Estudo chinês contesta governo e diz que desigualdade é maior:brabet logo

- Author, Fernanda Morena
- Role, De Pequim para a BBC Brasil
brabet logo Um estudo feito pelo Centrobrabet logoEstudosbrabet logoPlanejamento Familiar da Universidadebrabet logoPequim revela que a sociedade chinesa está mais desigual, ao contrário do que as estatísticas oficiais divulgam.
Segundo a pesquisa, os 5% mais ricos do país detêm 23% da riqueza nacional, ao passo que os 5% mais pobres contam com apenas 0,1%brabet logotoda a renda.
O estudo atribuiu à China um coeficientebrabet logoGinibrabet logo0,49, aproximando-o aobrabet logopaíses onde há grandes índicesbrabet logodesigualdade, como os da África Subsaariana e da América Latina.
O coeficientebrabet logoGini mede o graubrabet logodesigualdade na distribuição da renda familiar per capita e vaibrabet logozero a um. Quanto mais perto zero, menos desigual o país é.
Segundo o Banco Mundial, o Brasil tem coeficientebrabet logoGinibrabet logo0,51. A Eslovênia, país com a menor desigualdade social do mundo, tem um coeficiente Ginibrabet logo0,24,brabet logoacordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O indicador conferido pelo estudo à China (0,49) é pior do que o divulgadobrabet logojaneiro pelo Birô Nacionalbrabet logoEstatísticas chinês (0,47).
Esfriamento da economia
No que toca a renda da população, o levantamento mostrou que,brabet logocidades costeiras, como a megalópole Xangai, a renda média anual foibrabet logoUS$ 4,1 mil, enquantobrabet logoregiões mais pobres, como a provínciabrabet logoGansu, no noroeste da China, não chegou aos US$ 2 mil. Para áreas rurais, os rendimentos caem mais ainda: US$ 1,6 mil.
Os resultados da pesquisa aparecembrabet logoum momentobrabet logotensão acerca do esfriamento da economia chinesa. Economistas estão mais pessimistasbrabet logorelação ao poder do crescimento chinês, e os mais céticos estimam que o país deverá avançar apenas entre 3% e 4%brabet logo2013, uma queda acentuadabrabet logorelação aos 7,8%brabet logo2012.
"A chave para resolver o problema seria reequilibrar o modelo econômico para que se concentre mais no consumo interno do que nas exportações", afirma à BBC Brasil Michael Pettis, especialistabrabet logomercado financeiro chinês e professor da Universidadebrabet logoPequim.
Entre as razões para a desigualdade social, a mais provável é a reforma econômicabrabet logo1979, a mesma que acabou levando a China ao segundo lugar na lista das maiores economias do mundo.
Ancorado nas exportações, o modelo econômico conseguiu retirar 30% da populaçãobrabet logoPequimbrabet logouma situaçãobrabet logomiséria absoluta entre 1981 e 2010, gerando empregobrabet logomassa na chamadas "indústrias baratas", que produzem para os mercados têxtil, atacadista ebrabet logoplásticos.
Mas são os 25% do topo da pirâmide social, muitos deles ligados ao governo e estatais, que hoje detêm 59% da riqueza nacional e seguem vendo suas fortunas crescerem.
Foi essa lógica econômica, criada por Deng Xiaoping, que possibilitou à China um crescimento médio do PIBbrabet logo9,7% entre 2005 e o ano passado.
Ainda que previsões otimistas sigam acreditando na fórmulabrabet logoDeng ebrabet logoum crescimento médio anualbrabet logo7%, economistas mais céticos, como Pettis, calculam que os avanços da economia não devem passar dos 4%.

"Para que o PIB aumentebrabet logotal velocidade (7%), precisamos que o consumo cresça 11% acima do PIB, o que não parece possível", opina o economista.
"Assim, ou precisamos dar mais dinheiro aos ricos para que eles gastem pelos pobres, aumentando assim a diferença social já alarmante, ou o governo aparece com uma medida extraordinária que garanta que a renda dos mais pobres subabrabet logo6%", acrescenta.
Desconfiados
Os resultados mais pessimistas do estudo da Universidadebrabet logoPequimbrabet logocomparação com as estatísticas oficiais não ficam só no coeficientebrabet logoGini.
Dados do Ministério dos Recursos Humanos e Seguridade Social da China afirmam que a taxabrabet logodesemprego se mantevebrabet logo4,1%, o mesmo índicebrabet logo2012. Já o recente estudo aponta que os desempregados chineses somam 4,4%.
Para o chefe do estudo, o professor Xie Yu, apesarbrabet logoapontar um índicebrabet logodesemprego maior do que as estatísticas oficiais, a pesquisa avalia que o cenário não é tão alarmante como na Europa.
"Na China tivemos o acréscimo dos salários nas indústrias, o que é um sinalbrabet logoque a situação não é crítica", afirma Yu.
Economia mundial
O estudo pondera que, se comparada à realidade econômica mundial, a China estábrabet logouma posição vantajosa, com um crescimentobrabet logo7,5% no segundo trimestre deste ano ─ 0,3% abaixo do mesmo período do ano anterior.
E ainda que as previsões indiquem um ano mais pobre para a China, Pettis aponta que o PIB chinês têm um papel importante no crescimento global.
"Se a China conseguir diminuir seu superavit e ao mesmo tempo aumentar a renda das famíliasbrabet logoclasse média e baixabrabet logo6%, o país continuará exercendo seu papel como a mais potente variável aritmética na equação do crescimento global", explica, ponderando que a China "não é o motor" da economia mundial.
"É o fator mais forte da equação, mas não é o motivo do crescimento global".
A fimbrabet logoque Pequim permaneça vivendo seu "sonho chinês" dentrobrabet logouma sociedade harmônica, o equilíbrio econômico nacional terábrabet logose voltar, segundo Pettis, ao poderbrabet logocompra do mercado interno, o que pode ser uma difícil tarefabrabet logomomentosbrabet logocrise econômica mundial.
"Nem mesmo quando Estados Unidos e Europa estavambrabet logoboas condições econômicas a China conseguiu manter o crescimento do seu consumo alto o suficiente para garantir o avanço dabrabet logoeconomia. Por isso é muito difícil pensar que agora,brabet logoperíodosbrabet logoretrocesso, Pequim consiga fazer o mesmo para manter o crescimento registrado no ano passado", alerta.