Como o usoblackjack pcdadosblackjack pcfuncionários pelas empresas está mudando o mercadoblackjack pctrabalho:blackjack pc
Sua casa tinhablackjack pcser limpa, seus filhos tinhamblackjack pcir à escola,blackjack pcconta-poupança devia estarblackjack pcordem. Se alguém na fábrica achasse que você estava no caminho errado, você poderia não apenas perder uma promoção, mas seu emprego estaria por um fio.
Essa operação 'Big Brother' era tocada pelo Departamento Sociológico da Ford, uma equipeblackjack pcinspetores que visitava as casas dos trabalhadores sem anunciarblackjack pcchegada. Seu objetivo era promover "a saúde, a segurança e o bem-estar dos funcionários", como dizia um documento interno. O departamento oferecia tudo, desde planos médicos até cursosblackjack pcmanutenção da casa.
O programa durou oito anos. Era caro, e muitos trabalhadores não gostavam do seu tom paternalista e o consideravam intrusivo. Hoje, a maioriablackjack pcnós o consideraria inaceitável - o que o meu trabalho tem a ver com as minhas roupas lavadas, minha conta bancária ou meus relacionamentos?
Ainda assim, a ideiablackjack pcempregadores tentando controlar a vida dos funcionários além do localblackjack pctrabalho se manteve, e ferramentas digitais facilitaram essa prática mais do que nunca. É provável que você use várias tecnologias que podem criar um perfil detalhadoblackjack pcsuas atividades e hábitos, dentro e fora do escritório. Mas o que empregadores podem (e não podem) fazer com esses dados? E como podemos impor limites a essa prática?
Qual é minha pontuação como funcionário?
Todos estamos sendo avaliados todos os dias. As passagens carasblackjack pcavião que eu comprei recentemente já entraram na minha avaliaçãoblackjack pccrédito. O fatoblackjack pcque eu pareiblackjack pccorrer todas as manhãs foi percebido pelo meu aplicativoblackjack pcexercícios - e, se estivesse conectado com uma companhiablackjack pcseguros, essa mudança poderia influenciar nos preços.
Pelas minhas atividades online, o Facebook sabe que eu amo cerveja e acredita que a minha tela é um bom lugar para colocar publicidadeblackjack pccervejarias hipsters. Um site recentemente afirmou que eu sou o 1.410° usuárioblackjack pcTwitter mais influente da Colômbia - algo que poderia aumentar minha pontuaçãoblackjack pccrédito, aparentemente. E, sim, minha eficiência como funcionário também pode ser avaliada e determinada por um número.
E não estamos apenas falandoblackjack pcserviços avulsos. Um sistemablackjack pcpontos foi incorporado ao mundo corporativo.
Departamentosblackjack pcrecursos humanos estão lidando com volumes cada vez maioresblackjack pcinformações para avaliar funcionáriosblackjack pcuma forma mais meticulosa. Desde softwares que gravam cada registro nos teclados até máquinasblackjack pccafé tecnológicas que só lhe darão um café se você usar seu crachá. Há mais oportunidades do que nunca para chefes acompanharem comportamentos. Alguns analistas acreditam que essa indústria valerá maisblackjack pcum bilhãoblackjack pcdólares (RS$ 3,68 bilhões) até 2022.
Um grande objetivo da coletablackjack pcdados é fazer "previsões sobre quanto tempo um funcionário ficará no cargo, o que pode influenciar contratações, demissões ou retençãoblackjack pcempregados", diz Phoebe Moore, professorablackjack pcPolítica Econômica e Tecnologia da Universidadeblackjack pcLeicester (Reino Unido) e autora do livro The Quantified Self in Precarity: Work, Technology and What Counts (O Ser Quantificado na Precariedade: Trabalho, Tecnologia e o Que Vale,blackjack pctradução livre).
A coleçãoblackjack pcdados está "mudando relaçõesblackjack pcempregabilidade, a forma como as pessoas trabalham e as expectativasblackjack pccomo poderia ser", diz Moore.
Um problema dessa estratégia é que ela é cega a alguns aspectos não-quantificáveis do trabalho. Algumas das coisas mais sutis que eu faço para escrever melhor, por exemplo, não são quantificáveis: tomar um drink com alguém que me conta uma ótima história, ou imaginar um texto durante o caminho até o trabalho. Nenhuma dessas coisas apareceria na minha "pontuação profissional". "Muitos dos aspectos qualitativos do trabalho estão sendo descartadas", diz Moore, "porque se você não pode medi-las, elas não existem".
O dilema dos dados
Uma pessoa saudável e fisicamente ativa é um funcionário melhor? Pesquisas indicam que atividades físicas diminuem as ausências e aumentam a produtividade. Isso levou ao crescimento da indústriablackjack pcsaúde e bem-estar com programas que valem bilhões.
Funcionários dão valor a esses programasblackjack pcsaúde não só porque seus chefes podem lhes dar folga para participar deles, mas também porque se eles gravarem seus exercícios pelo celular ou pulseirasblackjack pcmonitoramento, podem receber recompensas.
"Eu uso esse aparelho, ganho pontos e compro coisas por fazer coisas que eu já faria sem ele", diz Lauren Hoffman, uma ex-vendedorablackjack pcum desses programasblackjack pcsaúde dos Estados Unidos e que também participava deles.
Há vários motivos econômicos para coletar dados dos funcionários - desde fazer uma melhor administraçãoblackjack pcriscos até avaliar se comportamentos sociais no localblackjack pctrabalho podem levar à discriminaçãoblackjack pcgênero. "As empresas não entendem como as pessoas interagem e colaboram no trabalho", diz Ben Waber, presidente e CEO da Humanyze, uma empresa americana que agrupa e analisa dados sobre o localblackjack pctrabalho.
A Humanyze coleta dadosblackjack pcduas fontes. A primeira é a metadata das comunicações do funcionário: email, telefone e serviço corporativoblackjack pcmensagens. A empresa diz que analisar metadata não inclui ler o conteúdo dessas mensagens, nem as identidades das pessoas envolvidas, mas envolve avaliar a informação mais geral, como duração, frequência e localização geral para que se saibablackjack pcque departamento o funcionário está.
A segunda área remete aos dados coletadosblackjack pcgadgets como sensores infravermelhosblackjack pcBluetooth que detectam quantas pessoas estão trabalhandoblackjack pcuma determinada parte do escritório e como elas se movem. Eles também usam crachásblackjack pcidentidade 'supercarregados' que, como diz Waber, contêm 'microfones que não gravam o que você diz, mas fazem processamentoblackjack pcvozblackjack pctempo real'. Isso permite a medição da proporçãoblackjack pctempo que você fala ou quão frequentemente você é interrompido.
Após seis semanasblackjack pcpesquisa, o empregador recebe um quadro geral do problema que quer resolver com base nos dados avaliados. Se o objetivo, por exemplo, for aumentar as vendas, eles podem analisar o que o(a) melhor vendedor(a) faz que outros não fazem. Ou, se quiserem medir produtividade, eles podem deduzir que os funcionários mais eficientes falam mais frequentemente com seus gestores.
Waber diz que é "uma lenteblackjack pcquestões muito grandes do trabalho, como diversidade, inclusão, avaliaçãoblackjack pccargasblackjack pctrabalho, planejamento do escritório ou riscos regulatórios". Seu argumento financeiro é que essas ferramentas ajudarão empresas a poupar milhõesblackjack pcdólares e anosblackjack pctempo.
Coleta e proteção
Mas nem todos estão convencidos da utilidade dessas técnicas ou se tecnologias intrusivas nas vidas pessoais podem ser justificadas. Uma pesquisa da empresablackjack pcconsultoria PwCblackjack pc2015 indicou que 56% dos empregados usariam um dispositivo móvel 'wearable' dado por seu empregador se fosse para aumentar seu bem-estar no trabalho. "Deveria haver algum tipoblackjack pcrecompensa por algo assim, algum benefícioblackjack pctermosblackjack pccondiçõesblackjack pctrabalho ou vantagens", diz Raj Mody, um analista da firma. E Hoffman lembra que esses programas não são um negócio fácilblackjack pcvender. "Você vai pegar os dados e usá-los contra mim", ouvia ela frequentementeblackjack pcfuncionários desconfiados.
E há um problema crucial: essas medidasblackjack pcexercícios físicos frequentemente não são exatas. As pessoas não são boasblackjack pcreportar a si mesmas e esses aparelhos não são os mais precisos. Uma avaliação recente apontou que diferentes modelos e técnicas apontam para diferentes resultados e é muito difícil fazer comparações entre eles.
Mas também não está claro se contar degraus, por exemplo, é uma maneira realmente boablackjack pcmedir atividade, tanto porque essa medição não leva intensidadeblackjack pcconta - um passo correndo conta tanto quanto um passoblackjack pccasa - e caminhar é mais difícil para uns do que para outros.
Outra questão é a quantidadeblackjack pcdados que esses programas conseguem coletar. Eles não apenas monitoramblackjack pcatividade diária, mas muitas vezes também oferecem examesblackjack pcsaúde para os participantes, o que permite que eles registrem coisas que não parecem ser da conta do seu chefe: seu nívelblackjack pccolesterol, seu peso, ou até mesmo seu DNA.
Na maioria dos casos, é ilegal nos EUA e na Europa a discriminação contra funcionários com baseblackjack pcseus dados sobre saúde ou qualquer teste genético sobre saúde, mas há algumas áreas cinzentas. Em 2010, Pamela Fink, a chefeblackjack pcrelações públicasblackjack pcuma empresablackjack pcenergia americana, processou seu empregador alegando ter sido demitida devido a uma mastectomia dupla para reduzirblackjack pcprobabilidadeblackjack pcdesenvolver câncer. Por mais que a empresa não tivesse acesso aos seus resultadosblackjack pcDNA, ela disse que eles sabiam sobre o risco porque a cirurgia apareceublackjack pcsuas contasblackjack pcseguro. O caso foi resolvido na corte.
Os que oferecem esses programasblackjack pcbem-estar dizem que os empregadores só veem dados agregados e anonimizados para que não seja possível focarblackjack pcempregados específicos com baseblackjack pcseus resultadosblackjack pcbem-estar. A Humanyze diz que seus clientes não estão forçando seus empregados a serem monitorados, mas lhes dando uma chanceblackjack pcparticipar. Assim como outros programasblackjack pcbem-estar, eles anonimizam e comparam a informação que compartilham com funcionários. Waber enfatiza queblackjack pcempresa nunca vende dados pra terceiros e afirma que há transparência no processo.
Mas esse tipoblackjack pcinformação pode ser usadablackjack pcmaneiras mais controversas e a boa vontade das empresas envolvidas não elimina todos os riscos. Dados podem ser roubadosblackjack pcum ataque cibernético, por exemplo, ou usadoblackjack pcuma forma que não seja transparente para os usuários. "Pode ser vendida basicamente para qualquer um, com qualquer propósito, e recirculadablackjack pcoutras maneiras", diz Ifeoma Awunja, uma socióloga e professora da Universidadeblackjack pcCornell (EUA) que pesquisa o usoblackjack pcdadosblackjack pcsaúde no mercadoblackjack pctrabalho.
Há casosblackjack pccompanhias que já estão fazendo isso - mesmo que os dados que elas vendam seja anônimo, eles podem ser cruzados com outras informações anônimas para identificar pessoas. Nem todas essas empresas o fazem, e algumas dizem que não é uma boa ideia fazê-lo. "Tirar um lucro a curto prazo no dadoblackjack pcusuários pode prejudicar a reputação da empresa, o que diminuirá o volumeblackjack pcusuários e também o seu valor para clientes", diz Scott Montgomery, CEO da Wellteq, uma empresablackjack pc"bem-estar corporativo" com baseblackjack pcCingapura.
Mas mesmo que todas as empresas fizessem a coisa certa e agissemblackjack pcacordo com o interesse dos clientes, a boa intenção desses programas é a única proteção para muitas pessoas. A lei dos Estados Unidos está "muito atrás" daquelas da União Europeia (UE) eblackjack pcoutras partes do mundoblackjack pctermosblackjack pcproteção a clientes, diz Awunja.
Na UE, uma nova Regulação Geralblackjack pcProteçãoblackjack pcDados (GDRP) entrouoblackjack pcvigorblackjack pcmaio, o que proibe qualquer usoblackjack pcdados pessoas sem o consentimento explícito do usuário. Nos Estados Unidos, a legislação variablackjack pcEstado para Estado. Em alguns deles, compartilhar informações sobre saúde com terceiros não é ilegal contanto que os dados não identifiquem as pessoas. Segundo Gary Phelan, um advogado da firma Mitchell & Sheridan, desde que esse tipoblackjack pcinformação não seja considerada médica, não tem as mesmas restriçõesblackjack pcprivacidade. Já o Brasil ainda discute propostas para uma legislação específica que discipline a proteçãoblackjack pcdados pessoais. Na América Latina, diversos países têm legislaçõesblackjack pcproteçãoblackjack pcdados, como Chile, Argentina, Uruguai e Colômbia.
Há também a questãoblackjack pcretornoblackjack pcinvestimento para os empregadores. Eles realmente estão poupando dinheiro? Esses programas são feitos com o intuitoblackjack pcdiminuir o valor dos segurosblackjack pcsaúde tanto para as empresas quanto para os funcionários, já que deveriam diminuir riscosblackjack pcsaúde, faltas devido a problemasblackjack pcsaúde e custos hospitalares. Mas não está claro se isso realmente acontece. Um estudo feitoblackjack pc2013 pela Corporação Rand indicou que, enquanto esses programas poupam dinheiro suficiente para que as empresas paguem por eles, eles "têm pouco ou sequer algum efeito imediato na quantidadeblackjack pcdinheiro gastoblackjack pcplanosblackjack pcsaúde".
Com todas essas ferramentas, "seres humanos são avaliadosblackjack pctermos dos riscos que eles oferecem às empresas", diz Awunja. Qualquer que seja o benefício dessas tecnologias, elas precisam ser balanceadas com os direitosblackjack pcprivacidade e as expectativas dos funcionários.
Balanço
Há um episódio da série Black Mirror, da Netflix, que traz um anúncio assustador. Nesse episódio, cada pessoa recebe uma pontuação com baseblackjack pcsuas interaçõesblackjack pcuma plataforma social que parece muito com o Instagram. Esses pontos definem quase toda oportunidade que elas terão na vida: que empregos conseguirão, onde vão morar, quais passagensblackjack pcavião podem comprar ou com quem namorar. Aliás,blackjack pc2020, a China terá uma Pontuaçãoblackjack pcCidadão obrigatória calculada a partirblackjack pcuma sérieblackjack pcfontesblackjack pcinformação, desde seu históricoblackjack pccompras até os livros que você lê.
Ainda que a realidade não seja tão sinistra quanto o episódioblackjack pcBlack Mirror, ele ilustra as limitações éticas, tecnológicas e legaisblackjack pcfazer algo parecidoblackjack pcalgum lugar. Na maior parte do mundo, a lei proíbe que o departamentoblackjack pcRecursos Humanos compartilhe ou peça dados sobre seu cartãoblackjack pccrédito, seu planoblackjack pcsaúde ou seu siteblackjack pcencontros preferido, a não ser que você dê um consentimento explícito para isso.
Isso deve manter a maioria das tentações cínicas à distância por ora, mas como aproveitar os benefícios dos dadosblackjack pcuma maneira aceitável? É preciso achar esse balanço: como diz Waber, dados podem lhe dar conselhos com baseblackjack pcevidências para avançar nablackjack pccarreira ou para aumentarblackjack pceficiência no trabalho. Ter um espaço para tomar contablackjack pcsua saúde no trabalho pode aumentarblackjack pcfelicidade no emprego e alguns estudos sugerem que isso também é traduzidoblackjack pcum aumentoblackjack pcprodutividade.
Parte da resposta parece dependerblackjack pcpadrões éticos. Em um artigo, Awunja propõe algumas práticas, como informar empregados sobre os riscosblackjack pcpotencialblackjack pcdiscriminação com baseblackjack pcdados, não penalizar o que não quiserem participar desses programas e determinar uma datablackjack pcvalidade aos dados coletados.
É uma conversa importante para se ter, mesmo que você não tenha nada a esconder. Aparentemente, abrir mãoblackjack pcseus dados fará parte do futuro do trabalho, ao menos no mundo corporativo.
- blackjack pc Leia a versão original desta matéria (em inglês) blackjack pc no site da BBC Capital