Por que adolescentes sarcásticos podem ser os mais inteligentes:cbet usg

Adolescente com cabelo roxo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitos adolescentes adoram fazer brincadeiras sarcásticas – mas o que há por trás dos seus comentários irritantes?

E, embora seja muitas vezes desprezado como um comportamento irritante dos jovens, o sarcasmo, na verdade, é uma provacbet usgmaturidade - pois leva anos para que uma criança com o cérebrocbet usgdesenvolvimento compreenda totalmente esse mecanismo, até chegar a dominá-lo.

"Pode ser um grande desafio", afirma Penny Pexman, psicolinguista da Universidadecbet usgCalgary, no Canadá.

Dois adolescentes conversam enquanto caminham

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Legenda da foto, O sarcasmo permite que os adolescentes agreguem sutilezas às suas interações

E o esforço mental vale a pena. O sarcasmo nos permite agregar as sutilezas necessárias às nossas interações, suavizando nossos insultos ou acrescentando uma provocação divertida a um cumprimento. Existem até algumas evidênciascbet usgque ele pode nos tornar mais criativos e ajudar a liberar emoções negativas quando não estamos nos sentindo bem.

Pexman está tão convencida da importância do sarcasmo que começou a criar programascbet usgtreinamento para ajudar as pessoas com sensocbet usgironia sarcástica pouco desenvolvido.

Passos na infância

Algumas indicações da complexidade do sarcasmo vêm dacbet usglonga trajetóriacbet usgdesenvolvimento ao longo da infância - algo que Pexman descobriu com a ajudacbet usgum grupocbet usgfantoches irreverentes.

Em um estudo típico, a criança poderá assistir a uma personagemcbet usgnome Jane, representada por um fantoche, tentando pintar uma rosa - mas o desenho fica horrível. É quando a amiga do fantoche, Anne, diz: "Você é uma pintora incrível".

Ou elas podem ver outro personagem,cbet usgnome Sam, que está cortando a grama e realiza o trabalho com muita rapidez - ao que seu amigo Bob diz "você é um péssimo jardineiro".

Geralmente, as crianças com menoscbet usgcinco anoscbet usgidade simplesmente não conseguem perceber o sarcasmo dessas afirmações e tendem a tomá-las literalmente. E, mesmo depois que elas conseguem compreender que as palavras estão transmitindo algum tipocbet usgsignificado oculto, pode haver dificuldades para entender as sutilezas. Elas podem simplesmente achar, por exemplo, que os personagens estão mentindo.

A compreensão do uso do sarcasmo no humor, como formacbet usgprovocação, vem por último. "Isso se desenvolve bastante tarde -cbet usgmédia, por voltacbet usg9 ou 10 anoscbet usgidade", afirma Pexman.

Essa sequênciacbet usgdesenvolvimento parece seguir-se ao surgimento da "teoria da mente" - a capacidadecbet usguma criançacbet usgentender as intenções dos demais - que tende a tornar-se mais sofisticada com a idade.

Outros fatores podem incluir vocabulário e gramática, a capacidadecbet usgentender as sutis indicações vocais que sinalizam o significado sarcástico e a compreensão dos contextoscbet usgque se pode ou não esperar o sarcasmo. Isso pode vir apenas depoiscbet usguma longa experiência com situações sociais. "A criança precisa reunir todas essas peças, mas nenhuma delas sozinha é suficiente para compreender o sarcasmo", afirma Pexman.

Seus estudos mais recentes demonstraram que o ambiente doméstico da criança pode exercer forte influência sobre acbet usgcompreensão e uso do sarcasmo. Se os pais usarem sarcasmo, as crianças são muito mais propensas a desenvolver a mesma capacidade.

"Com cercacbet usgquatro anoscbet usgidade, as crianças desenvolvem a capacidadecbet usgaceitar o pontocbet usgvistacbet usgoutra pessoa e perceber que as ideias que alguém temcbet usgmente podem ser diferentes das suas próprias", afirma Pexman.

O sarcasmo é complexo porque a criança precisa entender as verdadeiras ideias do interlocutor e as formas como ele pretende que suas palavras sejam interpretadas pela outra pessoa - um processocbet usgduas etapas que leva tempo para que uma criança domine. E, geralmente, as crianças com menoscbet usgsete anos têm dificuldade para mantercbet usgmente duas ideias potencialmente opostas.

Mas, quando atingem a adolescência, muitas crianças já dominam essas técnicas complexas - e talvez não cause surpresa ver que elas gostamcbet usgexperimentá-las e testar seus efeitos sobre as outras pessoas.

Conversas criativas

Se você ainda não se convenceucbet usgque a paixão do seu filho adolescente pelo sarcasmo é um feito a ser comemorado, existe um experimento recentecbet usgRuth Filik, psicóloga da Universidadecbet usgNottingham, no Reino Unido. Ela pediu aos participantes que mentissemcbet usgum sensorcbet usgressonância magnética funcional enquanto liam vários cenárioscbet usgeventos comuns.

Em alguns casos, as afirmações dos personagens tentavam ser levemente irônicas, como, por exemplo:

"Bernice e Caitlin estavam se inscrevendo para um cursocbet usgpsicologiacbet usguma universidade nos Estados Unidos. Elas foram imprimir suas inscrições juntas. A impressora só tinha papel rosa disponível. Bernice disse para Caitlin: 'muito formal!'"

Em outros, as mesmas palavras eram usadas como uma crítica sarcástica sobre alguém específico:

"Bernice e Caitlin estavam se inscrevendo para um cursocbet usgpsicologiacbet usguma universidade nos Estados Unidos. Elas foram imprimir suas inscrições juntas. Caitlin decidiu imprimir acbet usgem papel rosa. Bernice disse para Caitlin: 'muito formal!'"

A ressonância magnética demonstrou que os dois tiposcbet usgironia acenderam a redecbet usg"mentalização" envolvida na compreensão das ideias e intençõescbet usgoutras pessoas - uma descoberta que destaca a importância da teoria da mente para interpretar esse tipocbet usgafirmação ambígua.

Mas é importante observar que o sarcasmo também desencadeou maior atividade das redes semânticas relacionadas ao processamento geral da linguagem e das regiões do cérebro relativas ao humor,cbet usgcomparação com a ironia não sarcástica, o que Filik considera um sinal dacbet usgcomplexidade.

"É um desafio maior entender quais são as ideias da outra pessoa, por que elas disseram aquilo e se elas estavam tentando falar sério ou ser engraçadas", segundo ela.

Esse trabalho mental pode trazer benefícios surpreendentes. Em conjunto com seus colegas nas Universidades Columbia e Harvard, nos Estados Unidos, Li Huang, da Faculdadecbet usgAdministração Inseadcbet usgFontainebleau, na França, demonstrou que expressar, ouvir ou relembrar comentários sarcásticos pode ajudar a catalisar o pensamento criativo.

Um dos seus experimentos envolveu o "Problema da Vela", no qual os participantes recebiam uma vela, alguns fósforos e uma caixacbet usgtachas. Sua tarefa era encontrar uma formacbet usgfixar a vela na parede para que ela pudesse queimar sem derramar cera sobre o piso. A solução é esvaziar a caixacbet usgtachas, fixá-la na parede e colocar a vela dentro da caixa - algo que só virá à mente se você puder pensar separadamente sobre as funçõescbet usgcada objeto.

Antescbet usganalisar o problema, pediu-se a alguns participantes que relembrassem alguma interação sarcástica, enquanto outros se lembravamcbet usguma conversa neutra ou sincera. Surpreendentemente, as lembranças sarcásticas geraram mais que o dobrocbet usgsoluções corretas: maiscbet usg60%, contra cercacbet usg30% dos demais participantes.

Adolescentecbet usgcostas conversando com o pai sentadocbet usgum bancocbet usgparque

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Legenda da foto, O sarcasmo dos adolescentes pode deixar os pais desnorteados

Como formacbet usghumor, o sarcasmo pode também nos ajudar a lidar com o estresse ou a frustração. "Pode ser uma formacbet usgdesabafo", afirma Kathrin Rothermich, da Universidade East Carolinacbet usgGreenville, na Carolina do Norte (Estados Unidos). Curiosamente, um dos seus estudos recentes concluiu que o uso do sarcasmo por pessoas ansiosas e depressivas aumentou com a pandemia, o que pode refletir esse mecanismocbet usgsobrevivência.

Mas, geralmente, a principal motivação do sarcasmo será linguística - para acrescentar tons às mensagens que esperamos transmitir. "Você tem o véu do significado superficial, encobrindo o significado subjacente", afirma Pexman. Poderá ser uma brincadeira suave e, se você estiver implicitamente criticando alguém, pode ser uma possibilidade plausívelcbet usgnegar a crítica, reduzindo o riscocbet usgdiscussão.

Embora esses estudos tenham sido realizados com adultos e não com adolescentes, parece provável que os adolescentes experimentem sensações similares ao usarem o sarcasmo - e possam até considerá-lo uma forma útilcbet usglidar com sentimentos negativos ou situações difíceis.

Treinando o sarcasmo

Pode inicialmente ser um choque para os pais quando eles observam seus filhos desenvolvendo o sarcasmo. Talvez seja um sinalcbet usgcinismo mais adulto que abalacbet usgpercepçãocbet usginocência juvenil dos seus filhos.

Os pais podem sentir-se particularmente desnorteados ao lidar com um adolescente que usa o sarcasmocbet usgquase todas as suas interações, como se estivesse lutando para expressar suas emoções sinceras. Mas devemos culpar os adolescentes por exercitarem essa ferramenta versátil? Ou talvez seja melhor observar esse processo como a prática útilcbet usguma capacidade vital?

"É uma técnica que eles querem poder aperfeiçoar, especialmente porque uma enorme parte da linguagem que usamos no dia a dia não é literal", afirma Filik.

Penny Pexman concorda e, por essa razão, ela começou a procurar formascbet usgensinar o sarcasmo para as crianças com dificuldadecbet usgcompreender suas sutilezas. Como resultado, surgiu Sydney Gets Sarcastic ("Sydney fica sarcástico",cbet usgtradução livre), um livro infantil que fornece muitos exemploscbet usgsarcasmo e as razões do seu uso.

Em um experimento recente com criançascbet usg5-6 anoscbet usgidade, ela demonstrou que aquelas que leram e discutiram a história tiveram mais facilidadecbet usgentender afirmações sarcásticascbet usgum teste realizadocbet usgseguida.

Apesar da má reputação do sarcasmo, todos nós poderíamos tentar apreciar um pouco maiscbet usgcomplexidade e sofisticação. Não quero ser irônico, mas afirmo que ele é, literalmente, um dos maiores presentes da linguagem humana.

David Robson é escritorcbet usgciências residentecbet usgLondres. Seu novo livro é O efeito da expectativa: como o seu pensamento pode transformar acbet usgvida (em tradução livre do inglês), publicado pela editora Canongate/Henry Holt. Sua conta no Twitter é @d_a_robson.

cbet usg Leia a íntegra desta reportagem cbet usg (em inglês) no site BBC Future cbet usg .

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