Religião é única alternativa a facções, diz ex-preso que virou pastor no MA:aposta luta ufc
Na primeira vez que deixou a prisão, porém, Rodrigues diz ter se sentidoaposta luta ufcoutra forma. Ele estava preso – tambémaposta luta ufcPedrinhas – desde 2005 por assalto.
Queria tanto sair da cadeia que,aposta luta ufc2008, ao receber uma autorização judicial para passar as festasaposta luta ufcfimaposta luta ufcano com os sete filhos, não voltou mais. "Parecia que tinha nascidoaposta luta ufcnovo".
Segundo crime
Foragido,aposta luta ufcpouco tempo cometeria outro crime, ao esfaquear seu sogro até a morte. "Estava drogado, só fiquei sabendo o que tinha feito no dia seguinte." Apesar disso, não foi achado pela polícia e seguiuaposta luta ufcliberdade.
Foi só então que ele diz ter tomado a decisão que, segundo ele, mudaria o curso daaposta luta ufcvida: converter-se à Igreja Evangélica Unidos por Cristo.
E por quê? "Por cansaço da vida do crime, por não compensar e não valer nada. E o chamadoaposta luta ufcDeus."
Rodrigues logo abriria o seu próprio temploaposta luta ufcSão Luís, uma casinhaaposta luta ufcmadeira sob uma ponte que cruza o rio Anil, na favela do bairro Jaracati.
A BBC Brasil visitou a igreja, batizadaaposta luta ufcFogo Puro, com capacidade para cercaaposta luta ufctrinta pessoas. As paredes são forradas com papel amarelo; o teto, com papel azul.
As cerimônias contam com uma banda com dois violões, teclado, bateria e outros oito instrumentosaposta luta ufcpercussão. Para manter a casa limpa, pede-se aos fiéis que deixem os sapatos na entrada. O capricho no templo contrasta com o entorno, onde lixo, ratos e excrementos se acumulam sob as tábuas que conectam as casas sobre o mangue.
Rodrigues diz que, após erguer a igreja,aposta luta ufc2009, pôs fim a uma trajetória iniciada aos 12 anos, quando começou a se envolver com uma gangue por "influências".
O primeiro assalto, diz ele, ocorreu aos 15, poucos anos após largar a escola, na quinta série. Às vezes, era pego pela polícia. As capturas, segundo Rodrigues, eram seguidas por sessõesaposta luta ufctortura para que confessasse os crimes e delatasse companheiros.
"Já fui levado para o mato, amarrado, penduradoaposta luta ufccabeça para baixo no abismo, já fui torturado dentro do tanque, apanhei muitas ripadas na cabeça e não podia colocar a mão, que aumentavaaposta luta ufcdezaposta luta ufcdez."
Certa vez, diz que um policial "arrebentou" seu céu da boca com um fuzil. Também afirma ter passado pela "tortura do saco": "colocam um saco na tua cabeça, tu desmaia, jogam água. E todo tempo naquela opressão, pensando que vai morrer."
As piores lembranças, porém, são das duas vezesaposta luta ufcque diz ter tido unhas removidas com alicate. "É uma sensaçãoaposta luta ufcarrancar um pedaço da gente estando vivo".
Mesmo assim, afirma ter resistido à violência sem abrir a boca, respeitando a regra entre os criminosos que pune delatores com a morte. E como tampouco confessava os crimes, diz que sempre acabava liberado por faltaaposta luta ufcprovas.
Rebelião
Após o assaltoaposta luta ufc2005, no entanto, Rodrigues foi finalmente condenado e levado a Pedrinhas pela primeira vez. Logoaposta luta ufccara enfrentou uma rebelião,aposta luta ufcque os presos cobravam melhores condições.
Naquele momento, diz ele, "o medo não é dos detentos: o medo é a polícia invadir e matar todo mundo, como no Carandiru", diz Rodrigues, citando o massacreaposta luta ufcoutubroaposta luta ufc1992 na antiga Casaaposta luta ufcDetençãoaposta luta ufcSão Paulo, quando 111 presos foram mortos.
Rodrigues ainda enfrentariaaposta luta ufcPedrinhas muitas outras rebeliões – e intervenções policiais. "Invasão é choque, gásaposta luta ufcpimenta, tiroaposta luta ufcborracha. Atiram nas pessoas sem nenhum respeito. Para eles a gente não é nenhum ser humano, é bicho."
"Isso transforma o homem, que já está preso como animal, e ele fica mais revoltado."
Após o primeiro motim, Rodrigues diz ter sido deixado numa quadra sem cobertura por quatro dias, sob sol e chuva. Com o tempo, adaptou-se às novas condições e incorporou o códigoaposta luta ufcconduta dos presos, inclusive atacando "jacks" (estupradores), "caguetas" ou "X9" (delatores).
Esses detentos, segundo ele, eram punidos com a morte. "Era a lei imposta dentro do presídio, a lei do crime, e eu vivia na lei do crime naquele tempo."
Conversão
Depois que se tornou pastor, porém, Rodrigues diz que passou a rejeitar todas as punições do código da prisão.
Ele afirma que, se evangélicos voltam ao crime, é porque não se converteram para valer. Mas sempre há uma nova chance, diz o pastor, que cita passagens bíblicas que garantiriam o perdão divino a convertidos a despeitoaposta luta ufcpecados prévios: "Nenhuma condenação há para os que estãoaposta luta ufcJesus". "Se alguém estáaposta luta ufcCristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo".
Em marçoaposta luta ufc2013, quando já construíraaposta luta ufcigreja e atuava como pastor, Rodrigues foi capturado pela polícia pela morte do sogro e para cumprir o resto da primeira condenação e levado a Pedrinhas outra vez. Na época, jornaisaposta luta ufcSão Luís relataram que a polícia havia prendido um "bandido que se passava por pastor".
"Eles discriminaram minha imagem, não acreditando no Evangelho." Ainda assim, Rodrigues recortou todas as reportagens e as guarda numa pasta vermelha. De temposaposta luta ufctempos, exibe-as para os fiéis para mostrar "que é possível deixar o crime para trás".
Na segunda passagem por Pedrinhas, ele diz ter convertido maisaposta luta ufc30 presos. E mesmo após sairaposta luta ufcliberdade condicionalaposta luta ufcnovembro, enquanto aguarda ser julgado pela morte do sogro, continua frequentando o presídio para celebrar cultos.
Rodrigues diz que, alémaposta luta ufcpermitir que os presos passem uma borracha nos seus erros, "confessar Cristo é o único caminho se o homem decide sairaposta luta ufcuma facção ou outra".
Só assim, afirma ele, as cinco gangues que dividem o controleaposta luta ufcPedrinhas permitem que um integrante deixe o jogo – desde que o façaaposta luta ufcmaneira definitiva. Rodrigues se diz seguro quanto àaposta luta ufcdecisão. "Fiz um voto dianteaposta luta ufcDeus que é melhor ele me preparar e me levar logo do que eu voltar a comer o mesmo vômito que comia no passado".
Ainda assim, caso seja condenado e tenhaaposta luta ufcvoltar a Pedrinhas, ele se diz "preparado para voltar como um homemaposta luta ufcDeus para pregar a palavra, sem medo".
'Garantia da normalidade'
A BBC Brasil pediu entrevistas com representantes do governo maranhense para tratar das denúnciasaposta luta ufcRodrigues quanto à violência que teria sofrido dentro e foraaposta luta ufcPedrinhas.
O governo optou por responder por e-mail, dizendo que "o trabalho da Polícia Militar éaposta luta ufcgarantir a normalidade no sistema penitenciário maranhense, fazendo a segurança dos presos e realizando revistas para evitar a entradaaposta luta ufcdrogas, armas e celulares nas unidades prisionais".
Segundo o governo, todo o trabalho dos policiais é acompanhado por órgãosaposta luta ufcJustiça eaposta luta ufcdefesa dos direitos humanos.
O Estado não se pronunciou sobre as acusaçõesaposta luta ufctortura fora das prisões nem sobre os crimes cometidos entre os presos.