Gêmeo com irmão saudável foi 'paciente zero'avencedora betepidemiaavencedora betmicrocefalia, diz médica:avencedora bet
"Já estávamos investigando a genética da criança quando, no meioavencedora betsetembro, comecei a ver casosavencedora betmicrocefalia no Hospital Barãoavencedora betLucena (em Recife), onde trabalho. Cheguei um dia e havia três bebês com o problema na UTI, com característicasavencedora betinfecção também. Na semana seguinte, havia mais dois", lembra.
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"No dia seguinte, minha mãe, que é neuropediatra no IMIP (Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira), me disse que havia sete pacientes internados com microcefalia. Aí eu pensei: 'tem alguma coisa errada'."
Investigação
Ao se depararem com os casos, as médicas buscaram possíveis conexões com o citomegalovírus e doenças como sífilis, toxoplasmose e rubéola, que costumam ser responsáveis por alguns dos casosavencedora betmicrocefalia. Nenhum traço das doenças, no entanto, foi encontrado nos exames dos bebês nem das mães.
Foi então que, no fimavencedora betsetembro, Vanessa levou o caso ao secretárioavencedora betsaúde do Estado, e criou-se uma equipe para entender o que estava acontecendo.
"O que era interessante é que as tomografias deles não eram tão semelhantes ao que costumamos veravencedora betcasosavencedora betinfecções congênitas comuns. Parecia um agente novo", conta.
Um levantamentoavencedora betcasosavencedora betmaternidadesavencedora betRecife revelou um número atípicoavencedora betnotificaçõesavencedora betbebês com o perímetro cefálico (medida da circunferência da cabeça do bebê emavencedora betparte maior) menor do que 33 cm (o normal para um recém-nascido éavencedora bet34 cm a 37 cm).
No interior do Estado, o aumentoavencedora betocorrências também já causava estranheza. No fimavencedora betoutubro, o Pernambuco alertou o Ministério da Saúde sobre o problema.
Até o dia 28avencedora betnovembro, foram notificados 1.248 casosavencedora bet14 Estados — 646 deles sóavencedora betPernambuco.
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Relação com a zika
A neuropediatra descobriu que, assim como a mãe dos gêmeos, outras mulheres tiveram algum tipo exantema (erupções vermelhas na pele) no início da gravidez, entre o primeiro e o quarto mês. A partir desta informação, levantou-se a possibilidadeavencedora betinvestigar uma possível relação com a zika e com a febre chikungunya, doenças "primas" da dengue que podem causar este sintoma.
"Os exames que fizemos nos recém-nascidos (buscando o vírus da zika ou o da chikungunya) deram normais, provavelmente porque a doença não dura muito tempo e, como eles tiveram a infecção no início da gestação, já tinha saído do organismo", diz.
Neste momento, a obstetra paraibana Adriana Melo começou a acompanhar as notícias e relacionou o que acontecia no Estado vizinho com os casosavencedora betduasavencedora betsuas pacientes.
Elas tinham bebês com microcefalia, detectada ainda na ultrassonografia e também haviam tido a mesma vermelhidão durante os primeiros meses.
"Ela colheu o líquido amniótico das pacientes e mandou para o Rioavencedora betJaneiro, para a análise da Fiocruz. Aí foi encontrado o material genético vírus", conta Vanessa.
"No dia 28avencedora betnovembro, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o zika vírus e o surtoavencedora betmicrocefalia."
Desafio, e não tristeza
Para o pai dos gêmeos, P.J. (que pediu que a identidade da família fosse protegida), a descobertaavencedora betque o casoavencedora betseu filho não era isolado ajudou a amenizar o "baque" inicial.
"Eu estava focado apenasavencedora betajudar minha esposa porque para ela foi um baque. Mas quando descobri que aquela situação iria para a mídia, para os congressosavencedora betMedicina, comecei a pensar no impacto disso para as pessoas", disse a BBC Brasil,avencedora betentrevista por telefone.
"Aí me lembrei que,avencedora betdezembro, quando ela teve essa vermelhidão no corpo, minha cidade, no sertãoavencedora betPernambuco, era uma das que tiveram mais casosavencedora betdengue no Estado. Aí bate aquele sentimento: 'Poxa, a gente podia ter evitado'."
Alterações no bebê foram diagnosticadas já aos três mesesavencedora betgravidez. Mas só no sétimo mês, e após diversos exames, os pais tiveram a confirmaçãoavencedora betque se tratavaavencedora betmicrocefalia.
"A médica nos disse: 'Ele é um bebê viável, mas pode ser que não ande no tempo que vocês esperam e não fale no tempo que vocês esperam. Mas ele vai fazer tudo isso por causa dos estímulos que vocês precisarão dar'."
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"Mas depois que ele nasceu, começamos a identificar problemas e a doutora Vanessa nos contou o que a medicina falava sobre a microcefalia. Desaba o mundo sobre você, por causa das possibilidades. Aquilo era algo com o qual íamos ter muito trabalho", disse à BBC Brasil.
O garoto nasceu com um perímetro cefálicoavencedora bet27 cm, mas, segundo o pai, está evoluindo bem. "Já sabemos que ele tem um problema visual, já usa óculos para miopia, e estamos monitorandoavencedora betaudição. Mas ele está engordando, crescendo. Deixouavencedora betparecer um bebê com a cabeça pequena."
Agora, ele diz querer ajudar outras famílias que também tiveram filhos na mesma situação nos últimos meses. "Para mim é uma terapia também."
"Já estouavencedora betcontato com outros pais e quero fazer um blog sobre o assunto. Só não fiz ainda porque estou esperando minha esposa se recuperar da notícia."
"Não estou encarando com tristeza, mas como um desafio. Vamos ter forças para fazer o que estiver ao nosso alcance por ele."