As 3 características que fazemalguém uma boa pessoa:
Desde então, os pesquisadores se apoderaram desse trio - narcisismo, maquiavelismo e psicopatia -, relacionando-o a uma variedadecoisas, como sucesso no trabalho, problemasrelacionamento e até mesmo os "sete pecados capitais".
É exatamente por isso que Scott Barry Kaufman, psicólogo da Universidade Columbia, nos EUA, decidiu que era horarecompor o equilíbriofavor do lado positivonossas vidas.
"Fiquei bastante frustrado com o fatoas pessoas serem tão fascinadas com o lado sombrio, enquanto o lado da luz da personalidade estava sendo negligenciado", explica.
Comocontraparte sombria, a "tríadeluz" investigada por Kaufman e seus colegas compreende três traçospersonalidade.
Cada um deles destaca um aspecto diferentecomo você interage com os outros:ver o melhor nas pessoas a ser rápidoperdoar, do aplaudir o sucesso dos outros a ficar desconfortável manipulando as pessoas.
Afinal, que características são essas?
O que os 'santos do cotidiano' precisam ter
O primeiro traço, o humanismo, é definido como acreditar na dignidade inerente e no valoroutros seres humanos.
O segundo, o kantismo, recebe o nome do filósofo Immanuel Kant, e neste caso indica tratar as pessoas como finssi mesmas, não apenas como peões involuntáriosseu jogo pessoalxadrez.
Finalmente, a "fé na humanidade" é sobre acreditar que os outros humanos são fundamentalmente bons e não querem tirar vantagemvocê.
William Fleeson, psicólogo da Universidade Wake Forest, nos EUA, diz que as três características se encaixam bem na pesquisa existente sobre o que fazalguém uma boa pessoa. Em particular, acreditar que outras pessoas são boas parece ser fundamental.
"Quanto mais alguém acredita que os outros são bons, menos sente a necessidadeproteger-se epunir os outros quando estes fazem algo ruim", detalha.
Os "santos do cotidiano" não estão apenas beneficiando o resto do mundo comgentileza. Kaufman descobriu que aqueles que têm uma alta classificação nestes traços apresentam maior autoestima, sensoidentidade e satisfação com seus relacionamentos e com a vidageral.
Uma sériecaracterísticas fortes também se mostraram ligadas a pontuações altas, como curiosidade, entusiasmo, amor, bondade, trabalhoequipe, perdão e gratidão.
Um poucoluz, um poucosombra
Em vezser apenas luz ou obscuridade, a maioria das pessoas será uma mistura. Você pode fazer um teste que mostrará seus níveispersonalidade leve e sombria no siteKaufman (em inglês).
Enquanto alguém que tem uma pontuação altatraçospersonalidade leve provavelmente terá uma pontuação baixa para os obscuros, ficou claro durante os estudosKaufman que estas facetas não estão realmenteoposição direta uma à outra, apoiando a ideiaque somos todos um pouco ambos.
Isso pode ser uma coisa boa. Aqueles com personalidades mais sombrias tendem a ser mais corajosos e assertivos, por exemplo - dois traços que são úteis quando se tenta colocar as coisasprática. Personalidades mais obscuras também estão correlacionadas com a criatividade e a habilidadeliderança.
"Eu acho que essa dualidade estátodos nós", diz ele. "Abraçar o lado obscuro é realmente uma coisa muito boa, e aproveitá-loforma saudável por seu potencial criativo é mais importante do que fingir que ele não está ali."
Mesmo se você se virar para o lado da luz, isso não significa quevida será toda iluminada.
Uma faceta do kantismo, por exemplo, é o preceitopermanecer autêntico, mesmo que isso possa prejudicarreputação. Alguém que vive assim poderá,nomepermanecer fiel a si mesmo, acabaruma posição controversa.
"Às vezes, a autenticidade exige tomar uma posição", diz Kaufman. "Mas você não está fazendo issouma maneira que está tentando manipular alguém."
Tomemos o exemploDorothy Day, uma jornalista e ativista americana que morreu1980. Ela dedicouvida à justiça social e à assistência aos pobres, fundando abrigos, por exemplo. Portrajetóriadoação, alguns defendem que ela seja canonizada pela Igreja Católica.
Mas ela nem sempre teria sido considerada agradável por todos.
"Ela era extremamente moralista, viveu na pobreza e muitas vezes perdeu amizades por contasua postura", diz Fleeson.
Aqueles com personalidades mais leves também tendem a se sentir mais culpados - o que não é necessariamente uma coisa ruim, diz Taya Cohen, da Tepper School of Business da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA.
Há uma diferença entre sentimentos saudáveis de culpa desencadeados por nossas próprias ações e ruminações nocivas que poderiam ser classificadas como vergonha, diz ela.
"Mesmo que o sentimentoculpa seja desagradável,geral, ele ajuda as pessoas a se comportaremmaneiras mais apropriadas".
De fato, a pesquisa vinculou a tendência à culpa a uma variedadecomportamentos positivosdiferentes aspectos da vida das pessoas. Por exemplo, se você derramasse acidentalmente vinho sobre o tapete novo e claroum amigo e depois movesse uma cadeira para cobrir a mancha, como você se sentiria no dia seguinte?
Metamorfoses ambulantes
Aqueles que sentem que agiram mal são mais propensos à culpa. Mas essa culpa é, na verdade, apenas sentir uma profunda responsabilidade pelos outros, diz Cohen - uma luz interior que nos guia para fazer a coisa certa.
Se você tem medonão se sair muito bem no teste da "tríadeluz", considere que nossas personalidades são mais mutáveis do que você imagina.
Embora o trabalho feito por Fleeson e seus colegas tenha constatado que as pessoas tendem a ser moralmente consistentes a curto prazo, durante um período mais longo, pode haver espaço para manobras.
Day - que está a caminhose tornar uma santa oficial - acreditava que alguém poderia escolher tornar-se uma pessoa melhor também, forçando-se a mudarforma lenta mas consistente ao longo do tempo.
Enquanto ainda não há pesquisas para mostrar que aideia funciona para todos, há evidênciasque a personalidade é um tanto maleável ao longonossas vidas.
"Eu acho que a personalidade é apenas uma combinaçãohábitos, estadospensamento, ação e sentimento no mundo, e que podemos mudar esses hábitos", diz Kaufman.
Estudos também mostram que a tendência à culpa tende a aumentar ao longo da vida adulta, dos 20 aos 60 anos, então há uma chancevocê acabar se tornando mais "santo" à medida que envelhece, quer você goste disso ou não.
O trabalhoKaufman com a tríadeluz traz uma mensagem esperançosa sobre os humanosgeral. Maismil pessoas realizaram os dois testes para revelar seus traçospersonalidade leves e obscuros - emédia, os testados inclinaram-se mais para o lado da luz.
"Isso é uma espécieverificaçãoque, apesar dos horrores do mundo, as pessoas são por padrão basicamente inclinadas para o lado da luz", aponta.
Se mais trabalhos sobre esta tríade encontrarem a mesma coisa, isto reforçará a ideiaque, apesartodas as nossas falhas, as pessoas são basicamente boas.
Talvez isso seja suficiente para estimular a fé na humanidadequalquer um que esteja oscilando entre o lado sombrio e o lado levesua personalidade, e incline a balança a favor da "santidade" cotidiana.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC BBC Future.
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