Como 'truculência'onabet 365Oswaldo Cruz varreu o Aedes aegypti das cidades brasileiras:onabet 365
onabet 365 Rioonabet 365Janeiro, início do século 20. Na calada da noite, eles entravam nas casas à procuraonabet 365um invasor sorrateiro e muitas vezes imperceptível. Reviravam tudo e, se o encontrassem, matavam-no sem dó nem piedade.
Essa era a rotina do Serviçoonabet 365Profilaxia da Febre Amarela, criada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, para combater a epidemia da doença, também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que assolava o país. Agindo por vezesonabet 365forma truculenta, as chamadas brigadasonabet 365mata-mosquitos ─ gruposonabet 365agentes sanitários munidosonabet 365inseticidas capazesonabet 365eliminar focosonabet 365insetos ─ empregavam um modeloonabet 365ação totalmente militar.
Apesar das críticas, as medidas surtiram efeitoonabet 365pouco tempo. Em marçoonabet 3651907, a febre amarela foi considerada erradicada no Rioonabet 365Janeiro. E até hoje não existem casos notificados da variação da doençaonabet 365áreas urbanas no Brasil.
A iniciativa das brigadas para combater o Aedes aegypti nasceuonabet 365meio à escassezonabet 365métodos alternativos. Como na época não havia vacina contra a febre amarela, caçar o mosquito era a única opção viável para resolver o problema.
Os agentes percorriam as ruas da capital e entravam nas casas, lavavam caixasonabet 365água, jogavam remédioonabet 365ralos e bueiros, limpavam telhados e calhas, instalavam redesonabet 365proteção, removiam qualquer possível localonabet 365desova dos mosquitos, num trabalho exaustivoonabet 365combate à doença.
Muitas vezes, as brigadas simplesmente invadiam as casas quando não eram bem-vindas. E quando a população começou a conseguir habeas corpus para impedir a invasão sanitária, Oswaldo Cruz colocou suas brigadas para trabalharonabet 365madrugada, surpreendendo os moradores.
Ao encontrar doentes nas casas visitadas, os agentes não apenas desinfetavam o local, como providenciavam o isolamento domiciliar do paciente ou o transferiam para um hospitalonabet 365isolamento.
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Solução?
Mas o Aedes aegypti voltou no fim dos anos 80 e desde 1990 o Brasil convive com epidemias sazonaisonabet 365dengue no verão. Neste ano, duas novas epidemias, ambas transmitidas pelo mosquito, ganharam terreno: a chikungunya e a zika. Com a última se revelando um problemaonabet 365bem maior do que o imaginado originalmente e com um impacto social devastador, caçar o mosquito não poderia ser, mais uma vez, a solução?
"De fato, até o fim dos anos 80, a questão era dada por resolvida", constata o epidemiologista Denizar Vianna, do Departamentoonabet 365Clínica Médica da UERJ.
"Mas as coisas mudaram muito. Naquela época não havia a mobilidadeonabet 365hoje, com o fluxo constanteonabet 365pessoas para todo lado", acrescenta.
Especialistas acham praticamente impossível repetir, maisonabet 365100 anos depois, a façanhaonabet 365Oswaldo Cruz. Primeiro pela dimensão do problema.
O primeiro casoonabet 365zika no país foi registradoonabet 365maio deste ano e, atualmente, já há notificaçõesonabet 365praticamente todas as unidades da federação. Além disso, foi confirmada uma relação entre o vírus e a microcefalia ─ uma má formação do cérebro durante a gestação. Segundo o Ministério da Saúde, já são 1.761 casos notificadosonabet 365422 municípiosonabet 36513 Estados e no Distrito Federal.
E a doença, hoje, se espalha assim tão rapidamente, por um motivo simples: mobilidade. Em poucas horas, um sujeito infectado sai do Nordeste e já está no Rioonabet 365Janeiro, pronto para ser picado por um mosquito que disseminará o vírus.
No início do século passado era muito diferente. Poucas pessoas se locomoviam por grandes distâncias e, mesmo quando isso, eventualmente, acontecia, elas levavam semanas no deslocamento ─ o que dava tempo atéonabet 365curar a doença antesonabet 365chegar ao destino. Há 100 anos, os focosonabet 365doenças eram muito mais concentrados, enquanto que hoje são muito mais espalhados.
Estima-se, inclusive, que o próprio zika ─ que nunca havia dado as caras por aqui ─ tenha chegado durante a última Copa do Mundo, quando milharesonabet 365pessoas, dos mais diferentes continentes, vieram ao país.
Outro problema é o tamanho da população e das próprias cidades. Se era factível que as brigadasonabet 365Oswaldo Cruz visitassem cada casa da cidade, hoje isso seria uma tarefa impossível pela própria dimensão dos conglomerados urbanos do país.
Um desafio a mais na lutaonabet 365hoje é a quantidadeonabet 365plástico que existe e se acumula ─ oferecendo um potencial localonabet 365acúmuloonabet 365água e desova para os mosquitos.
"Do pontoonabet 365vista operacional, é muito mais difícil caçar mosquito hoje", atesta Vianna.
E há ainda a questão das mudanças climáticas, como lembra o especialista.
"A temperatura mais elevada e o aumento das chuvas cria um cenário ideal para a proliferação do mosquito."
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Conscientização
Para minimizar os efeitos da grande tragédia que se configura com a chegada do verão, especialistas apostam nas campanhasonabet 365educação da população, nas vacinas ─ um imunizante contra a dengue acabaonabet 365ser aprovado no México e já estáonabet 365análise no Brasil ─ eonabet 365métodos biotecnológicos para a contenção da reprodução dos terríveis mosquitos.
"A educação da população é muito importante, claro", diz Vianna. "Mas, sozinha, não creio que ela poderá dar conta do problema. Precisamosonabet 365outras ações."
"A melhor formaonabet 365combater as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti é por meio da prevenção, evitando o acúmuloonabet 365água paradaonabet 365recipientes que podem se transformaronabet 365criadouros", recomenda a pesquisadora do Laboratórioonabet 365Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Ana Bispo, responsável pela detecção do genoma do vírus Zika no líquido amnióticoonabet 365duas gestantes.
"Como o mosquito levaonabet 3657 a 10 dias para chegaronabet 365ovo à fase adulta, basta que a população elimine os criadourosonabet 365sua casa uma vez por semana", acrescenta.
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