Dá para reverter a desigualdade social mundial?:slot cleopatra

Fórum Econômico Mundial,slot cleopatraDavos (AP)

Crédito, AP

Legenda da foto, Desigualdade causa preocupaçãoslot cleopatraDavos, mas haverá esforço para resolvê-la?
  • Author, Marcelo Justo
  • Role, Da BBC Mundo

slot cleopatra Ninguém questiona que a desigualdade social alcança proporções intoleráveis no mundo.

Um relatório da ONG Oxfam, publicado na segunda-feira, estima que as 85 pessoas mais ricas do planeta ganham o equivalente às 3,5 bilhões mais pobres.

No Fórum Econômico Mundialslot cleopatraDavos - que nesta semana congrega políticos, empresários e personalidades com um volumeslot cleopatranegócios equivalente a quase a metade do PIB americano -, a desigualdade foi identificada como uma das principais ameaças à economia mundial.

Mas, ainda que todos concordem com a gravidade do problema, haverá esforços para solucioná-lo?

Nos últimos 30 anos, segundo a Oxfam, o 1% mais rico da população passou a abocanhar renda ainda maior,slot cleopatra24 dos 26 países que forneceram dados sobre o período. O Brasil é citado como um dos poucos países onde a desigualdade está diminuindo.

Nos EUA,slot cleopatra1978, um salário anual médio equivalia a US$ 48 mil (em valores atuais), e 1% da população ganhava US$ 390 mil. Em 2010, o salário médio caiu para US$ 33 mil, enquanto 1% da população ganhava maisslot cleopatraUS$ 1 milhão.

O período coincide com a hegemonia da crença neoliberal promovida entre os anos 70 e 80 por políticos como Augusto Pinochet, no Chile, Ronald Reagan, nos EUA, Margaret Thatcher, no Reino Unido.

A ideologia, que emergiu triunfante com a queda do Muroslot cleopatraBerlim, prega regulação mínima do Estado sobre a atividade econômica, liberdade absoluta ao mercado e redução dos impostos aos mais ricos, a fimslot cleopatrapromover o crescimento econômico.

A Oxfam defende iniciativas que vão na direção oposta: "É preciso um combate global à evasão a paraísos fiscais. Um sistemaslot cleopatraimpostos progressivo. Um salário digno", disse à BBC Mundo Ricardo Fuentes-Nieva, chefeslot cleopatrapesquisas do órgão.

Estados costumam ser as únicas entidades capazesslot cleopatraintervir significativamente na redução da desigualdadeslot cleopatranível nacional, mas, para tal, necessitaslot cleopatradinheiro para financiar investimentosslot cleopatrasaúde, emprego, educação ou previdência social.

Distorções

Nas últimas décadas, a elite mundial contribuiu decisivamente para o "desfinanciamento" estatal: segundo o Tax Policy Center, dos EUA, desde a décadaslot cleopatra1970, a cargaslot cleopatraimpostos caiu para os mais ricosslot cleopatra29 dos 30 países nos quais há dados disponíveis.

No mesmo período, o númeroslot cleopatraparaísos fiscais alcançou 50 a 60 jurisdições, que, segundo cálculo da revista The Economist, são o destino do equivalente a quase o dobro do PIB dos EUA.

O diretor da ONG Tax Justice Internacional, John Christensen, ilustra o impacto dos paraísos fiscais.

"No âmbitoslot cleopatraindivíduos, a perdaslot cleopatrareceita fiscal éslot cleopatracercaslot cleopatraUS$ 225 bilhões. Em âmbito corporativo, ocorre uma distorçãoslot cleopatrapreços. (Multinacionais) pagam pouco ou nada (para manter o dinheiro) no paraíso fiscal e, no paísslot cleopatraorigem, pagam menos do que deveriam porque seus ganhos ficam muito abaixo da realidade", afirmou à BBC Mundo.

Pobrezaslot cleopatraBangladesh

Crédito, AFP GETTY

Legenda da foto, Renda total dos 3,5 bilhões mais pobres equivale à das 85 pessoas mais ricas do mundo

Isso provoca distorções tragicômicas. Um único edifício nas ilhas Cayman, chamadoslot cleopatraUgland House, é a sede oficialslot cleopatra18 mil empresas.

Nos Estados Unidos, Delaware, cuja população não chega a 1 milhãoslot cleopatrapessoas, existem 945 mil empresas, masslot cleopatrauma por cabeça.

E o Google faturou US$ 5 bilhões no Reino Unidoslot cleopatra2012, mas praticamente não pagou impostos por isso.

Políticas

A globalização financeira, a desregulação e a capacidadeslot cleopatramover a produçãoslot cleopatraum país a outro converteram esse poder econômicoslot cleopatrauma força capazslot cleopatradobrar governos.

"A elite mundial está impondo políticasslot cleopatraEstado que lhes favoreçam", opinou Ricardo Fuentes-Nieva. "Isso produz uma 'deslegitimação' da democracia e do Estado."

O relatório da Oxfam diz que,slot cleopatrapesquisas conduzidasslot cleopatraseis países - Brasil, Espanha, Índia, África do Sul, Reino Unido e EUA -, a maioria dos entrevistados opinou que as leis tendem a favorecer os mais ricos.

A ONG fez um chamado por mais responsabilidade à elite global - chamado que, segundo Fontes-Nieva, pode ter mais apelo por conta da profundidade e da extensãoslot cleopatrapotenciais turbulências globais.

"Estamos ante um perigoslot cleopatraruptura do contrato social. Desta vez, o conjunto da sociedade, inclusive a classe média, se vê afetada. Precisamos lembrar que tratam-seslot cleopatrapolíticas públicas que podem ser mudadas. Se não forem, o impacto prejudicará as próprias elites, porque a crescente exclusãoslot cleopatraconsumidores pode acabar produzindo uma sociedade economicamente doente."

Sinaisslot cleopatradebilidade não faltam: segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o desemprego mundial seráslot cleopatra6,1% neste ano,slot cleopatracomparação com 5,5%slot cleopatra2008. Entre os jovens, a taxa seráslot cleopatra13,1%.