Nobelaposta rejeitada novibetMedicina 2023: a história dos cientistas que ganharam o prêmio pela tecnologia que levou às vacinasaposta rejeitada novibetPfizer e Moderna:aposta rejeitada novibet

Drew Weissman e Katalin Karikó

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Legenda da foto, Drew Weissman (à esquerda) e Katalin Karikó (à direita) foram dois dos pioneiros nas vacinasaposta rejeitada novibetmRNA

Entenda a seguir como o trabalhoaposta rejeitada novibetpesquisa deles serviuaposta rejeitada novibetbase para as vacinasaposta rejeitada novibetmRNA, que fizeram a estreia mundial durante a pandemiaaposta rejeitada novibetcovid-19.

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Mini-impressoras dentroaposta rejeitada novibetnós

Com exceçãoaposta rejeitada novibetóvulos e espermatozoides, todas as células do nosso corpo carregam dentro do núcleo o genoma completo, o DNA.

Nesse conjuntoaposta rejeitada novibetcromossomos, estão "escritas" muitas das informações que definem os processos orgânicos, as características físicas e a propensão a determinadas doençasaposta rejeitada novibetcada umaposta rejeitada novibetnós.

Mas o DNA sozinho não faz nada: quando ele precisa enviar algum comando à célula, essa fitaaposta rejeitada novibetdupla hélice gera uma cópia simplesaposta rejeitada novibetdeterminado trecho do código genético.

Esse "xerox" genético vem numa fita simples e é o que conhecemos como RNA mensageiro, ou mRNA.

Esse material então sai do núcleo e viaja até os ribossomos, no citoplasma da célula. Essa estrutura lê a "receita" genética do mRNA e fabrica uma proteína específica relacionada àquele comando escrito no DNA.

Desde que esse mecanismo foi conhecido, a partir dos anos 1960, os cientistas começaram a se perguntar: será que é possível aproveitar essas "mini-impressoras" que carregamos dentro das células para produzir proteínas específicas?

O objetivo era que essas proteínas tivessem algum fim terapêutico, e pudessem servir para gerar uma resposta do sistema imunológico — o que permitiria combater o crescimentoaposta rejeitada novibetum tumor ou a invasãoaposta rejeitada novibetum vírus mortal, por exemplo.

Fitaaposta rejeitada novibetmRNA

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Legenda da foto, O mRNA (fita amarela e azul) viaja até o ribossomo (roxo e azul, no centro da imagem), que produz uma proteína (vermelho)

Pedras pelo caminho

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Mas é claro que a ideia não funcionou logoaposta rejeitada novibetcara. A principal barreira a ser superada tinha a ver com o fatoaposta rejeitada novibeto mRNA ser uma molécula muito frágil — como se trata apenasaposta rejeitada novibetuma mensageira, ela logo se degrada no organismo.

Nos primeiros experimentos, os mRNAs sintetizadosaposta rejeitada novibetlaboratório sequer conseguiam chegar perto das células. Eles estragavam pelo caminho, antesaposta rejeitada novibetcumprir a missão para o qual foram projetados.

Além disso, esses compostos se mostraram altamente inflamatórios. Eles geraram uma reação imunológica forte, que colocavaaposta rejeitada novibetrisco o próprio uso desse princípio na medicina.

Essas dificuldades foram superadas graças a dois trabalhos distintos. O primeiro deles, comandado pelo justamente médico americano Drew Weissman e pela bioquímica húngara Katalin Karikó, descobriu que algumas modificações básicas na estrutura do mRNA poderiam deixá-lo menos inflamatório.

Esse esforço, aliás, rendeu à dupla o Prêmio Nobelaposta rejeitada novibetMedicina e Fisiologiaaposta rejeitada novibet2023.

O segundo, que envolveu vários gruposaposta rejeitada novibetpesquisa, como o comandado pelo bioquímico canadense Pieter Cullis, descobriu que "embrulhar" a fitaaposta rejeitada novibetmRNA numa nanopartículaaposta rejeitada novibetlipídios (ou gordura) é uma forma eficazaposta rejeitada novibetprotegê-lo da degradação. Assim, essa molécula pode ser injetada, viajar pelo organismo e chegar às células onde cumprirá a função para a qual foi projetada.

"Com essas modificações, a ciência estava dianteaposta rejeitada novibetuma ferramenta potente e poderosa", disse o biomédico Joel Rurik, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, numa entrevista à BBC News Brasilaposta rejeitada novibetmaioaposta rejeitada novibet2023.

"Trabalhar com o mRNA é algo relativamente simples e rápido. Basta fazer o download da sequência genética no computador e pedir para uma bioimpressora imprimir este material. Você consegue produzir toneladas dele sem a necessidadeaposta rejeitada novibetusar uma única célula", complementou o cientista.

"Falamos, portanto,aposta rejeitada novibetuma estratégia eficaz do pontoaposta rejeitada novibetvista dos custos, estável, com facilidadeaposta rejeitada novibetdistribuição e que pode ser usadaaposta rejeitada novibetforma mais ampla ou fácil que muitas ferramentas terapêuticas ouaposta rejeitada novibetengenharia imunológica", resumiu.

'Estreia' antecipada

Ainda que os testes clínicos com as primeiras vacinasaposta rejeitada novibetmRNA tenham começado no início dos anos 2000, a comunidade científica esperava que as primeiras versões comercialmente disponíveis, aprovadas pelas agências regulatórias, só chegassem ao mercadoaposta rejeitada novibetmeadosaposta rejeitada novibet2025.

Até que veio a covid-19 e tudo mudou. A emergência da pior pandemiaaposta rejeitada novibetum século exigiu que muitos especialistas mudassem os planos e começassem a estudar um vírus absolutamente novo: o Sars-CoV-2.

Assim que o sequenciamento genético do causador da covid foi concluído, aindaaposta rejeitada novibetjaneiroaposta rejeitada novibet2020, os grupos que já trabalhavam com imunizantesaposta rejeitada novibetmRNA para outros patógenos (como o vírus sincicial respiratório) direcionaram os esforços para o novo coronavírus.

Gráfico mostra os três passos para criaçãoaposta rejeitada novibetuma vacinaaposta rejeitada novibetRNA mensageiro

Em março daquele mesmo ano, os primeiros estudos clínicos dessas vacinas começaram a acontecer. Dez meses depois,aposta rejeitada novibetdezembro, a Food and Drug Administration (FDA), a agência regulatória dos EUA, aprovou os dois produtos com a tecnologia mRNA desenvolvidos e testados pelas farmacêuticas Moderna e Pfizer/BioNTech.

Pouco depois, eles também foram liberadosaposta rejeitada novibetoutras partes do mundo — no Brasil, a Agência Nacionalaposta rejeitada novibetVigilância Sanitária (Anvisa) deu sinal verde para o uso do imunizante da Pfizeraposta rejeitada novibet23aposta rejeitada novibetfevereiroaposta rejeitada novibet2021.

Essa foi a primeira vez na história que uma vacinaaposta rejeitada novibetmRNA — baseada nos trabalhos pioneirosaposta rejeitada novibetKarikó e Weissman — chegou ao braço das pessoas fora do ambiente das pesquisas científicas.

Ela se baseia naquele princípio explicado no início desta reportagem: cada dose do produto traz uma fitaaposta rejeitada novibetRNA mensageiro (mRNA), que instrui as células do nosso próprio organismo a fabricar a proteína S (de Spike, ou espículaaposta rejeitada novibetportuguês) presente na superfície do coronavírus.

A partir daí, o sistema imunológico reconhece esse material e gera uma resposta, capazaposta rejeitada novibetproteger caso o agente infecciosoaposta rejeitada novibetverdade tente invadir o corpo.

Gráfico mostra como a vacinaaposta rejeitada novibetRNA mensageiro funciona no corpo

O que vem por aí

Logo após a experiência com a covid-19, o próximo "passo natural" para o mRNA é que ele seja usado para desenvolver vacinas contra outras doenças infecciosas.

Inclusive, laboratórios já estão realizando testesaposta rejeitada novibetimunizantes contra todos os tiposaposta rejeitada novibetcoronavírus, o influenza, o zika, o chikungunya, a dengue, a malária, o HIV, entre outros.

Segundo o ClinicalTrials.Gov, site que registra todos os testes clínicosaposta rejeitada novibetandamento nos Estados Unidos, existem cercaaposta rejeitada novibet800 estudos do tipoaposta rejeitada novibetandamento que avaliam algum aspecto dessa plataforma tecnológica.

Rurik classificou esse campo da ciência como "empolgante".

Ampolaaposta rejeitada novibetvacinaaposta rejeitada novibetmRNA

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Legenda da foto, Vacinasaposta rejeitada novibetmRNA surgiram na busca por combater o câncer, mas foram adaptadas a doenças infecciosas

"As vacinasaposta rejeitada novibetmRNA usadas contra a covid-19 lançaram um enorme holofote na área. Com isso, vieram os investimentos privados e os programas governamentaisaposta rejeitada novibetincentivo", contextualizou.

O próprio trabalho do biomédico é um exemplo disso. Nos últimos anos, ele investiga se o mRNA pode servir como uma ferramenta para que as célulasaposta rejeitada novibetdefesa reconheçam e destruam fibroblastos "doentes" no coração.

Os fibroblastos são um tipoaposta rejeitada novibetcélula que forma a estrutura do músculo cardíaco. Quando essas unidades apresentam algum tipoaposta rejeitada novibetdefeito, isso pode representar a origemaposta rejeitada novibetuma doença crônica (como a insuficiência cardíaca) ou aguda (como o infarto).

"Treinar" as células imunológicas para identificar os fibroblastos defeituosos, portanto, pode se tornar, no futuro, um caminho para prevenir as condições que afetam o coração.

Ainda no mundo da cardiologia, outros grupos trabalham com o mRNA como uma formaaposta rejeitada novibetbaixar o LDL, o colesterol ruim. Essa molécula está diretamente relacionada com uma sérieaposta rejeitada novibetdesfechos perigosos, como o próprio infarto e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Isso porque algumas pessoas possuem um gene que faz elas expressarem demais uma proteína chamada PCSK9, o que leva o colesterol às alturas. Inibir essa fabricação excessiva por meio do mRNA poderia ser um caminho para lidaraposta rejeitada novibetforma definitiva com esse fatoraposta rejeitada novibetrisco para tantas doenças cardiovasculares.

Cientista trabalhandoaposta rejeitada novibetlaboratório

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Legenda da foto, O mRNA é testado para uma sérieaposta rejeitada novibetoutras doenças além das infecciosas

Aos poucos, a tecnologia do mRNA também volta às suas origens: as pesquisas sobre o uso dessas vacinas contra tumores começaram a ganhar mais fôlego nos últimos meses.

Afinal, o câncer é uma fonteaposta rejeitada novibetmuitas mutações genéticas. Além disso, ele tem a característicaaposta rejeitada novibetproduzir certas moléculas capazesaposta rejeitada novibetsuprimir o sistema imunológico.

Em outras palavras, as células cancerosas são capazesaposta rejeitada novibetproduzir determinadas substâncias que bloqueiam a imunidade. Com isso, as unidadesaposta rejeitada novibetdefesa não reconhecem a ameaça — e o tumor cresce no corpo sem encontrar resistência.

Já existem atualmente tratamentos que tiram essa "venda" das unidadesaposta rejeitada novibetdefesa e permitem que o próprio sistema imunológico passe a atacar o câncer. Esse grupoaposta rejeitada novibetfármacos é conhecido como imunoterapia, e está disponível contra o melanoma e outros tipos da doença.

Mas e se fosse possível aplicar uma vacinaaposta rejeitada novibetmRNA para que o organismo do paciente identificasse certas mutações tumorais mais comuns? Ou ainda criar um produto farmacêutico totalmente personalizado, baseado nas alterações genéticas que aparecemaposta rejeitada novibetcada indivíduo com câncer?

Além disso, um dos grandes sonhos da oncologia sempre foi desenvolver uma espécieaposta rejeitada novibet‘memória imunológica’ contra o câncer,aposta rejeitada novibetmodo que o sistema imune saiba quando o tumor retornou ou está se espalhando para outros tecidos.

Todas essas possibilidades estão sendo testadas agora por gruposaposta rejeitada novibetpesquisas e farmacêuticas.

O passo concreto mais recente do mRNA contra o câncer foi anunciado pelos laboratórios Moderna e MSDaposta rejeitada novibetabril: uma vacina experimental contra o melanoma foi capazaposta rejeitada novibetdiminuir o riscoaposta rejeitada novibetmorteaposta rejeitada novibet44% quando associado à imunoterapia.

Vale ponderar, no entanto, que o produto ainda estáaposta rejeitada novibetdesenvolvimento e precisa passar por novas etapasaposta rejeitada novibetestudo antesaposta rejeitada novibetchegar às clínicas e aos hospitais.

Por fim, Rurik apontou que o mRNA não é mais uma plataforma exclusiva para doenças infecciosas, cardíacas ou oncológicas.

"Também já vemos estudosaposta rejeitada novibetandamento para tratar lúpus e outras doenças autoimunes", exemplifica.

Mas, para que isso realmente aconteça, os cientistas precisarão ainda trabalhar bastante para provar a segurança e a eficáciaaposta rejeitada novibettantas novidades.

O principal desafio será demonstrar que todas essas terapias não geram problemas no sistema imunológico ou prejudicam o funcionamentoaposta rejeitada novibetórgãos vitais, como o fígado.

"Mas é inegável que há muita coisa acontecendo agora com o mRNA, e tenho certeza que ideias ‘malucas’, que imaginávamos impossíveis, virarão realidade nos próximos cinco anos", concluiu o biomédico.