O povo da Colômbia que celebra Natalfevereiro e com Menino Jesus negro:

Crédito, AFP

Legenda da foto, No centro das celebrações está estátuamadeiraMenino Jesus negro

*Reportagem publicada originalmente25dezembro2021

Os moradores da cidadeQuinamayó, na Colômbia, celebram o Natalfevereiro com uma procissão que inclui uma estátuaum Menino Jesus negro.

Os afrodescendentes locais dizem que a tradição remonta aos tempos da escravidão, quando seus ancestrais eram proibidoscomemorar o Natal em 25dezembro.

Eles escolheram, então, uma datameadosfevereiro — o terceiro sábado do mês — um costume preservado desde então.

As celebrações contam com apresentações teatrais, fantasias coloridas, fogosartifício, música e dança.

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Toda vez que eu viajava pela estrada Ouro FinoDe longe eu avistava a figura um meninoQue corria abrir 💷 a porteira e depois vinha me pedindoToque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindoQuando a boiada passava 💷 e a poeira ia baixandoEu jogava uma moeda e ele saía pulandoObrigado, boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhandoPra aquele sertão 💷 afora meu berrante ia tocandoNo caminho desta vida muito espinho eu encontreiMas nenhum calou mais fundo do que isto que 💷 eu passeiNa minha viagem volta qualquer coisa eu cismeiVendo a porteira fechada, o menino não avisteiApeei do meu cavalo 💷 num ranchinho beira-chãoVi uma mulher chorando, quis saber qual a razãoBoiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradãoQuem matou o 💷 meu filhinho foi um boi sem coraçãoLá pras bandas Ouro Fino levando gado selvagemQuando passo na porteira até vejo 💷 a sua imagemO seu rangido tão triste mais parece uma mensagemDaquele rosto trigueiro desejando-me boa viagemA cruzinha do estradão do 💷 pensamento não saiEu já fiz um juramento que não esqueço jamaisNem que o meu gado estoure, que eu precise ir 💷 atrásNeste pedaço chão berrante eu não toco mais

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"As pessoas que nos escravizaram comemoravam o Nataldezembro e não nos era permitido ter aquele diadescanso; tivemos que escolher outro", explicou Holmes Larrahondo, coordenador do evento.

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Legenda da foto, Procissão acontece na cidade colombianaQuinamayó

"Na nossa comunidade, acreditamos que uma mulher deve jejuar 45 dias após o parto, por isso celebramos o Natal nãodezembro, masfevereiro, para que Maria possa dançar conosco", acrescentou Larrahondo.

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Legenda da foto, Fogosartifício são usados na celebração

Balmores Viáfara, professor54 anos, disse ao jornal local El Colombiano que, para ele, 24dezembro é "como qualquer outro dia", enquanto as Adorações ao Menino Jesus, como são conhecidas as celebrações, são uma festa "em que nós, negros, celebramos adorando nosso Deus, à nossa maneira".

Elas combinam as crenças católicas, fruto da evangelização europeia, com outras formasexpressão e rituais que os escravos trouxeram da África.

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Legenda da foto, Gerações mais jovens mantêm tradição viva

São "celebraçõesresistência", resumiu Viáfara ao El Colombiano.

No âmbito das celebrações, os moradores vãocasacasaperegrinação "à procura" do Menino Jesus — representado por um bonecomadeira — cantando e dançando.

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Legenda da foto, Dança imita passosescravos acorrentados

Assim que é "encontrado", o boneco é carregadoprocissão ao redor da cidade por participantestodas as idades vestidosanjos e soldados, que finalmente a colocam na manjedoura.

Em seguida, é realizada uma dança chamada "la fuga", que busca imitar os passosescravos acorrentados.

As festividades — que incluem recitações conhecidas como loas, dança e bebida — seguem até as primeiras horas da manhã.

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Legenda da foto, Tradição remonta aos tempos da escravidão

Durante o resto do ano, o boneco do Menino Jesus fica sob custódia na casaum dos moradores.

Essa responsabilidade recai sobre Mirna Rodríguez, uma parteira55 anos, que herdousua falecida mãe a tarefamanter o bonecoperfeitas condições.

"Todos participamos do evento desde pequenos (…) então acho que a tradição nunca vai acabar", disse Rodríguez ao El Colombiano.