ONU defende descriminalização do abortouno jogomeio à epidemiauno jogozika :uno jogo
Segundo disse Pouilly à BBC Brasil, a ONU recomenda ainda que o aborto seja legalizadouno jogocinco diferentes situações. "Em casosuno jogoestupro, incesto, risco à saúde física e mental da mãe e tambémuno jogocasosuno jogobebês deficiências consideradas graves", listou.
Questionada a respeito do que deveria ser entendido como risco à saúde mental da mãe, a porta-voz disse que essa avaliação deve ser feita pelo médico. Sobre que deficiências graves deveriam ser consideradas, ela acrescentou que o debate é maior do que a discussão da microcefalia.
A porta-voz explicou que essas cinco circunstâncias representariam um mínimo recomendado e que a organização apoiaria a decisãouno jogopaísesuno jogoirem além e permitirem abortouno jogocircunstâncias mais amplas, seguindo padrõesuno jogoaplicação internacional. "Existe uma linha tênue entre uma recomendação e interferênciauno jogopolíticas nacionais. Cada país deve discutir as mudanças na leiuno jogoâmbito nacional", acrescentou.
O esclarecimento da porta-voz foi feito após um comunicado do comissáriouno jogoDireitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein,uno jogoGenebra.
Segundo o comunicado, países devem garantir direitos sexuais e reprodutivos a mulheres, incluindo métodos emergenciaisuno jogocontracepção, como serviçosuno jogoaborto legal.
"Leis e politicas que restringem mulheres a estes serviços devem ser urgentemente revistasuno jogolinha com os direitos humanos para garantir o direito à saúde para todos na prática", disse Hussein.
"O conselhouno jogoalguns governos para mulheres atrasarem gestações ignora a realidadeuno jogoque muitas mulheres e meninas simplesmente não pode exercer controle sobre a maneira, o momento e as circunstânciasuno jogoque se tornam grávidas, especialmenteuno jogolocais onde a violência sexual é tão comum", disse Hussein.
A BBC Brasil, desde a semana passada, vem discutindo o tema e apresentando os diferentes pontosuno jogovista e desdobramentos desta discussão no país.
Na quinta-feira, reportagem da BBC Brasil e do programa Newsnight, da BBC News, revelou que a professora Debora Diniz, da Universidade Federaluno jogoBrasília, junto ao grupouno jogobioética que articulou a discussão sobre abortouno jogofetos anencéfalos no Supremo Tribunal Federal, acatadauno jogo2012, prepara uma ação similar para pedir à Suprema Corte o direito ao abortouno jogogestaçõesuno jogobebês com microcefalia.
A discussão sobre o aborto legal no Brasil ganhou fôlego opiniões distintas sobre o tema começaram a surgir. Uma sérieuno jogodepoimentos então foi publicada pela BBC Brasil a respeito: o primeiro foiuno jogoAna Carolina Cáceres, jornalistauno jogo24 anosuno jogoCampo Grande (MS) que tem microcefalia e defende uma discussão informada sobre o aborto.
"Caso o projetouno jogoaborto seja aprovado, mas houveruno jogoparalelo assistência para a mãe e garantiauno jogodireitos depoisuno jogonascer, tenho certeza que a segunda opção vai vencer", disse a jovem.
Já o médico Drauzio Varella discutiu a perspectiva social da interrupçãouno jogogestações. "O aborto já é livre no Brasil. É só ter dinheiro para fazeruno jogocondições até razoáveis. Todo o resto é falsidade. Todo o resto é hipocrisia", disse à BBC Brasil. "Proibir o aborto é punir quem não tem dinheiro."
O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PSB-RJ), que anunciou à BBC Brasil que apoiará a ação pelo direito legal ao abortouno jogofetos com microcefalia no STF, disse que o Brasil e a maioria dos países da América Latina estão entre os "mais atrasados do mundo" na legislação sobre o aborto legal.
Também à BBC Brasil, o cardeal dom Odilo Sherer, arcebispouno jogoSão Paulo, disse que "ninguém pode decidir sobre vida e morteuno jogoum ser humano".
"É ser humano. Aindauno jogoformação, mas é ser humano", afirmou o cardeal. "O bebê não nascido, (seja com) apenas 12 semanas ou com 20 semanasuno jogogestação, é humano desde o primeiro instante da concepção."
Segundo a OMS, 1 milhãouno jogoabortos ilegais são feitos por ano no país e matam uma mulher a cada dois dias. Por ano,uno jogoacordo com o Sistema Únicouno jogoSaúde, maisuno jogo200 mil são internadas no SUS com complicações pós-aborto.
"Claramente, administrar a expansão do zika é o maior desafio dos governos da América Latina", disse Hussein na manhã desta sexta-feirauno jogoGenebra.