Adolescênciacaught up bet plustemposcaught up bet pluscovid: como jovens estão enfrentando o prolongamento da pandemia:caught up bet plus

Adolescentes

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Adolescentes foram um dos grupos mais atingidos na pandemia na partecaught up bet plussaúde mental, mas maioria está se adaptando, dizem psiquiatras

Mas uma parte significativa dos jovens tem achado caminhoscaught up bet plusacomodação das novas circunstâncias, afirma Lee. Quem conta com suporte emocional, principalmente dos pais, tem mais chancescaught up bet plusatravessar melhor a pandemia. "Assim como na população geral, os que estavam bem e com algum tipocaught up bet plusacompanhamento conseguiram se adaptar", avalia ela.

"O ser humano desenvolve resiliência. A maioria acaba se adaptando e inventando um jeitocaught up bet plusviver na situaçãocaught up bet plusque se encontra", diz Enio Robertocaught up bet plusAndrade, do Serviçocaught up bet plusPsiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital das Clínicascaught up bet plusSP.

"Claro que quem tem mais poder aquisitivo terá mais condiçõescaught up bet plusconseguir ajuda e assistência médica dentrocaught up bet plusum quadrocaught up bet plusdepressão e ansiedade. A adaptação para adolescentes com poucos recursos tem mais obstáculos", afirma ele.

A psicóloga Layta Sena Ribeiro observou uma amostracaught up bet pluscomo os primeiros meses da pandemia despertaram diferentes reações e comportamentos nos jovens. Ela acompanhou até julhocaught up bet plus2020 cinco garotos e cinco garotascaught up bet plusuma área periféricacaught up bet plusJuazeiro, cidade da Bahia com 220 mil habitantes na divisa com Pernambuco.

O adolescente Gustavo Ramires na orlacaught up bet plusJuazeiro

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, "Me aproximei bastante da minha família. Foi surreal. Nunca fui tantocaught up bet pluspapo, preferia ficar dentro do quarto", diz o adolescente Gustavo Ramires,caught up bet plusJuazeiro (BA)

"Fiquei surpresa com eles conseguirem criar estratégiascaught up bet plusproteção. Algumas delas foram geradas a partir da própria experiênciacaught up bet plusresiliência, porque a maioria eracaught up bet plusadolescentes negros e pobres, criados às vezes só pela mãe ou por uma avó", conta Sena Ribeiro.

O choquecaught up bet plusuma quarentena mais "dura" no primeiro semestrecaught up bet pluspandemia fez os jovens se questionarem sobre o que fazer com o tédio e as relações familiares forçadamente mais próximas.

"A experiência do tédio,caught up bet plusrepensarcaught up bet plusvida,caught up bet pluspensar na criaçãocaught up bet plusum projetocaught up bet plusfuturo, causou sofrimento porque pensar sobre acaught up bet pluscondição existencial traz angústia. Mas também foi positivo porque os adolescentes começaram a criar projetos caseiros", diz.

"A situação despertou neles algo como 'ah, vou aprender uma habilidade nova. Vou pesquisar sobre alguma coisa que seja legal para mim'."

Retomada dos laços familiares

A psicóloga Layta Sena Ribeiro

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A psicóloga Layta Sena Ribeiro acompanhou adolescentescaught up bet plusJuazeiro (BA) nos primeiros meses da pandemia

Os participantes da pesquisa - que foi a tesecaught up bet plusmestrado da psicóloga pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) - também mencionaram que começaram a prestar mais atençãocaught up bet plusatividades rotineiras como cuidarcaught up bet plusanimais, plantar e cozinhar.

Houve também o contextocaught up bet plusuma retomadacaught up bet pluslaços familiares. "A presença dessas pessoas e também a própria experiência do isolamento fez com que,caught up bet plusalguma forma, os jovens e seus parentes se religassem. A grande maioria apontou como isso foi importante. Fazer programas caseiros, conversar maiscaught up bet plusfamília", relata Sena Ribeiro.

E alguns dos jovens mencionaram que o períodocaught up bet plusreelaboração representou uma oportunidadecaught up bet plusamadurecimento que talvez não ocorresse dentrocaught up bet plusuma rotina usual.

Gustavo Ramires,caught up bet plus17 anos, moradorcaught up bet plusJuazeiro, relata que os temposcaught up bet pluspandemia têm sido exigentes, mas renderam mudanças interessantes na vida.

"Me aproximei bastante da minha família. Foi surreal. Nunca fui tantocaught up bet pluspapo, preferia ficar dentro do quarto. Tive chancecaught up bet plusconversar mais com a minha irmã, por exemplo", diz.

"Alguns conhecidos perderam pai ou alguém da família e isso me fez perceber que a gente não tem essas pessoas para sempre. Fiquei preocupadocaught up bet plusnão ter passado tempo suficiente com os meus pais."

O estudante diz que a paciência foi um dos aprendizados dos temposcaught up bet plusisolamento. Mas conta que tem se sentido mais ansioso nos temposcaught up bet pluscoronavírus. Atribui isso mais a uma cobrança excessiva sobre si próprio do que às circunstâncias atuais. "Quando eu duvido muitocaught up bet plusmim mesmo, acabo ficando ansioso. Me cobro demais quando algo não dá certo. Porém, estou conseguindo controlar. Pretendo procurar um psicólogo."

Gustavo estuda programação, quer fazer engenharia da computação na faculdade e trabalhar fora do Brasil na área.

E é a tecnologia que possibilita manter os contatos sociais, apesar das dificuldades. "Não peguei covid, mas a pandemia também atrapalhou bastante. Afetou muito o relacionamento com os meus amigos porque nem todos tinham celular. Acabei me afastandocaught up bet plusmuitos deles. Às vezes a internet caía e a gente não podia conversar."

"Ao mesmo tempo, jogando [gamescaught up bet plusplataformas online] conheci pessoascaught up bet plustodo o Brasil e até alguns brasileiros que moram fora e me deram dicascaught up bet pluscomo é viver no exterior", afirma Gustavo.

O online ajudou

O celular e as telas, que causam preocupação pelo consumocaught up bet plusexcesso, foram uma válvulacaught up bet plusescape nesses tempos. O contato online tevecaught up bet plusservircaught up bet plusespaço para o contato social.

Adolescente segura celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O online foi,caught up bet plusfato, o meio para manter as relações sociais na pandemia, mas especialistas dizem que não se pode abrir mão do contato cara a cara

"A participação social ocorreu no WhatsApp, nos games, no Discord [plataforma para discussões sobre diversos assuntos]. Vi gente que se envolveucaught up bet plusuma comunidade sobre desenho geométrico ou microrganismos. Claro que nem tudo é saudável nesses ambientes, mas os meios digitais ajudaram a ampliar uma visãocaught up bet pluscomunidade,caught up bet pluspertencimento", afirma a psiquiatra Lee.

Recentemente, alguns especialistas começaram a defender que, mais do que o tempocaught up bet plustela, o conteúdo que é consumido por adolescentes e crianças deve ser mais levadocaught up bet plusconsideração.

No entanto, mesmocaught up bet plusatmosferas construtivas e educacionais há limites. Para Eniocaught up bet plusAndrade, do HCcaught up bet plusSão Paulo, "aula online, na verdade, não foi feita para menorcaught up bet plus18 anos. O aprendizado virtual já é difícil para quem tem maiscaught up bet plus18 anos. Quanto mais novo - uma criança, um adolescente - mais difícil é conseguir se concentrar".

Layta Sena Ribeiro diz que "o afastamento hoje já não está sendo tão saudável. Porque muitas pessoas acabam se acomodando. Leva a sedentarismo, a reverberações até físicas que causam prejuízos", diz.

"E o contato físico é importante porque a partir dele a gente constróicaught up bet plusfato relaçõescaught up bet plusdensidade. Há colaboração, solidariedade, fatores importantes para a forma como damos significado às nossas experiências."

Após dois anoscaught up bet pluspandemia, Lee Fu-I relata ter se deparado com casoscaught up bet plus"destreino,caught up bet plusuma faltacaught up bet plushabilidade social, porque o que tinha que ter sido aprendido dos 15 aos 18 anos, no final da adolescência, não foi aprendido".

"Mas eles vão aprender", diz ela.

Uma revisãocaught up bet plusdiversos estudos realizados pelo mundo sobre os impactos do prolongamento da pandemia conclui que, no geral, as pessoas têm se saído bem resilientes e talvez até melhores desse período, mas observa que crianças e adolescentes estão dentro dos grupos que necessitamcaught up bet plusatenção especial.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançou no começo do ano passado um espaço virtual para adolescentes brasileiros que querem desabafar ou buscar orientação sobre problemascaught up bet plussaúde mental.

Gabriela Mora, oficial do Programacaught up bet plusCidadania dos Adolescentes do Unicef no país, explica que a iniciativa Pode Falar oferece atendimento humano e cuidado psicológicocaught up bet plusparceria com entidades que prestam esse tipocaught up bet plusauxílio.

Ela afirma que a alta demanda pelo serviço ainda não está sendo totalmente absorvida pela atual estrutura, mas diz que o atendimento está sendo ampliado.

O atendimento está disponível em um site e no WhatsApp pelo número 61-9660- 8843.

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