O tesouroc-betUS$ 20 bilhões perdido no mar da Colômbia:c-bet
Quatro anos depois, o galeão ainda está a 600mc-betprofundidade nas águas colombianas — e, agora, está também no centroc-betuma disputac-betcustódia entre várias partes que reivindicam suas riquezas.
O governo colombiano não revelou a localização exata do famoso galeão, conhecido como o "santo graal" dos naufrágios. Dizem que o San José está perto das Ilhas Rosário, um arquipélago tropical e parque nacional a 40 kmc-betCartagena.
Multidõesc-betpequenas lanchas navegam por aquelas águas enquanto transportam turistas que vão às praias e ilhas dali todos os dias.
O mistério sobrec-betlocalização faz parte do fascínio que o navio tem exercido ao longo do tempo.
O escritor Gabriel García Márquez, prêmio Nobelc-betLiteratura, escreveu sobre o galeão no livro O Amor nos Tempos do Cólera,c-betque o personagem principal do romance, Florentino Ariza, planejava mergulhar e recuperar as riquezas do San José por seu amorc-betuma vida inteira.
Batalha na costa
"O Caribe é muito mágico", diz Bibiana Rojas Mejía, moradorac-betBogotá que passava o dia na praia comc-betfamíliac-betIsla Grande, a maior das ilhas da região. "Esse é o realismo mágico do nosso país. Não sabemos quanto [tesouro] há realmente no galeão San José. Tudo pode ser uma grande lenda."
O galeão San José deixou a cidade portuáriac-betPortobelo, no Panamá, no finalc-betmaioc-bet1708.
Estava carregadoc-betouro, prata e pedras preciosas extraídas do que era o Peru controlado pela Espanha. As riquezas tinham como destinatário o rei Filipe V da Espanha, que contava com recursosc-betsuas colônias para financiar a Guerra da Sucessão Espanhola.
A intenção era fazer apenas uma parada rápidac-betCartagena para preparar o San José parac-betlonga jornada até Havana (Cuba) e depois para a Espanha. O capitão do galeão, José Fernándezc-betSantillán, sabia que os britânicos envolvidos na guerra poderiam ter navios esperando para atacar na região.
Mas o capitão seguiuc-betqualquer maneira. E naquele 8c-betjunho, uma batalha pelo tesouro do San José começou.
A Marinha britânica — munida com pistolas, espadas e facas — tentou três vezes abordar o galeão e tomá-lo, explica Gonzalo Zuñiga, curador do Museu Naval do Caribe,c-betCartagena.
"O San José estava vencendo a batalha", conta. "Mas não sabemosc-betque condições o San José ficou nos últimos [momentos]."
O galeão pode ter perdido uma vela, diz ele, ou os passageiros podem ter se revoltado contra o capitão — a maioria erac-betcivis que não estavam sob ordensc-betninguém.
No entanto, é inegável que nenhum dos lados queria que o galeão e seus tesouros afundassem. A teoriac-betZuñiga é que,c-betvezc-betentregar o San José e retornar à Espanhac-betmãos vazias, seu capitão pode ter acendido a pólvora do próprio navio.
Nova disputa pelo tesouro
Em 27c-betnovembroc-bet2015, o San José foi "oficialmente" descoberto por um submarino robótico chamado REMUS 6000, operado pela Instituto Oceanográfico Woods Hole, com sede nos EUA.
O veículo autônomo subaquáticoc-betquase 4mc-betcomprimento pode explorar até 6 km abaixo da superfície do mar e chegou a apenas 9m do San José para tirar fotos — retratando seus canhõesc-betbronze gravados com golfinhos, característica que ajudou os pesquisadores a identificar o navio.
"O galeão San José é um epicentroc-betinformações sobre a [história] colonial", diz o diretor do Instituto Colombianoc-betAntropologia e História, Ernesto Montenegro. "Representa quase 300 anosc-bethistória colonial da Europa, e principalmente da Espanha, sobre o território americano."
Estima-se que a costa da Colômbia abrigue cercac-betmil navios naufragados. Mas, apesar do galeão San José ter sido encontradoc-betáguas colombianas, não há garantiac-betque ele permanecerá dentroc-betsuas fronteiras.
A Espanha demonstrou interessec-betreivindicar parte do galeão, assim como a nação indígena boliviana Qhara Qhara,c-betcuja terra (uma vez parte do vice-reinado do Peru) foram extraídas as riquezas do San José.
Além disso, o navio é partec-betbatalhas legais há quase 40 anos. A empresa americanac-betresgate Sea Search Armada (SSA) diz ter encontrado o navio no início dos anos 80 e reivindica 50%c-betseu conteúdo, o que, segundo a SSA, fazia partec-betum acordo com a Colômbia na época.
Segundo a companhia, o Supremo Tribunal da Colômbia decidiu a seu favorc-bet2007.
O ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos não deu crédito à SSA quando anunciou que a Colômbia havia encontrado o galeãoc-bet2015. A vice-presidente colombiana Marta Lucía Ramírez dissec-betum comunicadoc-betjunho que "a SSA não tem direito sobre o galeão San José ou seu conteúdo" porque as coordenadas onde afirmam ter encontrado o galeão não correspondem à localização real.
O caso ainda está esperando deliberaçãoc-betum tribunal superior colombiano.
'Direito à conservação'
Neste ano, o governo colombiano também adiou a assinaturac-betum contrato com outra empresa privada para retirar o galeão do fundo do mar.
Até agora, apenas uma companhia, a Consultoriac-betArqueologia Marítima (MAC), que participou da prospecçãoc-bet2015, era candidata.
A parceria com uma empresa privada poderia mais uma vez dividir o conteúdo do San José — quer dizer, os itens não classificados como patrimônio cultural, o que ainda precisa ser definido pela Colômbia.
"A humanidade tem o direito incontestávelc-betconhecer o [galeão San José] e conhecê-lo completamente. A Colômbia precisa se colocar como um custodiante digno", defende o historiador Francisco Muñoz, um especialista no galeão San José.
Ele defende que essa reivindicação tome formac-betum museuc-betCartagena para exibir todas as riquezas do galeão na íntegra — algo sugerido também pelo governo.
"Quem não visitaria essa exposição única?", instiga Muñoz. "Os visitantes ficariam absorvidos e obcecados com as histórias que o [galeão San José] contaria."
Em 2018, o ex-presidente Santos escreveu no Twitter: "O galeãoc-betSan José, afundado sob águas nacionais, é uma das maiores descobertas da história. Com a lei referente ao patrimônio cultural submerso, podemos recuperá-lo."
Ainda assim, dizem especialistas, esse é um projeto que não pode ser apressado.
"[O navio] está submerso há 300 anos, e isso garante o direito à conservação", diz o arqueólogo subaquático Juan Guillermo Martín.
"Se não temos condições agora na Colômbiac-betassumir o resgate... não há sentidoc-betfazê-lo. É um princípio fundamentalc-betresponsabilidade pela herança colombiana, mas também pela humanidade."
O San José ainda precisa ser retirado da água, e isso faz com que o projetoc-betum museuc-betCartagena ainda esteja distante. Os colombianos também não conquistaram ainda a garantiac-betque esse precioso navio permaneça dentroc-betsuas fronteiras.
Assim, por enquanto, os visitantesc-betCartagena e das Ilhas Rosário ainda precisam recorrer ao mesmo lugar a que diversas pessoas precisaram ir para desfrutar um pouco do precioso e fascinante San José: a imaginação.
c-bet Leia a versão original c-bet desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel c-bet .
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