O diaaposta ganha fcque a Suécia acordou com o trânsito 'virado do avesso':aposta ganha fc
A missãoaposta ganha fcRamqvist e seus colegas era ajudar a colocar a Suécia na mesma "direção" que seus vizinhos europeus - a maioria havia seguido a tendência mundialaposta ganha fcdirigir carros à direita.
Alémaposta ganha fcmelhorar a reputação internacional do país, o governo sueco estava cada vez mais preocupado com a segurança.
O númeroaposta ganha fcveículos registrados nas estradas havia disparadoaposta ganha fc862.992 na década anterior para 1.976.248 na época do Dagen H, segundo a Statistics Sweden. A população do país eraaposta ganha fccercaaposta ganha fc7,8 milhões.
Apesaraposta ganha fcseguirem a mão inglesa, muitos suecos já possuíam carros com o volante no lado esquerdo, próprios para a direção pela direita - fossem comprados no exterior ou mesmo dos principais fabricantesaposta ganha fccarros suecos, como a Volvo, que escolheram seguir a tendência.
Mas acreditava-se que essa fosse uma das causas do aumento no númeroaposta ganha fcacidentesaposta ganha fctrânsito fatais -aposta ganha fc595aposta ganha fc1950 para 1.313aposta ganha fc1966 -, juntamente à ocorrência frequenteaposta ganha fccolisões nas fronteiras da Suécia com a Dinamarca, Noruega e Finlândia.
"O mercadoaposta ganha fccarros na Suécia não era tão grande e costumávamos comprar carros com volante à esquerda", explica Lars Magnusson, professoraposta ganha fchistória econômica da Universidadeaposta ganha fcUppsala, na Suécia.
"Mas isso significava que você estaria sentado do lado oposto do que fazia sentido."
'Incrivelmente difícil'
No período que antecedeu o Dagen H, cada município teveaposta ganha fclidar com diversas questões - desde repintar as marcações nas estradas até realocar sinaisaposta ganha fctrânsito e pontosaposta ganha fcônibus.
Várias cidades, incluindo Estocolmo, Malmö e Helsingborg, aproveitaram a mudança para implementar alteraçõesaposta ganha fctransporte mais amplas, como o fechamentoaposta ganha fclinhasaposta ganha fcbonde para proporcionar mais rotasaposta ganha fcônibus.
Centenasaposta ganha fcnovos ônibus foram comprados por municípiosaposta ganha fctodo o país, e cercaaposta ganha fc8 mil foram reformados para oferecer portasaposta ganha fcambos os lados.
Cercaaposta ganha fc360 mil placasaposta ganha fctrânsito tiveramaposta ganha fcser trocadasaposta ganha fctodo o país, o que foi feitoaposta ganha fcum único dia antes da inversão da mão.
Funcionários municipais e militares trabalharam juntos até tarde da noite para garantir que a tarefa fosse cumprida antes do Dagen H, um domingo. Para isso, todo o tráfego, exceto o essencial, foi interditado nas estradas.
"Eu trabalhei incrivelmente duro naquela noite", lembra Ramqvist, que compartilhou a responsabilidadeaposta ganha fcgarantir que cercaaposta ganha fc3 mil placas fossem trocadas corretamenteaposta ganha fcMalmö.
"Meu chefe ficou muito orgulhoso porque fomos um dos primeiros (municípios) a ligar para Estocolmo e avisar ao chefe da comissão que tínhamos acabado", conta, relembrando o climaaposta ganha fccomemoração.
"Comemos bolo e tomamos café no meio da noite!"
Planejamentoaposta ganha fcguerra
Outros se recordam claramente do estresse do projeto.
"O mais desafiador era a faltaaposta ganha fctempo, sem tirar férias, trabalhando muitas horas por dia durante meses, quase me suicidei", diz Arthur Olin, agora com 82 anos, que trabalhava como consultoraposta ganha fctrânsito na cidadeaposta ganha fcHelsingborg.
Ele conta que passou um ano inteiro concentrado no planejamento logístico.
O estresse levou Olin a "socar a parede" um ano depois.
"Eu tive que ir para a África por duas semanas apenas para cortar todos os laços com o trabalho - recomendações expressas do médico."
Uma nova era
Mas, quando o Dagen H finalmente chegou, o trabalho árduo parecia ter valido a pena. Os suecos começaram a dirigir com cautela do lado direito das estradasaposta ganha fctodo o país, precisamente às 5h da manhãaposta ganha fc3aposta ganha fcsetembroaposta ganha fc1967, após uma contagem regressiva no rádio.
Olof Palme, o ministro sueco da Comunicação (que mais tarde se tornou primeiro-ministro), entrou no ar para dizer que o movimento representava "uma mudança muito grandeaposta ganha fcnossa existência diária,aposta ganha fcnossa vida cotidiana".
"Eu ouso dizer que nunca antes um país investiu tanto trabalho pessoal e dinheiro para alcançar uniformidade com as regrasaposta ganha fctráfego internacional", anunciou.
No total, o projeto custou o equivalente a cercaaposta ganha fc2,6 bilhõesaposta ganha fccoroas suecas (US$ 316 milhões)aposta ganha fcvalores atuais.
Mas o historiador econômico Lars Magnusson argumenta que esse valor é relativamente baixo, dada a escala do plano - o maior projetoaposta ganha fcinfraestrutura que a Suécia já viu.
Para efeitoaposta ganha fccomparação, basta olhar o orçamento totalaposta ganha fc2017 concedido à Administração Suecaaposta ganha fcTransportes (agência do governo responsável pelo planejamentoaposta ganha fctransportes) para estradas e ferrovias - cercaaposta ganha fc25 bilhõesaposta ganha fccoroas suecas (US$ 2,97 bilhões).
"[O Dagen H] foiaposta ganha fccerto modo uma transferência razoavelmente barata - não era uma quantia muito alta mesmo naquela época", explica.
Isso, segundo ele, se deveaposta ganha fcparte às autoridades suecas fazerem jus aaposta ganha fcreputação globalaposta ganha fceficiência e planejamento cuidadoso, junto à logística da época.
"O sistema rodoviário não era tão desenvolvido como hoje e, portanto, os custosaposta ganha fcinfraestrutura não eram extremamente altos, e também porque já tínhamos os carros com volante à esquerda", diz.
Crise evitada
Em termosaposta ganha fcsegurança, o projeto foi declarado um sucesso quase imediatamente.
À medida que os suecos iniciavamaposta ganha fcsemanaaposta ganha fctrabalho, no dia seguinte ao Dagen H, 157 acidentesaposta ganha fctrânsitoaposta ganha fcpequeno porte foram registradosaposta ganha fctodo o país, um pouco abaixo da médiaaposta ganha fcuma segunda-feira típica. Ninguém morreu nos acidentes.
Peter Kronborg, consultoraposta ganha fctrânsitoaposta ganha fcEstocolmo e autor do livro Håll dig henger Svensson (Mantenha-se à direita, Svensson,aposta ganha fctradução livre), tinha 10 anos no dia da mudança e se lembraaposta ganha fcandaraposta ganha fcbicicleta pela primeira vez do lado direito da estrada, assim como do burburinho causado pela imprensa internacional, que estava na capital sueca para cobrir os eventos do dia.
"Foi a coisa mais importante que aconteceu na Suéciaaposta ganha fc1967", diz ele.
"Os jornalistas - especialmente os caras da BBC - estavam esperando um banhoaposta ganha fcsangue, um grande númeroaposta ganha fcacidentes. Eles ficaram um pouco desapontados. Pelo menos é o que eu li."
No total, 1.077 pessoas morreramaposta ganha fcacidentes e 21.001 ficaram feridasaposta ganha fc1967, ano do Dagen H, menos queaposta ganha fc1965, quando foram registrados 1.313 mortos e 23.618 feridos.
Isso se deveaposta ganha fcgrande parte à cautela extra adotada pelos suecos após a transição e à campanha nacional promovida pelo Estado.
Levou mais três anos até que as taxasaposta ganha fcacidentes e mortes retornassem aos seus níveis originais, períodoaposta ganha fcque o númeroaposta ganha fccarros continuou a aumentar rapidamenteaposta ganha fctodo o país.
Auto-escola
O investimentoaposta ganha fcplanejamento e logística necessários para preparar as estradas ajudou claramente a evitar a confusão entre os motoristas.
Mas grande parte do orçamento do governo para o Dagen H também foi gastoaposta ganha fciniciativasaposta ganha fccomunicação destinadas a educar os suecos sobre a mudança.
Na teoria, não parecia fácil:aposta ganha fcum referendo realizadoaposta ganha fc1955, 83% da população tinha sido contra a alteração.
A campanha educativa contemplava anúnciosaposta ganha fctelevisão, rádio e jornais, alémaposta ganha fcpalestras nas escolas. O Dagen H tinha seu próprio logotipo, estampadoaposta ganha fcoutdoors, ônibus e caixasaposta ganha fcleite.
Houve até um concurso para selecionar uma trilha sonora para a mudança - a música Håll dig till höger Svensson (título do livroaposta ganha fcPeter Kronborg) foi selecionadaaposta ganha fcuma votação nacional, chegando ao top cinco da paradaaposta ganha fcsucessos sueca.
Enquanto isso, a televisão estatal contratou celebridades globais para apareceraposta ganha fcseus programas mais populares, projetados para atrair grandes audiências, que seriam informadas sobre o Dagen H.
"Os políticos perceberam que não era suficiente ter um programa educativo, precisavamaposta ganha fcuma campanha publicitária", ri Kronborg. "A ambição não era atingir 99%, mas 100%."
Ao mesmo tempo, Lars Magnusson acrescenta que a "cultura do conformismo" e a confiança nas autoridades da época prevaleceram, ajudando a possibilitar a mudança da opinião pública.
"Naquela época, a imprensa era menos crítica e estava relatando o que diziam os especialistas. Se os especialistas afirmassem que não seria muito caro e que beneficiaria a todos, suponho que a mídia aceitaria e que o público aceitaria também."
Lições futuras
A Suécia conseguiria fazer algo parecido com o Dagen H hoje?
Recentemente, o país ficouaposta ganha fcprimeiro lugar na Europa no rankingaposta ganha fcinovação global da agência Bloomberg. Conta com uma infraestruturaaposta ganha fctransporte acima da média da União Europeia e é uma das economias digitais mais fortes da região.
Com essas credenciais, a nação nórdica certamente sairia na frente se decidisse embarcaraposta ganha fcum projetoaposta ganha fctransporte igualmente transformador.
Mas o sentimento predominante entre aqueles que estudaram o Dagen Haposta ganha fcperto é que o clima político, econômico e midiáticoaposta ganha fchoje apresenta inúmeros novos desafios frente àqueles que existiam na época do Dagen H.
O principal argumentoaposta ganha fcPeter Kronborg é que o governo teria dificuldadeaposta ganha fcmudar a opinião pública e moldar um novo consensoaposta ganha fcforma tão expressiva.
Segundo ele, um ano depois do Dagen H, "a sociedade sueca se tornou um pouco mais individualista", na esteira do radicalismo estudantil e do movimentoaposta ganha fccontraculturaaposta ganha fctoda a Europa.
Além disso, ele acredita que a mídia atual - marcada pela ascensão do YouTube e do Netflix,aposta ganha fcmeio à morte do "horário nobreaposta ganha fctelevisão" - tornaria "muito mais complicado" para políticos e ativistas alcançarem toda a população.
Na época do Dagen H, havia apenas um canalaposta ganha fctelevisão eaposta ganha fcrádio, que "todo mundo assistia e ouvia".
Do pontoaposta ganha fcvista econômico, Lars Magnusson estima que o custo financeiro da implementação do Dagen H hoje seria muito maior, devido às redes rodoviárias e à infraestrutura da Suécia estarem "muito mais desenvolvidas" do que há 50 anos.
"É difícil fazer uma estimativa exata, mas eu diria que aumentariaaposta ganha fcpelo menos 10 vezes. Este é o meu palpite", diz ele.
Mesmo os atuais estrategistasaposta ganha fctransporte da Suécia são céticosaposta ganha fcrelação a implementar nos diasaposta ganha fchoje algo equivalente ao Dagen H, da forma tranquila como foiaposta ganha fc1967,aposta ganha fcqualquer lugar.
"Minha opinião pessoal é que seria muito difícil", diz Mattias Lundberg, chefeaposta ganha fcplanejamentoaposta ganha fctráfego da cidadeaposta ganha fcEstocolmo.
"Naquela época, uma meia dúzia, normalmente homens, tinha realmente muito poder para influenciar as coisasaposta ganha fcuma escala tão ampla. Hoje, a sociedade é muito mais diversificada."
Mas ele observa que o Dagen H é um evento grandioso, que ajudou a incentivar um foco contínuo na segurança das estradas, tanto no discurso público quanto político.
Em 1997, a Suécia iniciou o que se tornou um projeto multinacional para zerar o númeroaposta ganha fcmortesaposta ganha fcrodovias, conhecido como "Vision Zero".
Atualmente, o país tem uma das taxas mais baixasaposta ganha fcmortes no trânsito do mundo - 270 pessoas morreramaposta ganha fc2016,aposta ganha fccomparação com 1.313aposta ganha fc1966, um ano antes do Dagen H.
Hojeaposta ganha fcdia, no entanto, grande parte do trabalho realizado pela equipeaposta ganha fcLundberg se refere ao planejamentoaposta ganha fcum futuroaposta ganha fcque cada vez menos suecos peguem no volante.
A atual estratégia da capital sueca tem como foco a sustentabilidade, que prioriza a caminhada, o ciclismo e o transporte público.
Os primeiros ônibus autônomos do país foram lançadosaposta ganha fcjaneiro,aposta ganha fcEstocolmo, e as autoridades já começam a analisar o que pode ser a mais significativa mudança no sistemaaposta ganha fctransporte do país desde o Dagen H: a chegadaaposta ganha fccarros sem motoristas.
Lundberg argumenta, no entanto, que qualquer mudança drástica ainda está "muito longeaposta ganha fcacontecer" e que - diferentemente do Dagen H - vai definitivamente seguir um períodoaposta ganha fcconsulta pública pesada.
aposta ganha fc Leia a versão original aposta ganha fc desta reportagem (em inglês) no site BBC Capital aposta ganha fc .