Oito descobertas da Comissão da Verdade:esporte da sorte grátis login
Os trabalhos estão centradosesporte da sorte grátis logindesmontar falsas versões oficias do regime militar sobre mortos e desaparecidos políticos. Entre os principais feitos das comissões estão a retificaçãoesporte da sorte grátis loginatestadosesporte da sorte grátis loginóbitos e a obtençãoesporte da sorte grátis loginconfissõesesporte da sorte grátis loginagentes da ditadura sobre a práticaesporte da sorte grátis logintortura.
Mas o trabalho da CNV não está isentoesporte da sorte grátis logincríticas. O vice-presidente do grupo Tortura Nunca Maisesporte da sorte grátis loginSão Paulo, Marcelo Zelic, aponta falhas no trabalho da comissão na apuraçãoesporte da sorte grátis loginabusos contra grupos indígenas durante a ditadura militar, expostos no Relatório Figueiredo (saiba mais abaixo).
O próprio presidente da Comissão da Verdade do Rioesporte da sorte grátis loginJaneiro, Wadih Damous, reconhece outra limitação dos trabalhos das comissões. "Não é possível saber se os depoimentos são verdadeiros", diz, sobre os militares entrevistados. Para Damous, é importante agora que "o Estado brasileiro venha a público" esclarecer os abusos cometidos. "É óbvio que eles (as Forças Armadas) sabem o que aconteceu".
Damous acredita que a Presidência, inclusive nos governos anteriores aoesporte da sorte grátis loginDilma Rousseff, sempre teve medoesporte da sorte grátis loginbateresporte da sorte grátis loginfrente com os militares. "Há um temor reverencial, medo. Temor, por exemplo,esporte da sorte grátis loginque as Forças Armadas não atuem na repressão às manifestações durante a Copa".
O presidente da Comissão da Verdadeesporte da sorte grátis loginSão Paulo, Adriano Diogo, reforça a crítica: "Como aqui no Brasil não se abrem os arquivos (militares), é como se estivéssemos olhando pelo buraco da fechadura".
Ainda assim, muitos detalhes novos foram revelados nos últimos dois anos. Confira abaixo as principais realizações das comissões até agora.
Novos atestadosesporte da sorte grátis loginóbitos
A Justiçaesporte da sorte grátis loginSão Paulo determinou a mudança dos atestadosesporte da sorte grátis loginóbito do jornalista Vladimir Herzog e do estudante Alexandre Vannucchi Leme, após solicitação da CNV. Ficou oficializado, assim, que ambos foram mortos pelo regime militar, depoisesporte da sorte grátis loginserem torturados. A versão original dos militares eraesporte da sorte grátis loginque os dois haviam se suicidado, Herzog enforcado na prisão e Vanucchi atropelado por um caminhão.
No casoesporte da sorte grátis loginHerzog, a causa mortis foi modificadaesporte da sorte grátis login"asfixia mecânica" para morteesporte da sorte grátis logindecorrência "de lesões e maus-tratos sofridosesporte da sorte grátis logindependência do II Exército – SP (Doi-Codi)". O jornalista foi assassinadoesporte da sorte grátis login1975, aos 38 anos.
Vannucchi, que era estudanteesporte da sorte grátis logingeologia da Universidadeesporte da sorte grátis loginSão Paulo (USP) e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), foi preso e mortoesporte da sorte grátis loginmarçoesporte da sorte grátis login1973, aos 22 anos. O regime militar divulgou na época que ele teria se jogado contra um caminhão, tendo constado no atestadoesporte da sorte grátis loginóbito morte por "lesão traumática crânio-encefálica". Agora, foi estabelecido que a morte ocorreu pior "lesões decorrentesesporte da sorte grátis logintortura e maus-tratos".
A expectativa da CNV é que as decisões judiciais sirvamesporte da sorte grátis loginprecedente para que outras famílias solicitem a mudança do atestadoesporte da sorte grátis loginóbitoesporte da sorte grátis loginseus parentes mortos pela ditadura. O registro da morteesporte da sorte grátis loginJoão Batista Franco Drummond já foi modificado por solicitaçãoesporte da sorte grátis loginsua família.
Acordo da Comissão da Verdadeesporte da sorte grátis loginSão Paulo com a Defensoria Pública, o Ministério Público e a Justiçaesporte da sorte grátis loginSão Paulo vai viabilizar a retificaçãoesporte da sorte grátis logincercaesporte da sorte grátis login150 registrosesporte da sorte grátis loginóbitosesporte da sorte grátis loginpessoas cuja morte pela ditadura militar já foi reconhecida pelo governo federal.
Confissõesesporte da sorte grátis logintortura
Três pessoas que participaram da estrutura repressiva do regime militar admitiram que torturaram ou viram outros agentes torturando presos,esporte da sorte grátis loginaudiências realizadas pelas comissões. Esses depoimentos são relevantes porque contrariam o discurso oficial dos militares, que ora negam que houvesse tortura, ora afirmam que eram casos isolados.
O relato mais importante foi o do coronel reformado do Exército Paulo Malhães. Não só ele confessou que torturou, matou e ocultou cadáveresesporte da sorte grátis loginpresos políticos, como também contou que as práticas eramesporte da sorte grátis loginconhecimento dos altos escalões das Forças Armadas.
Já o ex-major do Corpoesporte da sorte grátis loginBombeiros Valter da Costa Jacarandá admitiu que presos políticos eram torturados, com métodos como choque elétrico e pauesporte da sorte grátis loginarara, e que participouesporte da sorte grátis loginsessõesesporte da sorte grátis logintortura.
Já o ex-escrivãoesporte da sorte grátis loginpolícia Manoel Aurélio Lopes admitiu que havia tortura no Dops e no Doi-Codiesporte da sorte grátis loginSão Paulo, locais onde trabalhou entre 1969-1978. No Dops, disse que viu a torturaesporte da sorte grátis loginque o preso é forçado a se equilibrar, nas pontas dos pés,esporte da sorte grátis loginlatasesporte da sorte grátis loginleite, com os braços abertos, técnica conhecida como "Cristo Redentor", assim como o uso da "cadeira do dragão", uma cadeiraesporte da sorte grátis loginferro eletrificada.
Ocultaçãoesporte da sorte grátis logincorpos
O depoimento do coronel reformado do Exército Paulo Malhães também trouxe revelações inéditas sobre técnicas usadas pelo regime militar para sumir com corposesporte da sorte grátis loginpresos assassinados.
Ele contou que, primeiro, eram retirados as arcadas dentárias e os dedos das mãos dos mortos – partes usadas na identificação dos corpos, numa épocaesporte da sorte grátis loginque ainda não havia testeesporte da sorte grátis loginDNA. Em seguida, o corpo era preparado para ser atiradoesporte da sorte grátis loginrios. O ventre da vítima era cortado para impedir que o corpo inchasse e emergisse. Depois, ele era embalado com pedrasesporte da sorte grátis loginpeso calculado para evitar que descesse ao fundo do rio ou flutuasse.
A técnica foi usada, por exemplo, com as vítimas da Casa da Morte, centroesporte da sorte grátis logintorturas clandestino que funcionouesporte da sorte grátis loginPetrópolis (RJ). Entre mortes confirmadas e pessoas desaparecidas, maisesporte da sorte grátis login20 presos teriam sido assassinados no local.
Caso Rubens Paiva
As investigações das comissões trouxeram importantes revelações sobre a morteesporte da sorte grátis loginRubens Paiva, deputado federal cassado logo após o golpeesporte da sorte grátis login1964. Foi identificado um torturador e comprovado que Paivaesporte da sorte grátis loginfato foi assassinado no DOI-Codi (Destacamentoesporte da sorte grátis loginOperaçõesesporte da sorte grátis loginInformações do Centroesporte da sorte grátis loginOperaçõesesporte da sorte grátis loginDefesa Interna) do Rioesporte da sorte grátis loginJaneiro. Seu corpo foi jogadoesporte da sorte grátis loginum rio, segundo o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, torturador confesso.
Um documento inédito, obtido após a morte do ex-comandante do Doi-Codi do Rio Júlio Miguel Molinas Dias, traz o registro da entradaesporte da sorte grátis loginPaiva na prisão.
Em depoimentoesporte da sorte grátis loginnovembro passado, o coronel da reserva Raymundo Ronaldo Campos confessou que participou da farsa para justificar o desaparecimentoesporte da sorte grátis loginPaiva – com mais dois agentes, metralhou e colocou fogoesporte da sorte grátis loginum fusca no Alto da Boa Vista, para simular que militantes haviam atacado o carro.
Um depoente que falou sob condiçãoesporte da sorte grátis loginanonimato disse que viu o agente Hughes (Antônio Fernando Hughesesporte da sorte grátis loginCarvalho, já falecido) torturando Paiva. Ele e outro depoente, o coronel Ronald Leão, disseram que alertaram o então diretor do DOI-Codi, major José Antônio Nogueira Belham, sobre o riscoesporte da sorte grátis loginmorteesporte da sorte grátis loginPaiva.
Belham alegou à CNV que estavaesporte da sorte grátis loginférias no período, mas documentos do Ministério do Exército mostram que ele interrompeu suas férias e recebeu diárias para realizar "deslocamentoesporte da sorte grátis logincaráter sigiloso" no dia da prisãoesporte da sorte grátis loginPaiva.
Relatório Figueiredo
O Relatório Figueiredo é um documentoesporte da sorte grátis login7 mil páginas que detalha tortura, morte e rouboesporte da sorte grátis loginterras sofridos por indígenas durante o regime militar. Produzidoesporte da sorte grátis login1967 pelo então procurador Jaderesporte da sorte grátis loginFigueiredo Correia, acreditava-se ter sido destruído.
O relatório foi encontrado pelo vice-presidente do grupo Tortura Nunca Maisesporte da sorte grátis loginSão Paulo, Marcelo Zelic, e funcionários do Museu do Índio, no Rioesporte da sorte grátis loginJaneiro,esporte da sorte grátis logindezemboesporte da sorte grátis login2012. Há cercaesporte da sorte grátis loginum ano foi entregue e digitalizado para a CNV, mas a comissão ainda não apresentou nenhum resultado a partiresporte da sorte grátis loginsua análise.
Para Zelic, o assunto foi relegado à segundo plano porqueesporte da sorte grátis loginanálise jogaria os holofotes sobre abusos que ainda hoje atingem esses grupos e contrariaria interessesesporte da sorte grátis loginelites agrárias que o governo não quer desagradar.
Maria Rita Kehl, que coordena o grupo da CNV que investiga as violações aos direitos humanos no campo ou contra indígenas, diz que a demora ocorreu porque o trabalho focou primeiro a análise do capítulo sobre violações contra camponeses, que só agora foi finalizado. Além disso, argumenta que "o relatório tem 7.000 páginas. A leitura é demorada e o resumo é difícilesporte da sorte grátis loginser feito".
Outra críticaesporte da sorte grátis loginZelic é que um dos integrantes do grupo coordenado por Kehl é Inimá Simões, cujo pai, Itamar Simões, é citado no Relatório Figueiredo como um dos que praticaram abusos contra os índios.
Segundo Kehl, o relatório não está sob responsabilidadeesporte da sorte grátis loginInimá Simões, cujo comprometimento do pai nunca foi escondido. "Eu não tenho nenhuma suspeita da conduta deleesporte da sorte grátis loginfunção disso", afirmou à BBC Brasil.
Perseguição a militares
Em termos absolutos, o grupo mais atingido pela repressão foi o dos próprios militares, apontam as investigações da CNV. Cercaesporte da sorte grátis login7.500 sofreram algum tipoesporte da sorte grátis loginrepressão – foram perseguidos, presos, torturados ou expulsos das corporações. Houve, por exemplo, casosesporte da sorte grátis loginpilotos proibidosesporte da sorte grátis loginvoar por portarias secretas e expulsos da corporação. Algumas esposas destes pilotos chegavam a receber pensões, como se fossem viúvas.
Os militares perseguidos trabalhavam na administração do presidente deposto, João Goulart, ou tinham ideologia comunista ou nacionalista, se opondo a interesses comerciais estrangeiros. Alguns deles, a maioria praças, mas também oficiais, optaram pela luta armada, integrando gruposesporte da sorte grátis loginresistência ao regime militar.
Em depoimento à CNV, o ex-militar da Aeronáutica José Bezerra da Silva contou sobre a práticaesporte da sorte grátis logintortura na base aérea do aeroporto do Galeão, no Rioesporte da sorte grátis loginJaneiro, onde serviu entre os anosesporte da sorte grátis login1971 e 1979. Ele mesmo foi torturado, relatou, após ter feito críticas às violências do regime contra seus opositores.
Outro depoente, o também ex-militar da Aeronáutica Belmiro Demétrio,esporte da sorte grátis loginCanoas (RS), disse que foi preso após manifestar simpatia por João Goulart.
Exumações e laudos periciais
A CNV,esporte da sorte grátis loginparceria com outros órgão e comissões, vem realizando exumações e laudos para investigar a morteesporte da sorte grátis loginpessoas durante a ditadura.
Em novembro, o corpo do presidente João Goulart, deposto pelo golpeesporte da sorte grátis login1964, foi retirado do cemitérioesporte da sorte grátis loginSão Borja (RS) e levado para Brasília, onde foram coletadas amostras para o exame toxicológico, que será realizadoesporte da sorte grátis loginlaboratórios do exterior. O objetivo é esclarecer se Goulart foi envenenado durante seu exílio na Argentina. A versão oficial do regime militar é que ele morreu devido a um ataque cardíaco. Os resultados ainda demoram a sair e podem ficar prontos após dezembro, quando a CNV apresenta seu relatório final.
Antes, está para sair o resultado do exameesporte da sorte grátis loginDNAesporte da sorte grátis loginum corpo exumado no cemitérioesporte da sorte grátis loginBrasília que acredita-se ser do líder camponês Epaminondas Gomesesporte da sorte grátis loginOliveira, desaparecido após ser preso e torturado.
Outra exumação já trouxe conclusões. Análise pericial dos restos mortais do militante Arnaldo Cardoso Rocha revelou que ele foi foi alvejadoesporte da sorte grátis logincima para baixo quando já estava imobilizado após tortura, sem condiçõesesporte da sorte grátis loginoferecer resistência. A versão do regime militar eraesporte da sorte grátis loginque ele teria sido mortoesporte da sorte grátis loginum tiroteio,esporte da sorte grátis login15esporte da sorte grátis loginmarçoesporte da sorte grátis login1973,esporte da sorte grátis loginuma rua do bairro da Penha (São Paulo).
Mais dois militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) foram mortos na mesma ocasião, Francisco Emmanuel Penteado e Francisco Seiko Okama. Depoimentoesporte da sorte grátis loginoutro preso político, Amílcar Baiardi, indica que Okama e mais uma pessoa que ele não conseguiu identificar chegaram vivos ao Doi-Codi,esporte da sorte grátis loginSão Paulo, onde foram mortos, contestando assim também que as mortes ocorreramesporte da sorte grátis loginum tiroteio.
Caso Riocentro
Documentos obtidos pela CNV trazem detalhes inéditos sobre a ação dos militares para acobertar a autoria dos atentados à bomba que ocorreramesporte da sorte grátis login1981 no Riocentro (um centroesporte da sorte grátis loginconvenções no Rioesporte da sorte grátis loginJaneiro), durante a realizaçãoesporte da sorte grátis loginum show para comemorar o Dia do Trabalhador.
O objetivo dos militares era fazer a população crer que os ataques partiram dos opositores do regime, justificando assim as açõesesporte da sorte grátis loginrepressão. No entanto, uma das bombas explodiu dentro do carro dos militares, no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, matando-o e comprometendo a operação. Outra foi explodida para tentar cortar a luz do local, mas não houve sucesso.
Os documentos foram obtidos após a morte do ex-comandante do Doi-Codi do Rio, Júlio Miguel Molinas Dias. Ele registrou, passo a passo, as ações para acobertar os responsáveis pelas explosões, tais como envioesporte da sorte grátis loginpoliciais do Exército à paisana para retirar o corpo do local e distribuição aos jornaisesporte da sorte grátis loginfotosesporte da sorte grátis loginplacasesporte da sorte grátis logintrânsito que foram pixadas pelos militares com a sigla VPR,esporte da sorte grátis loginVanguarda Popular Revolucionária. Esse grupoesporte da sorte grátis loginresistência armada à ditadura, porém, não existia mais desde o início dos anos 70.
O Ministério Público Federal do Rioesporte da sorte grátis loginJaneiro também obteve esses documentos e utilizou-os na denúncia que apresentouesporte da sorte grátis loginfevereiro deste ano pedindo a prisãoesporte da sorte grátis loginseis pessoas envolvidas no caso Riocentro que ainda estão vivas.