Fantasma do autoritarismo paira sobre o Egito:blaze com pt
O segundo olho foi atingido por um fraco-atirador,blaze com ptnovembro, segundo ele.
“Eu nem sou a pessoa que está pagando o maior preço por tudo isso”, diz, enquanto fuma e se serveblaze com ptcafé ao estilo turco no Cafe Riche, pontoblaze com ptencontroblaze com ptdissidentes políticos no Cairo há maisblaze com ptmeio século.
“Há outros com sequelas muito piores, e eles estão seguindoblaze com ptfrente”, diz.
Militares, intocáveis
Harara também segueblaze com ptfrente e não deixoublaze com ptlutar contra o regime que o deixou às escuras e que, ele diz, ainda não foi derrubado.
“O sistema continua o mesmo”, diz. “O Exército mantémblaze com ptposição. Ninguém é responsabilizado por nada. Ninguém fiscaliza. Pelo contrário, eles conseguiram ainda mais privilégios”, diz.
“Os militares controlam o Egito desde 1952 e não vem razão para qualquer mudança apenas porque os jovens foram para as ruas”, afirma.
Os jovens ainda ocupam as ruas egípcias, ainda queblaze com ptgrupos menores que os vistosblaze com pt2011. Ele enfrentam gásblaze com ptpimenta, canhõesblaze com ptágua, sob o riscoblaze com ptpagar com a própria vida, desafiando a lei draconiana que agora proíbe manifestações no país.
Ativistasblaze com ptdireitos humanos dizem que a lei é uma tentativablaze com ptaplacar um dos principais ganhos da revolução - a liberdadeblaze com ptexpressão.
Dezenasblaze com ptativistas foram presos ao desafiar a nova lei. O principal alvo são os simpatizantes do ex-presidente Mohammed Morsi, derrubado pelos militares, alémblaze com ptmembros do seu movimento político, a Irmandande Muçulmana.
Detenções
A revolução que derrubou Mubarak abriu caminho para os islamistas chegarem ao poder, liderados por Morsi.
O líder da Irmandade Muçulmana ficou apenas um ano no poder, como o primeiro presidente civil eleito por voto livre.
Morsi acabou derrubado pelos militaresblaze com ptjulho deste ano,blaze com ptum movimento com forte apoioblaze com ptsetores seculares e outros descontentes com a crescente influência religiosablaze com ptseu governo. Antes do afastamento, milhares foram às ruas do Egito pedir a saídablaze com ptMorsi.
Os islâmitas reagiram, e foram reprimidos. Em agosto, as autoridades disperaram com violência duas manifestações pró-Morsi, matando centenasblaze com ptsimpatizantes.
Desde então, milhares foram detidos, incluindo vários membros do alto escalão da Irmandade Muçulmana, incluindo o próprio Morsi, acusadoblaze com pttraição à pátria.
A resistência islamita
Tantos “irmãos” muçulmanos estão atrás da grade que a reportagem foi buscar as “irmãs”, membros do movimento.
Encontramos um trio no distritoblaze com ptNasr City, no Cairo. Uma delas é Wafaa Hefny, uma professora universitária, bastante expansiva.
“Nunca vou desistir”, diz ela. “Puxei o meu avô”.
Foi seu avô, Hassan al-Banna, quem fundou a Irmandade Muçulmanablaze com pt1928. Wafaa diz que o grupo está, na pior das hipóteses,blaze com ptuma crise, mas está se adaptando à atual realidade.
“Toda a cúpula foi presa”, diz. “Em cada distrito, o primeiro, o segundo e até o terceiro graublaze com ptliderança foi preso. Mas nós já promovemos os substitutos. Não há lugar vago”, diz, com entusiasmo.
Sem divisão
A reportagem acompanhou Wafaablaze com ptuma visita a uma jovem viúva, Alshaimaa Abdallah, cujo marido foi mortoblaze com ptagosto.
Alshaimaa nos recebeu coberta com o hijab. Ela disse que seu marido não era um membro da Irmandade Muçulmana, era “apenas um devoto muçulmano, defendendo o Islã”.
Agora que ele está morto, Alshaimaa diz que ela eblaze com ptfamília estão prontos a se juntar à Irmandade Muçulmana.
Apesar da dura realidade,blaze com ptterblaze com ptdizer ao filhoblaze com ptquatro anos que o pai morto “está viajando”, Alshaimaa se diz “otimista” com o futuro do Egito, dizendo que o país não vai se dividir.
“É muito difícil nos separar. Nos bairros, as pessoas são muito próximas às outras, mesmo se têm posições políticas diferentes”, diz.
Culto ao general Sisi
A realidade que se apresenta, no entanto, éblaze com ptuma dolorosa e amedrontadora divisão na sociedade egípcia.
O que se vê, na terra dos faraós, é a busca por estabilidade e por um líder forte.
Quem tem se apresentado a assumir esse papel é o homem por trás da deposiçãoblaze com ptMorsi, o general Abdul Fattah al-Sisi, comandante do Exército.
Se Sisi se candidatar a presidenteblaze com pt2014, e tudo indica que ele o fará, a previsão é que ganhe com folga.
Na praça Tahrir, onde a multidão derrubou o ex-presidente e líder militiar Hosni Mubarak, hoje outra pequena multidão clama para que outro militar seja conduzido ao poder.
“Te amamos, Sisi”, cantam os manifestantes, onde antes se ouviam gritos pedindo liberdade e democracia.
“Sisi é uma coroa na cabçea dos egípcios”, diz um velho homem na praça Tahrir. “Ele evitou um marblaze com ptsangue”.
No Egito, muitos dizem que Sisi evitou uma guerra civil ao depor Morsi. O culto ao general é tamanho que seu rosto estampa latasblaze com ptóleo, pijamas, embalagens das mais variadas e até doces.
No Chocolate Lounge, um café popular entre os diplomatas, o rostoblaze com ptSisi enfeita cupcakes e macaroons. Segundo o dono do lugar, os produtos que homenageiam o general são os campeõesblaze com ptvenda.
Menos esperança
Para quem lutou pela quedablaze com ptMubarak, todo esse culto a Sisi deixa um gosto amargo.
“O regime militar é a contrarrevolução”, diz Harara, o dentista que perdeu a visão.
“Eles ainda tentam controlar o país. O Exército nos enganou”, diz.
Há no Egito a sensaçãoblaze com ptque a revolução ainda não é uma obra acabada. Ainda que dois presidentes tenham sido derrubadosblaze com pttrês anos, a velha ordem não foi demolida.
O Exército mantem o poder e a esperançablaze com ptum novo Egito se dilui.
O país não está muito diferenteblaze com ptantes da revolução, segundo Tamara Alrifai, da ONG Human Rights Watch.
“A liberdadeblaze com ptexpressão parece ter ficado pior que antesblaze com pt2011”, diz.
“Há pouco espaço para a oposição na imprensa e há uma ondablaze com ptdetenções e desaparecimentosblaze com ptqualquer um que ouse desafiar a atual situação. É frustrante ver que quase voltamos ao ponto onde estávamos, três anos atrás”, diz.
‘Outro Mubarak’
No próximo ano, os egípcios vão votar por uma nova constituição, um novo presidente e um novo Parlamento.
À primeira vista, tudo parece dentro do rito democrático, mas essa não é a realidade, segundo analistas.
“Sisi controla a polícia, o Exército, o Judiciário e a imprensa”, me disse um analista independente, que não quis revelar o nome.
“Ele é popular e vai conseguir muitos votos. O temor é que, uma vez no poder, ele nunca vai querer sair. Sisi pode ser apenas um outro Mubarak”.