Torcedores 'sem hotel' transformam Rio365bet5'camping' durante a Copa:365bet5
"Aluguei um quarto na casa365bet5uma família na favela da Rocinha. Estavam me cobrando R$ 100 por noite. Paguei as primeiras três, e vi que não daria mais, então fui para a praia365bet5Copacabana", conta.
Depois365bet5alguns dias nas areias da orla (onde a polícia proíbe os turistas365bet5montarem barracas, mas não os impede365bet5passar a noite365bet5sacos365bet5dormir), a chuva forte que atinge o Rio nos úiltimos dois dias fez com que Rodrigues buscasse outra morada.
"Me falaram da rodoviária, e aqui me parece muito bom. Em geral nos mandam embora durante o dia, mas hoje com a chuva forte acho que abriram uma exceção", diz.
Vagas disputadas
O argentino se refere a um espaço criado no primeiro piso do Terminal Rodoviário Novo Rio coberto com uma espécie365bet5grama sintética verde (semelhante a um tapete), e equipado com assentos estofados e uma grande TV365bet5plasma, cercado por peças publicitárias da rodoviária Novo Rio.
O local, que aparentemente serviria para passageiros assistirem a partidas enquanto aguardavam seus ônibus, acabou virando uma disputada hospedaria gratuita – o epicentro365bet5um microcosmos dos "hermanos" dentro da rodoviária carioca, que inclui ainda banheiros, chuveiros e lanchonetes.
Na noite365bet5quinta-feira, a BBC Brasil viu cerca365bet550 a 60 pessoas abrigadas no local.
Juli Gomes,365bet519 anos, e o namorado John Moreno,365bet523, ambos colombianos365bet5San Gil365bet5Santander, acabam365bet5voltar do banho e ainda terminam365bet5enxugar os cabelos enquanto Uruguai e Inglaterra duelam na imagem do telão365bet5plasma.
"Encheu muito por aqui hoje, com essa chuva. Vamos ter que esperar o fim do segundo tempo para ver se alguém sai e abre um espaço", diz Juli.
Visivelmente preocupada com os novos vizinhos, a garota explica que os dois têm emprego na Colômbia (ela é representante comercial e ele coreógrafo e cabeleireiro) e alugam um apartamento, mas quiseram se aventurar pelo Brasil por dois meses – com orçamento bem reduzido.
"Estamos há dois meses na estrada,365bet5ônibus. Viemos parando, e passamos por Equador, Peru e Bolívia. Essa vai ser nossa terceira noite aqui na rodoviária", conta John.
"Chegamos a olhar preços365bet5hotéis e pousadas, mas era tudo muito caro. Nos mandaram procurar nas favelas, mas é impossível pagar.
Apesar das disputadas vagas gratuitas no "lounge", nem tudo é365bet5graça na "Copa da rodoviária". Cada ida ao banheiro custa R$ 1,50 e um banho365bet5chuveiro coletivo não sai por menos365bet5R$ 5.
E para comer? "Em Curitiba comíamos muito bem. Com R$ 5,90 tínhamos um buffet livre. Aqui o mais365bet5conta é R$ 10,365bet5Copacabana. Comida caseira, com arroz, feijão, e um pedaço365bet5frango. Se for carne sai por R$ 11", conta o casal.
Já o chileno Oscar Castillo,365bet544 anos, opta pelos supermercados. Questionado sobre a alimentação, mostra uma sacola365bet5mercado com alguns pães amassados e fatias365bet5queijo e presunto. "É o que dá", conta.
"O que vale é a aventura, claro, mas não entendo. Os brasileiros enlouqueceram. Está tudo muito caro. Não se pode comer, não há onde se hospedar", opina, adiantando que ele e a mulher devem ficar no mínimo duas noites na rodoviária.
Improviso365bet5Copacabana
Os cariocas vêm se surpreendendo com as "invasões" colombianas, chilenas e argentinas dos últimos dias, que migram agora conforme seus times se classificam nas próximas etapas da Copa. Alguns já passaram por Cuiabá e Curitiba, outros, como os argentinos, vão agora para Belo Horizonte e depois Porto Alegre.
Muito mais comum no Chile e na Argentina, a tradição365bet5acampar ou viajar365bet5"casas sobre rodas" não é tão difundida no Brasil, onde não há tanta infraestrutura para isso.
Não que os poucos espaços disponíveis não estejam sendo usados. Campings nas praias do Recreio e Pontal estão lotados, e cerca365bet52 mil chilenos montaram acampamento improvisado365bet5uma fazenda365bet5Itaboraí, a cerca365bet560 quilômetros do centro do Rio.
Em Copacabana o que chama a atenção são as dezenas365bet5motor homes e trailers que resistem estacionados na orla, pouco depois365bet5onde está montada a Fan Fest da Fifa.
Os irmãos Alejandro e Sebastían Rodrigues,365bet533 e 36 anos, vieram365bet5Buenos Aires numa van365bet5frete adaptada com um beliche e um frigobar improvisados. As roupas ficam no meio, assim como os outros pertences pessoais.
"Faço frete, entrega365bet5móveis", diz Sebastían, acrescentando que os dois levaram cerca365bet560 horas da capital argentina até o Rio, fazendo breves paradas.
Embora também tenham orçamento apertado, os que estão sobre rodas costumam ter situação financeira um pouco melhor.
"Estou negociando um ingresso para Belo Horizonte, para a partida contra o Irã, por mais ou menos US$ 300. Se não der certo, pago até US$ 500 na hora. Mais não dá", conta Alejandro.
Quanto aos planos, não há dúvidas. "Ficar, claro. Não importam as condições, o que importa é esta oportunidade, uma Copa na América do Sul, tão perto365bet5casa. Vamos a Belo Horizonte, e depois Porto Alegre, acompanhar a seleção e ver a Argentina se tornar campeã", diz o argentino.