Contra estigma, altasinternacional e grêmio palpiteebola têm 'ritual do abraço', diz médica brasileira:internacional e grêmio palpite
Ainda não foi descoberto nenhum remédio capazinternacional e grêmio palpitecurar o ebola, mas o corpo do próprio paciente pode se recuperar sozinho.
"É como uma gripe. Não temos remédio para matar o vírus da gripe: é o corpo que responde e mata o vírus, e a gente melhora. A diferença é que o vírus do ebola é muito mais agressivo que uma gripe", explica Rachel, que passou um mês na Guiné.
A experiência da médica,internacional e grêmio palpite35 anos, foi excepcional: dos 21 pacientesinternacional e grêmio palpiteebolainternacional e grêmio palpiteTelimélé, 16 sobreviveram.
Por isso, Rachel vivenciou diversas vezes um processointernacional e grêmio palpitealta completamente diferente. Ao sair da áreainternacional e grêmio palpiteisolamento do hospital, os pacientes tomam um banhointernacional e grêmio palpitecloro e ganham roupas novas, já que as antigas estão contaminadas.
São recebidos pelos médicos com um abraço, para que percam o estigmainternacional e grêmio palpite"contagiosos" e voltem a ser aceitos pela comunidade. A doença é cercadainternacional e grêmio palpitepreconceito.
O abraço que deuinternacional e grêmio palpiteuma criançainternacional e grêmio palpite4 anos e eminternacional e grêmio palpitemãe, conta Rachel, foi a "melhor alta"internacional e grêmio palpitesua vida.
"A mãe chorou junto comigo e ele estava até assustado com tantos abraços. Foi a melhor alta da minha vida,internacional e grêmio palpiteuma criança que eu não achava que ia resistir. Eu chegavainternacional e grêmio palpitecasa sem saber se ia encontrá-lo no dia seguinte, e ele saiu."
Leia abaixo o depoimento:
"Quando você pega ebola,internacional e grêmio palpiteaté dez dias ou você vai morrer ou seu próprio corpo vai se encarregarinternacional e grêmio palpitematar o vírus.
É como uma gripe. Não temos remédio para matar o vírus da gripe: é o corpo que responde e mata o vírus, e a gente melhora. A diferença é que o vírus do ebola é muito mais agressivo. Ele mata por falência múltipla dos órgãos. O fígado e os rins paraminternacional e grêmio palpitefuncionar. O sangue corre devagar no corpo.
Trabalho com (a organização) Médicos Sem Fronteiras (MSF) desde 2011. Em maio me ligaram por causa da epidemiainternacional e grêmio palpiteebola na Guiné. A epidemia começou no sul, onde as pessoas estão tendo dificuldade para aceitar o ebola. Uma das formasinternacional e grêmio palpitecontágio é por secreção - sangue, lágrima, suor, vômito ou espirro - e, na Guiné, que é um país muçulmano, as pessoas têm o costumeinternacional e grêmio palpitelavar o corpo quando a pessoa morre. Mas é nesse momento que o vírus está mais contagioso.
Uma pessoa pode ir a um funeral, voltar para o vilarejo dela assintomática e aí adoecer. Foi assim que a região para onde fui recebeu o vírus. Num instante, a epidemia se alastra.
Logo o MSF foi para lá e começou a isolar as pessoas. Quando eu cheguei eram 16 casos suspeitos e, no dia seguinte, viraram 16 confirmados.
O diferenteinternacional e grêmio palpitetratar uma epidemiainternacional e grêmio palpiteebola é que você não pode ficar o dia inteiro ao lado do paciente, sóinternacional e grêmio palpitejaleco. Por causo do contágio, você tem que ser muito protegido. É preciso colocar uma roupainternacional e grêmio palpiteborracha amarela, luva, máscara, touca, óculos, fica parecendo uma roupainternacional e grêmio palpiteastronauta.
Faz muito calor, e a gente aguenta ficar, no máximo, 40 minutos ao lado do paciente. Quando não consegue mais respirar porque está transpirando dentro da máscara, saía.
Uma equipe do ladointernacional e grêmio palpitefora espera com um pulverizador com cloro. Tira os óculos, pulveriza, máscara, pulveriza, macacão amarelo, pulveriza. A gente sai, toma bastante líquido para hidratar e entrainternacional e grêmio palpitenovo.
A gente faz o paciente comer, beber, mas não há tratamento específico para o ebola. É um tratamento sintomático: para febre, dor, vômito. É um trabalhointernacional e grêmio palpiteincentivar o paciente a combater o vírus.
Quanto antes ele chega no hospital, melhor é a resposta do corpo contra o vírus. Felizmente, onde eu estava, tivemos um paciente logo nos primeiros dias que ficou muito mal, mas se recuperou e teve alta. Quando saiu, contratamos ele para ir nas comunidades e explicar o que era a doença.
Todas as altas são assim: a gente faz um exameinternacional e grêmio palpitesangue para ter certeza que a pessoa não tem mais o vírus, mas a roupa que ela tinha usado ainda fica contaminada. Todo mundo que sai tem que tomar um banhointernacional e grêmio palpitecloro, porque o vírus morre com o cloro, e a gente compra uma roupa nova para o paciente.
Do ladointernacional e grêmio palpitefora, sempre tem alguém da nossa equipe para abraçar o paciente. Como a formainternacional e grêmio palpitecontágio é por contato, durante o períodointernacional e grêmio palpiteepidemia nossa mensagem é evitar dar a mão, abraçar aquela pessoa. Quando ela sai, a gente abraça para mostrar que ela não pode mais contaminar outras pessoas, para ela não ficar estigmatizada.
A gente se revezava para cada um fazer uma alta. A melhor foi ainternacional e grêmio palpiteuma criançainternacional e grêmio palpite4 anos. Foi nosso último caso confirmado positivo e a mãe dele já estava internada no hospital com ebola. Ele teve febre, a prima trouxe ele e ele foi isolado como suspeito. Ele estava muito doente, tinha vômito, diarreia, tosse, e o teste veio positivo. Na horainternacional e grêmio palpiteque levei ele para o lado dos suspeitos e a mãe viu que ele estava muito doente ela não paravainternacional e grêmio palpitechorar.
Fomos fazendo o que podíamos fazer: colocamos soro, insistia para ele comer, e a mãe do lado dele o tempo todo. Ela foi melhorando e ficou negativa. Explicamos que ela poderia sair e ela falou: "Não, é meu filho. Vou ficar aqui do lado dele e só vou sair quando ele puder sair".
Das 16 pessoas que estavam no hospital, tivemos mais uma morte e os outros tiveram alta. No final ficaram só ela e o filho. Fizemos o teste e deu negativo.
Nesse momento eu falei: quero abraçar eles. Foi muito bonito, porque como era nosso último paciente todo mundo estava lá, vieram os motoristas, toda a equipe.
Foi a maior festa, eu abracei e todo mundo quis abraçar ele depois. Ela chorou junto comigo e ele estava até assustado com tantos abraços. Foi a melhor alta da minha vida, uma criança que não achava que ia resistir. Eu chegavainternacional e grêmio palpitecasa sem saber se ia encontrá-lo no dia seguinte, e ele saiu.
Não tive medo (de contaminação)internacional e grêmio palpitenenhum momento. Apesarinternacional e grêmio palpiteser muito contagioso, nós tomamos todas as precauções. O que acontece é que é muito intenso: como é um vírus muito agressivo, todos os pacientesinternacional e grêmio palpitealgum momento ficam muito doentes. A gente entrava às 7h30 e ficava no hospital até muito tarde, 21h, 22h, tentando fazer o máximo. Você sempre sai pensando "será que vou encontrar todo mundo aqui amanhã?". Essa angústia é o pior.
Tivemos 75%internacional e grêmio palpitecura, mas infelizmente esse não é o perfil da epidemia. É um vírus bem letal, einternacional e grêmio palpiteoutras regiões da Guiné ainda há um índiceinternacional e grêmio palpiteletalidade muito alto, porque as pessoas chegam tarde.
Nosso sucesso foi porque o pessoal chegou cedo, não esconderam os doentesinternacional e grêmio palpitecasa. E acho que também porque um paciente deu o testemunho dele. Mostrou que a doença, mesmo sendo grave, tem cura."