Facebook volta a permitir vídeosdecapitação:
- Author, Leo Kelion
- Role, Repórtertecnologia da BBC
O Facebook está permitindo mais uma vez que vídeos que mostram pessoas sendo decapitadas possam ser postados e compartilhadosseu site.
A rede social havia introduzido uma proibição temporáriamaio após denúnciasque esses vídeos podem causar danos psicológicos a longo prazo.
A empresa americana confirmou que agora acredita que seus usuários devem ser livres para assistir e condenar tais vídeos. Mas acrescentou que estava considerando o usoavisos para alertar sobre o conteúdo.
Arthur Cassidy, um ex-psicólogo que coordena uma filial do Yellow Ribbon Program, organização que trabalha com a prevençãosuicídios na Irlanda do Norte, condenou a ação.
"São necessários apenas alguns segundosexposição a este tipomaterial para deixar um traço permanente, principalmente na menteum jovem", disse Cassidy.
"Quanto mais gráfico e colorido for o material, mais psicologicamente destrutivo ele é."
Dois dos conselheirossegurança oficiais da empresa também criticaram a decisão.
O Facebook permite que qualquer pessoa com 13 anos ou mais crie uma conta.
Hoje, os termos e condições da rede afirmam que fotos ou vídeos que "glorificam a violência", alémoutros materiais proibidos, como por exemplo "exposição total dos seios"uma mulher, serão removidos.
Novas regras
A BBC foi alertada sobre a mudança na política do Facebook por um leitor que disse que a empresa estava se recusando a remover uma página que mostra um vídeoum homem mascarado matando uma mulher, que, acredita-se, ter sido filmado no México.
O vídeo foi publicado na semana passada sob o título "Desafio: Qualquer pessoa pode assistir a este vídeo?"
"Remova este vídeo! Jovens com mentes inocentes não devem ver isso!", escreveu um usuário na seçãocomentários.
"Isso é absolutamente horrível, desagradável e precisa ser removido...há muitos jovens que podem ver isso. Tenho 23 anos e estou muito perturbado depoisassistir dois segundos", escreveu outro.
A rede social confirmou mais tarde que estava permitindo que tal material fosse publicado novamente.
"Há muito tempo que o Facebook é um lugar que as pessoas usam para compartilhar suas experiências, particularmente quando estas são ligadas a eventos controversos, tais como violaçõesdireitos humanos, atosterrorismo e outros eventos violentos", disse um porta-voz.
"As pessoas estão compartilhando este vídeo no Facebook para condená-lo. Se o vídeo estivesse sendo celebrado, ou suas ações estivessem sendo incentivadas, a nossa abordagem seria diferente."
"No entanto, uma vez que algumas pessoas se opõem a natureza gráfica do vídeo, estamos trabalhando para dar às pessoas mais controle sobre o conteúdo que elas veem. Isso pode incluir o aviso com antecedênciaque a imagem que eles estão prestes a ver contém conteúdo gráfico."
Preocupação
O Facebook originalmente retirou vídeos que mostravam decapitação depois que o Family Online Safety Institute - que faz parte do ConselhoAssessoresSegurança da empresa – concluiu que estes seriam "inaceitáveis".
O chefe da instituição, Stephen Balkam, disse à BBC que ficou surpreso com a recente mudança.
"Eu esperava que houvesse um aviso disso", disse ele.
"Eu fui ver o vídeo e não havia um avisoadvertência, e nada que condenasse seu conteúdo. Esta lá, e a primeira imagem que vemos é aum homem segurando a cabeçauma mulher."
"Não estou feliz com o fatoque este tipovídeo voltou a ser postado sem qualquer aviso. Pretendo levantar esta questão com o Facebook."
Outro membro do conselho, o Childnet International, também disse estar preocupado.
"Esse tipoconteúdo deve ser retirado", disse seu presidente-executivo, Will Gardner.
"Há o argumentoque existe uma necessidadelevantar questões sobre o que está acontecendo ao redor do mundo, mas certos conteúdos são horríveis."
"Gostaríamosver medidas sendo tomadas para tentar proteger as pessoasverem tal conteúdo."
'Profundamente chocantes'
Vídeos que mostram pessoas sendo decapitadas estão disponíveisoutros lugares na internet - inclusive no YouTube - mas os críticos levantaram a questãoque o sistemaalimentaçãonotícias do Facebook e outras funçõescompartilhamento significam que a rede social é particularmente propícia à disseminação desse tipomaterial.
"Eu tenho visto alguns desses vídeos - são profundamente chocantes", disse John Carr, que faz parte do conselho executivo do Council on Child Internet Safety na Grã-Bretanha.
"Esses vídeos vão abastecer inúmeros pesadelos entre os jovens e os mais sensíveis."
A ideia do Facebookemitir uma proibição geral tinha, no entanto, preocupado ativistas pela liberdadeexpressão que sugerem ser responsabilidade dos pais - e não da empresa - proteger as criançasconteúdos na internet.
No entanto, o grupo francêsdireitos digitais La Quadrature du Net disse que ainda estava preocupado com o fato do Facebook ter o direitoretirar vídeos caso não concordem com a forma com que eles foram apresentados.
"Isso mostra o quanto o Facebook tem poderdecidir o que vai ou não vai ser colocado emrede", disse o cofundador da organização Jeremie Zimmermann.
"O Facebook desempenha um papel profundamente antidemocrático quando faz qualquer tipoescolha, quaisquer que sejam as boas razões que ele usa para tomar a decisão. De acordo com o estadodireito, apenas uma autoridade judicial deve ser capazrestringir as liberdades fundamentais."