Por que é essencial se proteger do sarampo, doença que causa amnésia imunológica:pixbet tem cashout
Numa sinistra lembrança das cruzes vermelhas marcadas nas portas durante surtospixbet tem cashoutpeste na Idade Média, bandeiras vermelhas surgiram, por todo o país, do ladopixbet tem cashoutforapixbet tem cashoutcasaspixbet tem cashoutfamílias ainda não vacinadas, sendo colocadas no meio da vegetação, amarradas a pilastras ou penduradaspixbet tem cashoutárvores. Isso permitia que os médicos fossempixbet tem cashoutcasapixbet tem cashoutcasa aplicar as vacinas compulsórias naqueles que precisavam. Fora isso, Samoa tornou-se uma ilha fantasma — com estradas vazias e voos cancelados.
Finalmente, as infecções diminuíram, e o estadopixbet tem cashoutemergência foi encerradopixbet tem cashout28pixbet tem cashoutdezembropixbet tem cashout2019. No total, 5.667 pessoas foram infectadas — incluindo 8% da população com menospixbet tem cashout15 anos. Destes, 81 morreram, incluindo três crianças da mesma família.
A epidemia tinha chegado ao fim, mas o vírus não havia necessariamente feitopixbet tem cashoutúltima vítima ainda. Foi aí que entrou a "amnésia imunológica", um misterioso fenômeno com o qual a humanidade convive há milênios, mas que foi descoberto apenaspixbet tem cashout2012.
Essencialmente, quando você é infectado com sarampo, seu sistema imunológico abruptamente se esquece dos patógenos que enfrentou até então — todo resfriado, toda gripe, toda exposição a bactérias ou vírus no ambiente, toda vacina já recebida. A perda é quase total e permanente.
Uma vez que a infecçãopixbet tem cashoutsarampo acaba, a evidência atual sugere que seu corpo precisa reaprender o que é bom e o que é ruim para ele, quase do zero.
"De certa forma, a infecção causada pelo vírus do sarampo basicamente reconfigura o sistema imunológico para seu modo original", diz Mansour Haeryfar, professorpixbet tem cashoutimunologia da Western University, no Canadá, "como se nunca tivesse se deparado com nenhum micróbio no passado".
Um contágio, muitas consequências
Mas como isso acontece? Quanto tempo dura? E será que pode causar outras epidemias?
O vírus do sarampo é um vírus respiratório antigo, transmitido por meiopixbet tem cashoutaerossóis (partículas suspensas no ar) e gotículas. Acredita-se que tenha passado do gado para seres humanos há cercapixbet tem cashout2,5 mil anos — possivelmente aproveitando-se das cidades abarrotadaspixbet tem cashoutgente que proliferavam mundo afora na época.
Desde então, o sarampo passou a circular livremente para atacar crianças do mundo todo — especialmente nos primeiros anospixbet tem cashoutvida —, infectando quase todas as pessoaspixbet tem cashoutalgum momento antespixbet tem cashoutcompletarem 15 anos.
Em 1967, um ano antespixbet tem cashouta vacina contra o sarampo ser introduzida no Reino Unido, foram registrados 460.407 casos suspeitos no país.
Quando colonizadores europeus cruzaram o Atlântico pela primeira vez, acredita-se que o vírus tenha sido um dos novos produtos importados — juntamente a outros, como a varíola e febre tifóide — que eliminaram 90% da população indígena das Américas no períodopixbet tem cashoutum século.
Os cientistas sabem, há décadas, que, mesmo depois da recuperação, crianças que foram infectadas com sarampo têm muito mais chancepixbet tem cashoutficar doentes e morrerpixbet tem cashoutoutras causas.
De fato, um estudopixbet tem cashout1995 identificou que vacinar contra o sarampo reduz a probabilidadepixbet tem cashoutmorte no ano seguinte entre 30% e 86%. No entanto, exatamente por que o sarampo era um elemento tão significativo na origempixbet tem cashoutdoenças infantis não estava claro.
Até que,pixbet tem cashout2002, um grupopixbet tem cashoutcientistas japoneses descobriu que o receptor com o qual o vírus do sarampo se conecta — uma espéciepixbet tem cashoutfechadura molecular que permite que ele entre no corpo — não está nos pulmões, como seriapixbet tem cashoutse esperarpixbet tem cashoutum vírus respiratório. Em vez disso, se encontra nas células do sistema imunológico.
"Foi uma surpresa, se você comparar com o que sabíamos na época a partir dos livros didáticos, sobre como o vírus do sarampo entraria no nosso hospedeiro", diz Rikpixbet tem cashoutSwart, professor associadopixbet tem cashoutciência do vírus no Centro Médico da Universidade Erasmus, na Holanda.
Uma década depois, uma equipe internacionalpixbet tem cashoutpesquisadores — incluindo Swart — decidiu estudar o assunto mais a fundo. Eles marcaram o vírus do sarampo com uma proteínapixbet tem cashoutcor verde fluorescente, infectaram macacos com ele e rastrearam onde as partículas virais verdes iriam parar.
"[Vimos que] ele infecta muitas células sistematicamente", afirma Swart.
"Então o vírus causa uma viremia, o que significa que passa a haver vírus no sangue — na verdade, glóbulos brancos são infectados e levam o vírus para todos os tecidos linfoides, que são seus linfonodos, seu baço, seu timo [glândula localizada no centro do peito que é parte do nosso sistema imunológico]", diz ele, explicando que isso confirmou que o sarampo é uma infecção do sistema imunológico.
Um surtopixbet tem cashoutsarampo na Holanda,pixbet tem cashout2013, ofereceu uma oportunidade para testar esta teoria. Teve início entre a comunidade protestante ortodoxa, que se recusou a tomar a vacina por motivos religiosos, e acabou infectando 2,6 mil pessoas.
Anos mais tarde, cientistas investigaram amostraspixbet tem cashoutsangue tiradas dos pacientes e confirmaram que continham células Tpixbet tem cashoutmemória — um tipo específicopixbet tem cashoutcélula do sistema imunológico — infectadas com sarampo.
Um paradoxo intrigante
Este não era, no entanto, o fim da história. O receptor com que o vírus do sarampo se conecta foi encontrado principalmente na célula Tpixbet tem cashoutmemória. Sua função é permanecer no nosso corpo por décadas depoispixbet tem cashoutuma infecção, procurando discretamente pelo patógeno específico que cada uma foi treinada para atacar.
Portanto, o sarampo infecta as únicas células que são capazespixbet tem cashoutse lembrar do que o corpo já enfrentou antes.
O que acontecepixbet tem cashoutseguida continua intrigando os cientistas hojepixbet tem cashoutdia — tanto que tem sido chamadopixbet tem cashout"paradoxo do sarampo".
"O sarampo suprime o sistema imunológico e, ao mesmo tempo, o ativa", afirma Swart.
Embora o sarampo apague as memórias imunológicas, há uma exceção a estas perdas. Curiosamente, o único vírus que você definitivamente será capazpixbet tem cashoutreconhecer depoispixbet tem cashoutficar doente com sarampo é o próprio causador do sarampo.
As infecções da doença geram uma poderosa resposta imunológica contra o vírus, levando a uma imunidade para a vida toda na grande maioria das pessoas. E, embora ninguém saiba ainda por que, pode ser isso que cause a amnésia imunológica.
Primeiro, o vírus do sarampo infecta as célulaspixbet tem cashoutmemória. Depois,pixbet tem cashoutalguma forma, o sistema imunológico aprende como identificar o próprio vírus. Após ter começado a produzir célulaspixbet tem cashoutdefesa específicas contra o sarampo, estas começam a viajar pelo corpo, caçando célulaspixbet tem cashoutmemória infectadas. Então você acaba com células capazespixbet tem cashoutidentificar o sarampo sistematicamente, matando células que podem identificar outros vírus. O vírus nos leva a destruir nossas próprias memórias imunológicas.
Com o tempo, o sarampo acaba substituindo todas as nossas células imunológicaspixbet tem cashoutmemória com aquelas que são capazespixbet tem cashoutidentificar o próprio sarampo — e nada mais. Isso significa que você fica imune apenas ao sarampo, enquanto todos os outros patógenos são esquecidos.
É uma estratégia contraintuitiva, especialmente do pontopixbet tem cashoutvista do vírus, já que ele não conseguirá se infiltrar novamente no corpo sem ser identificado.
(Infelizmente, não há evidênciaspixbet tem cashoutque esta reinicialização imunológica possa beneficiar quem apresenta mau funcionamento do sistema imunológico, como pessoas com distúrbios autoimunes — e, mesmo se beneficiasse, Swart afirma que tratamentos com base no sarampo só funcionariam naqueles que nunca foram infectados com sarampo ou tomaram a vacina antes).
"Um outro vírus que usa uma estratégia semelhante é o HIV", afirma Swart.
"Ele infecta as células do sistema imunológico e, como consequência, derruba [o sistemapixbet tem cashoutdefesa] e o torna menos competente. Mas a grande diferença é que o HIV faz isso lentamente, mas persistentemente,pixbet tem cashoutmaneira crônica, então essa degradação continua por períodospixbet tem cashouttempo realmente longos."
Na verdade, embora o HIV danifique o sistema imunológico, a amnésia causada pelo sarampo é única entre as infecções humanas.
Em outros animais, vírus como da cinomose caninapixbet tem cashoutcachorros e o morbillivírus cetáceo (DMV, na siglapixbet tem cashoutinglês)pixbet tem cashoutgolfinhos também suprimem o sistema imunológico e podem possuir um mecanismo semelhante, diz Swart.
Anospixbet tem cashoutrecuperação
Desde a descoberta da amnésia imunológica, as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar. Uma vez que o sistema imunológico perde suas célulaspixbet tem cashoutmemória, ele precisa, com muito esforço, reaprender tudo que sabia antes.
Um estudopixbet tem cashout2015, feito na população, sugere que este processopixbet tem cashoutrecuperação pode durar até três anos — o que, intrigantemente, é mais ou menos o tempo que leva para crianças adquirirem imunidade contra os patógenos do cotidiano.
"Crianças desenvolvem muitos resfriados e doenças gastrointestinais e precisampixbet tem cashoutbastante tempo para desenvolver seu sistema imunológico", diz Swart.
"Então isso é mais ou menos da mesma magnitudepixbet tem cashouttermospixbet tem cashoutduração."
Enquanto isso, as crianças que tiveram sarampo ficam expostas ao riscopixbet tem cashoutserem infectadas por uma sériepixbet tem cashoutpatógenos que seus corpos haviam sido capazespixbet tem cashoutreconhecer anteriormente.
"Provavelmente, todas estas infecções precisam ser vividas novamente para realmente reparar todo o dano causado", afirma Swart.
"E toda infecção traz o risco do desenvolvimentopixbet tem cashoutuma doença."
Não surpreende, então, que o sarampo não apenas aumente o riscopixbet tem cashoutcontrair uma doença, como tambémpixbet tem cashoutmorte.
De fato, a mortalidade infantil devido a outros vírus é significativamente ligada à incidênciapixbet tem cashoutsarampo. O estudopixbet tem cashout2015 mostrou que, quando a mortalidade infantil aumenta no Reino Unido, nos Estados Unidos ou na Dinamarca, isso geralmente acontece porque o sarampo se tornou mais prevalente.
As conclusões explicam por que vacinar crianças contra o sarampo oferece um efeito colateral benéfico inesperadopixbet tem cashoutreduzir as mortes entre crianças, muito além dos números que corriam riscopixbet tem cashoutmorrer do próprio sarampo.
Uma vacina vale centenas
Tudo isso significa que o sarampo pode ter um impacto profundo na saúdepixbet tem cashoutuma populaçãopixbet tem cashoutgeral, mesmo anos depois que um surto foi contido.
Veja o exemplopixbet tem cashoutSamoa. Acredita-se que as origens do surtopixbet tem cashoutsarampopixbet tem cashout2019 na ilha estejam ligadas a um incidente traumático e excepcionalmente raro ocorrido anos antes, quando duas enfermeiras misturaram incorretamente um lote da vacina MMR, contra sarampo, caxumba e rubéola, e duas crianças morreram (as enfermeiras forampixbet tem cashoutseguida presas). Isso levou a um medo generalizado das vacinas, e como resultado apenas 30% da população do país estava totalmente imunizadapixbet tem cashout2018.
Quando o sarampo — um dos vírus mais contagiosos do planeta, com um númeropixbet tem cashoutreprodução R entre 12 e 18 (ou seja, cada pessoa infectada transmite o vírus para outras 13 a 18 pessoas,pixbet tem cashoutmédia) — chegou, encontrou condições quase perfeitas parapixbet tem cashoutpropagação.
Embora as autoridades tenham conseguido controlar a epidemiapixbet tem cashoutsarampo, seu impacto pode ter sido duradouro.
Menospixbet tem cashoutum ano depois que o sarampo desapareceu da ilha, um outro vírus chegou. Em 27pixbet tem cashoutnovembropixbet tem cashout2020, Samoa registrou seu primeiro casopixbet tem cashoutcovid-19.
A covid-19 nunca teve a oportunidadepixbet tem cashoutse espalhar na ilha — um amplo programapixbet tem cashoutvacinação e lockdowns impediupixbet tem cashoutpropagação. Entretanto, projeções sugerem que, caso tivesse se propagado, a população local teria estado sob um risco significativamente maior como consequência do surtopixbet tem cashoutsarampo.
De acordo com estes cálculos, o legado da amnésia imunológica na ilha poderia ter aumentado o número totalpixbet tem cashoutcasospixbet tem cashout8%, e o totalpixbet tem cashoutmortespixbet tem cashoutmaispixbet tem cashout2%.
Enquanto isso, estudospixbet tem cashoutmodelagem identificaram que surtospixbet tem cashoutsarampo que ocorrem depois das campanhaspixbet tem cashoutvacinação contra covid-19 podem eliminar a imunidadepixbet tem cashoutrebanho contra o coronavírus e levar a um ressurgimento dos casos.
"Talvez você tenha sofrido uma infecção do vírus do sarampo e pensado, 'OK, isso é irrelevante para a minha proteção contra a covid-19'", diz Miguel Muñoz, professorpixbet tem cashoutestatística da Universidadepixbet tem cashoutGranada, na Espanha, que liderou o estudo.
"Talvez não seja, porque se você foi infectado com sarampo,pixbet tem cashoutcobertura vai desaparecer. Você não estará mais a salvo."
Isso tudo torna o sarampo definitivamente desagradável, se já não era. E também levanta uma questão importante: será que as pessoas que foram infectadas com sarampo deveriam tomar novamente suas vacinas?
Segundo Swart, atualmente esta não é uma prática padrão — embora não seja uma ideia ruim.
"Em alguns casos, pode ser necessário. Mas,pixbet tem cashouttermospixbet tem cashoutprograma, isso não está sendo feito atualmente, que eu saiba", diz ele.
Infelizmente,pixbet tem cashouttermos práticos, Swart observa que revacinar as pessoas seria útil para uma minoria.
"Serviria apenas para pessoas que foram totalmente vacinadas, mas não contra o sarampo", diz ele.
"É um grupo tão pequeno que não é realmente suficientemente significativo, eu acho, para desenvolver um programa como este numa base individual."
Então, enquanto ainda não há uma conclusão clara sobre a revacinação, uma coisa simples e ao mesmo tempo poderosa que as pessoas podem fazer para proteger suas preciosas memórias imunológicas— duramente reunidas ao longopixbet tem cashoutdécadas, até formarem umas espéciepixbet tem cashoutregistropixbet tem cashoutnossas interações com o mundo — é se vacinar contra o sarampo.
Se você incluir a imunidade adquirida naturalmente, esta vacina realmente significa centenaspixbet tem cashoutinoculações pelo preçopixbet tem cashoutuma.
pixbet tem cashout Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) pixbet tem cashout no site BBC Future pixbet tem cashout .
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