O vilarejo que conseguiu derrotar a peste negra:dicas aviator betnacional

Eleanor Ross

Crédito, Eleanor Ross

Legenda da foto, Lápidesdicas aviator betnacionalEyam são testemunhas do sacrifíciodicas aviator betnacionalum pequeno povoado na Inglaterra

Em meio à devastação, o vilarejodicas aviator betnacionalEyam, lar da família Hancock, virou palcodicas aviator betnacionalum dos episódiosdicas aviator betnacionalautossacrifício mais heroicos da história da Grã-Bretanha – e foi um dos principais motivos pelos quais a disseminação da doença foi interrompida.

Eyam fica a cercadicas aviator betnacional56 quilômetrosdicas aviator betnacionalManchester e tem, atualmente, cercadicas aviator betnacional900 habitantes. É um típico vilarejo do interior da Inglaterra: tem pubs, cafés aconchegantes e um igrejinha idílica.

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Legenda da foto, Local onde Elizabeth Hancock enterrou sete membrosdicas aviator betnacionalsua família

Há 450 anos, porém, só se via a destruição causada pela peste negra: ruas vazias, portas marcadas com cruzes brancas e sonsdicas aviator betnacionalagoniadicas aviator betnacionalpacientes moribundos atrás dessas portas fechadas.

A peste chegou a Eyam no verão (inverno no hemisfério sul)dicas aviator betnacional1665, quando um comerciantedicas aviator betnacionalLondres enviou amostrasdicas aviator betnacionaltecidos infestadas por pulgas para o alfaiate local, Alexander Hadfield. Em uma semana, o assistentedicas aviator betnacionalHadfield, George Vickers, já havia agonizado até a morte. Em breve, toda adicas aviator betnacionalfamília contrairia a doença e morreria.

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Até aquele momento, a doença estava praticamente restrita ao sul da Inglaterra. Apavorados com a perspectivadicas aviator betnacionala praga se espalhar pelo norte, destruindo cidades e comunidades, os moradores perceberam que só tinham uma opção: a quarentena.

Isolamento

Sob orientação do padre anglicano William Mompesson, eles decidiram se isolar, criando um perímetro delimitado por uma barreiradicas aviator betnacionalpedras que ele prometeram não ultrapassar – até aqueles que não apresentavam sintomas.

“Isso significava que eles não podiam evitar o contato com a doença”, explica Catherine Rawson, secretária do Eyam Museum, que conta o casodicas aviator betnacionaldetalhes.

Também significava que era preciso fazer planos cuidadosos para assegurar que os moradores ficassem dentro dos limites e que outras pessoas fossem mantidas do ladodicas aviator betnacionalfora, mas que aqueles que estavamdicas aviator betnacionalquarentena ainda pudessem receber alimentos e outros mantimentosdicas aviator betnacionalque precisavam.

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Crédito, Eleanor Ross

Legenda da foto, Residências das famílias que sofreram com a doença ficaram conhecidas como "casa da peste"

Os moradores estabeleceram um sistemadicas aviator betnacionalbarreiras feitas com pedras com pequenos buracos, onde deixavam moedas empapadasdicas aviator betnacionalvinagre, que acreditavam ter ação desinfetante. Comerciantesdicas aviator betnacionalvilarejos vizinhos pegavam o dinheiro e deixavam carne, grãos e enfeitesdicas aviator betnacionaltroca.

Atualmente é possível visitar a barreiradicas aviator betnacionalpedras. Localizadas a menosdicas aviator betnacionalum quilômetro do vilarejo, essas pedras chapadas e ásperas viraram uma atração turística. Para honrar as vítimas da doença, até hoje as pessoas deixam moedas nos buracos, que ficaram menos marcados com o tempo – e com as crianças colocando os dedos dentro deles.

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Ainda não há consenso sobre a forma como a notícia da quarentena foi recebida pelos moradores. Alguns tentaram deixar o local, mas aparentemente a maioria aceitou seu destinodicas aviator betnacionalforma estoica e pediu a Deus para continuar viva.

'A peste, a peste!'

Mesmo se tivessem deixado o local, eles certamente não seriam bem recebidosdicas aviator betnacionaloutros lugares. Uma mulher saiudicas aviator betnacionalEyam para ir ao mercado do vilarejodicas aviator betnacionalTideswell, a 8 kmdicas aviator betnacionaldistância. Quando as pessoas perceberamdicas aviator betnacionalonde ela vinha, atiraram comida e lama, aos gritosdicas aviator betnacional“a peste, a peste!”.

À medida que as pessoas foram morrendo, o vilarejo começou a entrardicas aviator betnacionalcolapso. Estradas começaram a desmoronar e o mato dominou os jardins. Ninguém fez a colheita das plantações e os moradores passaram a dependerdicas aviator betnacionalalimentos trazidosdicas aviator betnacionaloutros locais.

Eles estavam vivendo com a morte, literalmente, na esquina, sem saber quem seria a próxima vítimadicas aviator betnacionaluma doença que ninguém entendia. A pestedicas aviator betnacional1665 provavelmente lembrou o eboladicas aviator betnacional2015, mas com ainda menos conhecimento médico.

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Crédito, Eleanor Ross

Legenda da foto, Pedras como esta delimitavam limites que não podiam ser ultrapassados por moradores

Foram tomadas algumas providências para tentar impedir a disseminação da doença. Na primeira metadedicas aviator betnacional1666, 200 pessoas morreram.

Após a morte do homem responsável pelas lápides, os moradores passaram a gravar suas próprias. Alguns, como Elizabeth Hancock, enterraram eles mesmos os seus mortos, carregando os corpos das vítimas por meiodicas aviator betnacionalcordas amarradas aos pés delas para evitar contato com o morto.

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Missas eram feitas ao ar livre para evitar a propagação da doença, masdicas aviator betnacionalagostodicas aviator betnacional1666 os efeitos eram devastadores: 267 pessoas,dicas aviator betnacionaluma populaçãodicas aviator betnacional344, haviam morrido.

Acreditava-se que aqueles que não pegaram a doença tinham uma característica especial – hoje, especula-se que fosse um cromossomo – que impedia a contaminação. Outros acreditavam que rituais supersticiosos (como fumar tabaco) ou preces fervorosas paralisavam a doença.

Cheiros adocicados, órgãos podres

Jenny Aldridge, uma das gerentes da casa Eyam Hall do National Trust (instituição que cuidadicas aviator betnacionalpalácios, castelos e outros patrimônios históricos britânicos), afirma que as vítimas da peste percebiam que haviam sido contaminadas quando começavam a sentir cheiros doces.

A mulherdicas aviator betnacionalWilliam Mompesson, Katherine, percebeu que o ar estava adocicado uma noite antesdicas aviator betnacionalapresentar sintomas – só por isso ele soube que ela havia sido infectada. Ironicamente, o odor agradável surgia quando as glândulas olfativas detectavam que os órgãos internos do paciente estavam apodrecendo.

“Isso e a crença dos moradoresdicas aviator betnacionalque doenças eram transmitidas pelo ar os levaram a usar máscaras com ervas dentro”, diz Aldridge. “Alguns chegavam a sentardicas aviator betnacionaltubulaçõesdicas aviator betnacionalesgotos: pensavam que a praga não poderia atingi-losdicas aviator betnacionalum local que cheirava tão mal.”

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Crédito, Eleanor Ross

Legenda da foto, Em agostodicas aviator betnacional1966, 267 dos 344 moradoresdicas aviator betnacionalEyam haviam morrido

Após 14 meses, a doença se autoconsumiu, desaparecendo quase tão subitamente quanto apareceu. A vida voltou ao normal e o comércio se restabeleceudicas aviator betnacionalforma relativamente rápida porque a mineraçãodicas aviator betnacionalchumbo, a maior fontedicas aviator betnacionalriquezadicas aviator betnacionalEyam, era muito valiosa para ser ignorada.

Hoje, o vilarejo se transformoudicas aviator betnacionaluma cidade-dormitório para quem trabalhadicas aviator betnacionalSheffield e Manchester, mas ainda há fazendas centenárias no caminho.

Para quem visita a cidade, uma das coisas mais impressionantes são as placas verdes que foram postas nas casasdicas aviator betnacionalcampo atingidas pela peste. Muitas listam inúmeros membros que cada família perdeu.

As placas são uma lembrança constante para os habitantes do norte da Inglaterradicas aviator betnacionalque eles e seus ancestrais podem dever suas vidas a esse corajoso povoado.

Esta reportagem faz parte do BBC Britain – uma série que explora histórias da ilha.

Leia a <italic><link type="page"><caption> versão original desta reportagemdicas aviator betnacionalinglês</caption><url href="http://www.bbc.com/travel/story/20151026-the-sleepy-village-that-stopped-the-black-death" platform="highweb"/></link></italic> no site <italic><link type="page"><caption> do BBC Travel</caption><url href="http://www.bbc.com/travel" platform="highweb"/></link></italic>.