A amizade entre duas adolescentes que acaboum esportesdasorteum assassinato brutal:m esportesdasorte
Seria um prenúncio do que viria depois? Ou trata-se do tipom esportesdasortecoisa que todo mundo – principalmente adolescentes – escreve?
Noitem esportesdasorteterror
A vítima, Angela Wrightson,m esportesdasorte39 anos, era uma alcoólatra cuja casa era conhecida como pontom esportesdasorteencontrom esportesdasorteadolescentes, que viam lá um refúgio onde podiam beber à vontade. As jovens assassinas tinham estado lá outras vezes, e a suspeita era que a mulher comprava bebidas alcoólicas para elas.
Ninguém sabe o que exatamente ocorreu naquela noite. Mas ficou comprovado que o crime, embora não premeditado, não foi reflexom esportesdasorteuma explosãom esportesdasorteraiva: a sessãom esportesdasorteespancamento durou horas, houve diversas pausas para beber e fumar e as armas do ataque foram meticulosamente escolhidas.
Além disso, elas chegaram a deixar a casa por duas horas para visitar um amigo e, ao voltar, retomaram o espancamento. O suficiente para afastar qualquer teoriam esportesdasortedefesa baseada na perdam esportesdasortecontrole.
Wrightson foi deixadam esportesdasorteum sofá embebidom esportesdasorteseu sangue, cobertam esportesdasortecacosm esportesdasortevidro e cercada por móveis e eletrônicos quebrados. Seu corpo tinha centenasm esportesdasorteferimentos e estava nu da cintura para baixo. As paredes e até o teto tinham marcasm esportesdasortesangue.
Dada a brutalidade, algumas das fotos da cena do crime foram consideradas aflitivas demais para serem mostradas no julgamento. Entre as 14 armas usadas, estavam uma TV, um pedaçom esportesdasortemadeira com parafusos, uma pá e um espelho.
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Nos intervalos, as garotas posaram para selfies compartilhadas com amigos na rede social Snapchat. Algumas chegavam a mostrar a vítima, parecendo aflita, ao fundo. Ela não aparecem esportesdasorteoutras imagens, mas estava lá: é provável que estivesse seriamente ferida e sangrando no chão enquanto as duas jovens bebiam, fumavam e dançavam.
No dia seguinte, contaram a amigos que Wrightson “implorou que parassem” enquanto elas riam, faziam piadas e tiravam mais selfies.
Para Elizabeth Yardley, professoram esportesdasortecriminologia da Universidade da Cidadem esportesdasorteBirmingham (Reino Unido), esse comportamento sugere que as meninas não se importavam com as consequências.
“Para muitos jovens, as redes sociais são palco para uma ‘performancem esportesdasortesi mesmos’”, afirma. “Usam para narrar suas vidasm esportesdasortetempo real. Em esportesdasortegeral eles são muito espertos sobre o que é ou não apropriado para postar – sabem que fotosm esportesdasorteatos ilegais terão consequências”, explica.
“As ações dessas garotas sugerem que elas não se importavam com as consequências, o que simplesmente não pensavam nelas.”
Sem sinais
Não havia nenhum sinalm esportesdasorteque a dupla fosse capazm esportesdasorteum crime brutal como esse.
No julgamento que recentemente sentenciou as duas a uma pena mínimam esportesdasorte15 anosm esportesdasorteprisão, o juiz aconselhou os jurados a term esportesdasortemente que a garota mais nova não tinha nenhum históricom esportesdasorteviolência.
E que a outra, embora já tivesse atacado funcionáriosm esportesdasorteum abrigo, também nunca havia ferido ou tentado ferir alguém seriamente.
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Por motivos diferentes, ambas viviam sob a tutela das autoridades locais, acolhidas por famílias postiças e recebendo suporte, que incluía centros educacionais especiais. A mais velha, por exemplo, era atendida por uma equipem esportesdasortesaúde mental e fazia terapia para aprender a lidar comm esportesdasorteraiva.
As meninas se conheciam desde pequenas, mas só ficaram muito próximas poucos meses antes do assassinato. Segundo a mais nova, a outra era “divertida”, “nada entediante”.
Ela estava interessadam esportesdasortedois garotos e queria mandar mensagens a eles. A mais velha adorava rap, mas também a banda One Direction, hit entre adolescentesm esportesdasortegeral. A música favorita delas era I Don't Care (“Eu não me importo”,m esportesdasortetradução livre), da cantora pop britânica Cheryl.
Os adultos próximosm esportesdasortecada uma não encorajavam a amizade – achavam que a garota do outro lado era má influência. Não se tratava, porém,m esportesdasorteum relacionamento tão intenso ao pontom esportesdasortecausar estranheza: as duas se referiam a uma gamam esportesdasorteoutras meninas como suas melhores amigas.
Em comum, ambas sumiam às vezes para beber, fumar e ficar até tarde na rua – com ou sem a companhia da outra.
Nascidas para matar?
Casos similares lançam uma sériem esportesdasortepossíveis explicações para um crime como esse, tais como famílias desestruturadas e doenças mentais.
Crianças e adolescentes não tendem a matar pelos mesmos motivos que adultos – dinheiro, amor ou vingança, por exemplo.
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A especialista Carol Anne Davis, quem esportesdasorteseu famoso livro Children Who Kill (“Crianças que matam”) perfilou assassinos com idades entre 10 e 17 anos, afirma que muitos desses jovens são produtom esportesdasortefamílias desestruturadas.
“A maioria das crianças que estudei cresceramm esportesdasortelares profundamente disfuncionais, com pais que tinham formas brutaism esportesdasorteeducar, eram viciados ou fanáticos religiosos.”
No caso das meninasm esportesdasorteHartlepool, a mais nova fugiram esportesdasortecasa aos 12 anos, após uma sériem esportesdasortebrigas com a mãe.
A outra, que tem um QI muito abaixo da média e foi descrita no julgamento por um cuidador como “a pessoa mais volátil com quem trabalhei”, tem um histórico bem mais difícil: viveum esportesdasorteuma sériem esportesdasortelares postiços e protagonizou múltiplos episódiosm esportesdasorteautoflagelo. Horas antes do crime, ouvium esportesdasortesua mãe biológica que deveria se matar.
Aos 11 anos, começou a consumir, por meio da mãe, drogas como anfetaminas e sidra com alto teor alcoólico. Tem cinco irmãsm esportesdasortediferentes pais, das quais três estão presas – uma delas por atacar a mãe e romper seu baço com um tacom esportesdasortegolfe.
Desde crianças, as irmãs foram ensinadas a acreditar que havia um fantasma na casam esportesdasorteque viviam. Desde a noite do assassinato, ela sofre alucinações que a fazem acordar gritando e vendo sangue no teto. A jovem tentou se matar algumas vezes desde a prisão, ouve fantasmasm esportesdasortemeninas pequenas e acredita que homens estão gritando com ela por meio do chuveiro e dos vãosm esportesdasorteventilação no teto.
Nesse sentido, o caso das assassinasm esportesdasorteAngela Wrightson tem algom esportesdasortecomum com o dos três adolescentes que espancaram até a morte um moradorm esportesdasorteruam esportesdasorteLiverpool, também na Inglaterra,m esportesdasorte2012, após se desafiarem entre si. Dois deles eram irmãos integrantesm esportesdasorteuma família formada por um preso por homicídio e outro acusadom esportesdasortecrime similar. Sua mãe foi chamada pelo juiz que os julgoum esportesdasorte“um patético e trágico personagem”.
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Quebra-cabeça
No entanto, um lar difícil, desorganizado ou uma educação abusiva não conseguem explicar, por si só, por que pessoas tão jovens se tornam assassinas.
Um exemplo é a morte,m esportesdasorte2014,m esportesdasorteuma professoram esportesdasorteLeeds, também na Inglaterra. O responsável foi um alunom esportesdasorte15 anos que, segundo o promotor, tinha “pais decentes e responsáveis, que dolorosamente tentavam entender como e por que seu filho se tornou quem ele era”.
O garoto não demonstrou nenhum remorso: “Eu não estava chocado (após esfaquear a vítima). Eu estava feliz. Eu senti orgulho. E ainda sinto”, disse a um psiquiatra.
Para a professora Yardley, é possível que algumas crianças cresçam sem qualquer tipom esportesdasorteconsciência.
“Muitos especialistas citam o que chamamm esportesdasortepsicopatia”, explica. “Psicopatia é uma coleçãom esportesdasortemarcas e comportamentos negativos – mas psicopatas não são mentalmente doentes. Eles são emocionalmente vazios e não têm a mesma gama complexam esportesdasorteemoções que nós.”
Ninguém sabe o que causa a psicopatia – pode ser o resultadom esportesdasortedisfunções no cérebro, genéticas ou pela faltam esportesdasorteinteração com adultos empáticos durante os anos cruciais param esportesdasorteformação.
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Brian Masters, que escreveu biografiasm esportesdasortealguns assassinosm esportesdasortesérie, assinala que há muitos pais se comportando muito mal sem que, por isso, seus filhos se tornem assassinos.
Ele acredita que uma combinaçãom esportesdasortefatores fazm esportesdasortealguém uma pessoa que pode matar: “Se essas três coisas estão juntas – você foi tratado muito mal na infância, cresceum esportesdasorteuma comunidade violenta e tem uma desordem psicológica –, você não tem uma chance”.
Separação
O julgamento sepultou a amizade entre as duas jovens assassinasm esportesdasorteHartlepool.
A mais nova disse várias vezes ao júri que “não se lembrava” do que aconteceu naquela noite. Que estava no celular navegando no Facebook enquanto a outra garota destruía a casa e usava móveis e eletrônicos para espancar Wrightson.
Embora alegasse amnésia, não se esqueceum esportesdasortenenhum momentom esportesdasorteacusar a amiga. Mas ficou claro que, se uma das duas era mais dominante na relação,era a mais nova. Durante o crime, teria dito várias vezes à outra que chutasse a cabeça da vítima e reclamado que a mulher ainda não havia sido nocauteada: “Continue... mate ela. Esmague-a”.
Para psiquiatras, a mais velha, ao ver tantas pessoas sendo atacadas e não morrendo, passou a acreditar que alguém só pode morrer “esfaqueado no coração, com um tiro na cabeça oum esportesdasortecâncer”.
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Diferentemente da outra, ela se manteve fiel. Em uma carta cheiam esportesdasortecorações rabiscados interceptada pelos funcionários do local onde estavam detidas, recomenda à amiga que “mantenha o queixo erguido”.
“Espere até a gente sair, eu e você nos divertindo por aím esportesdasortenovo. Mas dessa vez eu estarei maior e melhor, te garanto.”
Porém, após o crime chocante que ambas cometeram, é improvável que elas sejam autorizadas a se ver novamente um dia.