'Cada Estado é um país': os uruguaios que conheceram todos os Estados brasileiros pedindo carona:bwin kontakt
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No fimbwin kontaktdezembrobwin kontakt2019, Victor e María concluíram o roteiro e totalizaram maisbwin kontakt60 mil quilômetros percorridos no continente. Guardaram num caderno assinaturasbwin kontaktmembrosbwin kontaktconsulados, igrejas e prefeituras, coletadas para comprovarbwin kontaktpassagem pelas cidades.
Também colecionaram 27 bonés dos Corposbwin kontaktBombeiros estaduais do Brasil, já que era nos quartéis que eles normalmente conseguiam abrigo para passar a noite. Tudo devidamente registrado nas páginas que a dupla mantém no Instagram e no Facebook.
Além do abrigo noturno, alimentação, bebidas e banhos também dependiam da boa vontade dos outros, segundo os viajantes. "Acho que só assim pude ver o mundo verdadeiramente como ele é. E como as pessoas são boas", conta María.
A volta sul-americana
Eram duas as mensagens que Victor e María queriam passar ao dar a volta na América do Sul. A primeira era divulgar, a quem encontrassem no caminho, os atrativos turísticosbwin kontaktFlorida, cidade onde vivem e onde foi proclamada a independência do Uruguai.
A segunda é que "há experiências muito maiores do que o dinheiro pode comprar". Tosadoresbwin kontaktpets na cidadebwin kontaktmenosbwin kontakt40 mil habitantes, eles contam ter deixado o país sem nenhum peso uruguaio no bolso. Também dizem que não carregavam cartãobwin kontaktcrédito e que o plano era contar com outras pessoas para se alimentar, achar um lugar para dormir — ou montar a barraca que carregavam — e se locomover.
Nesse esquema, passaram pelo Paraguai, pela Bolívia, foram até o extremo-sul do continente, na cidadebwin kontaktUshuaia, na Argentina, e seguiram por Chile, Peru, Equador e Colômbia, onde chegaram ao outro extremo,bwin kontaktPunta Gallinas. Para alcançar o farol que marca o ponto mais ao norte, contam que chegaram a passar dois dias sem comer.
Numa Venezuela mergulhadabwin kontaktcrise, encontraram as pessoas mais solidárias, que "compartilhavam o pouco que tinham" com eles.
Entraram no Brasil inicialmente por Roraima, mas só como passagem para as Guianas, consideradas a "decepção" da região, por ter clima, pessoas e arquitetura que "não combinam com o resto do continente".
A região é formada pela Guiana, que foi colonizada por ingleses, pelo Suriname, colonizado por holandeses, e a Guiana Francesa, que até hoje é um território da França na região.
De volta ao Brasil depoisbwin kontaktentrar pela cidadebwin kontaktOiapoque, no Amapá, percorreram todos os estados litorâneos, alémbwin kontaktMinas Gerais, Goiás e Distrito Federal, já que uma das metas iniciais do casal era conhecer a capitalbwin kontaktcada país.
Para percorrer toda essa distância, uma estratégia: bandeiras uruguaias à vista nas mochilasbwin kontaktmaisbwin kontakt30 kg que carregavam, para convencer caminhoneiros e motoristas que eram viajantes sem más intenções.
"Ser branco ajuda e acho também quebwin kontakttodos os países os estrangeiros têm mais facilidadebwin kontaktconseguir caronas, já que as pessoas sabem que você é um viajante querendo conhecer o país", explica Victor, que desde os 14 anos percorre o Uruguai dessa forma.
Para o casal, o Brasil não foi o país mais fácil nem o mais difícil para a locomoção. O país onde mais sofreram foi a Colômbia, pois não tiveram êxito nas estradas. Eles tiveram que andar dezenasbwin kontaktquilômetros até postosbwin kontaktgasolina, nos quais, na base da conversa, tentavam convencer motoristas a ajudá-los.
No Uruguai, no Chile e na Argentina, encontraram mais facilidade. "Sabemos que alguns países sofrem mais com a insegurança, tem a questãobwin kontaktguerrilhas e é normal as pessoas ficarem receosas. Mas todo mundo que encontramos eram boas pessoas e não tivemos nenhum problema", lembra Victor.
O casal calcula que andava,bwin kontaktmédia, 10 quilômetros por dia, até conseguir caronas ou acessar as estradas mais distantes dos centros urbanos. Em dias ruins, os dois chegavam a andar 30 quilômetros.
O caminhoneiro Cleusivan Cruz foi um dos que cruzou o caminhobwin kontaktVictor e María. Ele estava num postobwin kontaktcombustívelbwin kontaktCastanhal, no Pará, quando conheceu o casal. Topou ajudá-los e os levou para dormir e jantar embwin kontaktcasa,bwin kontaktCapanema, também no Pará.
"De cara, eles pareceram ótimas pessoas, por isso quis ajudar. Tive um mistobwin kontaktpreocupação com eles nessas estradas e uma admiração pelo que eles estavam fazendo", conta.
Apesarbwin kontakttoda a experiência e das boas surpresas, os dois pensaram "incansáveis vezes"bwin kontaktdesistir do plano e voltar a Florida. "Eu era uma pessoa da cidade, acostumada com vida confortável. Foi muito difícil, mas me descobri uma pessoa melhor, que enfrenta qualquer coisa, valorizando mais as pessoas, a cama, o teto. A gente passou fome, calor, frio", lembra María.
'Meu filho vai ser brasileiro'
O Brasil que os uruguaios encontraram foi bem diferente daquele que eles imaginavam com base naquilo que viam na televisão. Sabiam que era um país bonito, mas tinham muito medo da violência.
"Com a viagem, mudou 100% o que eu achava. As pessoas são muito acolhedoras, alegres e receptivas, comobwin kontaktnenhum outro país. Gostei tanto que, quando tiver filhos e formar família, quero ir ao Brasil para que eles sejam brasileiros", resume María.
A conclusão veio mesmo após um susto que passaram na cidadebwin kontaktSão Borja, no Rio Grande Sul. Foi lá que vivenciaram a única tentativabwin kontaktassaltobwin kontakttoda a viagem.
O casal chegou perto da meia-noite na cidade e pediu abrigobwin kontaktuma igreja. Com a resposta negativa do padre, armaram a barraca numa praça, onde um jovem se aproximou. "Ele tentou levar uma mochila quando estávamos distraídos. Mas percebi a presença dele e perguntei o que ele queria, disse que a gente não tinha dinheiro, nada. E aí ele foi embora", descreve Victor.
Na primeira rota pelo Brasil, o casal percorreu literalmente "do Oiapoque ao Chuí", expressão que ilustra os extremos Norte e Sul do país, pelo litoral — com um pequeno desvio por Minas Gerais e Goiás para chegarem ao Distrito Federal.
Na segunda passagem, foram do Uruguai até Curitiba, onde passaram algumas semanas para dar entradabwin kontaktpapéis que garantissem um vistobwin kontaktresidência no Brasil. De lá, seguirambwin kontaktcaminhão, carro e barcos para os estados da região Amazônica. Ao todo, percorreram maisbwin kontakt23 mil quilômetros no Brasil.
Para Victor, o estado com as pessoas mais acolhedoras é o Mato Grosso do Sul. E as cidadesbwin kontaktBrasília e Palmas (TO) foram as que mais encantaram, pelo planejamento urbano.
Para María, a diferença entre o clima quente do Norte, Nordeste e Centro Oeste e o clima frio do Sul se reflete também nas pessoas. "O clima faz as pessoas. Onde faz calor as pessoas são mais alegres receptivas, abertas, te entregam o que têm. Onde faz mais frio, são mais distantes, fechadas."
As praiasbwin kontaktAngra dos Reis (RJ) e Ilhabela (SP) estão entre favoritasbwin kontaktVictor. Os dois concordam, entretanto, que o litoral nordestino é o local para onde gostariambwin kontaktvoltar — e até criar uma família.
"Não é só a paisagem, também são as pessoas. No Brasil,bwin kontaktnenhum lugar nos negaram alimento. É um país onde,bwin kontaktfato, as pessoas compartilham o que têm", explica Victor.
Além dos tours sul-americano e brasileiro, o casal também já percorreu os 19 departamentos uruguaiosbwin kontaktbicicleta. E, no fimbwin kontaktfevereiro, partem para mais uma aventura:bwin kontaktduas bicicletas, vão fazer o "caminho dos Jesuítas na América do Sul". Sairãobwin kontaktSanta Cruzbwin kontaktLa Sierra, na Bolívia, e visitarão locais históricos no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
"Os sonhos das pessoas têm que ser maiores do que o medo. O dinheiro prende as pessoas. Tem que sair ao mundo para ver o que é o mundo verdadeiramente. O mundo é muito mais lindo do que imaginamos", diz Maria.
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