Fotógrafo registra o controverso mundomeninas que juram castidade nos EUA:
'Longeerros'
Magnusson descobriu os Purity Balls depoisler uma reportagemuma revista sueca. "Imaginei encontrar esses pais americanos cheiosmedo, sentados na entradacasa com seus revólveres, tentando proteger a honra da família", conta.
"Queria saber por que eles fazem isso e, conforme fui me informando mais, entendi que eles só querem o melhor para suas famílias. Em muitos casos, são as próprias meninas que pedem para ir a um Purity Ball", afirma.
Jay Smallwood, retratado com a filha, Hope, disse ao fotógrafo: "Tanto eu como minha mulher fizemos escolhas erradas quando éramos jovens, e nossos filhos sofrem as consequências dessas escolhas. O Purity Ball foi uma oportunidadeprometer à minha filha que ela não vai cometer os mesmos erros que eu".
Para Antonio Sa,Colorado Springs, retratado com as filhas Laila,7 anos, e Maya,5, a cerimônia do Purity Ball serviu como um marcounião com as meninas.
"Quando eu era jovem, fui um por caminho que teve graves consequências para mim. Eu sabia que não merecia ser pai. Mas, apesarDeus saber das minhas limitações, ele me confiou a vida destas duas meninas", afirma.
"A cerimônia foi uma bênção para mim. Uma noiteque honramos a Deus como família, uma noite que marcou nossas relações entre nós mesmos e perante Deus. Naquela noite, eu fui o príncipe e elas, minhas princesas", conta.
Questãoorgulho
Magnusson revela que a intençãoseu projeto foi dar voz aos diferentes indivíduos que participam dos Purity Balls.
Um exemplo é Gary Kruse,Black Forest, no Colorado. PaiGrace,14 anos, ele tem uma visão mais feminista da questão da castidade.
"Décadas atrás, quando uma mulher queria ser engenheira ou diretorauma empresa, as reações eramdesprezo e ela tinha que se conformarser outra coisa. Acho que isso era uma distorçãosua pureza: ela não podia usar seus talentos. Não quero que isso aconteça com nenhum dos meus nove filhos."
Ele acrescenta: "Preferia que o Purity Ball fosse chamado'BailePai e Filha' porque, para a nossa sociedade, a pureza é sempre associada com a sexualidadeuma garota. Mas é uma parte importantesua feminilidade, não tudo. Para mim, pureza é deixar meus filhos aflorarem da maneira que estão destinados e não deixá-los simplesmente seguir a imagem que outras pessoas constroem para eles".
Magnusson conta que quis fazer belas imagens para que as meninas e seus pais se sentissem orgulhosos delas - da mesma maneira que se sentem orgulhososseus votoscastidade. "Mas pessoas com outras históriasvida podem acabar enxergando algo completamente diferente nessas fotos", diz.
Para Nicole Roosma,17 anos, retratada com o pai, Will, o Purity Ball foi uma maneirase relacionar com eleuma maneira diferente.
"Nunca conversamos muito sobre esse assunto, mas naquela noite falamos e senti que ele confia maismim. Isso foi muito especial para mim", afirma. "Na nossa cultura, tudo está relacionado ao sexo, então é difícil para alguém da minha geração cumprir com uma promessa como essa."
Já Rose Smoak,16 anos, da Louisiana, diz acreditar quedecisãose manter virgem não é bem aceita nem incentivada pela sociedadeque se encontra.
Polêmica
Quando Magnusson expôs as fotos do projeto PurityEstocolmo,2014, enfrentou protestos e pedidosboicote. "Nós suecos nos consideramos abertos a novas culturas, mas ao mesmo tempo temos uma compreensão muito rígida daquilo para o que nos abrimos", afirma.
Muitos Purity Balls são organizados pelas próprias mães das meninas. O formato pai e filha foi adotado para incentivar os homens a ter um papel mais significativo nas vidas das garotas.
Magnusson reconhece que, para realizar suas fotos, contou com uma boa doseconfiança por parte dessas famílias.
David Clampitt, retratado ao lado da filha Jamie,13 anos, disse ao fotógrafo que sabia que as imagens seriam polêmicas, mas ao mesmo tempo se sentiu orgulhosopoder mostrar suas crenças com dignidade.
- Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site da BBC Culture .