Itaquerão: relembre como foi a construção da arena mais polêmica da Copa:
Após atrasos e muitas controvérsias, que vão desde o nome do estádio ao usodinheiro público nas obras, o Itaquerão (zona oesteSão Paulo) recebeu neste domingoprimeiro partida oficial - o confronto entre Corinthians e Figueirense.
A menosum mês para o jogoabertura da Copa do Mundo entre Brasil e Croácia, no dia 12junho, o eventohoje foi um teste apenas parcial para o Mundial, já que as estruturas provisórias, como parte da arquibancada, ainda não estão prontas.
Confira abaixo algumas das polêmicas que marcaram a construção do Itaquerão.
Morumbi x Itaquerão
O projeto inicial previa que o estádio do Morumbi, pertencente ao São Paulo Futebol Clube, sediaria a abertura da Copa do Mundo, mas desentendimentosrelação aos custos e ao financiamento das obrasreforma necessárias inviabilizaram a proposta.
A opção foi descartadajunho2010 porque não foram entregues ao Comitê Organizador Local da Copa do Mundo 2014 (COL) as garantias financeiras do projeto, então cotadoR$ 630 milhões.
Outras ideias chegaram a ser estudadas, como a construçãoum novo estádio pelo governo do EstadoPirituba, na zona oesteSão Paulo, ou a reforma do estádio municipal do Pacaembu.
A CBF (Confederação BrasileiraFutebol) sugeriu então à Prefeitura e a o governo do Estado que a abertura da Copa fosse realizada no estádio que o Corinthians pretendia erguer onde ficava seu centrotreinamento,Itaquera (zona leste da capital).
Ficou mais caro
O orçamento original previa gastosR$ 850 milhões. No mês passado, porém, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, disse que o estádio vai custarR$ 950 a R$ 990 milhões.
Entre os gastos não previstos inicialmente, estavam os investimentosestruturas para a Copa que não seriam aproveitadas depois pelo clube. O Corinthians, porém, acabou tendo que voltar atrás e vai gastar cercaR$ 60 milhõesestruturas complementares ao redor do estádio, principalmente para as áreasmídia e segurança. Elas serão desmontadas depois do Mundial.
Já as arquibancadas provisórias ficaram sob a responsabilidade do governo do Estado, que conseguiu repassar o custo para o setor privado (entenda abaixo).
Dinheiro público?
Assim que foi definido o novo local, o governo do Estado e a PrefeituraSão Paulo divulgaram notaque "descartam completamente a hipóteseutilizaçãorecursos públicos para a construçãonovo estádio".
No comunicado, disseram que os investimentos públicos seriam "canalizados para obras e intervenções permanentes, como a construçãolinhas do metrô e a melhoria do sistema viário e do transporte público".
A obra, porém, está contanto com ampla isenção fiscal, o que na prática significa dinheiro público que não será recolhido por meioimpostos.
Em 2001, o então prefeitoSão Paulo Gilberto Kassab assinou uma lei prevendo a emissãoR$ 420 milhõesCertificadosIncentivo ao Desenvolvimento (CIDs) para Corinthians. Esses certificados podem ser vendidos futuramente - com algum desconto - para que outras empresas o utilizem para pagar impostos.
Além disso, Kassab também concedeu isenção total do Imposto Sobre Serviço (ISS), o que vai significar perdasao menos R$ 42 milhõesarrecadação.
Já os gastos com a construção da arquibancada provisória, que vai elevar a capacidade do estádio durante a Copa47 mil para 67 mil assentos, quase sobraram para o Estado. O governador Geraldo Alckmin chegou a anunciar2011 que São Paulo bancaria a estrutura, já que seriainteresse do Estado receber o jogos do Mundial.
Com a repercussão negativa, o governo conseguiu um acordo com a fabricantebebidas Ambev, que arcará com o investimentotrocaespaço publicitário. A empresa orçou as obrasR$ 37 milhões, quase metade do valor originalmente avaliado como necessário (R$ 70 milhões).
A construção do Itaquerão também conta com financiamento a juros subsidiadosR$ 400 milhões do BNDES.
Mortes e atraso
Três operários morreram nas obras do Itaquerão. Em março deste ano, Fabio Hamilton da Cruz caiuuma altura8 metros enquanto instalava as estruturas temporárias nas arquibancadas do estádio.
Num episódio ainda mais grave,novembro do ano passado, uma parte da estrutura metálica do Itaquerão desabou, matando dois operários e destruindo parte do estádioconstrução.
A arena estava com 94% das obras prontas e tinha inauguração prevista para janeiro2014. O acidente foi um dos motivos que atrasou a entrega do Itaquerão.
Com o atraso na inauguração, não haverá um jogo testecasa cheia antes da abertura da Copa, pois a arquibancada provisória ainda está sendo finalizada. Para a partida deste domingo, menos40 mil ingressos foram liberados.
Moradia mais cara
As obras do estádio e a realização dos jogos da Copa provocaram <link type="page"><caption> uma forte alta nos preços dos imóveis e dos aluguéisItaquera</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/10/131007_itaquerao_lk.shtml" platform="highweb"/></link>, afetando a população mais pobre da região.
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) - que denuncia a especulação imobiliária na cidadeSão Paulo - deu início à ocupaçãoum terreno privado ao lado do Itaquerão no início desse mês.
Segundo a organização, há cerca4 mil pessoas no terreno - que está abandonado há mais20 anos e cujo valormercado é estimadomaisR$ 20 milhões.
Sem nome
Até o nome do estádio virou motivocontrovérsia. A arena acabou ficando popularmente conhecida como Itaquerão, o que tem atrapalhado os planos do Corinthiansvender o nome do local para uma empresas, recuperando assim parte do que gastou na construção.
A intenção do clube arrecadar R$ 400 milhões com o negócios, que daria autorizaçãoexploração do nome por 20 anos.
Enquanto isso, há uma grande confusão sobre como chamar o local. Nas entradas do estádio e nas placastrânsito colocadas pela CET (CompanhiaEngenhariaTráfego), está impresso EstádioItaquera. O lugar é chamado tambémArena Corinthianssinalizaçõesalgumas estações do metrô.
Já no ingresso para os jogos, o estádio é a ArenaSão Paulo - a Fifa não faz referência a nomestimes ouempresas nos locais que recebem os jogos.