desde a eleição [de Trump], e isso coloca um desafio. Então, minha posição para o Brasil é que precisamos fazer o FMI, o Banco Mundial e os bancos regionais terem um plano claroah apostas esportivascomo eles vão se coordenar para atingir essas metas", disse ainda.

A presidência brasileira do G20 também priorizou neste ano a reforma dessas instituições. O grupo aprovou por consensoah apostas esportivasoutubro um documento com diretrizes para tornar os bancos multilaterais maiores e mais eficientes, ampliandoah apostas esportivascapacidadeah apostas esportivasempréstimo, algo que mira também projetos na área ambiental.

Além disso, houve um evento simbólicoah apostas esportivasWashington no mesmo mês para adesão dessas instituições à Aliança, com representantesah apostas esportivasFMI, Banco Mundial, Banco Interamericanoah apostas esportivasDesenvolvimento e Novo Bancoah apostas esportivasDesenvolvimento, entre outros.

No entanto, Torero, que já foi diretor-executivo do Banco Mundial, representando países da América do Sul como Argentina e Chile, diz que será preciso contínua pressão dos membros do G20 para a reforma dessas instituiçõesah apostas esportivasfato deslanchar, o que dependerá da vontade política dos governos.

Estimativas da ONU indicam que é preciso mobilizar US$ 540 bilhões adicionais até 2030 para erradicar a fome no mundo.

Uma das apostas do Brasil para ampliar os recursos disponíveis é o uso dos Direitos Especiaisah apostas esportivasSaque (DES) do FMI para empréstimos, medida que foi aprovadaah apostas esportivasmaio pelo fundo, mas cuja implemantação é complexa e ainda estáah apostas esportivasandamento.

Os DES são uma reserva que os países têm no FMI para usarah apostas esportivassituaçõesah apostas esportivasemergência, com regras restritasah apostas esportivasuso. A expectativa inicial é que parte desses instrumento seja usado por bancos multilateraisah apostas esportivasfinanciamentos para ações sobre clima e enfrentamento da pobreza, podendo mobilizar até US$ 140 bilhões.

"Das opções à mesa, essa é a que poderia oferecer maior potencial, embora haja restrições [ainda para a implementação] que são também normais, porque é um mecanismo inovador", disse à BBC News Brasil a diplomata e secretáriaah apostas esportivasAssuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, que comandou a "Trilhaah apostas esportivasFinanças" do G20 durante a presidência brasileira.

Outra ideia, ressalta a embaixadora, é ampliar operaçõesah apostas esportivastrocaah apostas esportivasdívidas — ou seja, que países pobres endividados sejam autorizados a usar o dinheiro que iria para o pagamento dessas dívidasah apostas esportivasprogramas chancelados pela Aliança.

O panorama da fome no mundo

A aliança está prevista para funcionar ao menos até 2030, prazo para o mundo alcançar os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável, um conjuntoah apostas esportivasmetas estabelecidas pelos membros das Nações Unidas.

Erradicar a fome e a pobreza são duas dessas metas, mas diversos fatores têm dificultado esses objetivos, segundo a ONU, como conflitos, crise climática, inflação e a pandemia do coronavírus.

Um relatórioah apostas esportivasjulho da organização estimou que 733 milhõesah apostas esportivaspessoas no mundo estavamah apostas esportivassituaçãoah apostas esportivasfomeah apostas esportivas2023.

O documento mostrou que a fome tem sido crescente na África, continente que tem 298 milhõesah apostas esportivassubnutridos (cercaah apostas esportivas20% daah apostas esportivaspopulação)

Já a Ásia abriga o maior número absolutoah apostas esportivasfamintos — 384 milhões, 8% da população — e tem registrado estabilidade nesses números.

Por outro lado, a fome tem recuado na América Latina e no Caribe, com destaque para bons resultados no Brasil. A região abriga 41 milhõesah apostas esportivaspessoas afetadas (6% da população).

Para o economista-chefe da FAO, Maximo Torero, a liderança do Brasil eah apostas esportivasLula foram "super importantes" para a criação da Aliança, seja devido ao sucesso do país na redução da fome e da pobreza nas últimas décadas e ainda hoje, seja devido à capacidadeah apostas esportivas"atração política" do presidente brasileiro "para alcançar consensos".

Naah apostas esportivasavaliação, há uma "janelaah apostas esportivasoportunidade" no próximo ano, quando o Brasil vai presidir o Brics – grupoah apostas esportivasnações emergentes que inclui China – e sediará, no final do ano, a COP 30, a trigésima edição da cúpula do clima da ONU.

"É importante lincar a Aliança com a agenda climática. Então, o fatoah apostas esportivaso Brasil estar liderando o G20, coordenando issoah apostas esportivasperto com o G7, presidido pela Itália, e passando ano que vem para o Brics e depois para a COP 30 é uma grande oportunidade para atrair também as questões climáticas para a segurança alimentar", defendeu.