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Os sinais escondidos que podem revelar se uma foto é 'fake':free way bet
Luz nos olhos
Um dos truques que ele aprendeu com o passar dos anos foi checar os pontosfree way betluz nos olhosfree way betpessoas. "Se há duas pessoas perto uma da outrafree way betuma foto, geralmente conseguimos ver o reflexo da fontefree way betluz (o sol ou o flash) nos olhos delas", explica.
"A posição, o tamanho e a cor desse reflexo nos dão informações sobre a fontefree way betluz. Se elas não são consistentes, a foto pode ter sido manipulada."
Outro detalhe que pode revelar uma farsa é a cor das orelhas das pessoas. "Se o sol estiver atrásfree way betmim, minhas orelhas parecerão mais vermelhas vistas da frente, porque você consegue ver o sangue. Mas, se a luz vem da frente, você não verá vermelho nas orelhas."
Farid é diretor do departamentofree way betCiência da Computação do Dartmouth College, uma das mais prestigiadas universidades americanas. Ele estuda há décadas a arte da manipulaçãofree way betimagens.
Um dos pontos mais importantes para averiguar a veracidadefree way betimagens é a sombrafree way betobjetos e pessoas. Se desenharmos uma linha entre a ponta da sombra e a parte do objeto que está fazendo a sombra, podemos estender a linha para revelarfree way betonde a luzfree way betuma imagem está vindo.
Ao mapearmos diversos pontosfree way betuma sombra, as linhas que saem deles até o objeto devem cruzar-se. Em uma foto que sofreu alterações, as sombrasfree way betalguns objetos na imagem podem não combinar com as fontesfree way betluz no resto da foto, como explica Farid.
Este método torna possível identificar imagens que tiveram pessoas ou objetos adicionados após terem sido tiradas.
Da mesma forma, o reflexofree way betobjetos efree way betpessoas também "entrega" eventuais falsificações. Se traçarmos linhas entre os objetos efree way betimagem projetada, elas precisam convergirfree way betum único ponto atrás da superfície refletora. Caso contrário, algo foi alterado.
Política
No mundofree way bethoje, imagens falsas têm implicaçõesfree way bettodos os aspectosfree way betnossa vida. Da política à medicina.
"Não há uma eleiçãofree way betque não nos vejamos imagens falsasfree way betum jeito oufree way betoutro", explica Farid. "Fotos são adulteradas para que um candidato pareça melhor. Ou recebem multidões artificiais, como um público mais diverso, para que o candidato não pareça racista. Também podem-se usar composições para que adversários apareçamfree way betforma negativa."
Um exemplo foi quando, na campanha presidencial americanafree way bet2004, surgiu uma imagem do candidato do Partido Democrata, John Kerry, ao lado da atriz Jane Fonda durante uma manifestação pacifista nos anos 1970 (isso reforçaria as credenciais antiguerrafree way betKerry, que criticava o rival republicano, George W. Bush, por seu papel na Segunda Guerra do Golfo).
Descobriu-se mais tarde que a imagem tinha sido composta por duas fotos diferentes.
Em 2012, por exemplo, a BBC Future publicou um guia para identificar imagens fake da destruição provocada pelo furacão Sandy nos Estados Unidos. Fotos como as que mostravam nuvensfree way bettempestade ameaçadoras acima da Estátua da Liberdade, por exemplo.
O usofree way betimagens falsas precede até a internet. Um famoso retrato do presidente americano Abraham Lincoln, assassinadofree way bet1865, é considerado uma composição por diversos especialistas, com a cabeça do presidente sendo adicionada ao corpofree way betoutra pessoa.
Mas a difusãofree way betcâmeras digitais e programasfree way betediçãofree way betimagens tornou a prática mais problemática do que nunca.
Mesmo governos têm culpa no cartório. O Irã, por exemplo, divulgoufree way bet2008 imagens que mostravam um lançamentofree way betmísseis totalmente bem-sucedido - mas um dos lançadores falhara.
"Quando fotosfree way betlugares como Coreia do Norte, Iraque e Síria são usadas para ajudar autoridades a tomar decisões importantes,free way betautenticidade precisa ser verificada sempre que possível", adverte Farid.
Tecnologia
A Darpa, agência do Departamentofree way betDefesa dos EUA que desenvolve tecnologia militar, trabalhafree way betuma ferramenta capazfree way betautomaticamente detectar a manipulaçãofree way betimagens e vídeos. Farid faz partefree way betuma das equipes do projeto, ao ladofree way betKevin Coner, seu sócio na empresafree way betconsultoria Fourandsix.
Juntos, eles criaram o program Izitru, que analisa arquivosfree way betcomputador para saber a procedênciafree way betuma imagem - se ela veio direto da câmera, por exemplo.
"O desafio é que a tecnologia ainda não está num pontofree way betque conseguimos usar uma imagem aleatória e obter uma resposta inequívoca", explica Coner, que passou 16 anosfree way betsua vida profissional na Adobe, a empresa que criou Photoshop - o mais popular programafree way betediçãofree way betimagens do mundo.
Sozinhos, humanos são muito ruins para identificar imagens falsas. Um estudo recente da Universidadefree way betStanford, nos EUA, demonstrou que estudantes do ensino médio à universidade têm dificuldades para analisar se o material que leem online é confiável.
Em um experimento, estudantes viram uma foto flores deformadas que teriam brotado na região da usina nuclearfree way betFukushima, no Japão, palcofree way betum grave acidentefree way bet2011.
Dos 170 alunos do ensino médio que viram a imagem, menosfree way bet20% questionaram a procedência da foto (ela mostrava, na verdade, uma ocorrência natural e nada ligada à radiação).
Mas mesmo quando suspeitamos da origemfree way betuma imagem, ainda é difícil enxergar inconsistências. Acadêmicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) fizeram um experimentofree way betque participantes examinaram uma sériefree way betfotos e tiveram que responder se elas tinham sido manipuladas.
Algumas não tinham sofrido qualquer alteração, mas um número superior à metade tinha passado por um processofree way betcomposição com outras imagens, ou continha áreas editadas. Em apenas 47% dos casos as fakes foram corretamente identificadas.
Victor Schetinger, que trabalhou no estudo, conta que colegas e amigos frequentemente fazem perguntas sobre a autenticidadefree way betfotos. "Toda a minha pesquisa mostra que você não pode dizer apenas com um exame visual se uma foto é verdadeira ou não. Mesmofree way betfotos reais, processos como a saturação, um flash estranho e até poeira na lente podem criar um efeito que salte à vista", conta.
Suspeita
Farid explica que, na maioria dos casos, leigos confundem imagens reais com adulteradas - e vice-versa. "E estão sempre cheiosfree way betconfiança. As pessoas são ao mesmo tempo ignorantes e superconfiantes, o que é a pior combinação."
A solução é pedir ajuda ao computador. A fotografia forense usa uma bateriafree way bettécnicas e algoritmos para identificar fakes, muitas delas checando se as imagens se enquadram nas leis da física. Se 100%free way betcerteza é impossível, peritos podem ao menos fazer uma sériefree way bettestes.
Tomemos como exemplo uma imagem que há décadas alimenta teorias da conspiração.
A foto acima éfree way betLee Harvey Oswald, o ex-fuzileiro naval quefree way bet1963 assassinou o então presidente dos EUA, John Kennedy. De acordo com as autoridades americanas, a foto foi tirada no quintal da casafree way betque Oswald vivia e enviada para um amigofree way betabrilfree way bet1963, sete meses antes do crime.
Ela foi usada como prova nas investigações depoisfree way betespecialistas identificaram marcas no fuzil que ele segura na imagem que eram parecidas às marcas na arma encontrada no prédio próximo ao local do assassinato do presidente, na cidadefree way betDallas.
Mas, desde então, dúvidas sobre a autenticidade da imagem ajudam a alimentar as teoriasfree way betque Oswald foi incriminado para disfarçar planos mais sinistros contra o presidente, ainda mais porque o suspeito negou que a foto fosse verdadeira e foi morto a tiros dois dias após a mortefree way betKennedy.
As dúvidas estariam ligadas às sombras na foto e à posiçãofree way betOswald na imagem - há até quem diga quefree way betmandíbula parece diferente na foto tirada logo apósfree way betprisão.
Farid e seus colegas examinaram a fotofree way betuma sériefree way betestudos publicadosfree way bet2009, 2010 e 2015. Em suas análises, construíram modelos 3D da cena efree way betOswald, levandofree way betcontafree way betaltura e peso, além do peso do fuzil. Descobriram que a iluminação da imagem era consistente com uma única fontefree way betluz e que uma sombrafree way betseu queixo fazia com que parecesse diferente da imagem divulgada pela polícia.
Também mostraram que a postura levemente inclinada do suspeito era condizente com a maneira como segurava a arma. Em suma: os pesquisadores não encontraram qualquer provafree way betmanipulação.
"Trata-sefree way betum bom exemplofree way betcomo nosso sistema visual falhafree way betraciocinar corretamente. À primeira vista, alguns aspectos da foto realmente parecem estranhos", diz Farid.
Formatos
Outros métodosfree way betautenticaçãofree way betimagens não têm nada a ver com o conteúdo, mas, sim, com a maneira como o arquivo é codificado. Quando uma imagem vemfree way betum celular oufree way betuma câmera digital, por exemplo, ela normalmente vêm no formato jpeg, que faz uma compressão dos dados da imagem para deixá-la mais leve e causa algumas perdasfree way betdetalhes.
Normalmente, o arquivo ainda contém dados sobre quando a imagem foi captada, que câmera foi usada e mesmo onde foi tirada.
"Não existe um único formato jpeg. Cada câmera comprimefree way betmaneira diferente. Um iPhone comprime mais que uma câmera fotográfica mais sofisticada. Mesmo uma máquina mais simples tem diferentes configuraçõesfree way betqualidade efree way betarmazenamentofree way betinformações. Tudo isso acaba inscrito no arquivo", explica o especialista.
Policiais frequentemente acessam este tipofree way betinformação para verificar se uma imagem foi alterada desde que foi baixadafree way betuma câmera. "Podemos ver as informaçõesfree way betum arquivo para dizer se ele passou pelo Photoshop, porque haverá sinais", completa Farid.
Ele acrescenta que até é possível forjar essas informações, mas a missão é difícil: seria como, por exemplo, empacotar novamente um computador que você retiroufree way betuma caixa.
"Por causa da maneira como produto vem empacotado, com isopor, etc., será muito difícil você conseguir com que tudo fique igual. Manipular arquivos é o equivalente digital disso. Quase sempre as pessoas cometem erros."
Ainda assim, Farid ressalta que peritos não podem garantir que os fakes sempre serão detectados. É um jogofree way betgato e rato entre falsificadores e peritos.
"A habilidade que eles têmfree way betproduzir um fake tem aumentado. Minha esperança é que, depois que aplico umas 20 técnicas forenses a uma imagem e todas trazem resultados consistentes, a foto seja mesmo real."
Mas o que os meros mortais podem fazer para detectar imagens falsas na internet? Ainda que não tenhamos à nossa disposição a expertise e o equipamentofree way betFarid, há outras maneirasfree way betanalisar criticamente uma imagem.
Buscasfree way betsites como o tineye.com ou o Google Images podem indicar se uma imagem já foi denunciada como fake. O snopes.com examina especificamente imagens que viralizam.
Farid sugere ainda verificar a fonte da imagem. Fotos publicadasfree way betsitesfree way betnotíciasfree way betboa reputação têm maior chancefree way betserem reais do que material publicadofree way betblogs menos conhecidos ou no Facebook. Mas mesmo veículosfree way betimprensa tradicionais podem ser enganados por um bom fake.
O melhor caminho é sempre perguntar a si mesmo se uma foto é "boa demais para ser verdade".
"É necessário ter sempre uma boa dosefree way betceticismo com imagens digitais. Mas não deixe esse sentimento tomar conta, porque também é muito fácil pensar que uma foto real é falsa", diz o especialista.
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