Do cafezinho ao etanol: como El Niño pode afetar Brasilaajogos cassino2023:aajogos cassino
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Aquele foi o segundo El Niño mais poderoso desde 1950, atrás apenas do ocorridoaajogos cassino1997 e 1998.
Sob influência do fenômeno e das mudanças climáticas, o anoaajogos cassino2016 foi o mais quente já registrado na história, segundo a OMM.
No Brasil, o El Niño naquele biênio intensificou a seca no Nordeste e provocou estiagem prolongada no Norte, centro-norteaajogos cassinoMinas eaajogos cassinoGoiás e no Distrito Federal.
Além disso, houve fortes inundações no Sul, e impactos sobre o setor elétrico e a produçãoaajogos cassinoalimentos.
E agora? O que pode vir pela frente no Brasil com a volta do El Niño?
Entenda como o fenômeno pode influenciar do cafezinho ao etanol que abastece o carro.
Como El Niño afeta o clima no Brasil
O "Niño" que dá nome ao fenômeno é ninguém menos do que o menino Jesus (el niño Jesús,aajogos cassinoespanhol). O evento climático recebeu esse nome por ser primeiro identificado por pescadores do Peru e Equador na época do Natal.
"O El Niño e a La Niña são duas fases opostas do mesmo fenômeno, que chamamosaajogos cassinoEl Niño Oscilação Sul [ou ENSO, na siglaaajogos cassinoinglês]", explica Vinícius Lucyrio, meteorologista da Climatempo.
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"É um fenômeno que acopla condições oceânicas e atmosféricas. Ou seja: é o oceano influenciando diretamente na condições atmosféricas."
O El Niño é a fase quente deste fenômeno, que traz águasaajogos cassinotemperatura mais elevada para a faixa equatorial do Pacífico Sul, na costa norte do Peru e do Equador, se estendendo ao sul da linha imaginária até quase a Oceania.
Isso ocorre por um enfraquecimento dos ventos alísios, um sistemaaajogos cassinoventos que sopramaajogos cassinoleste para oeste na região equatorial, explica Lucyrio.
Já a La Niña é a fase fria do fenômeno, com temperaturas abaixo da média nas água do Pacífico Sul, sob efeitoaajogos cassinoventos alísios fortalecidos que favorecem a ressurgênciaaajogos cassinoáguas profundas mais frias na costa do Peru e do Equador.
"É uma ótima fase para pesca, porque traz águas mais ricasaajogos cassinonutrientes das profundezas do oceano para as áreas mais superficiais", observa.
No Brasil, a La Niña afeta as chuvas nos dois extremos do país.
No Sul, ficam mais irregulares, favorecendo períodosaajogos cassinoestiagem e seca. Já no Norte e Nordeste, há um aumento das precipitações, principalmente entre agosto e fevereiro.
A La Niña também traz temperaturas abaixo da média ao país, ao favorecer a passagemaajogos cassinofrentes frias. Isso ajuda a explicar, por exemplo, o verão mais ameno esse ano no Sudeste, observa o especialista da Climatempo.
Já o El Niño traz tempo mais quenteaajogos cassinotodo o Brasil, principalmente entre o final do inverno e o verão. E, nas chuvas, o sinal se inverte. No Norte e Nordeste, a chuva tende a ficar abaixo da média, enquanto no Sul, fica acima.
"Pode haver inundações severas e solo encharcado no Sul, trazendo prejuízos à produção agrícola", diz Lucyrio, ponderando porém que a produtividade na região também pode ser beneficiada pela maior quantidadeaajogos cassinochuvas.
Segundo o meteorologista, os modelos apontam uma probabilidade acimaaajogos cassino60%aajogos cassinoocorrênciaaajogos cassinoEl Niño no períodoaajogos cassinojunho, julho e agosto. E a transição entre o La Niña e o El Niño deve aconteceraajogos cassinoforma mais acelerada do que o padrão histórico.
Impactos do cafezinho ao etanol
Os analistas são cautelososaajogos cassinoapontar possíveis impactos do El Niño na produção agrícola brasileira, já que ainda não é possível saber qual será a intensidade do fenômeno que pode ter início esse ano.
Mas, com base na ocorrência do evento climático no passado, é possível obter algumas pistas.
Um dos cultivos que podem ser afetados é o do café, segundo Natália Gandolphi, analista da consultoria HedgePoint Global Markets.
Essa é uma possível má notícia para os apreciadores da bebida, já que o café moído chegou a acumular altaaajogos cassinopreçosaajogos cassinomaisaajogos cassino60%aajogos cassino12 mesesaajogos cassinomeadosaajogos cassino2022, segundo o Instituto Brasileiroaajogos cassinoGeografia e Estatística (IBGE), sob efeitoaajogos cassinosecas e geadas que afetaram a safra.
Desde então, a inflação do café perdeu força, mas o produto nunca retomou o patamar anterioraajogos cassinopreços, com o pacoteaajogos cassino500g vendido a um preço médioaajogos cassinoR$ 15,48 ao fimaajogos cassino2022,aajogos cassinoacordo com a Fundação Procon-SP.
"No geral, quando observamos os eventosaajogos cassinoEl Niño, há uma redução médiaaajogos cassino5% na produçãoaajogos cassino[café do tipo] Arábica", diz Gandolphi, analista da HedgePoint especialista neste produto.
Isso acontece, segundo ela, porque o El Niño provoca um inverno mais quente, prejudicando o desenvolvimento vegetativo do péaajogos cassinocafé.
A épocaaajogos cassinoflorada, após setembro, eaajogos cassinocrescimento, desenvolvimento e maturação dos frutos também pode ser prejudicada pelas temperaturas mais elevadas, diz a especialista.
"O El Niño historicamente afetou negativamente a produçãoaajogos cassinocafé no Brasil e isso é um fator altista [para os preços do produto]. Mas, hoje, a perspectiva para a safra 2024-2025, que seria a afetada pelo El Niño, é muito boa", pondera.
Na culturaaajogos cassinocana-de-açúcar, o pico da safra no Brasil ocorre entre abril e agosto.
"Se vier um El Niño forte, ele pode levar a um inverno mais úmido. Isso é ruim para o ritmo da safraaajogos cassinoaçúcar, porque, se chove demais, as usinas não conseguem moer", explica Lívea Coda, analistaaajogos cassinoaçúcar e etanol da HedgePoint.
"Também é ruim para a concentraçãoaajogos cassinosacarose, porque, nessa etapa do desenvolvimento da cana, se chove muito, ela fica mais 'aguada', com menor concentraçãoaajogos cassinoaçúcar. Então, poderia ser ruim para a safra 2023-2024 do Brasil", diz Coda.
Segundo ela, se o fenômeno se estenderaajogos cassinodezembro a fevereiro, a precipitação no Centro-Sul pode diminuir, principalmente no norteaajogos cassinoSão Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, comprometendo a próxima safra.
"Havendo um evento climático que afete a moagem, afeta tanto para o açúcar, como para o etanol. Se tiver um El Niño muito forte, que atrapalhe o ritmo da safra, pode ter um impacto na disponibilidade totalaajogos cassinoproduto, e isso é uma pressão inflacionária para preços", explica.
"Mas precisaria ter um evento muito forte, muito relevante, para isso acontecer e termosaajogos cassinofato um problema na safra brasileiraaajogos cassinocana."
Grãos e proteína animal
Pedro Schicchi, analistaaajogos cassinogrãos e proteína animal da consultoria, explica que um inverno mais úmido pode ser benéfico para a safraaajogos cassinomilhoaajogos cassinoinverno no Mato Grosso e Goiás.
O evento também pode favorecer a safraaajogos cassinosoja no Sul do país, com maior volumeaajogos cassinochuvas, embora possa prejudicar o grão no Centro-Oeste, devido ao tempo mais seco.
"Se a chuva realmente vier e tivermos maior produçãoaajogos cassinomilho, isso pode reduzir o custo da ração para os produtoresaajogos cassinofrango e suínos", diz Schicchi.
"Para o gado bovino, a chuva amplia a áreaaajogos cassinopastagem, então, o efeito também pode ser positivo."
Mas isso pode não necessariamente impactar o consumidor final, afirma o analista.
"Pode ser que essa reduçãoaajogos cassinocustos não seja repassada por diversos motivos, como o alto volumeaajogos cassinoexportação, real desvalorizado. Então, isso interage com outros fatoresaajogos cassinomercado."
E o setor elétrico?
No Brasil, os principais reservatórios hidrelétricos ficam nas regiões Sudeste e central do país.
"Para o setor elétrico, geralmente a La Niña é melhor, porque favorece a formaçãoaajogos cassinozonaaajogos cassinoconvergência do Atlântico Sul e frentes estacionárias nessas regiões", explica o meteorologista Filipe Pungirum, mestreaajogos cassinoClima pela Universidade Federal do Rioaajogos cassinoJaneiro (UFRJ).
"O El Niño favorece um tempo mais quente e seco na porção centro-norte do país e, por isso, não costuma ser positivo para a manutenção dos reservatóriosaajogos cassinoenergia."
Por regiões, os reservatóriosaajogos cassinoNorte, Nordeste e Minas Gerais costumam ser prejudicados por um El Niño forte, enquanto o Sul é beneficiado – mas a região tem poucos reservatórios.
O fenômeno também costuma elevar as temperaturas nas capitais, pressionando a demanda, já que o ar condicionado se tornou o principal fatoraajogos cassinopico do consumo elétrico nacional.
O meteorologista pondera, porém, que os reservatórios do país se encontramaajogos cassinoexcelente momento.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste encerraram fevereiroaajogos cassinopatamares superiores a 70%, maior nível desde 2012. Enquanto no Sul e Nordeste, os níveis estão acimaaajogos cassino80%, e no Norte,aajogos cassinoquase 100%.
"Mesmo se esse próximo El Niño for bem rigoroso e tivermos poucas chuvas, não vai ser tão grave quanto nas últimas crises", acredita o especialista.
- Texto originalmente publicadoaajogos cassinohttp://vesser.net/articles/c14n1d7dlexo