Maré vive sob tensão e medo após ocupação das Forças Armadas:roleta ganhando dinheiro

Militar patrulha favela da Maré, no Rioroleta ganhando dinheiroJaneiro (foto: Reuters)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Lei do silêncio vigora na favela da Maré durante ocupação pelas Forças Armadas
  • Author, Jefferson Puff
  • Role, Da BBC Brasil no Rioroleta ganhando dinheiroJaneiro

roleta ganhando dinheiro Menosroleta ganhando dinheiroduas semanas após ser ocupado pela polícia e poucos dias depois da chegada das Forças Armadas, o Complexo da Maré, no Rioroleta ganhando dinheiroJaneiro, vive sob muito medo e desconfiança.

Há blindados, jipes, e militares armados com fuzis por toda parte. Embora a intenção seja tocar a vida normalmente, o clima na comunidade éroleta ganhando dinheiroguerra e as dúvidas sobre o futuro só tornam a tensão ainda mais palpável.

A reportagem da BBC Brasil percorreu ruas das favelas Nova Holanda e Baixa do Sapateiro, separadas pelo valão conhecido como "Faixaroleta ganhando dinheiroGaza" - que dividia as áreas controladas, respectivamente, pelas organizações criminosas Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro (TCP). O local costumava ser o ponto mais conturbado do Complexo, numa rotina diáriaroleta ganhando dinheirotiroteios e provocações.

Dois dias antes, soldados dispararam tiros para o alto quando um adolescente foi encontrado ferido dentro da vala, supostamente após uma briga entre membros das facções rivais. No dia da ocupação da Polícia Militar, no fimroleta ganhando dinheirosemana anterior, dois jovens morreramroleta ganhando dinheiroconfrontos após uma guerraroleta ganhando dinheiropedras que terminou com disparos.

Relatosroleta ganhando dinheiroviolência entre membros remanescentes do tráfico eroleta ganhando dinheiroabusos por parte dos policiais e militares, incluindo excessos cometidos nas revistas às casas, começam a aparecer conforme os moradores se sentem mais à vontade com a reportagem.

Sob o olhar constante dos soldados armados, a maioria prefere não falar. E se fala, não diz quase nada, pede para não ser identificado e não permite ser fotografado. Caminhando por ruas com carros incendiados ou com parabrisas estilhaçados por tiros, casas com marcasroleta ganhando dinheirobala e blindadosroleta ganhando dinheirotransporteroleta ganhando dinheirotropas dividindo espaço com crianças não é difícil entender o porquê do silêncio.

'Preconceito mútuo'

Para Patrícia Vianna, uma das diretoras da ONG Redesroleta ganhando dinheiroDesenvolvimento da Maré, o que rege o clima desta fase do processoroleta ganhando dinheiropacificação é um "preconceito mútuo", que precisa ser desfeito.

"Os militares encaram os moradores como bandidos, como o inimigo, e os moradores da comunidade rejeitam a presença deles aqui. Há medo das revistas,roleta ganhando dinheiroque entrem nas casas das pessoas,roleta ganhando dinheiroque não respeitem ninguém. Isso não é bom para nenhum dos lados", diz.

Ela adianta que o assunto seria abordado numa reunião com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), na comunidade, na última quarta-feira. "Os dois lados estão muito grilados. É importante dizer: eu não sou contra a UPP, mas o fato é que vinham anunciando isso há dois anos, e nós decidimos nos preparar", conta.

Ela também explica ter sido uma das primeiras pessoas a chegar ao local onde o adolescente Vinicius,roleta ganhando dinheiro15 anos, foi morto horas após o começo da ocupação pela PM, no dia 30roleta ganhando dinheiromarço. "Foi um caos total. Colocaram 30 garotos contra a parede, as mães gritando, chorando. Eu bati foto da cararoleta ganhando dinheirocada um dos meninos e disse para a polícia: 'vocês não vão sumir com nenhum deles, eu estou fotografando'", relembra.

Guerraroleta ganhando dinheiroinformação

Favrla da Maré, foto BBC Brasil

Crédito, xx

Legenda da foto, 'Eles atiravam nos postes, ficava tudo escuro', conta moradora

Andar pelas ruasroleta ganhando dinheiroNova Holanda comprova a dinâmicaroleta ganhando dinheirodesconfiançaroleta ganhando dinheirovárias formas. Desde as queixas por ser revistadoroleta ganhando dinheiroquatro diferentes postosroleta ganhando dinheirocontrole no caminho para casa até as trocasroleta ganhando dinheiroolhares entre quem passa pela rua e os soldados. Entre os militares – a maioria muito jovem –, há os que empunham fuzisroleta ganhando dinheirosinalroleta ganhando dinheirointimidação e os que parecem mais assustados do que as crianças que brincam e correm entre as vielas.

Outro elemento é a guerraroleta ganhando dinheiroinformação. De um lado, as Forças Armadas distribuem panfletos com desenhosroleta ganhando dinheirosoldados e moradores amistosos e mensagens como "Forçaroleta ganhando dinheiroPacificação Maré. Colabore: siga as orientações, mantenha a calma. A pacificaçãoroleta ganhando dinheirosua comunidade também dependeroleta ganhando dinheirovocê".

Do outro, há os adesivos distribuídos numa campanha elaborada por três ONGs e coladasroleta ganhando dinheiromuitas portas das maisroleta ganhando dinheiro130 mil pessoas que vivem espalhadas nas 16 favelas do Complexo: "Conhecemos nossos direitos. Não entre nessa casa sem respeitar a legalidade da ação. Em casoroleta ganhando dinheirodesrespeito, ligue para a Corregedoria da Polícia Militar".

'Pagofunk' e mudançaroleta ganhando dinheirorotina

Para João,roleta ganhando dinheiro31 anos, - 22 deles vividos na Maré - há os que comemoram a chegada das forçasroleta ganhando dinheirosegurança.

"Se você perguntar na rua, muita gente está gostando. Para quem tinha que lidar com tiroteio e insegurança, há uma melhora. Também houve limpeza, outras coisas muito boas. Agora entre os mais jovens, acho que a reação é muito ruim", diz.

Membroroleta ganhando dinheirouma bandaroleta ganhando dinheirorock, João diz que os jovens devem burlar a proibição aos bailes funk reeditando o que já aconteceroleta ganhando dinheirooutras favelas com UPPs: os "pagofunks".

"Eles vendem para a chefia da UPP como se fosse um baileroleta ganhando dinheiropagode. Tocam uns pagodes no começo, mas depois é funk mesmo", explica.

João conta que já teve a casa revistada por policiaisroleta ganhando dinheirooutras ocasiões. "Eles entram mesmo, sem perguntar nada". Desde a semana passada ele vem trazendo seu laptop e o dinheiro que guardaroleta ganhando dinheirocasa para o trabalho. "Trago para garantir. Mudou minha rotina, mas prefiro assim".

Flávio Aguiar Rodrigues, presidente da Associaçãoroleta ganhando dinheiroMoradores da comunidade Nova Maré, expõeroleta ganhando dinheiroprincipal preocupação no momento.

"Nos reunimos com o secretárioroleta ganhando dinheirosegurança pública e amanhã vamos nos reunir com o prefeito. Também virão pessoas da Saúde, da Educação,roleta ganhando dinheirooutros setores, mas a garantiaroleta ganhando dinheirovida das pessoas é o que preocupa bastante agora", diz, acrescentando ter recebido a denúnciaroleta ganhando dinheirouma moradoraroleta ganhando dinheiroque seu filho teria sido imobilizado pelas forçasroleta ganhando dinheirosegurança com o usoroleta ganhando dinheiroarmasroleta ganhando dinheirochoque. "Vamos ter que averiguar isso".

Para Luiza, que é coordenadoraroleta ganhando dinheiroum centro cultural localizado na "Faixaroleta ganhando dinheiroGaza", a ocupação representou maior públicoroleta ganhando dinheiroseus eventos.

"Todo mundo já sabia que ia ter tiroteio. Às vezes durava 20 minutos, às vezes duas horas, e aí todo mundo deitava no chão. Eles atiravam nos postes, ficava tudo escuro", relembra ela, que pediu para que seu verdadeiro nome não fosse divulgado.

Já sobre a ocupação e a futura UPP, tem opinião formada. "Acho que não precisavaroleta ganhando dinheirotudo isso. É coisa para a TV, para o mundo lá fora ver. Além disso, acho que eles não estão preparados para entrar numa comunidade como essa. Mas ser apenas contra não adianta nada. Agora vamos ter que dialogar. A UPP é um ponto inicial com o qual a gente tem que trabalhar e seguir adiante".