Fragilidades do governo e da oposição desafiam diálogo na Venezuela:betano 12
- Author, Claudia Jardim
- Role, De Caracas para a BBC Brasil
betano 12 Apesar da expectativabetano 12grande parte da população, que vê com bons olhos o diálogo entre o governo e a oposição, as razõesbetano 12fundo que levaram a Venezuela a uma escaladabetano 12violência - que já soma 41 mortos e centenasbetano 12feridos - podem não ser resolvidas no curto prazo por meiobetano 12negociações.
A coalizão opositora MUD - que reúne os principais partidosbetano 12oposição - se reúne com o governo sem o apoio dabetano 12ala radical, que na prática pode controlar os grupos que estariam envolvidosbetano 12protestos violentos.
Liderados pelo dirigente opositor Leopoldo López, preso há maisbetano 12um mês ao ser responsabilizado pela ondabetano 12violência, e pela deputada cassada Maria Corina Machado, os radicais não legitimam o diálogo e prometem manter os protestos nas ruas. Seu objetivo é a derrocada do governo.
"A MUD não é interlocutora válida sobre os protestos. Eles podem ter legitimidade para muitas coisas, menos sobre as manifestações", afirmou à BBC Brasil Daniel Vásquez, da direção do movimento estudantil opositor. O grupo se nega a dialogar com o governo.
"Essa mesabetano 12diálogo não é a solução, não vai chegar a lugar nenhum. Precisamosbetano 12uma mudançabetano 12todos os poderes públicos, esse modelo fracassou", acrescentou.
Economia
Por outro lado, a pressão social sobre o governo pesa no âmbito econômico. O Executivo dá sinaisbetano 12que poderá flexibilizar medidas como a leibetano 12controlebetano 12preços, que provocou a ira do empresariado local - e levou a parte do grupo a estabelecer o boicote e a estocagem como medidabetano 12pressão para obrigar o governo a recuar.
Uma fonte do governo disse à BBC Brasil que a preocupaçãobetano 12Maduro é resolver o problema da escassez "de qualquer jeito". "Nesse caso deverá prevalecer o pragmatismo".
Sebetano 12fato der marcha a ré na leibetano 12congelamentobetano 12preços, Maduro terábetano 12arcar com o custo político do aumento dos preços, "mas a população prefere pagar mais e ter o que comprar a não ver nada nas prateleiras", afirmou o funcionário.
Apesarbetano 12não estar entre os pontos centrais das declarações públicas da oposição, a abertura para uma maior participação do setor privado na condução da economia é vista como um eixo transversal "obrigatório" para amenizar o desabastecimento.
De acordo com o Banco Central da Venezuela, o índicebetano 12escassezbetano 12janeiro erabetano 1228%, o mais alto desde 2003. Ainda que o governo aceite dialogar com o empresariado local, a escassezbetano 12produtos não será resolvida no curto prazo, na opinião do analista político Carlos Romero, professor da Universidade Central da Venezuela.
"Não há uma solução para a Venezuelabetano 12imediato. A médio prazo continuarão as disputas nas ruas e permanecerão os ciclosbetano 12escassez", afirmou Romero à BBC Brasil.
Radicais e moderados
Após um inédito cara a cara entre o núcleo duro do governo e a ala moderada da MUD na semana passada, governistas e opositores voltam a se reunir nesta terça-feira para discutir a metodologia do processobetano 12diálogo.
O encontro é observado por Brasil, Equador e Colômbia -betano 12nome da Unasul (Uniãobetano 12Países Sul-Americanos) e pelo Núncio Apostólico do Vaticano. O papel destinado à representação é limitado à acompanhar a discussão como "testemunhasbetano 12boa fé".
Diferente do encontro da semana passada, que foi transmitidobetano 12cadeia nacionalbetano 12rádio e TV, a reunião desta terça-feira será a portas fechadas.
A oposição vai ao novo encontro com focobetano 12três pontos principais: uma leibetano 12anistia para os que consideram "presos políticos", a renovação dos poderes públicos, como a eleição dos magistrados da Justiça e do Conselho Nacional Eleitoral, e o desarmamento dos chamados "coletivos" que apoiam o chavismo.
A leibetano 12anistia é o principal pontobetano 12controvérsia. Os opositores exigem a libertaçãobetano 12todos os supostos "presos políticos" do chavismo, desde o ano 1998 até as manifestações dos últimos meses. O pedido engloba desde a libertação do opositor Leopoldo López a casos como a prisãobetano 12um ex-secretáriobetano 12Segurança, responsabilizado pelas mortes durante o golpebetano 12Estadobetano 122002, e abetano 12dois acusadosbetano 12terrorismo pela explosão do carrobetano 12um Procurador da República.
No primeiro encontro com a oposição, na quinta-feira, Maduro indicou que a lei não deve passar. "Há tempo para a Justiça e tempo para o perdão. Esse é o tempo da Justiça", afirmou o presidente venezuelano.
O governo, porbetano 12vez, exige que a MUD reconheça a legitimidade da Presidênciabetano 12Maduro e que condene a violência como formabetano 12protesto. "Somente duas pessoas condenaram a violência, por quê? porque eles têm interesses nisso", afirmou o presidente do Parlamento e número dois do partido do governo, Diosdado Cabello."Eles se queixam da violência e são os que estão mandado assassinar os venezuelanos."
Novebetano 12cada dez venezuelanos apoiam o diálogo,betano 12acordo com uma pesquisa da consultoria Hinterlaces divulgada nesta terça-feira.
O otimismobetano 12relação a um eventual resultado positivo deste diálogo, no entanto, é visto apenas entre os simpatizantes do governo. Segundo a pesquisa, 66% dos chavistas consideram que o diálogo contribuirá para resolver os problemas do país. Do lado opositor, somente 30% dizem acreditarbetano 12melhorias.
Apesarbetano 12não haver mudanças no tom da retórica, ao dialogar com os "moderados", o governobetano 12Maduro aponta a MUD como única interlocutora política legítima. Essa tática seria uma tentativabetano 12estimular o desgaste e o isolamento dos grupos radicais.