Como 'truculência'gisher vbetOswaldo Cruz varreu o Aedes aegypti das cidades brasileiras:gisher vbet

(Thinkstock)

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto, Empregando modelogisher vbetação militar, Serviçogisher vbetProfilaxia da Febre Amarela caçava mosquito Aedes aegypti

gisher vbet Riogisher vbetJaneiro, início do século 20. Na calada da noite, eles entravam nas casas à procuragisher vbetum invasor sorrateiro e muitas vezes imperceptível. Reviravam tudo e, se o encontrassem, matavam-no sem dó nem piedade.

Essa era a rotina do Serviçogisher vbetProfilaxia da Febre Amarela, criada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, para combater a epidemia da doença, também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que assolava o país. Agindo por vezesgisher vbetforma truculenta, as chamadas brigadasgisher vbetmata-mosquitos ─ gruposgisher vbetagentes sanitários munidosgisher vbetinseticidas capazesgisher vbeteliminar focosgisher vbetinsetos ─ empregavam um modelogisher vbetação totalmente militar.

Apesar das críticas, as medidas surtiram efeitogisher vbetpouco tempo. Em marçogisher vbet1907, a febre amarela foi considerada erradicada no Riogisher vbetJaneiro. E até hoje não existem casos notificados da variação da doençagisher vbetáreas urbanas no Brasil.

A iniciativa das brigadas para combater o Aedes aegypti nasceugisher vbetmeio à escassezgisher vbetmétodos alternativos. Como na época não havia vacina contra a febre amarela, caçar o mosquito era a única opção viável para resolver o problema.

Os agentes percorriam as ruas da capital e entravam nas casas, lavavam caixasgisher vbetágua, jogavam remédiogisher vbetralos e bueiros, limpavam telhados e calhas, instalavam redesgisher vbetproteção, removiam qualquer possível localgisher vbetdesova dos mosquitos, num trabalho exaustivogisher vbetcombate à doença.

Agentes entravam nas casas, lavavam caixasgisher vbetágua e jogavam remédiosgisher vbetralos e bueiros

Crédito, Acervo Casa Oswaldo Cruz

Legenda da foto, Agentes entravam nas casas, lavavam caixasgisher vbetágua e jogavam remédiosgisher vbetralos e bueiros

Muitas vezes, as brigadas simplesmente invadiam as casas quando não eram bem-vindas. E quando a população começou a conseguir habeas corpus para impedir a invasão sanitária, Oswaldo Cruz colocou suas brigadas para trabalhargisher vbetmadrugada, surpreendendo os moradores.

Ao encontrar doentes nas casas visitadas, os agentes não apenas desinfetavam o local, como providenciavam o isolamento domiciliar do paciente ou o transferiam para um hospitalgisher vbetisolamento.

<link type="page"><caption> Leia também: Ao prestar queixagisher vbetagressãogisher vbetnamorado, vítima diz ter ouvidogisher vbetdelegado: 'Vai pra casa, resolve na conversa'</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/12/151208_depoimento_mulher_violencia_rm" platform="highweb"/></link>

Solução?

Mas o Aedes aegypti voltou no fim dos anos 80 e desde 1990 o Brasil convive com epidemias sazonaisgisher vbetdengue no verão. Neste ano, duas novas epidemias, ambas transmitidas pelo mosquito, ganharam terreno: a chikungunya e a zika. Com a última se revelando um problemagisher vbetbem maior do que o imaginado originalmente e com um impacto social devastador, caçar o mosquito não poderia ser, mais uma vez, a solução?

"De fato, até o fim dos anos 80, a questão era dada por resolvida", constata o epidemiologista Denizar Vianna, do Departamentogisher vbetClínica Médica da UERJ.

"Mas as coisas mudaram muito. Naquela época não havia a mobilidadegisher vbethoje, com o fluxo constantegisher vbetpessoas para todo lado", acrescenta.

Especialistas acham praticamente impossível repetir, maisgisher vbet100 anos depois, a façanhagisher vbetOswaldo Cruz. Primeiro pela dimensão do problema.

O primeiro casogisher vbetzika no país foi registradogisher vbetmaio deste ano e, atualmente, já há notificaçõesgisher vbetpraticamente todas as unidades da federação. Além disso, foi confirmada uma relação entre o vírus e a microcefalia ─ uma má formação do cérebro durante a gestação. Segundo o Ministério da Saúde, já são 1.761 casos notificadosgisher vbet422 municípiosgisher vbet13 Estados e no Distrito Federal.

(AFP)

Crédito, AFP

Legenda da foto, Brasil convive com epidemias sazonaisgisher vbetdengue no verão desde a décadagisher vbet80

E a doença, hoje, se espalha assim tão rapidamente, por um motivo simples: mobilidade. Em poucas horas, um sujeito infectado sai do Nordeste e já está no Riogisher vbetJaneiro, pronto para ser picado por um mosquito que disseminará o vírus.

No início do século passado era muito diferente. Poucas pessoas se locomoviam por grandes distâncias e, mesmo quando isso, eventualmente, acontecia, elas levavam semanas no deslocamento ─ o que dava tempo atégisher vbetcurar a doença antesgisher vbetchegar ao destino. Há 100 anos, os focosgisher vbetdoenças eram muito mais concentrados, enquanto que hoje são muito mais espalhados.

Estima-se, inclusive, que o próprio zika ─ que nunca havia dado as caras por aqui ─ tenha chegado durante a última Copa do Mundo, quando milharesgisher vbetpessoas, dos mais diferentes continentes, vieram ao país.

Outro problema é o tamanho da população e das próprias cidades. Se era factível que as brigadasgisher vbetOswaldo Cruz visitassem cada casa da cidade, hoje isso seria uma tarefa impossível pela própria dimensão dos conglomerados urbanos do país.

Um desafio a mais na lutagisher vbethoje é a quantidadegisher vbetplástico que existe e se acumula ─ oferecendo um potencial localgisher vbetacúmulogisher vbetágua e desova para os mosquitos.

"Do pontogisher vbetvista operacional, é muito mais difícil caçar mosquito hoje", atesta Vianna.

Crédito, Acervo Casa Oswaldo Cruz

E há ainda a questão das mudanças climáticas, como lembra o especialista.

"A temperatura mais elevada e o aumento das chuvas cria um cenário ideal para a proliferação do mosquito."

<link type="page"><caption> Leia também: Por que às vezes temos a sensaçãogisher vbetcair quando estamos adormecendo?</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/12/151210_vert_future_sono_queda_fd" platform="highweb"/></link>

Conscientização

Para minimizar os efeitos da grande tragédia que se configura com a chegada do verão, especialistas apostam nas campanhasgisher vbeteducação da população, nas vacinas ─ um imunizante contra a dengue acabagisher vbetser aprovado no México e já estágisher vbetanálise no Brasil ─ egisher vbetmétodos biotecnológicos para a contenção da reprodução dos terríveis mosquitos.

"A educação da população é muito importante, claro", diz Vianna. "Mas, sozinha, não creio que ela poderá dar conta do problema. Precisamosgisher vbetoutras ações."

"A melhor formagisher vbetcombater as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti é por meio da prevenção, evitando o acúmulogisher vbetágua paradagisher vbetrecipientes que podem se transformargisher vbetcriadouros", recomenda a pesquisadora do Laboratóriogisher vbetFlavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Ana Bispo, responsável pela detecção do genoma do vírus Zika no líquido amnióticogisher vbetduas gestantes.

"Como o mosquito levagisher vbet7 a 10 dias para chegargisher vbetovo à fase adulta, basta que a população elimine os criadourosgisher vbetsua casa uma vez por semana", acrescenta.

<link type="page"><caption> Leia também: 'Grupos criminosos organizados atacaram Maju', diz promotor</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/12/151207_megaoperacao_maju_racismo_rs" platform="highweb"/></link>

Serviçogisher vbetProfilaxia da Febre Amarela foi criado por Oswaldo Cruz no início do século 20

Crédito, Acervo Casa Oswaldo Cruz

Legenda da foto, Serviçogisher vbetProfilaxia da Febre Amarela foi criado por Oswaldo Cruz no início do século 20