'Estou à beiraaposte agoraum ataqueaposte agoranervos': a ansiedade dos eleitoresaposte agoraKamala na reta final da campanha:aposte agora

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Kamala Harrisaposte agoradiscurso no mesmo lugar onde Trump discursouaposte agora6aposte agorajaneiro, instantes antes da invasão do Capitólio

Embora cantassem clássicosaposte agoraBeyoncé e agitassem bandeirinhas dos Estados Unidos, os eleitores pareciam frequentemente próximos às lágrimas, que vinham à tona com apenas alguns minutosaposte agoraconversa.

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Ainda devido a Pandemia aposte agora Covid-19 o campeonato não contou com a presença aposte agora público.

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Crédito, Mariana Sanches/BBC News Brasil

Legenda da foto, A corretoraaposte agoraimóveis Kadeen Shaw se descreveu como alguém "à beiraaposte agoraum ataqueaposte agoranervos" por causa da eleição presidencial nos EUA

“Esta eleição diz respeito à democracia e à Constituição americana. Um partido e um grupoaposte agorapessoas querem destruí-las. É algo por que lutamos desde que a nação foi fundada,aposte agoraGeorge Washington até agora”, afirmou o militar aposentado Mike MacGregor, as últimas frases já com a voz embargada.

Tendo passado dos 60 anosaposte agoraidade, ele disse à BBC News Brasil que essa era a primeira vez que comparecia a um comício político desde que o republicano Ronald Reagan foi candidato,aposte agora1980. Durante a administração republicanaaposte agoraGeorge W. Bush, chegou a assumir cargos no Pentágono.

Segundo ele, o que o atraía a apoiar Harris naquela tarde agradávelaposte agoraoutono não eraaposte agoraagenda econômica, climática ou social. Era uma agenda mínima: a defesa dos princípios democráticos do país.

MacGregor era exatamente o perfilaposte agoraeleitor que a campanhaaposte agoraKamala buscava atrair ao definir o fechamento da campanhaaposte agoraWashington DC, onde, há 3 anos o país viveu umaposte agoraseus maiores traumas da história: a invasão do Capitólioaposte agora6aposte agorajaneiro.

Crédito, Mariana Sanches/BBC News Brasil

Legenda da foto, O veterano Mike MacGregor se emociona ao dizer que compareceu ao comícioaposte agoraKamala por defesa da democracia
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“Nós sabemos quem é Donald Trump. Ele é a pessoa que esteve neste mesmo lugar há quase quatro anos e enviou uma multidão armada ao Capitólio dos Estados Unidos para derrubar a vontade do povoaposte agoraeleições livres e justas”, afirmou Kamala Harris, no palco montado exatamente no mesmo localaposte agoraque Trump, ainda presidente, proferiu acusações infundadasaposte agorafraude eleitoral naquele 6aposte agorajaneiro.

O episódio desaguouaposte agoracenas dramáticasaposte agoradestruição e a um saldoaposte agoraferidos e mortos entre os apoiadores do então presidente que forçaram a entrada no prédio do Congresso, reunido para certificar a vitória eleitoralaposte agoraJoe Biden.

Trump responde a um processo criminal sobreaposte agorapossível participaçãoaposte agorapromover - ou omissãoaposte agoraimpedir - a invasão do Capitólio. Em outubro, 165 páginas do processo, conduzido pelo Departamentoaposte agoraJustiça foram tornadas públicas pela juíza do caso.

No material, os procuradores defendem que Trump não poderá contar com imunidade judicial neste caso e reportam relatosaposte agoratestemunhasaposte agoraque diante da informaçãoaposte agoraque seu vice-presidente estaria sob riscoaposte agoramorte dentro do Congresso, Trump teria respondido: “E daí?”

Há uma semana, os advogadosaposte agoraTrump voltaram a tentar bloquear o processo, que, cujo julgamento ficou para depois da eleição. Durante a campanha ele se referiu ao 6aposte agorajaneiroaposte agora2021 como um “dia do amor”.

“Eles não vieram por minha causa. Eles vieram por causa da eleição. Eles achavam que a eleição era uma eleição fraudada e é por isso que eles vieram. Nadaaposte agoraerrado foi feito. E uma ação foi tomada. Uma ação forte”, disse Trump.

“Não havia armas lá. Nós não tínhamos armas. Os outros tinham armas, mas nós não tínhamos armas. E quando eu digo nós, essas são pessoas que andaram por aí — essa foi uma pequena porcentagem do total que ninguém vê e ninguém, ninguém mostra [a multidãoaposte agoraapoiadores trumpistas]. Mas esse foi um diaaposte agoraamor”, completou.

Viceaposte agoraum governo impopular

Desde que assumiu a candidatura democrata à presidência no lugaraposte agoraJoe Biden, Kamala imprimiu um estilo jovial e bem humorado à campanha, usando ironia e sátira para lidar com Trump, e tentando apresentaraposte agorabiografia e suas propostas ao eleitorado.

A estratégia parece ter funcionado ao longoaposte agoradois meses,aposte agoraque Kamala ganhou tração nas pesquisas e arrecadou maisaposte agoraum bilhãoaposte agoradólares.

Nas últimas semanas, porém, ela estagnou nas sondagens, que passaram a mostrar um cenárioaposte agoraempate. E aí tudo mudou.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Trump e Kamala durante seu único debate televisivo, quando a estratégia da democrata ainda era a sátira ao adversário

De uma espécieaposte agorapalhaço não intencional, ou “um esquisito” (“weird”, na mensagem original) a campanhaaposte agoraKamala passou a tentar caracterizar Trump como uma ameaça existencial aos Estados Unidos, qualificando-o como “fascista”, “inimigo” e “instável”.

“América, ele não é um candidato a presidente que penseaposte agoracomo melhorar aaposte agoravida. É alguém instável, obcecado com vingança, consumido pelo ressentimento, eaposte agorabusca do poder incontrolado”, discursou Kamala, sob aplausos e gritos dos apoiadores.

A mudança coincide com uma piora no desempenhoaposte agoraKamala nas pesquisas. Agregadosaposte agoralevantamentos eleitorais como a revista britânica The Economist e o site americano FiveThirtyEight têm apontado ligeira vantagem do republicano.

Nate Silver, o criador deste último e um democrata histórico, veio a público dizer que sente no “âmago” que Trump vencerá embora hoje as chancesaposte agoraambos estejam próximas aos 50%. Uma pesquisa do New York Times, corroborada por analistas políticos da CNN, sugere que Trump poderia ganhar no voto popular - a primeira vezaposte agora20 anos que um republicano alcançaria tal feito.

Contra si, Kamala carrega o fatoaposte agoraser vice-presidente do impopular governoaposte agoraJoe Biden. Apesar da alta na geraçãoaposte agoraempregos e do crescimento econômico maior que o previsto nos Estados Unidos, pesa contra o governo atual o fracassoaposte agoraconter a imigração na fronteira com o México, um custoaposte agoravida alto demais para a classe média que sonhaaposte agoracomprar a casa própria e já não pode fazê-lo e o apoio à campanha militaraposte agoraIsraelaposte agoraGaza - que é criticado não só por americanosaposte agoraorigem árabe como pela juventude democrata.

Crédito, Mariana Sanches/BBC News Brasil

Legenda da foto, A educadora democrata Carrie Zimmerman definia seu sentimento sobre as eleições: “metadeaposte agoramim é pânico e a outra metade é esperança”

Para o estrategista democrata Anthony Coley, que trabalhou na gestão Biden, finalmente caiu a ficha do partidoaposte agoraque não havia sentidoaposte agoracomparações entre Kamala e Barack Obama, feitas no auge da empolgação dos correligionários na Convenção Nacional Democrata.

“Agora que a euforia passou, as pessoas perceberam o que Kamala Harris disse desde o início, que ela não é a favorita”, disse Coley ao siteaposte agorapolítica americana The Hill.

Com desempenho pior do que seus antecessores, Biden e Obama, entre o eleitorado negro e latino, a última apostaaposte agoraKamala para levar eleitores às urnas e tentar conquistar a vitória parece ser no fantasma autoritário que seu adversário representaria.

Para emplacar a mensagem, Kamala pode ter contado com um escorregãoaposte agoraTrump.

No último fimaposte agorasemana, o republicano reuniu uma multidão no Madison Square Garden,aposte agoraNova York, um enclave democrata do país. O evento, no entanto, acabou associado a comentários preconceituosos feitos por comediantes e comentaristas políticos que precederam Trump no palco.

Entre outras coisas, eles chamaram Porto Ricoaposte agora“ilhaaposte agoralixo flutuante” e criticaram a suposta faltaaposte agoracontroleaposte agoranatalidade entre os latinos, alémaposte agorafazer ataques raciais a candidata democrata, de ascendência negra e indiana.

Trump não desqualificou os comentários quando discursou para a plateia - emboraaposte agoracampanha tenha dito que ele não podia ser responsabilizado nem associado a tais falas.

Ao episódio, somou-se uma entrevista dada dias antes ao jornal New York Times por seu ex-chefeaposte agoragabinete, John Kelly, citando que Trump teria expressado simpatias ao líder alemão nazista Adolf Hitler ao longoaposte agoraseu mandato. Esta semana, Trump se sentiu impelido a responderaposte agoraum artigo no Wall Street Journal intitulado: “Eu não sou um nazista”.

Embora tenha citado que pretende combater a inflação, facilitar a cobertura por planosaposte agorasaúde para cuidados com idosos e mediar a relação entre empresas imobiliárias e os cidadãos para baixar o custo dos imóveis, o eventoaposte agoraKamalaaposte agoraWashington se concentravaaposte agorareforçar a ideiaaposte agoraum risco existencial ao país na disputa.

"Vamos virar a páginaaposte agoraDonald Trump", repetia a candidata e seus apoiadores, como se os democratas já não estivessem no poder há quase quatro anos.

Por isso mesmo, ela trouxe para o palco do evento um casalaposte agorafazendeiros da Pensilvânia, um dos Estados decisivos, recebidos com vaias ao admitir que foram republicanos a vida inteira e que já tinham votadoaposte agoraTrump antes. Os dois, no entanto, se diziam assustados demais com o que viam como ameaças à democraciaaposte agoraTrump para seguir votando nele.

Crédito, Mariana Sanches/BBC News Brasil

Legenda da foto, Donna Denison, que se descreve como eleitora independente, diz que episódioaposte agora6aposte agorajaneiro a convenceaposte agoraque Trump é uma "ameaça"

Há ceticismo entre analistas políticos na possibilidadeaposte agoratração desta nova estratégia democrata.

Mas, ao menos para a ex-oficial da Aeronáutica, Donna Denison, que se dizia uma eleitora independente, essa mensagem já tinha colado.

“Sinto que esta é provavelmente uma das eleições mais importantesaposte agoraque eu já votei. Já votei para os dois lados [republicano e democrata], eu tento votar para alguém que seja um mediador”, explica ela.

“O 6aposte agoraJaneiro aconteceu muito perto da minha casa. E enquanto eu assistia [na TV], eu dizia à minha filha: ‘você tem que voltar para casa agora mesmo’ E ela dizia: ‘o que houve, o que houve? Acabamosaposte agoraver 15 carrosaposte agorapolícia correndo’ . Aquele ponto, aquele ataque à democracia, foi o diaaposte agoraque Trump virou uma ameaça ao nosso país”, disse, emotiva.

Denison, porém, mora na regiãoaposte agoraWashington D.C., onde Trump jamais teve chanceaposte agoravencer. Daqui a seis dias, os americanos saberão se nos sete Estados que definirão a disputa - e nos quais Trump apareceaposte agoravantagem - esta também será uma mensagem forte.