Menstruação: as origens1xbet àppum estigma que dura até hoje:1xbet àpp
O que descobrimos, até agora, são diversos exemplos1xbet àppcomo o fluxo menstrual é estigmatizado — começando há muitos milhares1xbet àppanos e chegando até os dias1xbet àpphoje.
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Problema não é novo
Um desses exemplos, citado frequentemente, está na Bíblia, no Levítico, capítulo 15, versículos 19-33. Esta passagem afirma que as mulheres (e qualquer coisa1xbet àppque elas deitarem ou sentarem) são “impuras” durante a menstruação. Se uma pessoa que não menstrua tocar1xbet àppsangue menstrual, ou1xbet àppqualquer coisa que tenha estado1xbet àppcontato com a mulher menstruada, a pessoa também se torna impura.
Ao longo da história, os intelectuais homens têm constantemente associado a menstruação a alguma forma1xbet àppimpureza (e não apenas a pessoa menstruada, mas também tudo relacionado a ela).
Plínio, o Velho, por exemplo, escreveu por volta do ano 70 d.C. que a menstruação "produz os efeitos mais monstruosos". As colheitas "murcharão e morrerão", e as abelhas "abandonarão suas colmeias se forem tocadas por uma mulher menstruada", diz ele.
Já no século 7 d.C., Santo Isidoro1xbet àppSevilha levou ainda mais longe as acusações1xbet àppPlínio, alegando que, “se forem tocadas pelo sangue da menstruação, as colheitas deixam1xbet àppbrotar, o vinho não fermentado azeda, as plantas murcham e as árvores perdem seus frutos”.
Livros1xbet àppobstetrícia escritos1xbet àpp1694 também comparam as mulheres menstruadas à cocatriz (uma besta mítica com hálito venenoso), já que, supostamente, elas também teriam o poder1xbet àppespalhar veneno por via aérea.
Ao longo da história
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Infelizmente, as discussões sobre a menstruação continuaram a reforçar a vergonha1xbet àpptorno do tema ao longo dos séculos 20 e 21, pintando o fluxo como algo constrangedor, que é preciso esconder.
Em 1950, na então popular revista feminina Good Housekeeping saiu um anúncio da nova embalagem dos absorventes higiênicos Modess. Dizia: "tomamos tanto cuidado para que a embalagem não pareça uma caixa1xbet àppabsorventes que nem mesmo os olhos mais atentos vão adivinhar o que tem dentro dela".
Apesar do tom alegre e descontraído, o anúncio segue reforçando a ideia1xbet àppque é preciso ocultar os produtos menstruais. Uns 70 anos depois,1xbet àpp2020, a Tampax foi criticada por fazer uma propaganda1xbet àppabsorventes internos que "você pode abrir1xbet àppforma totalmente discreta, sem fazer barulho".
Outra prova desse estigma é a longa lista1xbet àppeufemismos usados para falar1xbet àppmenstruação,1xbet àppqualquer época. Um estudo, publicado1xbet àpp1948, encontrou uma grande quantidade1xbet àpptermos pejorativos para ela, incluindo "a maldição", "a sujeira vermelha", ou dizer que a mulher menstruada está "no cio".
Outro estudo,1xbet àpp1975, aborda 128 eufemismos, muitos dos quais ainda são usados hoje1xbet àppinglês (como Aunt Flo, tia Flo, e on the rag, usando panos). Alguns desses eufemismos são engraçados (meu favorito é riding the cotton pony, ou algo como "montar o pônei1xbet àppalgodão"), mas eles surgiram para silenciar a conversa sobre menstruação e assim alimentar a ideia1xbet àppque ela é constrangedora.
Estigma prejudicial
O estigma segue permeando a sociedade contemporânea, prejudicando até hoje as pessoas que menstruam. Em 2021, um grupo1xbet àpppesquisadores concluiu que ele anda paralelamente à ideia1xbet àppque a menstruação deve ser mantida1xbet àppsegredo.
Na prática, isso se manifesta1xbet àppvárias formas, por exemplo, quando a pessoa não quer que os colegas1xbet àppescola ou trabalho vejam seus absorventes, ou quando disfarça os sintomas menstruais.
Todo esse sigilo também dificulta identificar eventuais anomalias no ciclo menstrual e, como consequência, as pessoas deixam1xbet àppprocurar ajuda médica. Por exemplo, uma pesquisa1xbet àpp2018 descobriu que 79% das meninas e mulheres jovens tinham algum sintoma preocupante ligado à menstruação, mas não haviam comunicado a nenhum profissional da saúde.
A ONG Endometriosis UK também apurou que 62% das mulheres com idades entre 16 e 54 anos, com sintomas1xbet àppendometriose, não iriam ao médico por acreditar que a questão não é grave o suficiente para incomodar um profissional, ou porque teriam vergonha, ou medo1xbet àppnão serem levadas a sério, ou por acharem que esses sintomas, incluindo a dor, são normais.
O que pode ser feito
O estigma1xbet àpptorno da menstruação está profundamente enraizado na sociedade. Mas cada um1xbet àppnós pode tomar inúmeras pequenas atitudes, que no conjunto fazem diferença.
Para começar, podemos todos (independentemente da idade, gênero ou sexualidade) conversar mais abertamente a respeito.
Podemos deixar1xbet àpplado os eufemismos, pois seu uso constante acaba perpetuando a noção1xbet àppque a menstruação não é simplesmente uma função natural do corpo e sim uma vergonha que deve se esconder.
Também podemos nos expressar coletivamente, como, por exemplo, interagindo com marcas nas redes sociais, exigindo que representem o fluxo1xbet àppforma mais verdadeira (a Kotex, por exemplo, finalmente parou com o absurdo1xbet àppusar um líquido azul na hora1xbet àppdemonstrar o produto).
É claro que o tema também precisa ser abordado1xbet àppmaior escala. É urgente combater a pobreza menstrual, garantir amplo acesso à água potável e a banheiros com privacidade, além1xbet àppincentivar as empresas a terem políticas trabalhistas que levem1xbet àppconsideração as questões menstruais.
Mas tudo pode começar com uma simples conversa. Se conseguirmos romper todo esse silêncio e sigilo, no futuro isso vai fortalecer a todas as pessoas que menstruam.
Rachael Gillibrand é professora1xbet àpphistória pré-moderna na Universidade1xbet àppLeeds
*Este artigo foi publicado no site1xbet àppdivulgação científica The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original1xbet àppinglês.